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Ano8 2010 Re eh aire ISSN 1679-4206 su Ee Ree Marae) ce ele(e (Metta ewe [eee (eM ela) NV PAs = “a AS POLITICAS MULTICULTURAIS E O RECONHECIMENTO: DE IDENTIDADES COMO NOVAS FORMAS DE CONTRATO SOCIAL E EFETIVACAO DA JUSTICA, ) Prof: Dra. Gislene Aparecidados Santos Profesona Associa da Universidadede Si Paulo atusndo no enode Geito de Politcas Piblicas ¢ no Progcans de Pés-Graduapio om Dirctn — Area de Concenmigéo om Dirsitos Hamanes.& unae das coordenadoras da Caiedrac Mubicadtrelione ¢ do GEPPIS Grupos de Exudos « Pesgisas das Police Publica para lnelusio Sac. RESUMO: Nate artige slo apreentades as contibuigics de Axel Monnet, Charles Tylor « Will Kynficke pa dicate a wovia do reconbecienta das pleas mules cunt formas de ofitapio de justi ¢ esis socal. Ess stators denon que a fragmento social eas weflios decisis 16 auociom ad ammncis de cules normations _abcegades no respi pot dignicade dete oxides « arepes de sacs identdades edtaoais © nt coi is injures morais que inpedent que sem desencoleids os sentimentos de amocomfiangs, sutorespeito © atoestioas en sociedad quis a slideiede etias orecnhecimentadedirtes ¢ acobigl de eioldace sgiomabereporaaveiptocntre ox ido, Em ratodio, conceit principe anclegces pode ser tmados some bieee para. efetzupde de an nave carat wed qe pemitt « consolidaglo de rociedades juter © Memoria PALAVRAS-CHAVE: reconhecimento de identic raubiculesrais, comtrate social, jstis ABSTRACT: Tis article presents the contributions of Avel Hone, Charles Taylor anc Wa Rymlcke to dscns the theory of recogwiion amd meittenlunral polices assays of fecing Jastice and social eobesion. These authors share ther social ‘Bagosention and socal conflcs are ssocited ith lok “of mormatice wanes xrouanded in respect forthe dignity af ail individual and groups thee exltwlidtitis a Yestraining wioral injuries that avoid theme to decclop Reclingsofselfrtiance, selfrespect and elfeceem manifest ‘in societies sohore solidarity xia enteen,reeegution of ead the peewention of violence aren the bass of the tionship «inong citizens. sa real 1 eonelide tht sach ontological principles cam be tskew as oandation for the realization of west social contract thet allecs the consolidation ofdermocraticand jus socetics. KEYWORDS; recoeiton of entities, mndticaltnrel polices, social contrat, justice, democracy. 1 FUNDAGOES DA POLITICA MODERNA E © PACTO SOCIAL Skinner (2000) demonstra como as Repablicas modernas foram edificadas a partir de alguns principios bisicos como o do direito natural propriedade ci liberdade (baseados nos pressupostos nominalistas ¢ escobisticos de que todos ox seres humanos rém dircito a vida, & liberdade-e4 propriedade de si mesmos),-comno o da ideia de que a organizagio em socicdade € 0 estabelecimento de pactos sociais. (contratos sociais) sio as Gnicas formas de garantir a sobrevivéncia e aauroconservagio dos homens medida que-o estado de natureza setia 6 local dt guerra de todos contra todos © como 0 do. 10 segundo o qual os homens, ‘organizades em sociedade, deveriam reeeber 0 minimo de interferéncia possivel do Estado tanto no exercicio de sua liberdade quanto nas atividades mercantis que desempenhassem, Dois autores ilustram, com bastante propriedade, os pressupastos do individualism que foi desenhado desde o Renascimento: Mandeville (1997) eConseant (1985), Constant (1985) demonstra que as novas republicas io devem demandan, de individual, em bencficio de bem comum, realizadas pelas repiblicas antigas nas quais o cidadio s6 poderia ser pensada dentro ¢ como parte de uma coletividade que 0 definia, A liberdade dos moderns, ¢ também sua agio politica, seria diferenciada e menos rigorosa no que range A participagio nos negécios da pals, nasexigéneias de virtudes civicas eno descjoe no prazer de compartilhar/consteuir, no espago piblico, aquilo que poderia scr fruide ¢ usufruido portodos os cidadosemsonjunto. Mandeville (1997), por sva ver, considers que, jd que mio é possivel impedir os vicios privados, o melhor que se poderia fazer, em beneficioda sociedade, seria criarcondighes para que 0 vicios de cada cidadio se transformassem -emnbeneficies pablicosdemodo que cadaum, no -exercicio de sua vida privada, individual © nio necessariamente virtuosa, contribufsse, mesma que involuntariamente, parao bem social Antes de Mandeville ¢ Constant, Skinner (2000) aponta como uma das figuras mais importantes, para a formagio da politica moderna, Maquiavel, que desobrigaria, em seu espelho para os principes chamado “O- Principe,” 9s governantes de possuir cles préprios as mais honradas das virtudes, sendo que 0 seu tinico propésito deveria ser usar todas as formas possiveis para manter o seu governoe ‘oscu poder. Nota-se, portanto, que as_repiblicas modernas, 20 contririo das antigas, desobrigam. tanto cidadios quanto governantes do exersicio da virtude pessoal, como mostra de qualidade do bom governo-edas virtudes civicas dacidade, As instituigées deveriam, elas sim, serem justas ¢ boas; mas nao, necessariamente, seus governantes ¢ scus cidadios. Melhor seriam quanto mais tivessem © poder de promover a soisapablica, 2 RECONHECIMENTO DE IDENTIDADES E A CONSTRUGAO DO BEM COMUM E sabido que, desde 03 antigos geegos (aqueles que inicialmente definiram o sentido de vida boa), era no campo das discussdes/debares piblicos que os valores do bem, do correto, da virtude poderiam se manifestar, tornar-se-visivel através das agdes virwosas dos cidadios. E, também, era na relagio entre 08 cidadios, ma tentativa de encontrar um bom caminho para a vida na cidade (a vida péblica) que as virtudes se apresentavam, A ética dizia respeito A vida politica e pablica es agdes virtuosas de cadaum +¢ do todo, queera a vida na cidade. A acio ética tinha como finalidade a vida feliz.da cidade e no era somente uma pritica individual separada desse objetivo. J, em AristOteles, se observa a dein de que a vida tiea (o bem viver) $6 se realiza plenamente na cidade, pois somente a combnidade politica torna possiveis as virtudes individuais © coletivas, as vircudes morais ¢ intelectuais. Da ideia de boa vida se depreende uma nogio de bem, Tanto nowabalho de Charles Tayler (2000) quanto. no de Axel Honneth (2007), estas ideins sic apresentadss como ccateals. Taylor marca, como um dos pontos principais de sua anilise, a discussio sobre a fragmentagio politica vivida nas sociedades contemporineas. Atribui esse fato a-uma perda do sentido moral que desvincula individuos das fontes morais de suas ages. A visio atomista da socicdade, segundo a qual se pode explicar todos 98 bens saciais como sendo individusis, estaria no cerne dessa fragmentagio. Para ele, hi uma familia de tcorias liberais, definidas como procedimentais, segundo as quais a sociedade seria uma associagio de individues, cada um com uma concepgie de vida bea ¢ planas de vida. Caberia & sociedade facilitar a realizagio desses planos individuais, de acordo, ow seguindo, algum principio de igualdade ¢ mio discriminagio. Paras liberais, sea sociedade defendesse, cla prépria, algum principio ou ideiade boa vida, todas as demais ideias © principios seriam discriminados e isso seria um desrespeito aos individuos que os tivessem escolhido, Por isso, esses autores optam por uma ética dodireito, do procedimento, afastando a ideia do bem. Em fungio disso, a sociedade deveria criar somente procedimentos de decisio para determinar como iria estabelecer os bens a serem promovidos e nao deliberar sobre quais seriam esses bens. Contudo, para Taylor (2600), esse modelo, totalmente liberal-stomista, seria profundamente irrealista. Ele recupera aideia de que nenhuma sociedade politica pode florescer sem que haja alguma espécie de sacrificio ¢ de disciplina entre seus cidadios, Para que essa ina exista, sem @ recurso.’ coergio tipica de gavernos despéticos, seria preciso que os cidadios construfssem uma identificagio voluntiria com a polis ¢ passassem a ver as leis como veflexo e defesadesua dgnidaede; como uma -extensio deles mesmos. Essa ideia nfo é nova, pois jd se fazia presente nos teorias de Platio ¢ Aristoteles, que afirmavam que todes os

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