You are on page 1of 5
~ DANCA COMO AREA DE CONHECIMENTO 3. Danca como area de conhecimento: alguns | desentendimentos... | Como ja mencionado, historicamente a Danga é, dentre ag outras trés abordadas no curriculo, a quarta linguagem artis. | tica a ser reconhecida como area de conhecimento especifica no curriculo escolar, pois as Artes Visuais, a Musica € as Artes Cénicas foram as primeiras a serem colocadas, €standomlDar _ ga incluida no contetido das Artes Cénicas, conforme os PCNs qe@Antenin@ 996), Como observa Strazzacappa (2006): €ANDaniga ~ situa-se no Terceiro mundo das Artes’ (p. 16). Como expée Marques (2007) e os PCNs-Arte II (1997) sobre o senso comum a respeito da Dana: se ha danga na rua, nos) programas de auditorio, se o brasileiro tem “samba no pe’, se) “se danca na vida’, para que se dangar na escola? Esse 6 um meme’? presente ha muito na historia da Danga na educagao brasileira. i . _A Danga na escola sofre ainda a.com “vem aspectos e ¢ 2007) econ eases BM é ‘i jonist® eme € um termo criado por Richard Dawkins, 0 e evolu i zodlogo, etdlog professor da Universidade de Oxford. Esse noma agers? 0 da cultura” seri: no comes Tia, portantoiimigenelcultural) i issemina " cultural. que se replica e se dis 28 at o estudo da coreologia de Rudolf Laban’ (MARQUES, 2007), a ncia da propria Danga, ou seja, d0S repert provisagado e composicao coreografica. £ importante, em se tratando do planejamento curricular para essa area, que se saiba com que referéncias ela foi coloca- da na PC, visto que 0 senso comum, em sua maioria (inclui-se, nesse grupo, aqueles que nao sao profissionais de Danga), nao entende essa linguagem artistica como exposto acima, pois € um problema ainda atual o nao entendimento dos contetdos da Danga, mesmo por profissionais da educagao. Ainda ha aque- Yes, dentro da escola, incluindo diretores, gestores e professo- Ree res, que nao tem conhecimento da seriedade do trabalho com a fa danga, no sentido de que ela nao serve somente para abrilhan- tar momentos festivos. Cee oeereas ) 3.1. A Danga Ilustrativa E importante pensar sobre esses momentos festivos no am- biente escolar, pois é a relagdo que a maioria das pessoas faz com a danca (assim como das outras Areas artisticas) na escola. Ela acaba servindo para o Dia dos Pais, Dia das Maes, Dia da Bandei- ra, Festa da Pascoa etc., somente como ilustrativa,"* como se nao pudesse ser trabalhado o fazer/pensar em danga com relagao aos processos significativos dessas datas comemorativas. A danga, “ como ilustragao, diz respeito a utilizacdo dela para abrilhantar, 7 para enfeitar ou até para animar as devidas comemoragoes. Des: y sa forma, ela nado se apresenta contextualizada, com possibi ef dade critica, que interage com 0 contexto em comemoragao. Ela ~ acaba por servir como aderego do evento é se, em alguns casos, ela nao conseguir animar o publico ao final de sua “performan- ce”, entende-se que ela nao conseguiu atingir seu objetivogSabe=s» 14 Termo designado pela pesquisadora- 29 'm escolas particulares), 0 que reforca rticipagaéo na vida escolar, ou seja, quando r6ximo a festa da Pascoa, por exemplo, a turma de dan- ee ola (pois € um numero de alunos restrito que participa, ce 100% meninas) € acionada. Isso geralmente acontece nas escolas particulares, pois, no ensino publico, os professores das demais disciplinas que tem uma “afinidade” (€ as vezes nem isso) com danga, “montam” uma coreografia paraa data come- morativa reproduzindo movimentos ou “traduzindo” em movi- mento a letra da misica utilizada: esse seu ritmo de pa: ‘A construgao do conhecimento em Danga envolveria muito mais do que a simples reprodugao de movimentos predeterminados, em que se valorizam a exatiddo e a per- feicdo dos gestos; ela envolveria uma apropriagao reflexi- va, consciente e transformadora do movimento (STRAZ- ZACAPPA, 2006, p. 74). O que ha de ser considerado é que a escola nao deve se en- carregar de reproduzir movimentos nem repertorios de danga, e que [--] © ensino na escola nao deve fixar-se na formagdo de "com a vida dos alunos, como parte integrante da educa @@Moosindividuos|MOR ANDI, 2006, p. 73). Ou seja, em geral, a realidade do ensino da Danga na & cola hoje nao constroi conhecimento, somente reproduz 0 que uy existe. Alguns alunos, sim, desenvolverdo suas habilidades artisticas e poderdo se tornar artistas e bailarinos a partir dess® experiéncia escolar. Mas € importante reforgar que ess¢ ie deveria ser 0 foco da danca na escola. Enfatizando a danga como ilustragdo na escola € © eventos, ha também a expectativa, por parte dos alunos, m seus de qué 30 jrao para a aula de danga para aprender movimentos codifica- dos. E isso sabe-se que é também um impasse para que a aula de danga caminhe para uma perspectiva de pesquisa de movi- mento, como trazem Os estudos de Laban, por exemplo, dife- rente da expectativa que em geral se deposita sobre as aulas de danga. Muitos alunos se interessam por essas aulas pensando que irao aprender a dangar balé, forr6, funk, dentre muitas ou- tras dangas. As dancas preestabelecidas representam um con- ceito de danga que se concebe pelo senso comum como a tinica forma de se fazer danga, o que reforga sua fungao ilustrativa, pois a estética e a performance acabam sendo 0 tnico objetivo das aulas e ensaios, os quais irao culminar numa apresentagao no ambiente escolar. Nesse entendimento, a danga acaba se restringindo, tanto nas aulas de Educagao Fisica quanto nas aulas de danca extra- curriculares ou na hora do recreio, a ensaios para determinadas datas comemorativas. Nesses ensaios sdo feitas reprodugdes de passos pré-concebidos (ensinados pelos professores - encarre- gados de “elaborar’ uma coreografia - que j4 copiaram o reper- torio da midia) ou, mesmo, quando se diz haver criagao por par- te dos alunos, esta é também uma copia de repertorios. Sendo assim, 0 entendimento da danga como ilustragao ajuda a deixa -la a margem como disciplina na escola. 3.2. Danga e dualismo A lacuna sobre o entendimento da danga na escola vai além da sua incompreensao como disciplina, pois engloba o que se __ entende pelo ato de danca O 31

You might also like