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7 METODOS DE INVESTIGAGAO EM BIOMECANICA ABiomecanica é uma area de conhecimento que possui métodos de investigagao proprios para andlise do movimento. Nesta disciplina, destacaremos trés métodos: a cinemetria, a eletromiografia a dinamometria. 0 movimento humano pode ser estudado sobre diferentes aspectos ~ por exemplo, considerando sua velacidade de execugao, ou entéo visualizando os misculos participantes da ago, ou ainda medindo a forga externa (impacto) recebida do solo em um instante especifico do gesto motor. Para cada um desses aspectos citados é necessério entender: © Que instrumento permite seu registro? * A qual érea de investigagao da Biomecanica esse instrumento pertence? * Quais os fatores que podem comprometer o registro do movimento a ser analisado? O entendimento sobre a definiggo, os instrumentos usados ¢ os pardmetros do movimento que sio registrados e analisados em cada uma das éreas de investigacdo da Biomecinica permitem responder 05 questionamentos anteriores ¢ comoreender como cada detalhe do movimento humano pode ser estudado isoladamente e em conjunto para entender sua mecanica de execucao. 7.1 Cinemetria A cinemetria & a area de investigacao da biomecanica que estuda os parimetros cinematicos do movimento: deslocamento, velocidade ¢ aceleragao. Para tanto, o movimento ¢ filmado com cameras de video ou cémeras optoeletrénicas, eas informagdes captadas pela camera sao armazenadas ¢ analisadas, por softwares de computadores especificos (BAUMANN, 1995) No mercado ha uma grande variedade de cdmeras e softwares que permitem o registro cinematico do movimento. 0 meio mais simples de obter tais dados é usando uma camera de video caseira € realizando a anélise dos dados manualmente ou por meio de softwares de computadores, tais como Videopoint, SkillSpector e SAMAT. A forma mais robusta é adauirindo sistema de andlise cinematica completo com cameras de video ou optoeletrdnicas de empresas conhecidas, tais como Vicon € Motion Analisys. $$$ Ta UI | A grande diferenca entre os sistemas esta na: * automacdo para tratar ¢ analisar os dados: o sistema mais robusto crie de forma mais répida as tabelas e graficos para a discussao dos resultados do estudo; * velocidade de registro do movimento: o sistema mais robusto geralmente tem cdmeras mais rapidas que conseguem captar mais detalhes do movimento executado. Das diferengas citadas, a que interfere mais na captago dos detalhes do movimento € a velocidade de registro da cdmera. Esse é um fator limitante a ser considerado quando se pretencdle usar a cinemetria para estudo do movimento, A anélise de um chute do futebol ou uma cortada do voleibal s6 sera bem- feita quando se usa uma camera mais rapida, com maior velocidade de captacao. Por exemplo, uma cémera de 60 hz € capaz de dividir cada segundo do movimento registrado em 60 quadros; jé uma camera de 1,000 hz divide 0 mesmo segundo do movimento em 1.000 quadros. Portanto, usar uma cémera de 60 hz para analisar um chute do futebol ou uma cortada do voleibol limitard a visualizagao detalhada dos movimentos articulares, comprometendo a discussao e anilise desses gestos motores. Essa é uma importante informagao da area para se ter em mente no momento de selecionar artigos cientificos para leitura e estudo de movimentos analisados com a cinemetria, 0 ambiente usado pare registro do movimento também pode comprometer o resultado dos estudos cinematicos, no caso de uma preparacao inadequada. 0 ambiente de coleta € preparado considerando dois aspecto: * a fixagdo € 0 enquadramento da cémera, * a calibragao do ambiente, A cémera é fixada a um tripé, apés determinaco do enquadramento da filmagem, ¢ nao & movimentada a partir desse instante. 0 enquadramento da filmagem depende da visualizacdo de todas as partes relevantes do corpo do sujeito a ser filmado na coleta no visor da camera, Para efetuar esse juste, 0 sujeito se movimenta em frente a camera. No caso de movimentos dinamicos, como os da locomogéo, é preciso garantir que o sujeito execute de trés a quatro passos em frente 8 cémera para viabilizar 0 registro de um ciclo completo do movimento. Os detalhes sobre a caracteristica do ciclo da marcha ¢ da corrida sero discutidos a seguir. A calibracdo do ambiente depende da filmagem de um objeto de dimensdes conhecidas no exato local de realizacdo do movimento. As imagens obtidas na filmagem nao tém as mesmas dimensées das visualizadas no computador. Por exemplo, um sujeito com 1,70 m de altura visto pessoalmente tera ‘apenas 0,50 m de altura ao ser visto pela imagem da camera projetada na televisio. As proporcées entre a medida real e a medida obtida e projetada pela cémera na televisio ou em um computador sao diferentes. 0 objeto com dimensdes conhecidas servird para ajustar as proporgées de altura, comprimento. € profundidade entre os ambientes real ¢ virtual. ——______—- 0 objeto a ser filmado pode estar configurado no formato planar, bidimensional ou tridimensional, a escolha pelo uso de determinada caracteristica do objeto depende do objetivo da pesquisa. Caso haja interesse em analisar somente os movimentos no plano sagital, por exemplo, os movimentos de flexdo ¢ extensao das articulacdes no chute do futebol, um objeto planar na calibragao jé € suficiente para interpretar os dados coletados. No entanto, se o interesse do pesquisador for verificar os movimentos de supinacéo € pronagao do tornozelo em uma corrida, a interpretagdo dos dados ficaré mais completa mediante o uso de um calibrador tridimensional, porque esses movimentos do tornozelo envolvem os trés planos anatémicos em sua execucio ‘Apds a preparagéo do ambiente de coleta, deve-se preparar o sujeito para filmagem. Para tanto, marcadores reflexivos (que refletem luz) so usados em pontos especificos do corpo do sujeito. A determinacao dos pontos a serem marcados no corpo do participante da coleta depende novamente do objetivo do estudo. No caso, na andlise cinematica do movimento da marcha no plano sagital, deve-se entender que as articulagdes mais representativas (que mais se movimentam) para realizar esse gesto motor sao 0 tornozelo, 0 joelho € 0 quadril; portanto, marcadores reflexivos deverdo identificar 0 deslocamento dessas articulagdes na filmagem da marcha. No caso de uma analise bi ou tridimensional outros pontos anatémicos serao marcados no corpo do sujeito (veja a figura a seguir). Para correta marcacdo dos pontos anatémicos € para cdlculo de parametros biomecdnicos importantes para pesquisa, usam-se os modelos criados por Hatze, Zatsiorsky ¢ Hanavan Figura 83 -llustragéo dos pontas anatémices em coleta que veifca a ago muscular em exercicios com haste oscllatéria A mecanica de execugao do movimento é explicada de forma mais detalhada quando se vinculam 0s dados obtidos da cinemetria com os registrados pela eletromiografia. Para entender a importancia da eletromiografia na analise do movimento humano, esta area de investigagao da Biomecanica sera descrita a seguir Ta UI | 7.2 Eletror grafia A cletromiografia é a area de investigacdo da Biomecdnica que permite registrar a participagdo dos miisculos em determinado movimento. A ordem para o misculo participar ou nao do movimento & dada pelo sistema nervoso, ao enviar sinais elétricos conhecidos como potenciais de acdo. Os potenciais de agdo consecutivos emitidas pelo sistema nervoso sao captados pelo sensor conhecido por eletrodo. 0 eletrodo € conectado ao eletromiografo (veja a figura a seguir), que envia os sinais registrados para o computador com software especifico para armazenamento, tratamento € anélise dos dados (DE LUCA, 1997) Figura 84 ~ llstragéo do eletromigrafo EMG 1000 da Lyrx Tecnologia Eleténica Existem dois tipos de eletrodos bem conhecidos na area da Biomecdnica para estudo do movimento humano: o de superficie e o de agulha, Veja Figura 55 ~ Sensores que registrar os si cletromiagraficas ne movimento 0 eletrodo de superficie & posicionado na pele sobre o ventre dos miisculos que se pretende estudar na pesquisa cientifica. A figura a seguir ilustra o uso do eletrodo de superficie, colocado sobre o ventre do miisculo do quadriceps. 0 objetivo dos autores foi verificar 0 padréo de atividade muscular do complexo do quadriceps nos exercicios de cadeira extensora (veja a seguir a figura a) e de legpress (veja a seguir a figura b) de sujeitos com lesio de ligamento cruzado anterior, Para tanto, a participacéo do misculo nos diferentes movimentos foi registrada por meio da eletromiografia Figura $6 ~ ustragdo da colocagao do eletrodo de superficie sobre o misculo do quadriceps para andlise dos movimentos caira extersora a) ¢fegpress com apoio unipodal() Diferentemente do eletrodo de superficie, o de agulha € posicionado dentro do corpo do sujeito. 0 misculo profundo a ser acessado para registro tem a agulha espetada nele. A agulha € fixada com fita adesiva para se deslocar 0 minimo possivel na anélise do movimento. Por ser um método de medi¢éo muito invasivo e dolorido, so raros os estudos na Biomecdnica que usam o eletrodo de agulha para registrar 0 movimento. 0 procedimento para colocagdo dos eletrodos sobre os musculos é definido pela localizagao do seu ponto motor por um equipamento denominado eletroestimulador (veja a figura a seguir) ou por protocolos de localizacdo dos sensores com base em proeminéncias € estruturas dsseas, como 0 determinado pele Seniam (conforme veremos adiante). Esse & 0 primeiro passo do procedimento experimental para viabilizar a analise do movimento por meio dessa drea de investigagao da Biomecanica a = Figura 57 - llustvagdo do procedimento para identticagdo do ponto motor do musculo por eletroestimulagao $$ Ta UI | 0 eletroestimulador ilustrado na figura possui uma caneta que sera posicionada na superficie do ventre muscular, Essa caneta emite pulsos elétricos (choques de baixa voltagem) que estimularao 0 musculo, fazendo-o contrair. A voltagem ¢ a frequéncia do sinal sdo definidas em sequéncias de pulsos especificas para nao lesionar a pele dos sujeitos do estudo Quando 0 estimulador atinge 0 local no qual a contragdo muscular fica mais intensa, localiza-se 0 ponto motor. Portanto, 0 ponto motor & a area de maior inervacao muscular, e & através dela que o sistema nervoso central emite os impulsos elétticos para comandar a acao muscular no movimento, 0 protocolo de localizacdo de sensores definido pel Seniam tem o mesmo objetivo do eletroestimulador: padronizar o posicionamento dos eletrodos nos diferentes sujeitos que serdo analisados em um mesmo estudo. Este, no entanto, evita o desconforto para os participantes do estudo, que no receberdo pequenos choques como na técnica mostrada anteriormente. Alocalizagao do ponto motor dos misculos se da pela distancia entre regides anatémicas conhecidas nos segmentos do corpo. Abaixo estao alguns exemplos da descrigéo usada pelo protocolo Seniam para localizacdo do ponto motor e colocagao do eletrodo: ‘© Masculo tibial anterior: 1/3 de distancia entrea cabeca da fibula eo maléolo medial, considerando a cabega da fibula como ponto de origem. * Misculo gastrocnémio lateral: 1/3 de distancia da linha entre o calcanhar e a cabeca da fibula, considerando a cabeca da fibula como ponto de origem, ‘© Musculo do trapézio: metade da distancia entre a borda medial da escdpula e a coluna vertebral na altura da vertebra toracica 73 ‘© Masculos eretores da espinha: 2 cm de distancia lateral em relago ao proceso espinhoso da vértebra lombar L1 ‘* Misculo triceps braquial: metade da distancia entre o oleerano e a crista posterior do acromio. * Miisculo biceps braquial: 1/3 de distancia da fossa cubital entre o acrémio medial ea fossa cubital. Percebe-se, com o detalhamento das informagées vistas anteriormente, que o protocolo da Seniam se baseia na colocacao dos eletrados sem criar desconforto por aplicagao de choques nos participantes, do estudo e atinge o objetivo de padronizar a localizagao dos pontos motores entre os participantes de um mesmo estudo. Como a eletromiografia tem por objetivo estudar a participagdo dos musculos no movimento, a localizagao do ponto motor e a colocagao do eletrodo em relagdo a ele sao de grande relevancia para 0 procedimento experimental. Se 0 eletrodo estiver muito préximo do ponto motor, o sinal eletromiografico registrado sera mais intenso; quando mais afastado do ponto motor, o sinal eletromiogréfico serd menos intenso. Como as analises de movimentos dependem do registro de agdes musculares que ocorrem em mais de um sujeito, padronizar 0 posicionamento do eletrodo evita 0s erros de registro entre os sujeitos, ou seja, o misculo do quadriceps do sujeito A pode apresentar menor ativagdo do que o mesmo musculo do sujeito B, nao pelo fato de o eletrodo do sujeito A estar mais distante do ponto motor em relagao ao sujeito B, mas sim porque o misculo foi menos usado pelo sujeito A do mesmo movimento executado pelo sujeito B. Portanto, ao estudar um artigo cientifico sobre eletromiografia, deve-se verificar se 0 autor da pesquisa foi cuidadoso na padronizagao de colocagao dos eletrodos, caso contratio, o resultado do estudo pode nao ser tio confidvel em fungo de um erro humano na etapa de coleta do registro eletromiografico Aeescolha dos musculos a serem registrados pelos eletrodos depende do gesto motor que se pretende conhecereestudar. 0s movimentos da caminhada,corrida ou salto sao predominantemente realizados pelos masculos dos membros inferiores. Portanto, posicionar os eletrodos sobre os misculos tibial anterior, gastrocnémio lateral, reto femoral, vasto medial e biceps femoral, por exemplo, seria uma estratégia adequada para saber como eles se comportam para controlar 0 impacto nas articulagées do tornozelo, joelho e quadril. Qu ainda, pode-se verificar com a mesma anélise 0 comportamento desses musculos para acelerar 0 corpo para frente (marcha € corrida) ‘ou para cima (salto) por meio das mesmas articulagdes. Basta estudar as fases de desaceleragao € propulsao dos movimentos, respectivamente. No caso de um exercicio destinado a movimentar principalmente os membros superiores, tal como ‘0 movimento de elevacdo lateral, a escolha pelos miisculos que executam o movimento de abdugiio de ombro € dos que controlam a postura nesse movimento torna-se a estratégia mais adequada para analise do gesto motor. Nesse caso, misculos como deltoide acromial, peitoral maior, trapézio, latissimo do dorso, reto do abdome e obliquo externo seriam os mais indicados. Independentemente do objetivo do estudo e, por consequéncia, dos muisculos selecionados para colocacao dos eletrodos, ¢ importante compreender que a cletromiografia permite verificar a estratégia usada pelos musculos para coordenar 0 movimento em cada uma de suas fases. Para tanto, deve-se verificar qual musculo esta ativo em determinada fase do gesto motor ¢ por quanto tempo, De modo geral, os musculos que sio acionados no instante que @ maloria dos segmentos do corpo esta acelerando para baixo (a favor da forga da gravidade) funcionam para controlar a execucdo do movimento ou desacelerar 0 movimento articular, € normalmente atuam em contragao excéntrica. £ o caso da aterrisagem de um salto (veja a figura a seguir): para reduzir © impacto sobre 0 corpo, as articulagdes flexionam de forma controlada para o executor do movimento nao cair no chao. Esse movimento articular sé é possivel porque os musculos agem em contracao excéntrica, $$$ Ta UI | Figura 58 - Movimento de fexao das aticulagdes do tornozelo, etna e quattil na aterissagem de um salto vertical para registro da ago muscular Quando os musculos so acionados para acelerar 0 corpo para cima (contra a ago da gravidade), sua fungéo & a de gerar movimento ou acelerar 0 movimento articular, e normalmente atuam em contracao concéntrica. Um movimento que ilustra essa situagao é 0 do agachamento entre a fase principal do movimento (veja a seguir a figura a) e a fase ascendente do movimento (veja a seguir a figura b). Figura $9 —llustragdo das fases do agachemento: fase principal [a fase ascendente (4) Finalmente, quando os miisculos opostos em torno de uma articulagao ativam ao mesmo tempo no movimento, sua funcdo € a de gerar estabilizagdo articular para manter a articulagdo em uma postura SEE SEER estética. Para esta funcdo, 0 musculo & normalmente acionado em contragdo isométrica, A figura a seguir ilustra uma situagao de estabilizacao, obtida do estudo de Pandor e Vieira (2010), que analisaram a ago dos musculos reto do abdome e obliquo externo em exercicios de estabilizagéo de coluna com a bola suica fa ) Figura 60 - llustragda da analise eletromiogrfica dos masculosreto do abdome e obliquo externa no movimento de prancha ‘com apoio na bola suga ¢ os dois pés em contato com a soo (a) com 0 apoio na bola suga ¢ apoio unipodal () No instante da coleta, o sinal eletromiografico dos musculos atuantes no movimento pode ser visualizado na tela do computador por meio de um grafico. Em a, a figura a seguir mostra a forma desse sinal eletromiografico, conhecido por sinal eletromiografico bruto. Ele é nomeado dessa maneira por conter impurezas, ruldos de fontes elétricas externas, que néo representam o potencial de aco emitido pelo sistema nervoso central. Para entender o significado dos ruidos no sinal eletromiografico, lembre-se do que acontece quando se esta conectado a uma estacdo de radio e ela comega a captar informagdes de outra estacéo de radio ao mesmo tempo: as informagdes se unem e nao se tem clareza sobre o que esta send dito por nenhuma delas, 0 ruldo inerente ao sinal eletromiografico bruto é parecido com a interferéncla que ocorre entre as estacdes de radio. Como o sinal captado pelo cletromiografico é eletrico, todas as fontes externas movidas por eletricidade podem penetrar no sinal coletado pelo eletrodo, nao apenas os potenciais de acdo musculares. Entdo, a intensidade do sinal pode ficar mais forte ou perdurar por mais tempo nao porque o musculo estudado estava agindo dessa forma no movimento, mas porque havia um ruido externo que mudou 0 padrao do sinal eletromiografico coletado. Para minimizar esse ruido elétrico externo € mao atrapalhar 0 estudo do comportamento do sinal eletromiografico, o snal bruto passa por filtros que o transformam em um sinal conhecido por envoltério linear (veja a seguir a figura c) $$$ Ta UI | Sinal EMG (Brato) Amplitude (mv) Amplitude (nM Amolitude (mv) 18 Tempo (3) Figura 61 ~ llustragdo das curvas do sna eletromiografco apés aquisgdo do sinal brutoe tratamento ds dads registrados (a): sina retficado (be envoltrio linear fe) q Saiba mais Leia 0 artigo a seguir, sobre instrumentacao de eletromiografia, para melhor entendimento sobre procedimento experimental para uso da eletromiografia na andlise do movimento humano: MARCHETTI, P. H; DUARTE, M. Instrumentagdo em eletromiografia 2008. Disponivel em: . Acesso em: 17 nov. 2016. 0 envoltério linear € um grafico que mostra a intensidade de ativagao muscular em acordo com 0 tempo de execucio do movimento de forma mais clara. Nesse grafico, os filtros que minimizam o ruido do sinal eletromiogréfico bruto foram usados, portanto, esse & 0 sinal mais confidvel para andlise € discusso do comportamento muscular. oo —_—_—_§p. Um exemplo de discussio feita a partir da andlise de urna curva eletromiografica do tipo envoltério linear pode ser visto no estudo de Suda e Sacco (2011), no qual os autores compararam a atividade eletromiografica dos misculos de membro inferior de sujeitos com e sem instabilidade funcional de tornozelo no movimento de deslocamento lateral. A figura a seguir mostra o grafico de envoltério linear referente a atividade do misculo tibial anterior dos sujeitos sem (curva de circulos sem preenchimento) e com (curva de circulos com preenchimento) instabilidade funcional de tornozelo no movimento de deslocamento lateral. Ao estudar 0 formato das curvas do grafico, percebe-se que ha um pico de ativacdo muscular da ordem de 0,32 CVIM aos 20% do ciclo do movimento de deslocamento lateral para 0 grupo que nao tem lesdo de tornozelo € um pico de ativago do musculo tibial anterior menor (0,17 CVIM) aos 28% do ciclo do movimento de deslocamento lateral para o grupo que tem lesao de tornozelo. Portanto, é possivel perceber que o miisculo tibial anterior esté acionado no inicio do ciclo do movimento para ambos os grupos, mas a intensidade de ativagdo do misculo para 0 grupo saudavel & maior do que para o grupo lesionado. Bem como o tempo para atingir 0 pico de ativagéo muscular difere entre os grupos, no grupo lesionado o pico de atividade muscular do tibial anterior é mais tardio em relagdo ao grupo saudavel. 080. 055. Tibial anterior —O- Grupo controle a0 — Srpo com insta funcional de oraz ous gS 82 ovo BS ge Se 28 0 20 40 «0 0 100 Templo (do ciclo) Figura 62 llustragda do envoltrio linear referente &atvidade do masculo tibial anterior dos sujitos sem (curva de circu sem preenchimento} com [curva de circulos com preenchimento) instatilidade funcional de tornozelo rno movimento de deslocemento lateral Uma vez que se verifica no envoltério linear 0 comportamento da intensidade do sinal e do tempo de ocorréncia, podem-se discutir resultados e concluir fatos sobre a analise desse parametro do movimento humano. $$ $_____—. Ta UI | | 0 termo instabilidade funcional de tornozelo € usado para descrever a sensacéo subjetiva de ir adiante ou perceber grande instabilidade articular na tegido do tomnozelo depois de repetidos episddios de entorse por movimentos de inversdo excessivos. Essa sensacio de instabilidade & provocada por mudancas nas respostas eletromiogrificas para 0 controle do movimento. Alem do registro dos parametros cinematicos e eletromiagraficos do movimento, a Biomecdnica permite o registro dos pardmetros cinéticos do movimento pertencentes a area de investigagao da dinamometria 7.3 Dinamometria A dinamometria € a dltima area de investigagao da Biomecénica a ser discutida e caracterizada nesta disciplina. Com os equipamentos pertencentes a ela é possivel registrar as forgas internas € externas a0 corpo. As forgas internas so mais raras de serem registradas, porque tal procedimento experimental depende da implantagdo do sensor que as registra no interior do corpo do sujeito, conhecido por transdutor de forca, Trés estudos cléssicos da Biomecdnica usaram esse tipo de procedimento, No procedimento experimental do estudo de Komi, Jarvinen e Kokko (1987), houve a implantagéo de um transdutor de forca no tendao do caledneo para avaliar a forca interna dessa estrutura nos movimentos de marcha, corrida e salto. Esse sensor tinha um formato parecido com um clipe de escritério, que foi posicionado no tendao da mesma forma como 0 clipe € posicionado em uma folha de papel: 0 tendao ficava prensado no meio do transdutor de forca, Com a forga de atrito € a consequente dor gerada pelo material do transdutor sobre 0 tendao do calcdneo, especialmente na execucao dos movimentos propostos,a técnica dos gestos motores foi alterada de forma significativa, comprometendo © registro da real intensidade de forga interna produzida pelo tendao do caledneo nos movimentos da locomocdo. Dada 4 complexidade do uso desse procedimento experimental e da interferéncia dos valores de medida de forga que se pretende registrar, esse design cientifico de anslise de movimento nao € muito explorado na Biomecanica Nachemson (1976) € Wilke et a/. (1999) também desenvolveram um transdutor de forca em forma de agulha, conforme a figura a seguir, para ser inserido no disco intervertebral das vertebras lombares, ———______—o- Sensor de sinal ¢ f Sensor de presséo poténcia sem fio | AP f \o10 f tasede 212 20 5 f metal | O33 \ Tubode : : poimento |g ibe ne reaivomente tio Figura 63 - llustragdo do transdutor de pressio em forma de agulha que fol inserido no disco intervertebral entre as vércebras lambares L4€ LS para registro da pressio intradiscal A intengao dos autores foi medir a presséo sobre o disco intervertebral em diferentes posturas estaticas, como mostra 0 grafico: 500. EEA Witke ex at (1999) 450. (FE Nachemson (1970), 400. ze 4 FE on es $2 20. ? gE SE 20 P = 150: i 100. 50. Lh Figura 64 - Resultados do cegistra de pressio intradiscal com dinamémetro de agulha em diferentes posturas estaticas| Posigdes estaticas| Apesar do método invasivo dos procedimentos experimentais supracitados, os resultados ¢ discusses de ambos os trabalhos melhoraram o entendimento sobre as posigdes que podem minimizar as forcas compressivas aplicadas ao disco intervertebral, tais como a posigao deitado em decubito dorsal © a posigao sentado com encosto da cadeira inclinado entre 90 € 110 graus. Essas informagdes sio de grande importéncia na pratica profissional do professor de Educacio Fisica por permitir que ele escolha exercicios para fortalecimento dos musculos do abdome que nao sobrecarreguem os discos, intervertebrais de um aluno que tem hérnia de disco, por exemplo. $9 Ta UI | a Observacao A hétnia de disco € uma lesdo do disco intervertebral acasionada pelo rompimento parcial das fibras de cokigeno, que formam o anel fibroso. Essa alteragio estrutural favorece o escape do niicleo pulposo, que pode pingar 0s nervos localizados préximos 4 coluna vertebral. Exemplo de aplicagao Nachemson (1976) e Wilke et al. (1999) mostraram o comportamento das forcas de pressdo sobre 0 disco intervertebral em diferentes posicdes estaticas com e sem adigdo de implementos (pesos) Reflita sobre a relagdo entre o tamanho do braco de alavanca resistente na coluna, © aumento da atividade dos musculos estabilizadores de coluna e 0 aumento da pressao intradiscal nas diferentes posigdes estaticas com e sem implemento adicional. Outro tipo de forga que pode e é exaustivamente registrada e analisada na érea da Biomecanica € a forca externa, Para o registro dessa grandeza fisica, 0s equipamentos sio posicionados fora do corpo do sujeito, sobre a regio plantar, por exemplo, ou no ambiente do laboratério. Ao posicionar um equipamento na regido plantar para medi a forga que incide nessa drea, pretende- se medir a grandeza fisica conhecida por pressio, mais especificamente a pressio plantar. Os instrumentos usados na dinamometria para medir pressdo devem, portanto, ter uma area sobre a qual a forga seré imposta em determinada regido do corpo. Para isso, existem as palmilhas, os tapetes ¢ as plataformas, conforme as figuras a seguir, que medem a distribuicdo de pressio no aparelho locomotor. As palmilhas representadas na figura so muito usadas para verificar a pressao imposta sobre as Areas dos pés em movimentos de locomogio (caminhada, corrida e salto). Quando o pé € posicionado no solo, na caminhada e na corrida, por exemplo, mudamos o ponto de apoio da regido do caleanhar para a regido dos dedos, cada vez que trocamos pé que est no cho. Isso permite a transferéncia do peso corporal para propulsionar o corpo para frente. No entanto, para acorrer 0 deslocamento dessa forca sobre a regido plantar, nos instantes de colocacao ¢ retirada do pé do solo, a area de contato na qual a forga esta distribuida € menor, justamente pelo fato de os pontos de apoio estarem limitados ora nos calcanhares, ora sobre os dedos. Diminuir a drea de contato implica em aumentar a forca local, ou seja, a presséo, ————___—_—_\®o- | er A grandeza fisica conhecida por forca de pressio & definida pela formula Onde: P = Ea forca local ou pressao, cuja unidade de medida ¢ Newton (N) por metro quadrado (m2). F = Ea forca externa aplicada sobre a superficie de contato, A=Ea area de contato da superficie de contato sobre a qual a forca é distribuida. Perceba que as variivels pressio area de contato ficam em linhas diferentes na equagao que acabamos de descrever. |ss0 indica que o comportamento dessas duas varidveis € inversamente proporcional, ou seja, supondo que o valor da forca permanece igual, quando o valor da area de contato diminuir, a pressio aumentara, e quando o valor da area de contato aumentat, a pressao diminuird, Para garantir menor pressdo local, deve-se, portanto, ou diminuir a forca ou aumentar a area de contato na qual a forca incide, Considerando @ regido plantar, o controle da pressio local protege a pele, evitando lesdes tegumentares do tipo vermelhidao local, bolhas, feridas e calosidades. Por conta disso, a industria de calgado usa muito o instrumento de distribuigéo de pressao plantar para testar e aperfeigoar os materiais usados em palmithas ¢ solados. Se um calcado for construido com um solado duro e/ou uma palmilha com material pouco deformavel, principalmente nas regides de contato do pé com 0 solo, havera maior pressao local e o sujeito perceberd maior desconforto. Isso poderd comprometer a aceitagio € a vende do produto no mercado, Mais do que promover venda de produtos, a distribui¢do de forgas & de fundamental importancia para aperfeigoar a qualidade de vida de sujeitos com diabete neuropatica, cadeirantes ou pessoas inconscientes ¢ acamadas em hospitais Os diabéticos neuropatas, dferentemente das pessoas sem essa patologia, nao percebem as forcas externas aplicadas nas ateas das extremidades corporais, ou seja, eles ndo percebem @ magnitude das forgas de pressao em regides como as mos € os pés. A percepcio da magnitude dessas forcas € essencial para criatem estratégias de controle de forcas. $$$ Ta UI | Por exemplo, se um idoso sem neuropatia diabética esta caminhando em um parque ena camminhada entra uma pedtinha no seu ténis, imediatamente ele parard o exercicio fisico para remover a pedra, por perceber umn grande incomodo em uma regido do pé (maior pressao). No entanto, se essa mesma situagio for vivenciada por um sujeito com neuropatia diabética, o neuropata nao parara o exercicio para remover a peda, por ele nao perceber que hd pedra no tenis, 0 mecanismo de protegao do corpo contra a pressio local que a pedra criard no pé desse sujeito em exercicio € comprometido pela doenca, © que possivelmente provocard uma lesio tecidual, que para o diabético neuropata seré muito grave, haja vista que os diabéticos tém a capacidade de cicatrizagdo de lesdes teciduais afetada pela doenca. A importancia da dinamometria para o desenvolvimento de palmilhas e calcados esportivos ou de calgados de uso didrio para melhorar a qualidade de vida de sujeitos diabéticos neuropatas pode ser percebida apés estudar o exemplo que acabamos de apresentar. Cadeirantes ou sujeitos inconscientes ¢ acamados em hospitais também dependem dessa tecnologia da rea da dinamometria para o desenvolvimento de cadeira mais ergonémicas, que reduzem a pressio sobre a regio glitea, ou pata criagdo de almofadas antiescaras ou almofadas d'égua, que reduzem a pressao nas regides de apoio permanente vivenciada por sujeitos inconscientes ¢ acamados. 0 desenvolvimento de materiais também importantes para esses sujeitos dependem da anilise de distribuigao de pressao usando instrumentos em forma de tapetes, como ilustra a figura a seguir: tH crsorvrse ‘As escaras sio feridas que aparecem na pele quando a area corporal na qual essa pele se encontra fica exposta a forsa local (pressao) por longo periodo de tempo. A analise da distribuigao de pressdo em movimentos sem 0 uso do calgado ou com calcados de construcdo diferenciada, como no caso da sapatilha de ponta das bailarinas, pode ser feita por meio da plataforma de distribuigao de pressao, conforme ilustrado na figura anterior. Esse instrumento tem o mesmo principio de medida dos outros dois ja mostrados anteriormente: seus sensores medem a forca aplicada na area da plataforma quando esta suportar uma parte do corpo. Mas se é 0 mesmo principio de medida, por que uma plataforma, e nao uma palmilha? A palmilha deve ser ajustada ao tamanho do pé do sujeito analisado em movimento e colocada entre 2 palmitha do calgado que sera usado na coleta e a regido plantar. Na condigao descalco nao ha calgado, portanto, nao é possivel usar a palmilha por ndo haver a possiblidade de fixa-la na regido da planta do pé no movimento, dai a necessidade da plataforma de distriouigao de presséo. J na situagao da sapatilha de ponta, apesar de existir um calgado, quando uma bailarina sobe nas, pontas, 0 local de apoio nao € na regio da planta do pé, mas sim na regiao do dorso do pé, porcéo superior dos dedos. Entéo, analisar a pressdo na regido plantar nao faria sentido com o uso das sapatilhias de ponta. Quando a bailarina sobe nas pontas sobre a plataforma de pressio, verifica-se uma area em formato circular com cores mais fortes na parte sob a porcdo anterior dos pés, Por isso, as feridas, bolhas © calosidades se formam na porgdo superior dos dedos dos pés, jd que essa & a drea de maior contato entre pé e sapatilha de ponta e, portanto, a que recebe forcas de presstio de maior magnitude. Quando se pretende registrar apenas a forga imposta ao corpo sem importar em qual area essa forca incide, utiliza-se a plataforma de forca de reagao do solo, Esse instrumento pode ser fixado no solo ou montado em esteira, conforme demonstrado pelas figuras a seguir. 2, Figura 65 - llustragdo da plataforma de forga de reagdo do solo para registro do ehoque mecanieo no movimento Figura 66 ~ Plataforma de forga de reagdo do solo montada em esters ~ Sistema Gaitway Acesteira é usada principalmente para quantificar a forca de movimentos de locomosao, como a marcha ¢ a cortida. A grande vantagem ao usar esse instrumento é a possibilidade de registrar os valores de impacto de varios passos do movimento, de ambas as pernas, em segundos, Entretanto, somente a forga que incide na direcao vertical do corpo pode ser mensurada com esse instrumento, as forcas, horizontais nao sao registradas. Jé a plataforma de forca fixa no solo pode ser usada para quantificar o impacto em qualquer movimento no qual o pé a toca, como saltos, movimentos de mudanca de direc3o, marcha e corrida Ta UI | Outra vantagem é a possibilidade de medir as forcas que ocorrem em todas as diregdes do movimento, vertical, horizontal anteroposterior e horizontal médio-lateral. A desvantagem refere-se ao tempo de coleta. £ necessdrio registrar no minimo cinco movimentos validos de cada sujeito; para isso, 0 sujeito devera passar pela plataforma sem ajustar o movimento, pois se houver ajuste, a técnica do movimento mudard € nao representard a realidade. Ou seja, se 0 sujeito estiver caminhando em dirego a plataforma e perceber que o tamanho do passo que usou nao permitiré que ele pise com um dos pés sobre a plataforma, ele nao poderd diminuir ou aumentar a amplitude do passo para acertar a plataforma. Essa tentativa de registro deverd ser excluida e uma nova tentativa sera registrada. Entao, a ambientacao no local de coleta sera muito importante para o sujeito conseguir perceber © espago que possui para colocar o pé sobre a plataforma, Muitas vezes, essa ambientaco demanda tempo, entio a coleta de dados torna-se mais longa, o que caracteriza uma desvantagem, passivel de ser controlada, da plataforma de forca de reagdo do solo em relagéo a esteira instrumentalizade, Como o insttumento mede o impacto e € conhecido por plataforma de forga de reacao do solo, fica facil descobrir com base em qual conceito ele foi desenvolvido. A Terceira Lei da Fisica descoberta € escrita por Newton mostra que para toda acdo, existe uma reagdo de igual magnitude e direcdo € sentido oposto. fl Observasaio 0 calculo da forga é feito por melo da seguinte equacao: Femxa (N) Onde: F = E.a forca aplicada em um objeto ou superficie, cuja unidade de medida é o Newton (N} m = Ea massa do corpo ou objeto em deslocamento, a aceleragio do corpo ou objeto. Uma caracteristica muito importante da plataforma de forga de reagao do solo é que ela quantifica 2 forga dinémica, ou seja, toda vatiacdo de forca para mais ou para menos no movimento € registrada em forma de grafico. Um exemplo dessa medida pode ser observado na fiqura a seguir. ———___—__- Componente vertical da forga cde reagio do solo (Fy) Tempo (3) Figura 67 - Grafco qu iistra a contnuidade do registro da plataforma de forga de reagéo do Salo ao longa do tempo ‘do movimenta yt primero pic de forge da componente vertical da orga de eagdo da Solo, 2 € 0 segundo pica de forga 62 componente vertical da forga de reagdo do solo, AtFyl€o intervalo de tempo para aleangar Fy) 0 grafico dessa figura ilustra como a forca varia no movimento da corrida € mostra os principais valores que sao obsetvados para estudar esse movimento, tais como, os valores de forga maxima (picos de forgal, 0s de deplecdo de forea (queda da forca) e os de tempo de ocorréncia para as maiores e menores forcas no movimento, Se esse instrumento fizesse somente medidas estaticas, 0 resultado observado seria de apenas um nico valor que representaria a forca maxima do movimento, o que aconteceria antes ou depois desse valor maximo ficar desconhecido. Um exemplo de quantificagdo de forca estatica pode ser observado no dinamémetro estatico de preensio manual, que mede somente o valor maximo da forca de preensio imposta ao dinamémetro. Alem de representar 0 movimento na forma de grafico, ou seja, por meio de uma andlise dindmica, a Plataforma de Forca de Reacdo do Solo € capaz de dividir as Forgas nas suas trés componentes ortogonais: vertical, horizontal anteroposterior e horizontal médio-lateral (veja a figura a seguir). A componente vertical da forga de reacdo do solo, também conhecida por meio do simbolo Fy, representa a quantidade de impacto aplicado no aparelho locomotor em determinado movimento. Ela sofre grande influéncia da agao da forca da gravidade, por isso é a mais estudada na Biomecdnica. Veja: Ta UI | 18 ‘Componente vertical (Fy) Liha do Peso Corporal PC) Componente horizontal ‘mediolateral (2) ~~ comaonente horizontal antereposterior (Fx) 0 20 0 60 80 100 Cielo da marcha (98) Figura 68 ~llustracéo do grfico tridimensional obtido pele plataforma de forga de reagdo do Solo no movimento da marcha As curvas das componentes verticais da forca de reagdo do solo para os movimentos da marcha, da corrida e do salto estdo representadas nas figuras a seguir. Alem do formato da curva especifico de cada movimento, o conhecimento sobre a forma de controle do impacto por meio do controle da intensidade e da frequéncia das cargas externas é de fundamental importancia. Nesta disciplina, exploraremos a manipulacao do controle de cargas mecénicas para o movimento da marcha. A seguir, veja um grafico da componente vertical da forca de reagao do solo no movimento da marcha, onde 11 € 0 contato do calcanhar direito com o solo [inicio do apoio do pé direito), 12 ¢ 0 contato do caleanhar esquerdo com 0 solo (inicio do apoio do pé esquerdo), T3 é a retirada dos dedos do pé direito do solo (fim da fase de apoio do pé direito), 14 é a retirada dos dedos do pé esquerdo do solo (fim da fase de apoio do pé esquerdo) e PC é a linha que representa o valor do peso corporal do sujeito analisado. Componente vertical da forga de reagio da solo (Fy) Tempo (5) Figura 69 ~ Grafico da componente vertical da forga de reagdo do solo no movimento da marcha + —_\- Componente vertical da forga cde reagio do slo (Fy) Tempo (3) Figura 70 - Grafieo de componente vertical da forge de reagdo do solo no mavimenta da carrida reagdo do solo (Fy) Componente verte ds ose le a1 Tempo (3) Fgura 71 Grifico da componente vertical da forga de reagio da solo no movimento de aterissagem do salto Acomponente horizontal anteroposterior da forca de reaao do solo, abreviada por meio do simbolo Fx, informa sobre a eficiéncia do deslocamento horizontal de determinado movimento. Quando hé um movimento no qual é de fundamental importéncia propulsionar o corpo para frente, como no caso da marcha e da corrida, mensurar e estudar os impulsos de frenagem e de aceleragao para comparacao de seus valores & essencial. $$$ Ta UI | | O impulso é uma grandeza fisica definida pela férmula: IsFxt (Nxs) Onde | = £2 forca de impulso, cuja unidade de medida € Newton (N) por segundo (5) 2 forga aplicada ao objeto ou superficie no movimento © tempo de execucdo do movimento. Como a plataforma de forga de reagio do solo mede a forca em fungao do tempo, se uma rea abaixo da curva for calculada com o uso de um software de computador, esta caracterizard o valor do impulso. No caso de um movimento eficiente, o valor do impulso de aceleracdo devera ser maior do que © valor do impulso de frenagem, mostrando que o sujeito desacelerou pouco 0 movimento € acelerou mais, ou seja, foi eficiente no deslocamento horizontal. A componente horizontal médio-lateral, conhecida por Fz, é 2 dltima curva de forca registrada pela plataforma que identifica os movimentos de supinagdo € pronagdo do movimento da marcha e da cortida € a forca nos movimentos de deslocamento lateral e mudanca de direcao. Normalmente, no inicio do apoio da marcha e da corrida, 0 peso do corpo posiciona-se nas porgdes posterior ¢ lateral do pé, caracterizando um movimento de supinagdo. Em sequida, o peso corporal & transferido pata toda a regio plantar e, na sequéncia, o peso corporal fica na porcdo anterior ¢ medial do pé, movimento de pronacao. 0 movimento de transferéncia do peso corporal da borda lateral para a borda medial do pé outra estratégia do aparelho locomotor que favorece 0 controle de impacto sobre 0 corpo, por isso a analise da componente horizontal médio-lateral é importante. Apesar da importancia da andlise dessa forca, cla varia muito entre os diferentes sujeitos. Existem os pronadores tipicos, que ficam na maior parte do tempo apoiados na borda medial do pé; os supinadores tipicos, que ficam na maior parte do tempo apoiados na borda lateral do pé; ¢ os com pisada neutra, que realizam os movimentos de forma combinada, Dada essa variacdo, apesar da relevancia de tal forga, ela é dificil de ser caracterizada com um padrao, ———__—___—\6- q Saiba mais Assist aos videos que mostram a dindmica do uso dos instrumentos da dinamometria na analise da marcha no site a seguir: NOVEL. Product applications. (s.d_]. Disponivel em: , Acesso em: 18 nov. 2016. 8 ANALISE BIOMECANICA DA MARCHA 0s movimentos mais comuns do dia a dia dos sujeitos que vivem no meio terrestre si os da locomogéo, particularmente a marcha ¢ a corrida (NORDIN; FRANKEL, 2014; WINTER, 1981). Por serem tao comuns € por permitirem o deslocamento do homem em seu habitat, o conhecimento sobre a forma de execugdo pata otimizar seu uso € de grande importancia para a Biomecdnica, a fim de torné-los cada vez mais eficientes € econémicos, ou seja, tecnicamente perfeitos A descrigdo das fases dos movimentos da locomogio € 0 primeiro passo para conhecer sua forma de execugio, que se dé pelo uso da cinemetria FB ntret A cinemetria é uma das reas de investigacdo da Biomecénica que possui instrumentos especificos para registrar a velocidade, aceleracdo € deslocamento linear € angular do corpo todo ou partes dele, com 0 objetivo de entender a forma de execugao do movimento. O registro é feito, principalmente, por cémeras. ‘A marcha humana € caracterizada por um ciclo determinado por trés fases: apoio, balanco € duplo apoio (NORDIN; FRANKEL, 2014; WINTER, 1991). Para cada fase, existem subfases, que serao descritas a seguir. ‘A fase de apoio tem inicio quando o calcanhar toca o solo. Em seguida, toda a regido do pé € apoiada no solo, realizando 0 chamado aplainamento do pé. Com 0 apoio completo da regio plantar, 0 peso corporal é transferido para o antepé com a aceleragéo da perna para frente, caracterizando 0 apoio médio da fase de apoio. Apés a transferéncia de peso do caleanhar pata o antepé, o calcanhar é retirado do solo. Entdo, sobre os, cledos dos pés, 0 sujeito faz uma forga contra o solo para propulsionar 0 corpo para frente, Com isso, os dedos, perder o contato com o solo e a fase de apoio do cielo da marcha é finalizada (vejaa figura a sequit) A continuidade do ciclo da marcha acorre com a fase de balango da mesma perna que acaba de finalizar a fase de apoio, Essa perna, que perdeu contato com o solo, é inicialmente acelerada para cima e para frente para transpor @ perna contralateral (perna oposta que esta em fase de apoio), realizando a fase de aceleracao. Em seguida, ela desacelera € abaixa para se preparar para iniciar ——erreee®*m ero

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