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Exercicio 28 Apés estas consideragdes sobre o equilibrio, passaremos a investigar 0 # CONTORNO Com relagdo a este, se estivermos imaginando as linhas melédicas como alguma coisa visualizada, 0 desenho poder ser de grande ajuda. Nas duas paginas que se seguem, ha dois interessantes exemplos de linhas: um foi retirado da caligrafia chinesa ¢ 0 outro nos vem de um quadro de Paul Klee. Ambos merecem cuidadoso estudo, e depois iremos traduzi- los em miisica, pois oferecem quanto ao contomo aspectos ricos © variados. Escolha uma das ilustragdes encontradas na pagina 49. Faga-lhe a versio musical para um instrumento ou canto. Lembre-se: 1 A subida ou descida no desenho = a subida ou descida de notas. 2 A extensao transversal do desenho = duragao da pega. 3. Uma linha no desenho pode nao expressar cada nota da linha musical equivalente, mas apenas uma diregdo geral; vocé pode fazer mudangas sutis na dirego das notas, sem que isso esteja indicado no desenho. Ha duas importantes técnicas com relagao ao contomo: uma consiste em crid-lo por meio de notas longas que guardem espagos entre uma e outra para serem preenchidos da forma mais interessante possivel. Abaixo, segue-se um exemplo: notas longas Ideograma chinés para ‘um mil" A segunda técnica esté relacionada a diregdo. Obviamente, a miisica nao pode se mover o tempo todo numa tinica diregdo de notas. Uma maneira de tomar o contomno interessante seria dar-Ihe uma diregao imprevisivel, através do emprego de intervalos grandes misturados com outros peque- nos. (Vocé, provavelmente, jd comegou a fazer isto no exere Damos, aqui, um exemplo: Exercicio 30 ‘Ao lado das notas longas escritas abaixo, construa uma linha preenchen- do as lacunas; combine de forma equilibrada os intervalos grandes com 0s pequenos. Toque a linha num instrumento adequado. Usando a linha composta no exercicio anterior, dé valores as notas para tomar mais interessante a melodia. Lembre-se: na criagao de uma boa musica, o contorno o andamento nao se separam; 0 sucesso da miisica depende parcialmente da maior ou menor velocidade que vocé imprimir 4 cada segao ao longo da linha. Exercicio 31 Analise estes exemplos de excelentes linhas musicais tiradas de compo- sigGes de Bach, Beethoven ¢ Handel e veja se ha procedimentos que lhes sejam comuns. Confronte-os com as técnicas que acabamos de investi gar: + equilibrio de notas # contomo: diregao (imprevisibilidade) # contomo: relagdo com o andamento Bach, “O Crave Bem Temmperado’, Vol I Beethoven, Sonata , Op. 74 a ee Hondel, Couracte da Suite em sol Continuamos a abordar 0 contomo, mas, agora, sob diferente angu- lo, Pelas idéias expostas acima, fomos, gradualmente, sendo disciplina- dos para construir um quadro com uma boa linha musical. O exercicio que se segue incentiva um procedimento mais livre com relagao a melodia. Componha uma melodia para canto com as seguintes segGes: segiio 1: com grandes intervalos entre as notas segio 2: com pequenos intervalos segao 3: com pequenos e grandes intervalos misturados Grave sua voz cantando esta melodia. Antes de terminarmos nossas consideragdes sobre 0 contomno, vamos abordé-lo do ponto de vista da miisica de outras partes do mundo. A seguir damos uma pequena lista onde se encontram algumas possiveis maneiras de abordé-lo. Ao lado de cada um, voeé vera o desenho da forma ¢ a notagdo musical que sugerimos. E 1. notes repetidas 2- wovimento de subida ¢ descida das notas 3. conterno ondeade 4. descida 5. forma de arco 6. subida Exercicio 32 Componha uma versdo para cada um dos contomos acima, pode ser para canto ou pata qualquer instrumento de sua escolha. Se preferir, use diferentes instrumentos, um para cada versio. Com relago ao estudo da linha e do contomo, devemos lembrar que — c isso vale também para todos os outros aspectos da composigaio — néo ha regras propriamente ditas. As decisdes devem ser tomadas e seguidas com coeréncia, No entanto, existem divergéncias culturais sobre o que é uma boa linha melédica. Analise os cinco exemplos que se seguem ¢ descubra qual, na sua opiniao, é o melhor. (a) Bali (aqui,os intervalos sao aproximades) Gk SER =} SS S6SS5 (b) tnaio norte-americano A = = = foe J foie seid 4 (2) Indio norTe- american Fraseado Exercicio 33 Falta-nos ainda discutir um dos aspectos mais importantes da linha musical: a nogao de fraseado. A melhor maneira de comegat a entender o que quer dizer 0 fraseado é relacionando-o com a respirago. Um cantor ou alguém que toca um instrumento de sopro quando precisa respirar, em geral, procura o fim da frase para fazé-lo. Em outras palavras, aquilo que € a frase © o comprimento que ela tem so duas coisas intimamente associadas a capacidade respiratéria do homem. E interessante notar que este aspecto de nossa fisiologia afeta até mesmo a miisica de instrumen- tos que nao esto envolvidos diretamente com a respiragao, o piano, pot exemplo. Outra maneira de entender o fraseado seria vé-lo como um modo de dar sentido a uma determinada extenso de musica que seria compos- ta, se assim podemos dizer, de pequeninos trechos manipulaveis. Faga parceria com outro miisico e escolham dois instrumentos melédi- cos. Improvisem uma pega que obedega ao seguinte molde: 1° instrumentista: uma frase 2 instrumentista: a resposta da frase 1° instrumentista: uma segunda frase 2? instrumentista: outra resposta Prossigam desta maneira formulando, aos poucos, uma conversa musi- cal Seria bom que este exercicio fosse repetido imimeras vezes para que ficasse realmente entendida a natureza de uma frase que interroga ¢ a de outra que responde, Exercicio 34 Agora ouga uma miisica onde este procedimento baseado em perguntas ¢ respostas tenha sido usado de maneira interessante. Ha muitos exem- plos na obra jazzistica de Miles Davis ¢ Charles Mingus, bem como na de Haydn e Mozart, dois mestres do fraseado bem equilibrado. Ouga 0 movimento lento do Quinteto para Clarinete de Mozart ¢ a pega de Mingus, Mariachis (The Street Musicians). (O que comega a tomnar-se cada vez mais claro ¢ a existéncia de uma bem definida relagdo entre musica e fala. Por exemplo, quando vocé lé em voz alta, logo comega a compreender como esta o texto dividido em pandgrafos, frases, expressdes etc. E perceberi também o sentido de altea- mento e descida contido numa seqiiéncia de palavras. A isto chamamos cadéncia — e como vocé provavelmente ja observou, temos, aqui, outro paralelismo musical, pois na mtisica hd também o sentido de cadéncia. Parte 1 Escolha uma passagem de livro, de uma publicagao qualquer ou use © texto abaixo: Em outros tempos, enquanto se trabathava, isso era feito quase sempre cantando. Fiar, tecer, por exemplo, ninar uma crianga ou tirar leite da vaca, eram todas atividades que tinham cangdes com ritmos apropriados aelas, Fora as tarefas individuais, também os trabalhos em equipe eram, em geral, acompanhados por cantos. As cangdes dos marinheiros do século passado s&o exemplos de misica feita em grupo, como sao também aquelas dos pisoeiros das ithas Hébridas e as dos trabathadores nas pedreiras de Portland, que ainda recentemente podiam ser ouvidas. Além destas can¢des proprias de determinada atividade, sao muito freqitentes outras que estdo relacionadas com o trabalho de modo geral. Essas costumam descrever os diferentes oficios e ocupagdes, muitas vezes de forma bastante romantizada, mas quase sempre com humor e graca. (Traduzido de Poverty Knock de Roy Palmer) Leia esta passagem em voz alta, vendo a organizagao do texto através dos paragrafos, frases e expresses. Anote com cuidado o comprimento eo tempo de duragao de cada segio, para que possa ter idéia da estratura do texto integral. ‘Agora, faga a contrapartida do texto para solo instrumental. Natu- ralmente, vocé ndo poderd se valer de nenhuma das suas palavras, mas poderd usar tudo que o texto oferece, ou seja, o comprimento das frases ce das expresses ¢ o contomo da altura dos sons. Por exemplo, a frase do texto “ninar uma crianga’” poderia ter seu contomo assim configurado: contorno Se, em vez disto, voeé preferir uma passagem dramatica, de climax bem definido, melhor ainda, este carter também poderd ser espelhado na sua miisica. Parte 2 Componha, agora, uma pega onde se encontrem somente os sons vocais (as palavras) do texto. Nao é permitido, aqui, nem o canto convencional nem o uso de qualquer instrumento. Pense no texto como um material que vai ficando cada ver mais parecido com uma pega musical, até que ele se rorne, de fato, uma miisica. Nesta segunda parte, talvez vocé obtenha melhores resultados, se trabalhar com um grupo de pessoas para, depois, tentar a “*orquestragao™ do texto: solos (vozes isoladas) duetos (duas vozes) tuttis (varias vozes juntas) Finalmente, combine as duas partes de modo a obter uma pega linica, que pode ser executada simultaneamente ou arranjada da maneira que Ihe parecer melhor. Como encontrar as notas da melodia: escalas As escalas nos servem, muito convenientemente, para indicar 0 conjunto de notas que esto sendo empregadas numa pega ou pegas. Vistas sob outro angulo, elas se constituem também numa excelente fonte de idéias para melodias. Do mesmo modo que usamos os espagos entre as notas Jongas de uma escala para criar uma melodia, também podemos erié-la + omitindo algumas notas da eseala ou + usando padrdes de notas sugeridos pela escala Por exemplo, consideremos a seguinte escala: SS ee ela produzira uma melodia como esta: Sabendo-se que as escalas ocidentais representam apenas uma pequena parcela da mtisica ¢ que elas estéo subordinadas a misica — © nao o contritio —, deveriamos procurar escalas diferentes para nossas compo- sigdes. — Exercicio 35 Observe as trés escalas a seguir. Conceba uma melodia a partir de cada uma delas, para canto ou qualquer instrumento apropriado. } E interessante usar a escala para definir a extensao da melodia, em outras palavras, a nota mais alta da escala seré a nota maisalta da melodia. Vocé também poder levar em conta se todas as notas, em cada uma das escal mostradas acima, tém igual importancia ou se algumas seriam mai adequadas que outras para concluir a melodia Como encontrar 0s acordes também podem constituir-se numa fonte de notas para a as notas da_ melodia. As composigdes de Haydn ¢ Mozart estao repletas de melodias melodia: acordes

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