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la - Filosof rT ario Sum Frente A 07 08 09 10 i 12 27 49 63 81 5 Modernidade: qual é 0 fundamento do poder? 05 utopistas, Maquiavel e os Contratualistas ‘Autor: Richard Garcia Epistemologia Moderna: qual é 0 caminho que leva verdade? Racionalismo e empirismo modernos ‘Autor: Richard Garcia Immanuel Kant: “O maior filésofo dos tempos modernos” Autor: Richard Garcia Filosofia contemporanea: a dialética de Hegel a solucao politica de Marx Autor: Richard Garcia (0 mundo em reviravolta: Nietzsche e o Positivismo Autor: Richard Garcia Os principals pensadores do século XX Autor: Richard Garcia Zz T eateoexuds ) 6) 6' 8) 6) 66 ele 6 ele e.e & e'e| a"): aso) wo) ) Bi ) - FILOSOFIA Modernidade qual é o fundamento do poder? Os utopistas, Maquiavel € Os contratualistas AS profundas transformagées ocorridas no mundo com © Renascimento exerceram uma forte e decisiva influéren gm todos os campos da vida humana. Um deles for campo da Epistemologia ou Teoria do Conhecimento, cue {gstuda © método pelo qual o individuo alcanca a verdaie Estudaremos, posteriormente, seus principals pencadores Outros campos da Vida humana que sofreram grande inuéncia nesse novo contexto histérico e lloséfco foram « posricae a tia. Desse modo, é essencial nos dedicarmos 4 filosofa politica moderna, desde seu fundador Nicolog "agulavel, prossequindo até os pensadores contratualistas, Thomas Hobbes, John Locke e Jean-lacques Rousseau. Para compreendermos a novidade trazida pela politica moderna é necessério antes estudarmos a concepcas tradicional de politica, que tem sua origem em Plasdo © Aristbteles, passando pela Idade Média e encontrando seus fepresentantes nos fins do Periodo Medieval e no Iniio ds Modernidade, os pensadores utopistas. ACONCEPCAO TRADICIONAL DE POLITICA Desde PlatBo e Aristételes, a reflex politica ocupou Papel de destaque no desenvolvimento da Fllosofie, Os dois filésofos consideravam que a vide polttica estarie intrinsecamente ligada 8 ideia de justica e seria a unico ‘capaz de trazer a felicidade ao individuo e & comunidade, Plato acreditava que o ser humano sb poderia encontrar @ vida fell no cumprimento da justica dentro da cidade. Dessa forma, 0 verdadeiro cidadéo seria aquele que se Importa com 0 bem comum e que, juntamente com seus iguals, participa da politica. Oe acordo com o filésofo, o bem ‘Comum deve ser a concretizagao da ideia de justica, ideta ~aleangada pelos poucos que deveriam ocupar os cargos mals importantes dentro da polis (sofocracia). Em outras palavras, ‘5 magistrados deveriam ser os mais sdblos, pois s6 elec encontraram a ideia do Bem e poderiam transformé-la em lels. Sua obra que trata desse assunto é A repubiica, Arist6teles, acompanhando Plato, acreditava que ser humano s6 poderia ser feliz vivendo em sociedavie E nesse sentido que defende que uma das esséncias do ser ‘humano € que ele um animal politica (zoon polltikon). MODULO 07 Pensando assim, o estagirta afimava que o ser humano 6 & verdadeiramente feliz quando vive em sociedade ¢ Que a felicdade verdadeira s6 € possivel quando o individue 8 torna um bom cidadao, Tanto para Plato quanto para Aristételes havia uma Ciara relacéo entre ética e politica, ou seja, os valores que uiam a vida do individuo s20 os mesmos que determinom, 2 sociedade. Nao havia, para os gregos, separagdo entre vide rivadae vide pablica. Os mesmos valores aplcados na proga publica também so encarnados na vida do sujeito, sendo 2 cidade, a qual se dé @ partir dos valores clvicos, sendo 2 bom politico aquele que é, antes de tudo, um bom cidadao. 8 valores da moral comum so também os valores de Politica. Nesse.sentido, éimpensével um governante que no ‘manifeste em suas agBes todos os valores civicos da cidade Durante 2 Idade Média, a relacdo entre moral e politica Permanece, manifestando-se no somente nos valores da dade ou do Estado, mas prinipalmente nos valores cristaos, endo mals importantes as qualidades humanas ¢ espirituals os governantes do que a sua eficiéncia. O bom politico 6 aquele que &, antes de tudo, um bom cristio, Assim, é fundamentel no governo da cidade que os valores caros a0 {Eustianismo, como honestidade, justia, mansido, lealdade, fidelidade, piedade, sejam os mesmos valores com os quale 9 Governante iré guiar 0 seu povo. No é coincidéncia que varios reise rainhas tornaram-se santos da Igreja, Todos os pensamentos politicos desses periodos abordam 2 prescrico de normas de dever-ser € nfo dever-ser, ou seja, so concepgées politicas normativas, Assim, @ preocupagso police estava atrelada & reflex ética, especulativa e religiosa, que determina, ao politico, © ue € correto ou nfo, 0 que deve ser feito € 0 que nie deve ser feito, uma vez que as normas so anteriores 8 prépria situacdo concreta, Ve-se nesses periodos a valorizacio do ser endo do fazer. De acordo com essas concepcées, para que © governante seja um bom politic, ele deve, primeiramente, ser um bom cidadéo ou um bom cristo. Assim, acreditava-se que o governo seria necessariamente bem Girecionado e as medidas tenderlam a0 bem comum, ‘A boa comunidade e a boa politica so dependentes entre sie de um bom governo, Beaten |g ahs Médulo 07 Pelo que estudamos até aqui, percebemos que a politica antiga e a medieval, ou a concepsao tradicional de politica, est vinculada a preocupagies qualitativas endo quantitativas. Desse modo, o carter bom ou mau é Intrinseco as acdes. Observe que, nesses modelos de vida social, 0 ideal é mais importante que o real. Outra caracteristica que marca a concepeéo tradicional de politica é 2 ideia de que os fundamentos da vida politica ‘so externos @ anteriores & politica, ou seja, as bases elas quais existe a comunidade so Deus, a natureza ou a razo. Na concepcio religiosa, o poder é dado por Deus ‘2 um individuo ou a alguns individuos que o exercem pela vontade divina. Na perspectiva jusnaturalista (direito dado pela natureza), os ndividuos vive em comunidade porque sua natureza 6 social, ou seja, nasceram para viverem Juntos. Essa concepgio é clara na filosofia de Aristételes, que dizia que o ser humano é um animal politico, 34 na perspectiva racional, existiria uma racionalidade superior (no necessariamente divina) que governa o mundo e leva {aS pessoas a se unirem em comunidades. De uma forma 0u de outra, o ponto em comum nessas concepcées é que 0 fundamento da vida social encontra-se fora da politica Dentro dessa concepeai tradicional de politica, teremos também a Idela de que a comunidade deve ser unida € indivisivel, buscando promover a paz e 0 bem comum pela justica. Desse modo, na comunidade humana ndo haveria lugar para a desordem, intrigas, rixas ou disputas, G | easton © conflito deve ser evitado e, com ele, aqueles que © promovem. Nessas comunidades, 0 bom governante deveria encarnar todas as virtudes necessarias a0 bom ‘exercicio do poder, sendo, acima de tudo, racional, guiando-se pela busca da harmonia e da justiga, OS UTOPISTAS Dentro da concepgie tradicional de politica encontram-se © pensadores utopistas, que, acompanhando tals ideais, politicos, conceberam sociedades idealizadas. Entre 0S principals utopistas estdo Thomas More (1478-1535), Francis Bacon (1561-1626) e Tommaso Campanella (1568-1639). ‘Todos eles viveram no contexto do Renascimento, isto é, ra passagem do mundo medieval para o mundo moderno, ‘Apesar da realidade histérica marcada pela fome, peste, guerras @ intolerancia religiosa, eles continuaram nutrindo a visto de poltica segundo os moldes antigos, elaborando concepstes idealizadas de uma sociedade perfeita e livre dos males do mundo e dos individuos, A palavra utopia vem do grego (ou: no; topos: lugar), @ indica um “lugar que no existe", ou “aqullo que nao ‘existe em nenhum lugar". Desse modo, compreendemos © porque de eles serem conhacidos por esse nome, uma vez que imaginaram cldades desvinculadas da realidade, Tal expressao ganhou importancia com Thomas More, considerado um dos mais importantes desses pensadores. ‘As utopias foram cancepeées polticas de realcade ‘idealistas, sem um fundamento na realidad ‘buscando imaginar como a sociedade deveria aealmente, Modernidade: qual é o fundamento do poder? Os utopistas, Maquiavel ¢ 0s Contratualistas Thomas More Thom Meneame tomer ‘Thomas More descreveu, em sua obra Utopia, sociedades perfotas, Nascido em Londres em 1478, Thomas More fo! discipulo de Erasmo de Rotterdam e um dos humanistas mais importantes desse periods. Por ter se recusedo @ reconhecer Henrique VIII camo chefe supremo de Igreja, fol condenado a morte em 1535, Quatro séculos depois, em 1935, fol canonizado pela Igreja, Sua obra Utopia (1516), inspirada claramente em Plato, resume seu pensamento e otimismo. Nela, ele tenta pensar uma sociedade perfeita na qual '8 pessoas viveriam em paz @ harmonia, ainda que seu Contexto histérico mostrasse exatamente o contrério. Porém, foi por convieedo, e nao por ingenuldade, que More imaginou tals sociedades, Ele estava convencido de que, ara que tal sociedade fosse de fato concretizada, bastave ue as pessoas se gulassem pela razéo natural ¢ pelos leis de natureza e ento todos os males do mundo seriam ¢liminados. Dessa forma, immaginando aquilo que no existe, Seria possivel construir aquilo que deveria exist, Nessa obra, Rafael Itlodeu, narrador do livro, em viagem om Américo Vespticio, avista uma ilha, Utopia, onde todas as pessoas sio felizes. Tal comunidade de seres humanos vive em perfeita paz, uma vez que todos os seus idados so iguals entre si. Como nao hd dinheiro. nem aiferenca de renda, no ha status social, fonte dos males, intrigas e egoismo, Por néo haver dinheiro, no hé avides, Nota-se a predilecdo de More por uma sociedade sem Fiquezas ou dinheiro, que, segundo ele, &a fonte de todas as dliferencas entre 0s individuos e, portanto, de todos os males, ‘Omais importante é perceber que Thomas More éum pensador Idealist, uma vez que essa realidede pensada por ele no exis, Sendo praticamente impossivel de vir a existir um dia, Porém, 2 Utopia, apesar de néo apresentar uma realidad possivel, trae Pela fiegdo todos 0s problemas socials existentes em sua época € direciona o pensamento para os critérios morals a serem estabelecidos para solucionar tais problemas, Francis Bacon bee, Lara eI l) eccevewicer all Representacdo de Francis Bacon. Em sua cidade pevfeitahavia um lugar especial para os clentistas, 2 Casa de Salomdo, onde eran redueidos conhecimentos para meihorar a vida das pessoee Francis Bacon nasceu em York House, Inglaterra Sua Filosofia divide-se em dois aspectos: a Eplstemologia © 2 Politica. Destacou-se mais por seu método empitico de alcangar a verdade do que pelo seu pensamento politic, Seguind os passos de Morus, Bacon, um utopista, também imaginou uma sociedade perfeita em que todas as pessoas viveriam felizes e em harmonia, ‘Suas ideias politicas esto descritas em sua obra Nova Atténtida, publicada em 1624, dois anos antes de sua morte. Nela, 0 flésofo descreve uma cidade ideal ‘onde no hé politicos. Tal comunidade & gavernade Por uma institulg8o cientifica, a Casa de Saloméo, Ra qual se reuniam todos os pensadores e cientistas do Cidade que, juntamente com a forca do trabalho, permitiem @ construcio de estruturas socials e econémicas justas, E interessante percebermos que 0 pensamento politico de Bacon reflete sua crenga na cléncia como tnico conheeimento ‘apa de trazer beneficios préticos para a vida humana, rs Médulo 07 Tomas Campanella Tomés Campanella imaginou uma sociedade perfeita em sua obra A cidade do Sol, Nels, as pessoas eram governadas por um poder teocrético, Nascido em 1568, na regio da Calabria, 20 sul da Iti, Sua vida € cheia de perealgs e casos curiosos, Foi torturade, Processado pela inquisicdo quatro vezes e na tiltime for ‘condenado & morte, da qual sé selivrou porque fing ser louco, Ficou preso por quase a metade de sua vide. Sua condenacio ocorreu devido & revoltaorganizaca por ele contra a Espanta, uiado pelo desejo de inkiar reformas polticas ¢ reigiosas, Foi mago e astrdlogo, o que pode ser identificado em sua obra politica cidade do Sol, Publicada em 1602, apresenta su8 proposta politica de cidade perfelta. A cidade do Sol ‘dealizada por Campanella representava a unigo de todas 85 suas aspiracées pela reforma do mundo © dos seres humanas, sonhando com uma nova realidade que seri ivre (405 males pelo uso de instrumentos da magia e astrologia, Na cidade no haveria propriedade privada, sendo que tudo Pertenceria a todos. Todos cultivariam a virtude, combatendo. ‘05 vicios, que seriam dominados e extirpados da vida humana, A POLITICA MODERNA Rompenco com a dealizacdo da polticapelosutopistas, teros 2 figura de Nicolau Maquiavel, que inaugura um novo mode de pensar apoltca. Conheciée como fundador da politica moderna, Maquiavel lanca a5 novas bases do pensamento politico ® partir de entéo. 0 filésofo afasta-se do pensamento especulativa, ético e religioso (vigente até entao), antigas bases da concepcéo tradicional de politica, Construindo um modo completamente diferente e prétice de pensar e fazer politica. Ele inaugura a autonomia <2 politica como objeto em se Independente de outros campos {0 saber, principalmente da religiao crits, Se 05 pensadores antigos fundamentavam-se na ideia de justiga © natureza para formular suas concencdes Politicas, os medievals buscavam nas Sagrades escrituras © no direito romano as bases de suas concepcies, © os topistas baseavam-se nas obras dos antigos, trazendo 8 tona os ideals de justica e vida comum. Maquiavel, Pr sua vez, busca 0s fundamentos do poder politico e da vida em comunidade na prépria realidade Nicolau Maquiavel mn aon ic Maguiavel & conhecido coma um dos mals importantes ensadores polticos modemos, i Nicolau Maquiavel nasceu em Florenga em 1469. E conhecido como 0 fundador da ciéncia politica modema Seu pensamento representa 0 Inicio de uma nova fase 82 politica, ja que depois dele, nada mais seré como antes fem relacko as concepgées de poder e modo de governar Desde muito cede demonstrou grande interesse pelos estudos, aprendendo:o latim aos sete anos de idade, 6 Veter Modernidade: qual é o fundamento do poder? Os utopistas, Maquiavel e os Contratualistas Pertencia 2 uma familia com poucos recursos financeiros que vivia na regio da Toscana, Aos 29 anos, ingressou ha vida politica, assumindo 0 cargo de Segundo Chanceler da Repdblica Florentina, que se ocupava dos assuntos relacionados & guerra e a politica externa; fol também conselhelro e diplomata em sue cidade natal. Em 1513, devido a problemas politicos, fol exlado em San Casclano, onde comecou a escrever suas principais obras, O principe € Discursos sobre a primeira década de Tito Livio, Em 1518, escreveu a comédia A Mandrégora. Em 1520, escreveu A Vida de Castruccio Castracani e A arte da guerra. Nessa p0ca, Maquiavel, que jé havia retornado para Florence, ecupou ‘cargos politicos de menor importancia. Escreveu também es. ‘Historias lorentinas em 1525. Em 1527, fol defintivamente excluido do poder em Florenca apés a queda da familia dos Médici Faleceu em 21 de junho do mesmo ano, Contexto histérico A compreenséo do pensamento de Maquiavel, brincipalmente de suas ideias contidas no livro O principe, ‘$6 € possivel se compreendermos antes 0 seu contexto hist6rieo, A Itélia no tempo de Maquiavel era uma peninsula geogréfica € politicamente fragmentada, o que a tornava presa facil para Estados externos que quisessem invadile, A Italia nos tempos de Maquiavel era uma peninsula Modernidade: qual é o fundamento do poder? Os utopistas, Maquiavel e os Contratualistas = rae nay Cer todo poderem suas mos simplesmente John Locke nasceu fem 1632, na cidade de Wringtown, cise eojeens Poder geraconftos.Desse modo,Hobbes Inglaterra, Sue fares rotestante com inclinagdes inde ctjetivque buscava comsua losonarexplicperene pentane: composta por burgueses e comerciantes, > jyBaler do Estado deve estarnas mos de um s6indviduo, Locke destacouree corey ooeoue Pensador por sus {ustincando, ent, o estago steam epistemologia, sendo um dos mais importantes pensadores a empiristas (estudaremos sua teoria do conheciments Estado tem tanto poder que deve orientar os individuos _posteriorme est __emtodos os campos da vida, inclusive se pronunclando sobre Em politica, seu pensamento passou por mudancas A imtos do eergi2826i @ religiéo também deve estar nas racials Se cin eet era um defensor do absolutismo como ios do Estado. Como este detém o poder, os indviduee, rel ab controlar e governar o povo, mais tarde tornourcs 7 ber sua vez, nunca podem desobedeclo, exceto em tres Um eral conser eonhecoe ae dos primeiros @ defender 0 liberalismo politico a0 sustentar os direitos Inaliendveis dos individuos e também o direto & rebelise Sua flosofia poltica esté contida na obra Dois tratados sobre © governo, publicado em 1680. ocasides: $e 0 Leviat8 néo garantir a paz, a seguranca © 2 vida dos cidados, sua funcéo primordial; seo soberano _Otdenar que os individuos adorem algum individuo comurs u ainda, se ele mandar ofender a Deus, > Hobbes x Aristételes Politics . ‘ Locke também ¢ um fiésofocontratualsta, ou see, annonce eaencea Nesta ofa tomesiana acts ee el ate sonata, ov slo, 7 REECSISLET Seger tabs nae ca Seay is SU Slr do parse rortarbeemnese Esta e iso ntostna police, Stuns poles arene sees PET, Puen aee eae Brelpamente 2 opesentade no cepunie Pen ree polis recebeus nome de Dos vatssbe cer sy om avon esis 2 ser humana um anna gate a tras ener epost tea rai Na > 209 potiton),nascendo com uma naturaze secave, Docenate eerna se arespene a hip Snaaaimesmeance haiitnieare NEGRI ma aren ae Secpraees rupees SG ST ocala endo eae a aa eo ua ry, 7 Tyagi srt esscelnts pre tarancal Sorts ut ura weasel on ua, tone or Sua ves, contrerande seu prdecesatn one ne ~ John Locke poder Esta, Apesor des densa signee Datureze como aquilo que existe previamente eé inquestiondvel, 2 autopreservacdo como motivadora do Estado; o contrato coca como produto da racionalidade e com vistas & vide ¢ remade ‘205 desmandos de uns individuos sobre outros, Estado de natureza, lei de natureza e contrato social Locke afirma que os individuos em estado de natureza*vivem Juntos segundo a razéo e sem um superior comum sobre 2 Terra, com autoridade para julgar entre eles”. £ urn ected, Pré-politico, mas no pré-social. Veja que, no estado de nnatureza, apesar de os individuos viverem juntos, no ha qualquer poder soberano que decida ou que ordene aualauer Colsa, © as pessoas sda absolutamente livres ¢ iguais, Neseoe condigBes, as pessoas dever obedecer somente as leis ae hatureza (aquilo que em Hobbes denomina-se direlto de atureza), que s80 aquelas leis que Jé nasceram com o ser humano e por isso so rrenunciéveis. Segundo Locke, o ser hhumano tem por condic&o "ndo estar submetido 3 vontacis ou a autoridade legislative do homem, mas ter por regra apenas a lei natural”. Hobbes considera 0 direito & vida © & autoconservacdo como os Unicos direitos que o ser humano tem por 3 natureza. Locke afirma que, além do direito & vida, Satna lek, «primero persed wane Ose marten nc, ale oo eho 3 i, Rife como une niente propriate pace” Srowelade pasa Seng mtreza 9 eho Estostemeal [4g BEBE 556.1507 Em suas palavras, o ser humana tem direito de {1 dspor e ordenar como se quseraprépria pessoa, ‘28s, posses e toda sua propriedade, OCKE, John. Das tatas ste © govern, Trecusso de hao Fschero. S30 Paulo: Martins Fontes, 1996, segundo tratado, Vi § 57, [1 E desse modo um homem obtém poder sobre $ puto no estado de natureza[..) 20 transgrediro ie oe naturez2, @ infrator deciare estar vivendo segunde Fea OOS Sue no a da razdo e da equidade comumn, ara mutual seguranga destes; e, assim, torneree Pervose Para hurmanidade [todo homem pode, por ise Tazo ecom base no diet que tem de preserve g seeranidade em gerl, resting, ou, quando necesséo, estrur 0 que seja nociva a ela, LOCKE, John, Dols tratados sabre 0 govern, Tradusio de uo Fischero,SSo Paulo: Manns Fong, 1996, segundo tratac, 115 8p. 366 ele violénca injustae a carnificina por ele cometidos contra outrem, declarou guerra a toda a humanidade «, Bortano, pode ser destrud como um leo ou um tigre, um desses animais selvagens. LOCKE, John. Dai watados sabre 0 govern, "Tedusto de uo Pechero. Sto Fouos Maris once 1s0e, ‘segundo tatedo, 11 § 16, sate? ROVE" Jules ou quem resolva os confltos, ox incividuos, a0 entrarem no estado de quera em bucu cn inaneas Poderlam se destruin ainda nessa situagis, oo indlviduos poderiam fazer valer sua el e natureza de trons sceproporciona uma vez que nd hé medida pars ace ce aires Contra aqueles queinfingram lei denatureza cejen \dimensionadas e vingadas de forma proporcional, masse contexto, faz-se necessério 0 contrato ¢ Consequente criacéo do Estado, da socledade evi [+] € 2 grande raz pele qual os homens se unem em Sociedade © abandonam 0 estado de naturesn 2u onde existe autoridade, um poder sobre a Tera, $e ual Se possa obter amparo por melo de apele, 2 continuagBo do estado de guerra se vé exclulds ¢ controvérsia decidida por esse poder LOCKE, John. Dols ratados sobre 0 governo. TeadusSo de Julo Fischer S30 Paulo: Metins Fontes, 1998, 9, ai Image sentido, o figsofo afirma que, quando as pessoas por ies uma comunidade au corpo polities, cles, ror arse Yontade, esto submetides a essa communidan os cane; Fenunciando, portanto, & lel naturel de defender Povieres naturals\20 ser'humano no estado’ de netmere de ceecgrmam, pelo contrato social, em poderes politece da Sociedade civil. Locke afirma que [--] apenas existirs sociedade politica ali onde cade ces gtus Membros renunciou a esse poder natura, senrando-o nas mos do corpo politico [..] que passa s Ser érbltro[...] decide todas as diferencas que porvertars @corram entre qualsquer membros dessa sovieduoe LOCKE; John, Dai tratados sabre o governo, TradusSo de ho Fecher. So Palo: Martins Fontes, 1998.9, oy Propriedade privada me acredltava que 9 propriedade privada & um bem Ralendvel, seja, dll de natureza e, portanto, poten date pncmane; No pode, de maneira slguma, ser retiis fomarany pi Parte de tera que, antes pertencente a todos, {ermerem para si. Se no inicio tudo era de todos, & meds Sido ce penso2s foram tomando um pedaco de terra ners fue famanho adequado & sua capacidade de trabali orca de ee assou 2 pertencer a ele tal como se fzease ore Si feu Proprio corpo, Dessa maneira, tal como nde ce mae se aeamcanta @ Vida‘e Integridade de uma pessos, pois Se assim fosse felto,resultaria em um descumprimerts ve de conc Ratureza, dai mesma forma néo ha possibiideds A divisdo do poder fara Locke, 0 govern esté estritamente limitado ¢ Sumere uma fungao que é a protesie da comunideds Sem Interferir na vida.e livre decisfo dos cidadne 14 | Ciesioesuas ee das pessoas, exercendo, Para Locke, o Estado deve s O poder federativo, inseparével do exe: exteriores. Seu papel é o de estabelecers EtionBomeat | a HDS Mscuto07 Jean-Jacques Rousseau 7 soe i Rousseau fol um dos principals pensadores do lluminismo, eve uma vida complicada e chela de altos e baixos, Sua fe Principal & de que o ser humane nasce bom, mas a socieeuaia © corrompe, Rousseau nasceu em Genebra em 1712. Aos 16 anos, salu de casa e fol viver por sua prépria conta, passands, fome e privagdes até que foi morar na casa de Warens, uma madame que acabou por exercer papel de mae, ‘amiga ¢ amante, e 0 ajudou em seus estudos de Musica ¢ Filosofia. Em 1741, fol para Paris com o intuito de ganhar a vida com sua miisica. Inevitavelmente, devido & sua origem humilde e também 20 Insucesso em Paris, Rousseau passou por momentos difcels, © que provavelmente o fez condenar-a vida civil e defender lum retorno & vida natural, ao estado de natureza em que o Individuo era inocente e fell Suas obras mais importantes foram contrato social Publicada em 1762, e um ensaio sobre educago chamado Emillo, ou Da eduucacao, publicado em 1762, Rousseau fol um dos principals pensadores do luminismo, endo 0 precursor do Romantismo devido & valrizagSo da vide natural. Sua contribulglo mais Importante foi a sua resposta Negativa sobre o papel da sociedade na formacdo de um individuo melhor, sendo esse o undamento de sua teoriapolien, O estado de natureza Em 1750, a Academia de Dijon, na Franca, propos um Concurso cujo tema era: *O restabelecimento das ciéncias das artes ter favorecido 0 aprimoramento dos costumes?" ou seja, em que medida o ser humano tornou-se melhor ‘sue Vida moral aprimorou-se com o progresso das ciénclas € das artes, principalmente apés o Renascimento? Omundo de Rousseau vivia o auge dos ideaisiluministas, {ue serviram de motivacdo 8 Revolucéo Francesa de 1789, Desse modo, as pessoas estavam otimistas quanto ao papel de Progresso, uma vez que o mundo tendla a se tornar cada vez mais live © se buscava a felcidade de alguma maneira. Enquanto todos os demais que participaram do Concurso de Dijon foram favordveis ao progresso como Imaneira de aprimoramento do ser humano, Rousseau fol o Unico a discordar e afrmar que 0 progresso das cléncias e 428 artes, 0 progresso da humanidade, nao contribulu para melhorar-o ser humano, mas pelo contrério, 6 tomou pior Para defender esta posicio Rousseau escreveu sua obra Discurso sobre as ciéncias e as artes, ganhando o prémio do concurso em 1750. ‘Segundo 0 filésofo, o ser humano nasce bom, mas 2 Sociedade o corrompe. Sendo um contratualista tal como Hobbes e Locke, 0 filbsofo também utiliza a ideia de estado ‘de natureza para tentar compreender o que o ser humano era antes de viver em sociedade, ou seja, qual éa sua natureza primeira e fundamental. Para Rousseau, o ser humano No estado de natureza ¢ integro, biologicamente sadio. © moraimente reto, ou seja, no hé qualquer vicio ou outra olsa que 0 corrompa, Nesse contexto, Rousseau retome © mito do século XVI do bom selvagem’, afimando que © ser humano é bom por natureza, sendo que toda ordem ‘de males provém de uma vida em sociedade que o afasta de seu estado original. Dessa forma, ele sustenta que © ser humano original 1a livre, soltério e feliz, Vivendo nas florestas, guiava-se ‘somente pelo instinto de autopreservacéo, sem necessitar de ninguém para absolutamente nada. Esse ser humano £4 gulado simplesmente pelos sentimentos naturais, nfo pela razdo, Sua vida se resumia em querer, desejar © temer. Segundo 0 filésofo, esse individuo, o “bom ‘elvagem, buscava simplesmente satistazer seus prazeres clementares: comer, beber,reproduzit-se e fugir da dor, ¢ dessa forma ele era plenamente feliz. Nessas condigées, © Individue estava aquém do bem e do mal, era inocente tal/ como uma crianga para a qual o que é importante 6 Satisfazer suas necessidades, néo tendo qualquer ardmetro cultural de certo e errado. Nessa situecéo, © Individuo estaria bem e tranquilo, pois no estado de hatureza os vicios no apareceriam e, portanto, a paz Felnaria. Cada individuo desejaria simplesmente 0 que ef necessério & sua vida e nada mais, no havia confite OU divergéncia de interesses e, portanto, as pessoas Ado Imaginavam uma vida diferente da que viviam, 2 que, para o filésofo, seria a melhor condigho possivel © mais fevorével para a felicidade, 76 Paucar imeem ee Modernidade: qual é o fundamento do poder? Os utopistas, Maquiavel e os Contratualistas Para Rousseau, 0 ser humano no estado de natureze é livre e solitéro, Esse individuo original tem o instinto natural ¢ este 6 suficiente em si mesmo. Ele no necessita de nada mais. Para sua sobrevivéncia, e esse instinto no o conduz & vida em sociedade. € por isso que no estado de natureza © ser humano quiava-se exclusivamente pelos sentimentos € paixdes, pois, para que existisse sociedade, era necesséria 2 presenca da razao. © ser humano original de Rousseau € fundamentalmente diferente do ser humano em estado de natureza de Hobbes, Para Hobbes, o ser humano é mau e egoista e esté em guerra Contra os outros 0 tempo inteiro, Adatando posicéo contrérla, Rousseau afirma que as pessoas no estado de natureza so otadas do sentimento de piedade que faz com que elas Ino estejam em guerra © ndo sejam, portanto, compardveis ‘2 monstros. Dessa forma, o sentimento de piedade é que faz com que haja uma paz no estado de natureza e no 2 “guerra de todos contra todos” pregada por Hobbes. Tal sentimento de pledade ocupa o lugar das leis, dos costumes e da virtude, ou seja, é par meio dele que as. pessoas podem viver sem que um ameace a vida do outro, Porém, além do sentimento de pledade, © ser humano No estado de natureza é dotado de um sentimento denominado de perfectibilidade, que faz com que as Pessoas busquem se aperfelcoar, se tornar mais perfeitas naquilo que realizam. Somente o ser humano possul tal sentimento, 0 que o diferencia dos outros seres, A perfectibilidade foi o primeiro sentimento a contribuir ara que os seres humanos se juntassem de alguma forma para realizarem alguma atividade, algum trabalho demasiado dificil para um s6 individuo realizar e que exigia 2 contribuicéo de outros, como, para dar um exemplo, transportar algo muito pesado. Assim, as pessoas foram ercebendo que @ vida em conjunto era mais fécll do que 2 vida individual, em que cada qual realiza suas tarefas sem 2 contribuicdo dos demais. Para 0 filésofo, esse sentimento foo inicio de todos os males da humanidace, pois, por causa dele, as pessoas se juntaram pela primeira vez em grupos. Seaté entoa vide era boa porquecos individuos no conviviam, ‘com 0 surgimento das primeiras comunidades apareceram as primeiras familias, o amor, a linguagem, a arte, entre outras, caracteristicas existentes somente em grupos hummanos. ‘Se no inicio dessas primelras comunidades as diferencas entre as pessoas eram pequenas, com o passar do tempo elas foram crescendo. Os mais fortes, mais hébeis, mais belos foram se destacando dentro da comunidad, e com isso vicios como a lnveja, orguiho, cidmes, vaidade, hipocrisia, cobica, entre outros, foram surgindo. Assim, 0 que ni deveria acontecer tornou-se realidade: 5 comunidades, a vida social foi construida. Porém, segundo Rousseau, 0 mal ainda nao havia encontrado seu Spice, que s6 ocorreu com o inicio da propriedade privada, Aguelas pessoas que se destacaram das outras, devido 20 progresso das ciéncias e tecnologia, por exemplo, da agricultura, passaram a possulr mais bens que os demais, ‘ou seja, tornaram-se proprietérios. Dessa forma, Rousseau. diz sobre a propriedade privada, entendida por ele como © maior mal que poderia ter ocorrido na vida humana (© verdadelro fundador da sociedad civil foi primeira ‘ue, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer Isto meu" e encontrou pessoas suficentemente simples ara acredité-Io, Quantos crimes, quantas guerras, assassinios, misérias e herrores no pouparia ao glnero humane aquele que, arrancando as estacas ou enchendo (0fosso,tivesse gritado a seus semelhantes: “defende!-vos de ouvir esse impostor; estarels perdidos se esauecerdes ue 0s frutos s80 de todos © que a terra ndo pertence ‘a ninguém! ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre 2 orgem e 05 ‘unaments de desiguaace entre as homens, TraducSo ce Lourdes Santos Machado, Sao Paulo ‘Abel Cultural, 1978. p. 270 (Os pensadores), aoa Beret [47

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