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Closs Tombo 3222S foe want Milas So semaine, Fi. cops Indies para eailogo ssemitico: og do “Eeemotrinens 155 Clara Regina Rappaport ‘Wagner da Rocha Fiori Claudia Davis Psicologia do Desenvolvimento Volume 1 Teorias do desenvolvimento Conceitos fundamentais Coordenadora: Clara Regina Rappaport eeu. DITOR PEDAGOGICA € UMIVERSITRRIA LTDA, Capitulo 2 Modelo psicanalitico Wagner da Rocha Fiori 2.1 Freud e a Psicanlise — 0 trabalho inicial Um dos marcos que o silo XX deixaré para « posteidade 6a psicandtneSeoulo de explorages © conguistas, marcado pelas viageas expacis, pela fssio © fusto do dtomo, ar também 2 zscoberta do inconsclente como capa signfcatva da busca que © homer reaiza & procura de si mesmo. Nio se pode disociat 4 figura de Sigmund Freud do oxgem e conotdasio do sistema Pricanaliico, ‘Lionel Tring, 20 resumic © organzar 8 menst ogra de Freud deixada por Ernest Jones iz em sua introduc aq, apsar di ensenea de grands omer na psianie ente oy olsboradoresinicins de Freud nem dels tune qualquer cont ‘uigdo escncial 3 Teoria Pscaaliicn “A Gnica excgho & feta 30 Papel desempenhado por Josef Breuer. Freud asceu om Freiberg, Moriva, em 1856, lngresiow na Univemidads de Viena em 1873, aos dezecte anos, tendo sido sprovado nos seus exames mics ius om 1881. Sou permanéncia 1a univeridade fo} prolongads, no por siticaldades pestoni, m3 pela imensa eerosiade cientfica que 0 levava. a acompanar oh cursos de grandes cintstas e peasadores que Ii se encontavam, Em particular, oe ciror Ge flowofa dados por Brentano, 208 quis Freud comparece por iés anos, dario importante bese humanistica para a constugso da pandze. Com sa formaturae 8 perspectva Uo castmento, Freud’ obrignda a deiar parismente © pesquisa fe degiearse 8 clinica midiva. Passa por vésasenfermaria, i sendo Percpivel coma sew inereses se organiza na diesso. de 89 future teoria,Dedicarse assiduamente 3 piguatia, para termina Concha ie om cect ete no cram aii [No Deparamento de Dermatologiaineressse plat conexoes ene 7 7 ee, Une peas infantis 3 Rnertocis ‘nos membros inferiores em enuréticos, 2m como 9 trabalho final sobre paralsia cerebral infantil jé Ihe assegurariam um lugar histérico na medicina, ike is nam pte Rpts ate mie jusa uma boa imagem para representar a teoria de Charcot, compa 12 ouma piSente histrica que catrrd para os anais da psicandlise fom. home de Ana 0. AO set provocado o sonambulismo Fonéico como trangiilizante, a paciente pasa a narra, durante a hipmose, uma’ série de {atos passados, profundamente, doloros0s. nes fais nao faziam parte do Conhecimento consciente da pacient, ‘Quando, a0 despertar, 4 paciente pide reconstituir esta etapa do Seu passado, com o auxilio de Breuer, os sntomas hstrios desapa- fecem, 0 ttebalho de Breuer ao tratamento de Ana O. passa a Ser o prime caso linico a ser tattdo dentro do modelo. ave Gavia origem 2 psieandlise, Ovexcelente nivel intelectual da paciente também um dado importante que auxlia Brever a se organizar Em seu, tatamento. Este mstodo de eliminar os sintomas com 3 etomada de recordagbestraumteas passades, que se toma confecido Como. Mélouo Catirtco, & pela primeira vez definido © reconhecido pela propria paciente que o define como “a cura pela fala". Emest Jones hepa a detinir Ana O, por esta observagio, como sendo pessoa sue primeira definiu 2 tnica analitc, ever inttoduz Freud em suas desobertas,envia-Ihe pacieates| para setem tratados pelo novo mélodo, torando-se quase que uma Expécie de protelor de Freud em seus trabalnos inciais. Juntos Dublicam suas descobertas, ¢ 4 colaboracdo duraré até a ruptura Seorida, quendo da elaboragSo da teoria da sexulidade ‘fant se Freud. ‘Em linhas imuito gerais, estes slo os dados iniciis da Teoria Psicanaltiea que Freud continearé constuir por mais cingienta fanosAlguns teabalhos sero os orgasizadores centr do modelo: Oy extudos sobre a hsteria, esritos com Breuer em 1893-1898; A Puerpretaio dos sonhos, do 1900; Pscopatologia na vida eoviiana, (de 190K, Tras ensoios para ma teora sexual, de 1905; o8 tts ‘asos,clinios de 1909-1911 (0. pequeno Hart; O “homem dos ater", 0 caso Schreber); Os insintos e seus destinos, de 1915: Tuto 'e meloncolia, de 1917; Mair além do principio’ do. prover. de 1920, 0 Epo ¢ 0 Id, de 192%; Inbigdo, sintoma anit, {de 1926. Inimeros outros trabalhos complemientario € exploraréo 1B cnistem process inconscientes, subjacestes ¢ determinantes sobre STfonceidncia. Num segundo momento, estas mesmas iéias permi- {ino s Freud abandonar a hipnose e permit ao paciente sozioho realizae a busea dos eventos trauméticos reprimidos, (© principal colaborador nas idas iniias de Freud & Joseph Breuer, médico vienense, mais velho que Freud, e que jé realizava fe Austria. pesquisa. de tratamento” da histria com a ipnose, 20 Inesmo tempo que Charcot clinieava em Pars. Breuer se encarrega centri, asin icone pcaflne par outs das Como aa, a igo, or novices Soca, 2 Lngtsoce, © tatahe que fesenemene,dsrrelvancs om press retas, Viames Sa pens a comprecsto bisa ts pcan Tectia prt extsdiento. Soluio a. needs, humane £m imo desinad aoe corde Pacolopa do Deeoolinen!s Fins nus falda de Pcl, Polpopa, coves prone, icon dnc alien Mio nou cimpetsiny Potent quae fevubes Grea dhpcaalue" Nests volme, © prime de Um ‘Ene de qat tetaemos ele comb sm ee Sonam i» concsios bso da panne Now onentacdo Sot Setameme freaan, por fuse se hes fen do combecmento mv pecans eto nfo tert pontiado de rerenas ogra, 30 nos ver dpensives nese igs irc Pretringsorganiar, so Ohl, ‘4 neagto “de alguas ichras bnew de Fes, pcplnene sss Soe dios or nos preer tt + melhor anes dena orange incl ee conecimento Nts volumes Segue, descwolveremot 2 crligo a iio, stg por ego in, tecmos campo pars scutes deat, na got uns Compares com Ospina comimuaores © dente a aba fear 2.2 Conscente incomsclente — o modelo topaigico Atualmente nos € fil aceitar aida da existéncia de procesos| inconscientes. Tso no era assim to Tiel nas etapas iniciis do desenvolvimento da psicanlise. A idsia despertow ferrenha oposicio, ‘quer dentro dos ctculos médkcos, quer dos legos. © proprio Freud Feconhece como uma ate tural humana rejetar aida de ‘que somos dominados por processas que desconhecemos, quando, zna*Conteréncia Introdutera 4 Psicanslise", de 1916, mostra, que ‘a espécie humana sofreu Irés grandes ferdas em seu narcismo ‘A primeira foi eausada por Copémico, ap tir a Terra do centto {do universo. A segunde, por Darwin que, 40 definir "A. ovigem ‘das espécies aa Tula pela vida", tira a0. homem a pretensio de Ser filho de Deus. A tercera é 3 descoberta do incomsciente, que tira ao homem 0 dominio sobre sua prdpria. vontade, ‘A descoberta do inconscient vem para Freud por dois caminhos diferentes © paraleios. Deum lado, a experiéncia clinica poneira fe Breuer; de outro, as experéncas com sugestio pés-hipnotics. de Bernheim. Comeesmos pelo segundo. Um paciente & hipnotizado «, durante o sonambulismo, dicsethe a sugestio de que, a0 acordar, deverd it paca seu Tugae, permanecer quieto durante cinco minutos, 40 trmino dos quais deverd abrir seu guarda-chuva, colocélo um, pouco sobre a cabesa, ¢ depois fecha-o. Em seguida, o paciente € 'espertado do sonambulismo, Normalmente ele volta pata seu lugar 4 medida em que 0 tempa pase, vai se tormando eadn ver mais inguieto, até que, num impulso, bre o guarda-chuva, coloc sobre sta cabere por um momento e depois o guatds, A pessoa fs em getal um pouco coastrangida com sua atitude. Nao sabe por que foi levada @ fazer isto, mas € bastante Mcida para perecber © ridiculo da situacio. © hipnotizador a aborda, quesionando 0 orqué de sia atitade. Imediatamente uma ou mais explicacies EparentementeWgicas surgem, fentendo expliat 0 estranho.at0: heheh que podera eslar chovendo e eu jé ia sat", ou “fui verifiae se nio estava com defeto para evitar surpresa’na sada". Nao onsegue recordar o que a teria levado a abrir 0 guarda-chuva A fordem faz parte de um processo que mio percebe, que & subjacente "sus. conseiéncia e que, no caso espeifico, € dominante sobre a onscigneia. A propria attude envergonhada nos mostra que 0 30 for consumado contra o que o sujeto acha que é adequado. Fica fentdo claramente definida a existéncia de dois procestospsiqucos praleos, um consciente ¢ outro inconsciente, sendo que © incom lente determina as aghes do sujelio, sem que este 0 perceba ‘Além da earactozagio do consciente ¢ inconsciente, dois outros processor piguicos devem ser considerados ao exemplo acim, por permitirem posteriornente dus descobertas importantes da psiané- Tse. 'O primeito deles £ que, apesar de o pavienle realmente no 2 iembrar da ordem que 0 Jevou a abrir o guardachuva, se 0 hipnotizador rejeta suas explcagdes iniiais e continua inssindo para que se lembre do que realmente ocorrew, parece que Aum Sado momento o paciente {az un grande esforco. de introspecgso de repente se lembra de tudo. Recorda-se de ter sido hipnotzado, de ter ecebido a ordem e de té-a cumprido apos 0 tempo prevsto Sobram ainda ao paciente dois embaragos: do enlende por que foi levado a cumprr « ordem ¢ nfo entende como, tendo a Sensagio de que sempre soubers da ordem ecebida, houve um momento fem que no recordou. Pode-se dizer que ele sabia’ da ordem, tas no sibia qve sabia, Isto ndo € tocadiho. Veremes que um Drocesso siilar irs ocarrer com 2 resordagio de eventos (faumticos squecidos ‘0 segundo procesto priquico curioso no cheya a fear bem caracteizado apenas este exemple. Vimos que o pacienteobedeceu uma ordem que 9 deisou consuangido. E, se. Ihe tvessem frdenado que fzese algo que fsse fer profundamente seus valores ‘moras? A-ordem teria sido cumprida?’ Certamente que mio. A 1s hhipnose fi capaz de abrandar um pouco sua censura e até explo fam certo ridieulo, mas jamais fara cometer algo profundamnente proibige. "Nio cometena, por exomplo, um crime sob eleito de Sigestio porcipndtica. Uma paciente feminina no. poderia ser Tevada t desnudar-te por mero efeito de uma sugestio pés-hipastics, ani ser que ela pessoalmente no se incomodasse com tal procedi- mento, Normalmente, quando é dada a0 hippotizado uma ordem {ive ele ndo pode cumpri, em geral acorda abraptameme do transe, bastante incomodado, e toma-se em seguida resstente a entrar em mova hipnose. O que concluimos ¢ que, se 2 hipnose foi capaz de faver surge slgumas pequenss attudes que normalmente 0 paciette fio as teri, quando ele se sente ameagado, mio sb se recurt. a Cumprir a ofdens, como toma-se particularmence esistente a0 procedimento. Este dado pesard no posterior abandono da hipaose ha Wenica de Freud (© segundo caminho do estabelecimento do conceito de incons- cients, eva que marca 0 inicio da slaboragio da_psicandlise, vem {30 atendimento clinica que Brever propiciou a Ana O. Ela ert ‘uma jovem de vinte e um anos, dotes inelecaas sempre elogiados pela Iteratura psicanalities, ¢ que padecia de um quatro histeico {ipico:paralisis, perturbacdes nos movimentos oculares,tosse nervosa, repugndncia aos simentos e inclusive um aces de hidrofobia 10 jas semanas sem beber gua, apesar da intensa sede, ‘usta de meldes, Apresentava ainda alguns estados de sateragio psiguien, que Brever chama de estados de absence" ros quais dizia coisas fragmentadas, sem que uma coeréncia de Sentido fesse estbelecda, Devemos lembrar que nesta. época. a ‘medicina adotava em peral dust atitudes diante da histeia: 08 3 ignorava, tratando oF sintomas como mero fingimento consciente, ot finds presa aS idéias de Hipserates de Cos, teatava curéla por teragbes na posgio do iter, ou por extragio do cis. Breuer, ‘a0 contrrio, Uedieouthe atencio permanente e procurou utilizarse dda hipnose como processo de apavigvamento dat tenses. Durante luna das sesdes de hipnose, Brever repetia para a paciente algumas das palaveas que ela dissera em estado de “absence”, inctando-a 3 fsssociar sobre elas, Ana O, passou endo a relatar uma passagem jst 20 Leto de morte do pai, onde exausta enfrow numa especie de sono acordado, alveinou ver uma serpente nogea que strgia para picar o enfermo. Quis afstar 9 rept, mas seni seu brago paralzade. "Ao fixar os olhos em seu brago, vit) seus dedos se {ransformarem em peguends serpents cujas cabecas,localizadas nas tunkas, exam caveirss, Assustada,tentow rez, mas a8 palavras The fuglram, s6 se lembrando. de uma oragio infantil em inglés. Tods 6 8 historia foi relatada a Breuer durante a hipnose. Ao despetar flo sonambulismo, “Ana O. deizara de apresentar os sintomas de Paralisia que a acompanhavam por mais de dois anos. ldentico Procedimento curou-a dt hidrofobia, ao recordar uma cena ent que Vira 0 “nojento” cachorriaho du babé bebendo gua em uma canece, Nos dos casos percebemos um evento laumatico reprimido, que nao faz. pare da percepyio consciente e aie, a0 ser recordado, teaz junto a vivéncta de toda emocéo anterormente reprimid, A Fecordacio consciente do trauma, com a correspondente descarga de emogdes reprimidas, fz com gue os sintomas,desaparesam (Os Estudos sobre a hisera, publcades por Freud © Brewer ‘em 1895, coaslituem 0 primeio trabalho de repereussi0 dt pecans lise. Algumas conclsses,tiradas destes primeios casos, jé definem 4 relagao consciente-¢ inconssiente, Flea estabeleeida a exstenta de “uma vida psiguica inconsciente, parlela & conseigacia, © que pode ser dominante sobre esta. Estas relages serdo mantidas durante {oda obra fudiana. A teori de origem da neurose, elaborads. por Breuer, Daseavase nos chamados estador de “absence”, Sulgave cle (que a8 histricas seriam sujeitas a estes estado, e, quando. denteo dels, a capacidade de elaboracio de eventos afetvos seria red, Isto significa que, durante o apnrecimenta destesextados, 0 sjeto ni teri condigGes de absorver ou interar eventos psiguios dolore Sos. Os tvaumas entao solrdos nio poderiam ser” pereebidos pelt conseitncia. Eles passariam direto para o incoasciene, ld permane- endo enguistados sem claboracto. A reagdo do organinino 40 trauma enquistado produxca os sintomas, O-doente fica enti Visto’ como. passivo" no pode reagir a0 trauma e também nio Pode, Sozinho, elaborar o trauma e elimini-o, A tarefa do médico Seria entio utilizar a hipnose como um isi, penetrando m0 Psiqusmo e eriando condigdes para que. o trauma resurgisee onseiencia, fora do estado de "absence", quando entio poderia Ser experienciado com toda a cara afetva que no. pudera ser vivida na hora taumtien Ese metodo de tratamenta ficou onhe- sido como Método Catitico. Freud logo em seguida 0 abandoneri, fom o sbandono da bipnose 23 Resitinca © repressio A utilizagio do Método Catirtico © Hipnstico de Breuer logo ‘rar problemas para Freud. Ha fracassos nok ratamentos © muitos Pacientes no. conseguem ser hipnotzatos. Freud desanima com 4 pratica médica da hipnose. Tver pelo grande respeto que ainda devote a Brever, nio questiona a téenca, mas questionase a 51 pro ” prio, admitindo-se mau hipnotizador. Perticularmente, julgamos que muito dificil utilizar em flacbes interpessais uma ténien na qual fo se confe. "A téeniea da hipnose é relativamente simples, © no vemos como um bom profisional nio conseguitia dominila. Pen- amor que as difeuldades alegedas por Freud jé demonsiram sua escrence para com a hipnose'e a sbertura para 2 busca de novas solugoes. Freud entdo se recorda dos experimentos de sugestio ps-hipnd- tica a que assistra com Bernheim. "O paciente, que a principio m0 se recordava da ordem do hipnotizador, conseguia relembré-la desde ‘que, diante da iasisténcia do hipnotizador, cle se csforgatse para consegulo, Freud havia aprendido com Charcot que a histera © a hiprose cram fendmenos similares. Por que nio tentar entdo com a histeria.o| mesmo procedimento que Bernheim utilizava na recorda- ‘do da Sugestio pés-hipntica?. Freud abandona a hipnose © incia ‘uma tGenica sugestiva, onde affrma ao paciente gue ele poderd se lembrar do. acontecimento traumatico sofride, que ele conscente- ‘mente ndo sabe, man que ests guardado no inconsciente. 0 proced- mento sagestivo incalmentublizada consista em afimar ao pacient= ue, quando Freud pusese a mio sobre sua testa, ele se recordaria, © procedimento apresenta resultados satisfatirios, Ax revrdages Inconscientes vio emergindo ¢ entrando para a claboracio © 0 dominio da conscincia, Freud veriica que pode precindir da Inipnose © ‘mobilizar a eolaborag8o do paciente em seu proceso dde_descabrit 0 inconscent, “Tivesse havido apenas uma alteragéo tenia no trabalho, ito quase nada acrescentarin 3 psicandlie. Mat a descoberta de” am ‘ova tenica quise sempre leva’ 20 conhecimento. de novo fat, 4 novas rellexdes, © 4 mudangas aa organizagio tesica do conhec! mento. A utlizagio do esforgo coneiente para a descoberta do Inconscente propoe virias questoes: Como o Sujeito nio fora capaz de se lembrar, antes, de um evento to importante, © qual acaretava inclusive perturbagoes em sua conduta? "Por que fora necessirio lanto esforeo a colaboracio do midico para que o evento vesse 2 eonseigncia? O que impedia o acesio dese evento 30 consciente? Freud deduz que, se um fato to signficativo no podia emergir sendo com muito esforg, efa porgue hava uma fora que 56 ‘opunka 3 sua percepgdo conscente, Freud define esta fore, chaman- ‘dona de resistencia, Ela mantinha o evento traumatico incoascent, protegendo o individuo da dor e do softimento que seriam trazidos Junto com seu confecimento. Quanto maior a der a ser_vivida Com a recordacio, mais a resstincia eta mobilzada, tornando-se ‘mais difcl a recordagdo do trauma. Esta forga, # resistencia, 36 18 pode ser desesberta © compreendide com 0 abandono da hipnose Deixa de haver uma situagio onde a hipnose era uillzada como ‘um bistur para remover 0 quisio traumdtico de um paciente inert [AS forgas do proprio paciente, as forgas de soa consciencia, pasearam 4a ser mobilizadae para vencer a resistincia ‘A cescoberta da resisténca leva imediatamente 4 ura questo: se hi necessidade de uma Tora tho grande para impedie. que 0 trauma se tore conscient, é sinal de que a5 recordagSes traumaticas ‘ago estio imobilzadas no inconscienl so a resstincia deve ser aumentada na proporgio em que o trauma € maior, quanto mais Goioroso o evesto reprimide, maior é forga que ele deve fazer para se tomar conscente, “Seo processo no quer permanccet Inconscente, ¢ fico supor que nunca quis torar-se inconsciente, se assim ocorrey, € porque uma forsk maior, num momento de rise, mobilizouse para negur 0 conecimento 4 consciéncia. A esta forga que se mobilza para que o individuo nao sea ferido em seur idetis cos © esttions, que tira da consciéncia a percepsio de acontecimentos cuja dor 0 individuo nio poderia suportar, Freud hamou de repressao. Na prtica clinica 0 que se observa aparecimento da resisténcia.” A. repressio fica demonstrada como conseqUneia legica da resistncia, (Os process pscolipios parecem ocorrer sempre paraelamente a0s_processos fsiol6yicos ou bioléicos basicos.” Dizemos que a teoris psicoldgieas sto anucliticas (suportadas) ao biologico. Psico- Togicamente, se alguem passa por um evento. 180 doloroso, que sente ndo poder Suportéie, € um proceso de autoprotegso reprimit 9 acontecimento. Ao aivelfisico, © procesto é similar a0 psiquico. Se alguém pisar em um espinho, sentir dor. Mas, um trauimatismo Ihe seranca 0. pe, possivelmente nao senira dor em um primiro momento. Se a dor € um elemento adaptativo, necessiio para que © organismo se proteja, € exatamente a anestsia, ou seja, a ausencia temporaria da dor que permitira a0 organism tentar_sobreviver iante da situagio fortemente tunities. Tivemos a oportunidede ‘de acompanhar 0 caso de um jovem motociclistaacidentado, Howve exatamente a amputario do pe. Na hora o jovem mada sentiv. ‘Teve forgis e controle para providencar um torniquete com a manga da camisa, antes Je desmaia. O-socorro. demorow algum tempo, e seu procedimento the salvou a vida. Tiveste le ficado se coniorcando em dores desde o inicio, possivelmente alo se teria Salvado. Assim também ocorre com of inforinios priguicas. A dor pode ser suportada até um certo limite. Diante da peespectiva de ‘Uma. grande dor, of acontecimentos sio_reprimidos ¢ escapam 3 pereepedo consciente. Masa repressionio os elimina. pé amputado 0 io docu na hora, mas doeré depois. © trauma reprimide estard permanentemente tentando ccupar a consciéacla. A ressténcia 0 npedira mas, como consegiéncia da Tua, tremos formagao dos vA _descoberta da resstincia e da repressio marca a ultrapasie ‘gem de um modelo esttion do trauma, para um modelo dindmico, fe jogo de forgas.O doente no é mals um fraco que enguistou tum trauma sem processiio, Agora & um fore que se mobilzeu para afastar a angistia, A sua aparente fraqueza devorre da imobi acto dada pelo jogo de foreas contrrias que existe em seu ineriot, Esta luta interna consome suas energiss, —decorrendo dai 0 seu rendimento exter inferior. & uma caracteristca deo neurbtico Apresentar um rendimento real inferior &s suas eapacidades potencias, 1X descoberte da resistencia e represio marca também a introduc {do conceto de mecanism de deesa 2.4 As estruturas didmicas da personalidad Embora pudessem explicar a dimensio do coafito intsmo, os coneeitos de consciente inconsciente no puderam responder a igamas questGes levantadas. Por exemplo, Se por motives. ios f esttios, 0 consciente nfo pada suportar a percepoio de uma Vivencia © mantinha permanenfemente a resistencia bloqueando esta pereepeto, islo poderia ser visto como uma indicagio inexplicivel, fe que o conealente sabia o que nio queria saber, ‘N30. se pode teonsiderar inadequado algo que. alo é conkecido, Acciae que 0 fontciente er 0 fator desencadeante da represio era o mesmo ‘gue acetar que © reprimido era conscientemente conhecde, “Como xplicar este proceso? De onde parta a repressio? onde estavam Tocaiadas at ctas apiragbes cas ¢ esteticas que deseneadewvam 4 repressio?” Seriam conscientes ot inconscientes? Ou ambas? or volta de 1920 Freud faz o que em seu Vocabulirio de psicondlie, Laplanche e Pontalis chamam de "a viragem" do modelo Pricanalitico, Os concits tpicos de conseiente inconsciente cedem Tugar a trés consirucios pscanalicos que constvirio 0 modelo sindmico da estraturagio da personalidade: Id, Ego e Supereyo. 24d Old © Id é 0 reservtério de energit do individuo, & constituido pelo conjunto ds impulsosinstinuvosinatos, que motivam 38 relagSes do individvo como mundo, © organism, desde 0 momento do rascimento, & uma fonte de enersia que se mobiliza em diesio 20 20 mundo, buscando 2 satsfario do que necesita para seu desenvoli- mento,” © onecito de instiato parece explicar bem 0 mecanismo ‘que. se estabelece. Em funcio de seu desequllrio homeostitic, (0u da necessidade do estabelesmento de relapses evolutvas, © organs ‘mo sente uma cafenca, Esta caréacia mobiiza as energias do forganismo em direcio 2 sua satsfagio. Mas, para que se sista, ETpecessdrio que 0 organism tenha tim objeto. que corresponds 3 ‘essa necestidade, Por exemplo, diante da fome, & necesirio que se organize uma imagem de liment, Esta imagem é 0 que chamamos de objeto do instinto. F qual a relacio estabelecida ene a necessi- dade e seu objeto? No caso da fome, pods dizer que & a incorpo ‘glo. A incorporacio fica sssim defini como o alvo do instino, Logi- amente, 0 exemplo é simplifieado. A relagio nio € apenas lincar © Gireta, Quando a. erianga fantasia a imagem do seio para sua Saciagio, no é apenas a fome que é trabalhada, mas também Tigagao ‘afetva com 0 seio, a constugio da figura da mi, a6 relagdes de bom e mau eslabelocidas, a adequacio do proceso rmie-crianga, a confianga no mundo exterior, et [Not trabalhos inicinis, quando Freud falava do inconsciente Aetinia-o como 0 conjunto'dos desejos reprimidos, com as relagoes ‘que estes estabelecem, Nese aspecto, 0 conceito anterior de incons- Cente vai ser abarcado pelo de Id. Mas o Td 240 sera apenas ‘sto. Sa vimos que cle & a Fonte da energia psiquca, além de ser 0 erador das imagens que organizarko a canalizagao destas enegias, ‘Av este mecanismo_de_gerar imagens correspondentes as pulsoes, Freud chamara de “processo primario", cnsttuindo-se ele no meca- rismo fundamental de manifetagio do Td. 2Ad Carateristcas do td 18) B o responsivel pelo processo primario. Diante da ma festagio do desejo, forms, no plano Jo imaginario, © objeto que permitré sua satsfago, Um ekemplo iusiratvo é 0 sonbo, onde fo desejos vio tentando uma satsfagdo alucinatria a0 nivel das Jmagens geradss, Jd" vimos que um desejo corresponds 4 uma carincia que, a0 ser saisfita, gerard prazer. Os desejos no podem fatisazerse com objetos apenas alucinatérios, mas é necesséro que fuma imagem, ov se), um objeto slucinatério seja gerado, para que (0 Ego, rerponsivel pelat relagSes de realidade, possa saistarélo price, 2) Funciona pelo principio do pracer, Busca a satistagio imedinta das necesidades. 0 processo. primério € sus ten n alucinatéria de satstagio imediats. Nao questiona qualquer aspecto da adaplagio do descjo realidade fsia, social ov moral, AS Interdigbes vio do Ego ou do Superego. O 1d sempre manters fo modelo de querer, ¢ de querer a qualquer prego. 3) Inexiste © principio da nio-contradicio. Como nko é imensionado pela realidade, podem estar presentes desejos ou fantasias mutuamente exclidentes dentro dt logics, Voltemos aos sonhos, que sio a melhor mance de exemplificarmos os processos do Id, Neles podemos estat morose vivos ao mesmo tempo, Podemos fara no fop0, © 0 Fogo ser fre. Podemes nos ver em dos lugares 480 mesmo tempo. A medida em que o principio da nfo-contradigéo inexiste, todas a5 coisas sio possiveis a0 nivel do Id, 448) B atemporal. A Gia dimensio da vivéncia é o presente Nao hi passido ou futuro, mas existe a claboracgo de uma dimensio fica, vivida como presente. Reviver (recordar) é 0 mesmo que iver. Nos sonhos, 3 recaptulagio de um acidente € vivida como ‘0 proprio acidente. Nos sonhos, um projeto de realizagko furura € ‘vido como realzagso presente, Nos propos devaneios que temos, ‘4 seja, quando sonharios acordados, ansformamos em realizacies presents os desejos com perspecivas de realizagdes fuuras. Fanta- Saamo-nos dentro. do carro que gostariamos de comprar. Quando ‘compramos um bilhete de loters, surpreendemo-nos, fazendo panos para a utlzagio do dinhero, como s¢ jf 0 tvéssemos gunho, 5.) Nio é verbal, Funciona pele produsio de imagens. Temos utilizado of soahos pars exemplificar od. Mas quando nos recorda- mos de um sono, jé efetuamos uma claboragio secundiria sobre fle, 08 seja, j4 0 redazimos 20 dominio da linguagem. Em sia forma original, os Sonos so. busicamente plistios. As imagens so critdas, fexgmentadas, deslocadas, combinadas, de forma a adequarem a saisfagio do desso 162) Funciona basicamente pelos procesos de condensagio ¢ desiocamento, que. si0 os process bisicos do inconsciente. Na condensasio, agrupams, dentro de uma imagem, caractersticas pet+ fencentes a virior processos inconscentes. No deslocamento, cractersticas de uma imagem so tansfridas para outra, com a {qual sujeito etabelece relaghes como se fosse a primeira. A Gierenciagdo ¢ enguanto modelo, porgue dentro do funcionamento real os processor de condensagio © deslocamento so superpostos, ‘Vejamos um exemplo de cada proceso. O primeiro € mitolégico, © 0 segundo, trada dos casos clinios de Freud, 2 Condensagao [A imagem da gua é um simbolo oniico considerado universal « simboticamentsligaco 4s fantais de nascimento. Sonar con gut & evoear fantasia lgadss ao nascimento ou 20 retorno 2 seguranga 0 itero materno. Esudavemos melhor depois uma elagio que ‘agora apresentaremos pronta: diate de um trauma emocions, tenle- tos a reyressar a modelos infantis de funcionamento psicoogio, Quanto maior a perspective da angistia numa frustragio, maior & regressio que em gefal efetuamos, como um processo.defensivo, Eo ultimo estigio de uma regressio formal e temporal que podemos cfetuar €a volta & trangilidade do itero matero. ‘Sandor Ferenczi, psicanalisia colaborador inicial de Freud, chega a levantar em set livro Tholassa — Pricandlise das origens da. vida sexual, a hipStexe de que a regressio tanscende 4 propria mie e vai até 88 origens 4a vida, 0 que seria um sentido mais profundo do retorno 20. meio ido. Ficamos por enguanto com esta imagem do retomo figura da mie, através do retorna em fantasia 20 meio liguido inca "Uma outra fantasia original do homem & 0 medo de ser destruido pela mulher. Para isto podemos busear uma relacio ontologica, [Em suas iras, a crianca pequena ataca em fantasia o corpo da mie, «isto paderd gerar um retomo persecusrio onde a imagem femiing fiearé Gomo um elemento preses a estruo. Como a agressividade inicial a evianga ora, a fantasia decortente seri um temor de atague ‘ore. Combinado com’ as fantasas ligadas 20. temor de astracdo, isto produsird no homem um temor de ser castrado por Juma Vagina dentada a0 penetrar na mulher. £ logico que a imagem a vagina. dentada aio apaece Weralmente a0. neurStico, mas aparece simbolzada, ‘Vejae um etctlente exempla desta fantsia no livro de Hanna Segal, Invoducao a obra de Melanie Klein, Se tstas fantasias existem oniologcamente, também o exstem filogenet= famente, As mulheres dominavam 0 meio de produgia estavel 3 agricultura doméstca, ea ferlidade masculina era desconhecida. ‘A mulher era_a nica fesponsivel pela exsténcia dos —ilhos. © ontinuidade do grupo. Os homens eram elementos secundérior no brupo social. Vejase que a estituas primtivas de deuses so basica- mente femininas, cm oposigo as aluais divindades masculinas de nossas religides contemporineas. O papel da mulher ica ameagade, ante a progressivaimportines econdmica do homem, © principal: ‘mente com a evolucio das guerras e da escravidio, © com’ d:sco- ‘bert da fertlidade masculina. Parece que foi uma sitima defesa 4 grupo feminino em tentar conor o dominio meseulino, ritualizar a ferlidade do. homem em festas eligioss. Nestes ius, um 2 homem era clio 0 represenante da fetlidade, p6t fecundar a ‘deg, ou wane, de rm Haine, dvr fetes mulhefs 0 sra moro seu sngue ear pela term pl Ecspertar sua feidade, Tal qual 0 ital de aealamemo da thetha inh, ov da aanha, ovmacho cra desu ap6s cumpsit Seu papel boligico-sinbdleo, Vemoe que hi nas ongens flo © fontogeatica do homem, tragos que lev a era una fantasia sch de tenor, one x mulker sparece como devorador, Uma ero religio qu €fondamental& ata orice aque a mulher representa pare 0 homem. © preset, a sensalidade, {Tbelern sho elementos aguetipics qu dsgem o homem em dieslo Ltmules. A expectatve rps € 0 poto clminane datas. Este teresivoftor¢ tuo eidente que Blo neta maior anise Stamos veriicando que hi varias Tanase sees que sgem to homem ems rsaglo com ¢ muller repeso-mscimeno- oa Tetidade destruigio-cnibalimo, stag paz soroaliade inconsente formula emo uma imagem que codensa todos ees spect srge a fgra mic da seteis ov dia. Ea mulher ‘tue ata, que sedur com seu canto e ton telea, que dspera & SEhanldade macclina © gue lev sos ina parts deni ‘eno d'apua, onde perce afogada (simbolicamente devorada plo Ina) os lterlnente devorada pela propa mulher, como ocote {om noma mila ar, Ince mito guest ue eta fsntasa sje na mifloga gras, na nbdie, bem como ene os frupoy ingens da Ameren Go Sul. Asa e's sera se equvalem Eo parece indcar que as. modaliades de fantasis.condensades nesta iguras sip ciracterstcas universes; maietagber argue Picardo nconseate Mlogentico da espe Deslocamento Freud acompanhou © orientou, através do pai, a psicoterapia de um garoto de cinco anos, que sofria de uma fobia por cavalo. [Nao podia suc as ruas em fongso do plnico que a visio. dos eaalos Ihe despertava. Tenha-se em meate que € um caso eliico da tran- sigto do século,e 2 condugdo era de tragéo animal. No decorrer do fstudo, fea claro que o temor iniil era de que 0 pal 0 atacaste © fastzsse. O temor de casiagio, de ocorréncia normal, tornarase to forte, no caso do garot, que a angistia no péde Set suportada. ‘Mas como podeia sobrevver um garoto de cinco anos, 0 vilento temor pelo pai he impedisse 0 convivio familiar? E como conciliar tio grande femor com 0 igualmente grande amor devotado a0 pai? [Em tim nivel inconsciente, 0 temar & deslocado do pal para os cava u Jos. & melhor nilo poder ssir as us, do que nio poder fcar em (Gia, ¢ 0. amor pelo pai pode ser preservado. Este € um exemplo {lostica do proceso de Uslocamento mas, como jf vimos, os mecs- fismon de condensacdo ¢ deslocamento sdo em geral coexistent, Vejamos como os. Jois se combinam neste caso: o pal é uma figura [reande, tem bigode © possi um pénis grande. Estas caracteristias fo abstraidas do. pai, deslocadas e condensadas no cavalo: grande, fom focinhcita ¢ penis grande, Hé deslocamento na transferéncia fdas caracteristces © condensagio no. seu resgrupamento, © que é permitido a0 esabelecer a lgngao simbelica parcaval. “7a) Finalmente, 0 Id ¢ uma instdnca estrturalmente incons- ciente, Todos of processos descnits sio estrturados sem a percep (Go ox paricipagao do consciente. Devemos frisar que 0 Id no & SSacontceate, mas , em guase sus totalidade, inconsciente, OS esejon oriundcs do. Td podem ser_perebidos pela conscéncia, (quando nio solrem repremio, E veremos a seguir que as outs fhstinciss, o Ego e 0 Superego, sio em parte conscientes © em parte inconscentes 24.2 0 Feo Embora esta estrtura jé comece a se configurar nos trabalhos inicials de Freud, su organitasio mais ou menos final fica elaborada tom o trabalho O Egor 0 ld, de 1923. 0 Ego surge como uma fiutinvia que se diferencia a partir do Id, servindo de intermedisrio tntee 9 deseo ¢ a relidade, Dyferenciado a partic de wma formagio instintva, para Prowd, 0 Ego se estrutura como una nova etapa de Uaplagio evolutiva do sujet. Isto o leva a afirmar que o Ego € cima de tudo corporal, ou sj, bol6gico. Aqui € interessante notar Como os pontos de partida de Freud e Piaget sio similares mas frigens) ie uma formagio insinva iniial que se desdobra em ‘strturas mais sfistcadas a parti da elaboragio da realidade. maginemos um bebé que tem fone, Ou the & imediatamente fornecido slimento, ou ocorre una violenta reagio de desespero, Expreata pelo choro. A medida em que as felagées com a mie Scjam satofatris, estabelecese uma relagio de confianga entre © bebe e ela, Diante da fome, cle jé pode aguardar_ um pouco, orgus sabe que o alimento sri, Pode cesistir por alguns momentos Ponttrne, Onudimento de uma orgaizacio temporal comega a 56 ‘SStbtiecer, Hi um "agora", com fome, que pode ser suportado, Sorgue baum "depois", com alimento, que € sentido como certo, Comecam a ser estabelecidas as correagdes entre o dessjo € & re Tidade, Propresivamente surgem) vagidos dferenciados. Ainda nio & 2s Tinguagem, & apenas sinal. Mas a mie ji pode Aierenciar os sons ‘que pedem comida, dos grits de desespero e dor. O Ego comeca progresivamente a se diferencse. Diante do dese, mobilise para ‘que a relidade possa sattazer a0 desejo. Haviamos definido 0 1d como 0 nivel dos instntes, 9 principio do prazer, 0 funcionamento pelos processos primaries, Definimot agora o Ego como funcionando, pelo principio da realdade e pelos processos secundirios, 242.1 Caracterisioas do Ego Freud ndo teve a preocupagio de delimitar pedagogiamente as caracterisicas do Ego. De seus virios trabalhos, podemos enumetar as seguines caractersieas como constituntes do Eo: ) Di o juizo de realidade, funcionando pelo proceso secun- dirio. © I da 0 nivel do desejo, o nivel do querer independente- mente das possbilidades reais de'o desejo ser satisfeito ou no. O Ego partis do deseo, da imagem Tormada pelo processo priméio, pra tentarconstrir na realidade cuminhos que possibltem sais: fagdo do desejo, 72.) Intermediro entre os processos interos (Id-Superego).e a relagio destes com a relidade. Num diagrams, o proceso seria Ws fp Sepe Realldade Diante da manifestagio do desejo, duas proibigdes podem opoe se: as probigées moras, oriundas do Superego, e as interdigdes do realidade objetiva. Por exemplo, ¢ um sono humano voar. Quantas vezes, nos nossos sonfos, magicamente aleamos vo sem que Tenha- ‘os asis. O desejo nig conhece proibiges. E necessrio que 0 FE, instineia de realidade, nos evabelega limit ou possibllte-nos a squisigto de instrumenios pare 0 vSo. Se esivermos apenas no nivel, do desejo, repetiemos 0 Sonho irdgico de Tearo, pois ae ass dk imapinagdo nio vencem a gravidade. As probigdes com as quais 0 Epo lida ndo sio apenas da ordem do teal. Temos internlizado © Superego. Uma jovem erada dentro de uma organizacho Tamliae de (radiges mores os moldes antgos provavelmente tenderi a ver 2 sexualidade, notadamente a sexta- Tidade pre-marital, como algo pecaminoso © proibido. Abragada 20 seu namorado, os dsejos seus se manifesta, Ax proibigdes SURE tanto do lado real (rico de gravider, possveis ation reis con a 26 fami) quanto doi superego, os), mesmo gue 0 eal esta sob conte que la raeansimeie ache gue» oxpenéncls era “dy que nde hi pongo de gravidex e ques fatal nlo neceasia Saber de sua condita, algo iteno, nao defind, pofbea de tener, Evo Soperego que s© manifesta Se ceer 86 aor desejs, come © tisco de ato se adequar 20 mundo fisco ¢ sal, Mat se perma. Tenemente fear prea is robes, la poderd ser imoblizade.¢ Tio clu nao poder por vier tows expences © creser om a claboraio' de tes resulfados, Cabs evatamente 30 Ego Stotst a conlingo ene os decjos eproiigde meres oF dese. fow ees prolbigdes Us realidad objetiva, de forma a posibiar & Iuagdo stncisis mas poduiva para © suet '32) Stor mas organtadoe sual da persoaligade. O14, como , imatrs insti € uma ears aes, loendia, “© Superege Conti provbgdes gue também sto oriundas da svougio da epee, por exemple os tubus conta inca, 0 pariido, 0 mati, Tieitio. Os’ valores morals «sere iniernalzados so Go grup 90 ‘alo indviuo pertence, porno tambem anteriores 8 te. Cabe S0'Ego onganiar uma slate ata, trnando 0 inva iico © originale permiindThe uma adapiagdo ava. ao mondo. presente eam que vive, 18) Domina capacidade de sintese, Ags enlobames todas as fungdes peas do funconamento, ments, que part-a pane So atabutos do Ego. A memoria eo deseavavinento do peasanen- {0 iégeo ¢_operstoro. ean. age contdosResiaIembrar que © fenkecimento sisemotpico da tnsrugao do teal € obra de ge Para psicandive 1 orgeizagio destsfungles 80 iteresa 20 aie india, quando’ perturbagdersfetivas comprometem se fone 3) Domino da moiidade, © dominio do esguems corporal insramental ou sea, o dominio das pranin € wma funeso do Ego ‘nose atagio corporal €'0 nso Instrument pric de reali Gio do procetio seeundo, Eé enatamente por aat 0 domino da fnouldade siuado no Ego, qbe quando ete fe ve enfraquesido por {isturbioy fev, a suagio corpora Hen pejicaa, rigs, exe- feotpada,pertrbada em suas velagSespranas. Podemos ‘xem Fifear ic com vans Somes presente, por exemple, ae ister Ta melancolin ou menmo reprtrdosnon so trabalho treo de eta fonma disdente do pane Ue Rech . 64) Orr sna. O proseo rina & pli (© proceso secundsi 90 ovgniar a Tinguagem, organza dom to'sobre a fantasas © forete um insrumento se rte, elaborat © Ivar sobre relidad fea piguica ” 172) Sede da angistia. Como instncia adaptativa, 0 Ego ¢ 0 responsdvel pela detecgio dos perigos reais © pscoldgicos que amea- em a inlegridade do individuo, De acordo com a orgem do pergo, assfcamos a. angstia em: 4) angistia real — normalmente denominada medo. B 0 sinal que mobilize o individu diante da perapectiva de uma agressa0 rea. ‘Tem inclusive uma dimensio bioldpiea bem definida, ov se dante do perigo uma descarga de aenalina na corrente sangu- nea mobiliza uma vasodiatayso muscular © uma vasoconsti perterica e visceral, propiclando 20 organismo condigdes para fotar ou top 1) ansistia newrica — 6 0 temor existente no Ego de que 0 1d, fv sei, os, desejos prevaleram sobre os dados da realdade Na prtica isto aparece numa espécie de sentimento de que estar mom enlougqueeen, ou de que nfo resistiremos 20 impulso de ia sem ow de fae ats em que perdeenoy nose ©) angistia moral — é um senimento acusat6rio no qual sentimos fue erramos, que somos mus, ¢ nada mais poders ser feito 2 fio ser espiar culpa, Este senimento provem da atuagio de tim Superego rigoroso que, 20 perceber os desejos que condena, passa @ punir permancntemente o individvo como se a trans ressio Rouvesse corti. A confsss0 dos pecados por pen- Samento, existente em nosis religides, € um bom exemplo do Drocesso. Por imaginar wm ato desonesto, a acusagao superc- Boica Ue criminoso nos persegiri, 20 imeginar wma atuacio ‘Exuel nos senimosinorax e desmerecedores do amor das ouras pesos 24.3 0 Superego ‘A terceira das instncias dindmicas. da personalidade ¢ o Supe- rego, responsivel pela esirutragéo interna dos valores moras, ov Sefos pela interalizagio dae norms referetes ao que é moralmente prodido eo que é valorizado e deve set ativamente buscado. Ao Eiudarmos o 1d eo Ego, vrias de nossas referencias j caracteri- fram 1 atuagio do Superego, Cabe-nos, portant, apenas algumss Conclusdes finals, © Supetego se divide em duas partes complemen fares, A primeira € chamada-de-Fao Ideal-c cocresponde interna Nang dies. ln eed ocala gus 0 indiiduo. deve -aivamente perp. Valotizamos a honestidade, 1 coragem 0 desenvolvimen’ intelectual, a caridade, etc. O Superego, través do Ego Ideal, tende a impulsonar 0 individuo na obteneso 28 estes valores, punindo- ou critcando-o quando falha na perseguido esses objetivos, Por exemplo, 2 nossa cultura € meritocritica ‘na Valorizagao de titulos universitiros. Um agougueiro que poss, seu priprio negocio provavelmente ganha mais que um profestor univer. Fitdno, ow um bacharel em cléncias humanss, ou mesmo que um ngenheio em inicio ou médio deseavolvimento profissonal. Mas 0 Schogueiro sente-se humilhado. diante destes profissionais que so, menos remunerados que ele. Alguma coisa intema, ou seja, um Ego Taal meritocritico he diz inernameate gue cle & inferior. ‘A outta face do Superego 4 Consciéncia Moral. Ela corres- ponde a intenalizagio das proibicoes. Vemeos que € uma Tage com Flementar e-paralela a0 Ego Ideal, Sc 2 honestidade € valorizads, 1Soa trnsgressdo acaretra a punicio pelos sentimentos acusatéios Sriundos da Conseiencia Moral Se a visindade & um ideal de con- ‘Sota feminina, pre-marital, a sua WansgressGo.ativard.sentimentos ‘ulposos de inadequaczo. ‘© Superego uma estratara necesiria para 0 desenvolvimento do grupo social. Sem ele, sexiamos todos delinglentes, respetando fpenas as restigdes da forga externa. Dizemos que alguém que nio esenvolve seu Superego € um psicopata, ou seja, alguém que, por info ter valores intemos, sera propenso & delingléncia e 36 se conterd SGiante de uma restigdo externa punitiva, por exemplo, o temor de ser preso. ‘Mas, se 0 Superego é ums instncianecessria a0 grupo, quando cxacetbado tende a inobiizar ou 2 neurotizar 0 individuo, Se os ‘Valores que 0 Ego Ideal estrutura sio to altos que o individuo jamais poderd aleangilos, 0 individuo permanecerd impotente © imobilzar- Tease as proibicdes forem muito severa, qualquer atitade que fon fos valores parentis serd considerada um grande crime. Na prtic, isto sera paticularmente importante na evolugao da. sexualidade formal. Neste aspect, nossa cultura tem sido paticularmente inica. fu sejas mies e pai pregim aos filhos condutas que em seral 080, tiveram. Nesta sitagio, paticularmente o adolescente, srt levado considerar imoras desejos leptimos. Lembremse de que 2 punicio Superepbica vem mesmo sem a ptica. Basta o deseo, Se sua sever ‘age for grande, nao poderemos nem desea. 125 Mecanismos de defesn (0s conceitos de resstincia ¢ repressio estudados Bem como as instinciaspsicodinimicas da personalidade nos permitirio agora Compreendero conceto de mecanismo de defesa. Chamamos de mecd Irsmos de defera of dversos tipos de processos psiquicos, tj » finalidade consiste em afastar um evento gerador de angistia da percepeéo consciente, Ok mecanismos de dtesa so fungoes-do-Ego ©, por definigio,inconseientes. O Ego sita-se em parte no conscente am parte no inconsciente, Como sede da angésa, ele € mobiizado diante de um sinal de perigo e desencadeia uma série de mecanisncs repressores que impedirdo a vivenia de foe dolorosos, os quais 0 forganismo no esta pronto para suporar. Por situate em parte no Inconsciente, podera mobliar mecanismos inconscentes, que alo Serdo perceidos pelo sujet. Nem serd pereebido 0 evento dolo- ‘oso, tampouco o'mecanismo que o reprimiu, O-conceito de mect- nismo de defesa surge nos trabalhos de Freud ¢ & desenvatvida prit- cipalmente por sua tha, Aaa Frevd, em O Ego. os mecaniomos dde dejesa. Vitios outros autores deseavolverdo tonceitos de defess tipies de certas fases da vida, ou de certs quads psicopatolgicos Neste apecto, trabalho de Melanie Klein seré particlarmente im: portante. Daremos agora uma relacdo dos prneipais mecanismos de Sete, 25.1 Repressio A_tepressio_impede_que_pensamentos.dolorosos_ox_perigaso® shequeit& consciéncia. £0 principal mecanismo de defesa, do qual derivam os demais so estudamat, juntamente com a resistencia, 28.2 Divisdo ou cisdo Um objeto ou imagem com o qual nos relacionamos pode ter simoltaneamente earacerscas que despertam nosso amor e"9 nose0 dio ou temor. Dividimos entdo este objeto em dois. Um sed o ‘objeto bom, ou seja, porador das caracersicas de amor, © com 0 {qual preservaremos nosso bom relaionsmento, O outro seri 0 objeto ‘mau, que neparemos ou poderemos staar sem vivenciar eulpas, uma ex que. seus aspectos positives jé foram iolados no. objeto. bom, Para Melanie Klin, este é um mecanismmo normal das primeias eapas da vida, consttuindose patoldgica a sua manutengso. 2.5.3 Negaedo ou negocio da relidade Nio_petesbemos_aspecos. que_nos magoariam_ou_que_seriam perigosos para_nés. Por exemple, se um fiho cometa a apresenar Saracterisicas homossexuas, 0 pai pode demorar a percebé-las, om ‘aio as perceber. O clisico chavo que diz "tem pai que & ceg0” caractertza bem a negagio de perceber eventos dolorotos. Outro 30 cexemplo da realidade cotidiana 6 0 cigar. Negamos os riscos de Clncer, a perturbagdes cardiacas que pode provocar, e continuamos fumando. ‘20-nosso ver asumiri_ as caracieristcas daquilo que. nfo pode- nos ver em ns, Por exemplo, uma mie que nio cuida adequada- tmenie dos foe, acarretando-thesvitios problemas, podera. projet ‘culpa em todas a stuagoes que envolvem a cringe. Dirs que s © filo. vai mal na escola & porgue a professora & inficiente; se 0 fio vive doente ¢ porque os amigos sio doentes e 0 contaminam; 8.0 flho nio tem inciativa € porque 0 pai nlo é firme; se & agres- Sivo, ou melhor, que reage, & porgue todas as pessoas 0 atacam. O textremo do funcionamento por mecanismos projtivos & a paransia, ‘onde 0 sujito tom tanta destruiildade inferior que € obrigado 4 projets-lae, a partir dai, passa a ver todo 0 mundo como peeseguidor. 255 Racionalizagdo Abus ns das vis tas min. depois région fosfiir nous attudes "Cam ito teiamon nos Power que samor merecedrer do Teconkecimento dos outros Pe Tremplorexploramos uma empregeds domestica que rcebe am sae fo mo bata. Nao podemos spor angisia de nos ver como txploradoes, Entao pasames 2 nos jsiicar para nés mess: "Ela butra eho merece geohar mais do que 150", "uabalho brag no cans" Tose para outro emproo, gashara menos" el Ssleconamns, portant, realidad, gums informagies ragmen- tatas, que justicam nossa condita ¢ todo noso pensamento ela ora 'em cima dels Mites ves a dfesa de euandsia € uma ‘elonalzagio”Eaconrtnos mut ontleativaslyiens pela quas © doenteIncrivel deve ser mor, mat na verdide estamos enco- Trindo os noses proprio: sennenton aressives contra uel. ser {te 38 now tra tabalo e angus, A facionalagio & um meee” Miso tipico do aesicn obsess 25.6 Formacio reativa Caractecza-se_por_uma_atitude ou um_habite_pscoléyica-com sentido opost a0 desejorecaleado, Por exemplo, deseos sexuais i 3 tems podem sr norms om cnporeis exemamene Jroroes ou purtanon, Exes dssjossf0 senor com peng Bars ave todd perdeia sea controle caro cdee 0 ele. Frmarse'numa attude morals, ow sj aver conttiment 20 gue w deeja é um meio de autopreservocdo. Exe exemplo © um tEmne neqdente da Ieratara, onde alguem que mansiaha um com portamento extemo rsdamente puritan dante dares. expe: Fanci convara,engase a luxtria, condo aoe dijo originals: 257 lenifcasto Diante de sentimentes de inadeguacio, o sueito inersliza racterisicar de algiem valorzado, pasando + sense coma sie A Henieagio « um proceso necetsaro m0 fico én vida, qoando = Stianga ett atsmitando 0 mundo. Ma permanecer em ientifiagber Impede + aquisio de una Wenidade propria. Ox movinents {and too tambem a= estrotram sobre Wentfeagiorpesous queso Sov vss aan setae aod por nar om o lider, ou com at propotas do movimento, Exemplo ico disto temos a juventude hitlerista. ana 25.8 Regressio volta a nivei_anterone-dt_desenlviment se canterzam por reponin, mina mas, dine dew tiie assay Por exemplo, com 0 nacinen dew Tenor a clans tas velo auporastrsralo de et pe. [Seta cen lina Cane de, ii wat pe ingen infant, eins ne cama, ce. Se 0 aia pode pro: soett fesragien volt 1 um medlo nfs onde Sma tale take 2.59 lxolamento CConsiste em isolarmos um pensamento, aude ou comportamen- das conexoes que teria com_o resto_da_slaboragio_a ‘comportamento sim tsolado pista a nio ameagat, separado © ndo mais conectado aos desejos inciais AS condutas Fituais dos neuréticos obsessivos sio um exemplo tpico do isola- mento. Nio 6 0 afeto orignal fea jsolado, como o ritual ndo & ‘sociedo aos dercos iniciss 2 2.5.10 Deslocamento través dele, descaregamos sentiments acumulados

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