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35, 3- FASCITE PLANTAR 3.1 - EPIDEMIOLOGIA ‘Sto fatores de risco a idade, obesidade, sobrecarga de utilizagao (corredores ¢ dancarinos), ‘aumento brusco de peso, doengas sistémica como diabetes, artrite reumatdide, etc... espondiloartropatias, deformidades congénitas ou adquiridas, e 0 uso da calyados inadequados. ‘A incidéncia geral é maior na 4° ¢ S* década de vida, Em atletas de esportes terrestres, incide na 2" ¢ 3° década de vida e € decorrente de atividades que exercem sobrecarga nos pés tanto quantitativamente (por exemplo: corredores), como também em alletas que realizam sobrecarga mais qualitativamente (por exemplo: saltadores e atletas de esportes de impulstio, ‘como basquete e volei). Na corrida a forga de impacto esté aumentada de duas a quatro vezes © peso, no salto de cinco a treze vezes (HERNANDEZ, 2004). ‘Acredita-se que acometa cerca de 10% da populagdo geral durante a vida (YAMAMOTO, 2009) ¢ cerca de 30% dos atletas. O tratamento médio tem a duragao de trés meses a um ano, com melhores resultados nos pacientes que iniciaram um tratamento precoce. ‘Tem tendéncia a cronificar em cerca de 30% dos pacientes. Uma boa evolugio exige muita dedicagao e disciplina dos pacientes. ‘A histéria natural revela que a fascite plantar evolui por periodos de remissao e recidiva, ¢ para a maioria dos pacientes apresenta melhora apés um periodo de um ano (CARVALHO JR, 2004). 3.2-ETIOLOGIA ‘A eiologia € multifuncional ¢ vinculada a agentes trauméticos © nfo trauméticos. Nas ocorréncias nfo trauméticas predominam entesopatias secundarias & doengas inflamat6rias ou infecciosas sistémicas, com uma manifestagdo na regio plantar. 36 © agente causal mais freqlente é 0 microtraumatismo de repetigio na fascia plantar e/ou nas estruturas contiguas, com maior incidéncia anatémica na sua origem, na tuberosidade medial do calcdneo. ‘Traumatismos com dilaceramento ou alongamento das fibras da fascia plantar determinam {que 0 peridsteo se desprenda do caledneo e, em conseqiiéncia, ocorra o desenvolvimento de inflamagao subperidstica, lesdo de tecido fibroso, com depésito de cdlcio © formagio de um esporiio. Assim, 0 espordo de calcdneo é uma conseqliéncia da fascite © nio 0 causador (KRAEGER, 2002; LILLEGARD, 2002; BALDRY, 2007). ‘A sobrecarga mecénica, principalmente por aumento ponderal, parece ser também uma causa importante, Deformidades anatomicas, congénitas ou adquiridas, podem gerar aumento de tensao na fascia e ocasionar a sua lesao. ‘A Espasticidade com a sobrecarga ¢ tenso na musculatura intrinseca e extrinseca do pé, principalmente da 1* camada (composta do abdutor de hilux, flexor curto dos dedos e abdutor do 5° dedo), que é intimamente aderida a fascia, também é relatada como agente causal. 0 tensionamento da fascia plantar também ocorre pela transmisséo da tenso ocorrida nas estruturas anatmicas da musculatura posterior da pema que se propaga para a fiscia pela continuidade anatémica do tendo calcaneano. 3.3 - DIAGNOSTICO O diagnéstico de fascite plantar ¢ eminentemente clinico; uma hist6ria clinica bem colhida e um exame fisico minucioso so fundament para 0 diagnéstico. 3.3.1 - Histéria Clinica (0 paciente refere que a dor na planta do pé é mais intensa pela manbai nas primeiras dezenas de passos, melhorando com 0 uso; piora, também, apés longos periodos com o pé em repouso ou sem realizar carga (como exemplo, trabalhando sentado), devido ao encurtamento da fascia 37 inflamada ¢ da tendéneia de um pequeno eqilino de tomozelo ¢ pé nesta posigdo (COOPER, 2009). Procurar na histéria dados sobre atividade profissional, esportiva ou de laser, assim como relato de mudanga de habitos no seu cotidiano. Nao esquecer 0s revestimentos dos pés, tipos & mudangas recentes. Inicio, carater, localizag2o, irradiagdo, fatores precipitantes ¢ aliviantes devem fazer parte de qualquer histéria e nao pode ser diferente nesta patologia. Em atletas é muito freqiiente a informagao de mudanga de ritmo de treinamento, do local da pritica e também do equipamento para treino, incluindo 0 calgado (CARVALHO JR, 2004). 1H pouco tempo, 0 autor desta monografia atendeu um paciente com fascite plantar que tinha se aposentado € resolveu se presentear com um “Kit aposentadoria” do qual fazia parte um ténis carfssimo ¢ de 6tima marca; havia um pequeno detalhe, o seu novo ténis, que usava diariamente, ha alguns meses, apresentava uma pequena curvatura na sola, por sinal bem fisiolégica, mas nfo para quem usou em toda sua vida uma sola mais plantigrada, O “up- grade” poderia até ter sido realizado, mas de uma forma mais adequada ¢ progressiva, 3.3.2 - Exame Fisico (0 exame fisico deverd observar o paciente estitica e dinamicamente; a inspegao e palpagdo deverdo ser meticulosas, porque a variedade de patologias que podem se manifestar no segmento do pé impée um diagnéstico diferencial preciso. © paciente, pode apresentar uma marcha claudicante, andando sobre a borda externa do pé; quando envolve ambos os pés, 4S vezes a marcha € quase impossivel. Verificar outros distarbios da marcha. No exame do calgado é importante se observar 0 desgaste da sola ¢ salto devido a postura de inverstio antalgica do pé. Nos casos crénicos pode-se observar que 0 salto nfo € téo gasto ‘como a sola porque o paciente procura niio exercer carga sobre 0 calcdneo (VALENTI,1979). 38 Observar © formato do pé em exame dindmico e estético, em busca de deformidades congénitas ou adquiridas (exemplo: pé plano, cavo, pronado, supinado, valgo, varo, calosidades ¢ ete.) abordando o retro, médio e antepé. A palpagtio pode nao provocar dor, que poder surgir com aumento de carga e em algumas situagSes s6 com sobrecarga (VALENTI, 1979). ‘Com menos freqiiéneia ha dor na porg&o media da fiscia, que ao ser palpada quase sempre se encontra tensa, encurtada e dolorosa, mas, sem sinais flogisticos ou erepitagtio ao toque & no deslizamento sobre o tegumento examinados. © paciente normalmente apresenta dor na borda medial do caledneo, na sua tuberosidade, dor ‘esta que pode estender-se a0 longo do pé. Deve ser realizada pesquisa de pontos gatilho nos musculos intrinsecos ¢ extrinsecos do pé. s pontos gatilho mais freqitentes na perna e no pé encontram-se esquematizados nas figuras 1B. 14. A presenga de pontos gatilho na panturrilha denota a concomitancia de uma sindrome dolorosa miofascial que envolve o complexo caledneo-plantar (TRAVELL 1996; CARVALHO JR. 2004). ‘A musculatura da primeira camada que ¢ intimamente aderida a féscia (abdutor hélux, abdutor do 5° dedo e flexor curto dos dedos) deve ser pesquisada, ‘Examinar outras estruturas anatémicas importantes para o diagnéstico diferencial, tais como; explorando a presenga do teste de Tinel, a pereussiio dos teritérios dos nervos regionais, que quando positivo indica lesdo ou sofrimento dos mesmos; -apalpar proeminéneias, tumoragdes € proceso flogisticos; verificar a presenca de dor e crepitago em tendées e bursas, assim como, alteragdes da pele ¢ do tecido celular subcutineo. O exame da motricidade e da sensibilidade do pé € vital para o diagnéstico diferencia. Figura n? 13: pontos gatilho mais freqiiente do pé Abductorhallocis Abductor digit minimi Flexor éigitorum br Adduetorhallucis Flexor halucls brevis . Quacratue plantae \ First dorsal intorosseous FONTE: MODIFICADO DO TRAVELL & SIMONS’ TRIGGER POIN FLIP CHARTS Figura n? 14: pontos gatilhos mais frequentes da perna Floxorhallucis Flexor digitorum Tongue Tongs Gastrocnemis _ FONTE: MODIFICADO DO TRAVELL & SIMONS’ TRIGGER POIN FLIP CHARTS 40 a1 3.3.3-Exames Complementares Como foi citado anteriormente o diagnéstico da fascite plantar € eminentemente clinico, porém os exames complementares sto de grande valia para o diagnéstico diferencial. ‘A Ultrassonografia e Ressonancia Nuclear Magnética (RNM) permitem o estadiamento das lesdes fasciais, sendo possivel identificar a extensio do processo inflamatério, as rupturas parciais ou totais e 0 espessamento em fungio da cicatrizagao hipertréfica (CARVALHO JR, 2004). A RINM frequentemente mostrar o espessamento da origem da fascia plantar e edema de medula éssea na tuberosidade medial do calcéneo, ou, por outro lado, lesdes nodulares da fascia plantar (fibromatose plantar) que ocasionalmente mimetizam a fascite. ‘A Cintilografia apresenta alta sensibilidade para mostrar a inflamagdo, mas nao tem especificidade para demonstrar a lestio na féscia plantar. © Raio-X Simples é importante para afastar deformidades, fraturas trauméticas e de estresse, assim como, tumores, processos inflamatdrios, infecciosos e degenerativos dos ossos. © Algmetro de Pressdo é usado para quantificar a intensidade da dor mediante a utilizagao de um sensor de presstio. Nao muda 0 diagnéstico, mas fornece uma quantificagio € qualificagio da dor (FISHER, 2007). © Baropodémetro Eletrénico permite estudar as pressdes que agem entre a planta do pé © a superficie de apoio, mediante a presenga de cerca de 4000 captores de pressio (ALVES, 2008). ‘A Podoscopia permite classificar o tipo de pé que, também & fator de progndstico ¢ de utilizagdo para o planejamento do tratamento com érteses. Observam-se também areas de ‘maior e menor pressiio na regio plantar. ‘A utilidade da Eletroneuromiografia esti relacionada ao diagnéstico diferencial das neuropatias metabélicas degenerativas e compressivas. a2 3.3.4-Diagnéstico Diferencial ‘a - Patologias em Geral de Causa Traumatica ou Anatémica Distensio ou Estiramentos do Gastrocnémio e Séleo (figura n°14): as dores originadas dos pontos gatilho desses misculos podem determinar sensibilidade na panturrilha na planta do pé. Em algumas ocasides podem determinar caimbras (SIMONS, 1999). ‘Tendinite do Tendao Calcaneano: a continuidade das fascias pode determinar dores plantares, ‘0 exame do tendio apresentard manifestagées locais de processo inflamat Distrofia Simpitica Reflexa (Sindrome Complexa de Dor Regional): apresenta dor ¢ queimagdo, edema e disfungdo vasomotora como resposta autondmica anormal ao trauma. Representa a lesio do nervo sensitive ou sensitive motor com alterages vasomotoras marcantes e alteragSes distréficas, inclusive desmineralizagio (BROWN, 2001). Tenossinovite da Bailarina: € a tenossinovite estenosante ou tendinite do flexor longo do halux no tinel tarsal inferior, secundério a traumatismo de repetigdo. Metatarsalgia: localizago no arco transverso do antepé, na altura das cabeyas dos metatarsianos, decorrente de alteragdo anatémica ou sobrecarga na regio anterior do pé. EB comum a presenga de calosidades nas cabecas sobrecarregadas. ‘Mas Formag@es: dores determinadas por sobrecargas em decorréncia de alteragdes anatomicas congénitas ou adquiridas. Ruptura da Fascia Plantar: presenga de equimose, inchaco e possivel hiato palpavel; observa- se também o desabamento do arco plantar longitudinal medial. A ruptura pode ser parcial ou total, ¢ normalmente resulta de movimento de impulsiio com a sensagiio de estiramento, as -vezes audivel. Dor intensa com edema e equimose, com teste da roldana positivo (dorsiflexsio do hilux nao eleva o arco plantar longitudinal medial). Ultrassonografia (US) ¢ Ressonancia ‘Nuclear Magnética (RNM) confirmam o diagnéstico (FREY, 2005). 4a Fratura de Estresse do Caledneo:é pouco comum, ¢ apresenta-se dor A compressio lateral do caledneo. Hi histéria de traumatismo repetitivo ou de sobrecarga por excesso de peso. Caleaneo Hipersensivel: caracteriza-se por dor na parte interna do caledneo, quando em PE ou andando, A dor se localiza no tecido fibrogorduroso sobre a zona de apoio do calcineo (ADANS, 1978). Sindrome do Impacto Posterior: decorrente do impacto posterior do tubérculo posterior do tdlus na borda posterior da tibia, a dor pode irradiar-se para a planta do pé. Deformidade de Haglund: as tuberosidades superior e posterior do caledneo sto proeminentes, com o tendo caleaneano comprimindo a bursa retro-caleaneana; normalmente existe ‘manifestagGes locais com o engrossamento do tecido mole na insergo do tendao patelar que facilita 0 diagndstico diferencial, Coaliz8o tarsal: caracterizado por rigidez, ocasionalmente com dor decorrente de formagbes de barras ésseas unindo os ossos do tarso. Sesamoidite: dor mais acentuada na artculasSo metarsofalangeana do hélux. Maior incidéncia nas deformidades varizantes ou valgizantes do primeiro dedo. Doenga de Sever: apofisite (osteocondrite) do caledneo, normalmente afetaeriangas entre 7 © 10 anos de idade, obesas e / ou muito ativas; a dor é mais localizada na face posterior do caledneo e € mais sentida apés atividade fisica. Bursite no Tendio do Calcineo: process inflamatério na face posterior do caleaneo normalmente com colega0 liquida palpavel. ‘Tendinite do Tendo do Caleanhar: processo inflamatério agudo do tendo patelar sem alteragdes degenerativas. Processo Inflamatério do Coxim Adiposo: 0 coxim adiposo formado por tevido gorduroso internamente conectado a poderosa rede de septos fibrosos em forma de U que liga os oss0s & derme plantar, reforgado por fibras elésticas, que ajudam a amortecer 0 impacto e permitem no seu espago a circulagio das artérias e veias plantares. O processo inflamatério se acompanha de dor e flogose local. Patologias, infecciosas ¢ traumaticas podem afetar 0 coxim adiposo. A atrofia do coxim adiposo & complicagio freqilente na infitrago com cortiedide na regitio plantar. Neuropatias Compressivas: normalmente causadas por lesies esportivas e/ou por traumatismos diretos, indiretos ou sobrecargas repetitivas crdnicas. Apresentam choque, dor, queimagio e/ou latejamento. Quase sempre a percussao dos nervos afetados apresenta teste de Tinel positivo. No pé e tornozelo podem ocorrer nos segmentos do nervo tibial no ‘ténel tarsal inferior, do primeiro ramo plantar lateral sob a fiscia profunda do misculo abdutor curto do hrélux, do ramo nervoso para 0 abdutor do quinto dedo, entre a fiscia plantar o musculo quadrado plantar e do nervo fibular profundo, na saida da féscia profunda no tergo distal da perna. Neuroma interdigital (Morton): no é um neuroma verdadeiro, mas um aprisionamento de um nervo sensorial interdigital plantar no antepé pelo ligamento metatarsico transverso ¢ a fascia plantar subjacente (GREENE, 2007). Desenvolve-se fibrose perineural com espessamento dos nervos digitais, mais comum no segundo e terceiro espagos intermetatarsais. A prevaléncia & maior em mulheres, € normalmente € secundério a traumatismo de repetigéo ou neuropatia pré-existente. A queimago ou formigamento é mais localizado na parte anterior do pé. O sinal de Tinel é positivo no local. b - Doengas Degenerativas que Determinam Sintomas Similares a Fascite Plantar Claudicagio Intermitente: caracterizada por dor na panturrilha, que pode irradiar-se para a regio plantar. A dor € desencadeada pelo exercicio ¢ aliviada pelo repouso (‘angina cruris’), e decorre basicamente da oclusio da artéria femuro-poplitea. A dor aumenta pela ativagao de pontos gatilho nos misculos gastrocnémio € no séleo, quando esses miisculos se tornam 45 isquémicos em decorréneia de deficiéncia de suprimento de sangue arterial da. pema (BALDRY, 2007). Neoplasia: apresentam mudangasteciduais, queda do estado geral, tumorag6es palpaveis, dor predominantemente noturma e em repouso. Osteocondrites Degenerativas: normalmente em pessoas mais idosas, com forte incidéncia familiar ou decorrente de processos degenerativos osteoarticulares por traumatismo ou doenga degenerativa. Fibromatose Plantar (Sindrome de Lederhosen): & constituida por uma fibroplasia proliferativa da féscia plantar, similar a contratura de Dupuytren da mao. Os pacientes apresentam nodulosidades na fiscia, sendo mais comum na regido médio plantar. Permanece indotor por muito tempo ¢ nao determina rtragGes importantes da fascia (BROWN, 2001). Doenga de Reiter: & um processo reativo periosteal que é inieiado por uma infeego genital (mais freqtiente por Chlamydia ou Ureaplasma) ou gastrointestinal (Shigella, Salmonella, ¢ Yersinia), A sindrome eldssica consiste na triade de sintomas uretrte ou cervicite, artrite © conjuntivite. As manifestagGes mésculo esqueléticas da sindrome ineluem sacroileite (assimétrica), entesopatia, dactilite (dedo em salsicha) ¢ oligoartrites das extremidades inferiores (joelho & tomozelo); 75% dos pacientes apresentam antigeno de histocompatibilidade HLA B27 positivos (WRIGHT, 2004). ‘Artropatia Psoridtrica: ocorre na fase erdnica da psoriase associado as lesbes dérmicas dessa doenga. Estas so assimétricas, em pequenas articulagdes, © so progressivas, provocando grandes deformidades nas juntas. Nos pés, predominam as les6es nas falanges, as entesites © fascite plantar. A sacroilete 6 unilateral, mais presente nos pacientes HLA-B27 positives (CALICH, 2001). “Antrite Reumatbide: associado as manifestagdes osteoarticulares dessa patologia. Trés vezes mais freqiente em mulheres, com predominio entre 35 ¢ 45 anos. Para o diagnéstico 46 diferencial da fascite plantar observar que as dores so pluriarticulares e envolvem, com deformidades, principalmente as pequenas articulagdes dos pés (CALICH, 2001). Liipus Eritematoso Sistémico: vinculado a sua patologia bisica; a dor plantar em algumas ‘ocasides deve-se a lesio 6ssea devido ao uso sistémico de corticdides. Tendinose do Tendao do Calcanhar: dor crénica normalmente localizada no corpo do respectivo tendio. ‘Trata-se de uma patologia degenerativa, ou seja, docnga do tecide tendinoso, com degeneragtio de suas fibras. Talalgia por Blenorragia: menos freqliente atualmente, determina um reumatismo com acometimento da fscia plantar formando, inclusive, exostose no calcineo com @ caracteristica mais algodoada (VILADOT, 1979). Gota: pode depositar cristais de urato nas articulagdes, e em estruturas extra-articulares tais como bursas, ligamentos, fascias e no tecido fibroso adiposo da regio plantar; também pode determinar lesdes 6sseas no caledneo. A maior incidéncia é em homens com mais de 40 anos. Condrocaleinose (Pseudo-Gota): provocada pela precipitagiio de cristais de pirofosfato de calcio, pode se depositar em fascias e tend6es determinando manifestagdes clinicas, Espondilite Anquilosante: 0 fator genético tem participagdo significativa nessa doenga Normalmente observa-se a presenga do antigeno de histocompatibilidade HLA-B27 positivo © pequeno percentual de soro negativo indica a presenga de outros fatores envolvidos Predomina no sexo masculino, sendo pouco freqilente o surgimento apés os 40 anos. Acomet sobremaneira as articulagdes sacroiliacas e a coluna vertebral. O aparecimento precoce de esporio de calcéneo, com dor local, em pacientes jovens, impée-se como diagnésticc diferencial (CALICH, 2001). Periostite traumitica ou infecciosa: lesto tecidual no revestimento fibroso do osso. Quandt presente na face plantar do calcdneo torna-se um diagnéstico diferencial dificil. a7 Osteomielite: processo infeccioso ésseo decorrente de contaminagdo local por solugao de continuidade, ou sistémica decorrente de contaminagio hematogénica. Além de um quadro_ sistémico com alteragdes de exames laboratoriais, observa-se apés @ segunda semana lesdes liticas e blasticas no osso afetado. Neuropatias sistémicas: vineuladas as doengas sistémicas bésicas, sendo a mais comum a neuropatia diabética, que quando acomete o pé normalmente esti associado a alteragdes vasculares e distréficas do tegumento do pé. Tuberculose éssea: 0 calcdneo ndo é a localizagio dssea habitual. A tuberculose éssea rnormalmente é secundéria a uma infecgdo priméria extra-dssea; diferente da osteomielite, que presenta uma reagio 6ssea osteolitica ¢ osteoblistica, a tuberculose éssea caracteriza-se por lesbes liticas destrutivas sem neoformagio éssea. 3.3.5 - Patologia da Fascite, Formagao do Esporio Osseo e Periostite Cronica [As fiiscias so formadas por tecido conjuntivo, que consiste basicamente de coligeno tipo um gua, com fragGes menores de fibras eldsticas, outros tipos de colégenos e fibroblastos. A forga ténsil ¢ resisténcia das fliscias esto associadas 4 concentragdo de fibra de coldgeno ¢ de pontes cruzadas de piridinolina-cokigeno (POCHINI, 2009). O processo cicatricial que se segue a um trauma da fascia é semelhante a de outros tecidos conjuntivos, ocorrendo leséo microvascular com mobilizayao de células, plaquetas, ativacdo de fator de ativagao de plaquetas (PGDE), fator de crescimento e transformagdo (TGF-B), com migrago de neutréfilos € macréfagos que fagocitam 0 material necrético formado © produzem outros fatores para iniciar a fase de reparagao. Na fase de reparagdo a produgdio de tecido de granulagto aumenta, ocorre neovascularizagio € a produgio de matriz extracelular por meio de fibroblastos, com deposigto de novo coldigeno glicosaminoglicanos. Na fase de remodelagao, entiio, ocorrem o inicio da diminuigao da celularidade local, o aumento do colégeno tipo um ¢ o aumento da densidade local. O coligeno passa a assumir orientagdo uniforme e a conferir mais resisténcia ao tecido por meio de pontes eruzadas entre ‘outras moléculas de colégeno (POCHINI, 2009). FORMAGAO DO ESPORAO Com raras excegGes 0s ossos silo revestidos por peridsteo, que se constitui de uma camada de tecido conjuntivo bem vascularizado com potencialidade osteogenica. ‘Algumas fibras colagenas do tecido 6sseo, especialmente em Jocais de tensilo apresentam continuidade com as fibras colégenas do peridsteo; sfio chamadas de fibras de Charpey, que sto responsdveis pela firme unio do peridsteo ao tecido 6sseo. 0 tecido dsseo é dindmico e reacional através do processo de reabsorgdo ¢ de neoformago éssea. O trauma local pelo mecanismo de tracionamento e tens&io na insergo da fascia plantar do caledneo leva a lesio do peridsteo ¢ das fibras de Charpey, determinando um quadro de periostite traumética aguda, serofibrinosa, normalmente acompanhada de um componente hhemorrigico. A mesma geralmente regride, mas pode se formar um engrossamento superficial cortical ésseo por osteogénese reparativa periostal (0 esporto). Nos casos em que 0 agente patogénico persiste em sua agressdio aos tecidos, 0 processo inflamatdrio vai se transformar num processo predominantemente proliferativo, caracterizado pela osteogénese periosteal, formando-se trabéculas ésscas anastomosadas anarquicamente entre si, sendo esta conhecida como “ostedfitos”. Estas periostites, que sio acompanhadas da reag&o_ de sua cortical subjacente terminam por adquirir os caracteres de uma osteoperiostite crénica ou periostite _ossificante. Microscopicamente observa-se uma reagio periostal, com formagiio de um tecido de sramulagto com formagdo de pequenas zonas de osteogénese periosteal (AMARAL, 1994). 49 © espordo jf foi o grande villo da fascite plantar. Hoje se reconhece que ° mesino é secundério a0 processo inflamatério, que ocorre principalmente na fascite de evoluydo cerdnica, decorrente da periostite reacional ocasionada pela tensiio e pelo traumatismo de repetigio, conforme descrito acima. Cerca de 50% das pessoas com fascte plantar erSnica desenvolvem espordes, sendo que somente cerca de 15% tem dor local (FREY,2005). Na asuistca pessoal do autor observour se que a sintomalogia dolorosa ocorreu prineipalmente nos que apresentaram esporSes com projegdo inferior (vertializados), enquanto a grande maioria dos esporbes se encontm no plano transverso, paralelo ou se integrando ao plano da féscia plantar. ‘Alguns autores eréem que o espordo ¢ formado a partir daorigem da musculature da primeira camada (a mais superficial) dos misculos do pé, que englobam 0 misculo abdutor do hélux, flexor curto dos dedos e abdutor do dedo minimo (BARRETT, 1999).

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