GIB NEWS © arasiv PUBLICIDADE Ad removido. Ocultar detalhes Os jovens japoneses que estado trabalhando literalmente até a morte Edwin Lane Do Servigo Mundial da BBC no Japao 10 junho 2017 | Michiyo Nishigaki perdeu seu filho para o fenémeno chamado de "karoshi" Michiyo Nishigaki encheu-se de orgulho quando seu tinico filho, Naoya, conseguiu um emprego em uma grande empresa de telecomunicagées japonesa, assim que concluiu a universidade.Naoya adorava computadores, e o novo emprego parecia ser uma tima oportunidade profissional no competitivo ambiente corporativo japonés. Dois anos depois, porém, a mae comecou a notar problemas. “Ele me dizia que estava ocupado, mas que estava bem’, relembra Michiyo. PUBLICIDADE “Até que ele veio para casa para comparecer ao velério do avé e nao conseguia sair da cama. Ele me dizia: ‘Me deixe dormir um pouco. Nao consigo levantar. Desculpe, mae, mas me deixe dormir", acrescenta Mais tarde, ela soube por intermédio de colegas que o filho estava trabalhando dia e noite, “Em geral, ele trabalhava até o hordrio do dltimo trem, mas se perdesse esse acabava dormindo no escritério”, conta a mae. “Em casos extremos, trabalhava a noite toda até 22h do dia seguinte, totalizando 37 horas de trabalho."Naoya morreu aos 27 anos, de overdose de medicamentos. Seu caso foi oficialmente considerado um de "karoshi' - termo japonés para descrever a morte por excesso de trabalho. 0 Japao tem tradicionalmente uma das jornadas laborais mais longas do mundo, e o fenémeno nao é novo - o “karoshi" comecou a ser identificado nos anos 1960. Mas casos recentes tem colocado o tema na pauta de debates no pais. © Cinco diferencas entre o Diretas-J4 de 1984 e o de 2017 © Ahistéria de amor entre uma militante de partido francés anti-i igragao e um refugiado | Criticos dizem que governo nao tem feito o suficiente para assegurar bem-estar de trabathadores Jornada No Natal de 2015, Matsuri Takahashi, funcionaria da agéncia de publicidade Dentsu, cometeu suicidio aos 24 anos. Logo veio a tona a informagao de que ela estava em estado de privacao de sono e havia acumulado mais de 100 horas extras nos meses que antecederam sua morte. Nao é algo incomum, sobretudo entre jovens recém-iniciados no mercado de trabalho, explica Makoto lwahashi, funcionario da Posse, organizacao que da ajuda psicolégica telefénica para essas pessoas. Ele diz que a maioria dos telefonemas que recebe consiste em reclamagées quanto a longas jornadas de trabalho.“E triste, porque esses jovens profissionais acham que nao tém alternativa", diz lwahashi 4 BBC. “Ou vocé pede demissao ou trabalha 100 horas. E se vocé pede demissiio, vocé nao consegue viver", acrescenta. Para |wahashi, a reducao da estabilidade profissional aumenta a inseguranca dos trabalhadores. “Havia karoshi nos anos 1960 e 70, (mas) a diferenca é que, ainda que eles tivessem que trabalhar por muitas horas (naquela época), eles tinham emprego garantido para a vida. Nao é mais 0 caso." GETTY IMAGE: Tadashi Ishii (ao centro), da agéncia Dentsu, renunciou depois de sua funcionaria ter morrido de tanto trabalhar Cultura da hora extra Dados oficiais apontam que ha centenas de casos anuais de "karoshi" no pais, incluindo enfartos, derrames e suicidios decorrentes da estafa profissional extrema, Mas ativistas acreditam que o numero real seja muito mais alto. Quase um quarto das empresas japonesas tem empregados que excedem 80 horas extras semanais por més - muitas vezes sem ganhos extras -, diz um estudo recente. E, em 12% das empresas, os funcionarios fazem mais de 100 horas extras por més.Sao ntimeros significativos: é a partir de 80 horas extras no més que se nota um aumento da possibilidade de morte do funcionario. GETTY IMAGES | Cultura de horas extras faz com que muitos se sintam mal em deixar o escritdrio antes do chefe O governo japonés esté sob crescente pressao para conter o problema, mas se vé diante de uma tradicao corporativa antiga - quem vai embora do escritério antes que seus colegas ou seu chefe passa a ser mal visto. No inicio deste ano, 0 governo lancou as "sextas premium’, estimulando as empresas a permitir que seus funcionarios saiam mais cedo - as 15h - na dltima sexta-feira do més. Também incentivam os funcionérios a tirar mais dias de folga. Os trabalhadores japonees tém direito a 20 dias de férias por ano, mas atualmente 35% deles nao usam nenhum dia sequer. Luzes apagadas Nos escritérios do governo distrital de Toshima, no centro de Téquio, recorreu-se a ideia de apagar as luzes as 19h, para forcar os funcionérios a irem embora na hora certa| Hitoshi Ueno quer que seus funcionarios tenham vida além do escritério “Queriamos fazer algo de visibilidade’, diz o gerente do escritério, Hitoshi Ueno. "Nao se trata de apenas reduzir a jornada, Queremos que as pessoas sejam mais eficientes e produtivas, para que todos possam resguardar e aproveitar seu tempo livre. Queremos mudar o ambiente profissional em geral." 0 foco na eficiéncia pode fazer sentido: enquanto o pafs tem uma das jornadas laborais mais longas do mundo, é o menos produtivo entre os paises do G7, grupo das nagdes mais ricas. Mas criticos dizem que tais medidas sio muito fragmentadas e incapazes de lidar com 0 problema central: que jovens profissionais esto morrendo por estarem trabalhando muito duro e por muitas horas. Para alguns, a solucao passa em estipular um limite legal s horas extras. GETTY IMAGES | 0 Jan3n tem Ianaa iarnada mac mrad Vidadle mais haiva ave auitras naices riens| VU rapau ett nye ser iauey Hee PIU THOME HEI? LEAS Yue UU U pares HLL No inicio deste ano, o governo propés restringir as horas extras a 60 horas mensais, permitindo que "em periodos de maior demanda” esse limite subisse a 100 - ja na zona de perigo de “karoshi". Muitos acusam o governo de priorizar interesses econémicos ao bem-estar dos trabalhadores. "O povo japonés conta com o governo, mas esta sendo traido", diz Koji Morioka, académico que estuda o fenémeno do "karochi” hd 30 anos. Enquanto o debate avanga, mais jovens tem morrido, e grupos de apoio a familias enlutadas ganham cada vez mais membros. Michiyo Nishigaki, mae de Naya, diz que seu pais esta "matando" sua mao de obra, em vez de valorizé-la. “As empresas focam apenas nos lucros de curto prazo", opina. "Meu filho e outros jovens nao odeiam trabalhar. Sdo capazes e querem se sair bem. Deema eles a oportunidade de trabalhar sem uma longa jornada ou problemas de satide, e eles se tornarao um privilégio do pais", conclui. Historias relacionadas Mulheres sao mais interrompidas que homens em conversas de trabalho? 8 marco 2017 Principais noticias ‘PT ignora machismo dependendo do agressor’, diz Tabata sobre candidatura de Zé de Abreu Hé 2 horas Briga sobre ‘heranca racista' na Suécia inclui 9 cranios brasileiros Hé 3 horas CPI da Covid aprova relatério que pede indiciamento de Bolsonaro e outros 79; 0 que acontece agora 26 outubro 2021 F PodcastBO Wes Que Histéria! 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