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tiara Branton So Uae, 6 lacs secesogis Spieads aimisisragso: ume insroduato & Patol Groustzasona — 800 Pad : “Peveliue Gonsitorin, Pobloagbas © Comérei, 1002, aitogratin, 1. Comportamenic orgennanicnal 2 Pesslgis tntusiial 1 Tn, onpsa7 0.0987 “285.0018 Tacs pera cesiog> wists 1 Admintatragto: Aaponae pasaleicos 688.0018 2. Componente crpaniadonal Aspetoe picléioes: Administ ‘io ce emproca 888.0010 odie tsieade & adminierests: Rapresas 668.0018 1% 09.08 Bk BOS YorSs. at Gomer ot Wass Ba Gomme 08.08 Deocos fi ‘-—“pxcellus Consultoria, Publicagdes e Comércio fe (011) 204-5497 Rua Teixeira da Silva, n® 328 — Cj, 1228 CEP 04002 Sao Paulo (SP) Brasil A meméria do meu irmao José Arnaldo. Dedico também a Ana Fidvia e a Beto. LOURAU, René. L’analyse institutionnelle, Paris: Les Editions de Minuit, 1970. NASIO, Juan David, Lipées sobre os 7 conceitos cruciats da Peicandlise. Rio de Janei. ‘ro: Jorge Zahar Editor, 1989. MEZAN, Renato, Freud, Penador da Cultura. Sto Paulo: Brasiliense, 1968. ROUANBT, Sérgio Paulo. A Razdo Cativa, S80 Paulo: Brasilionse, 1985, ‘Teoria Critica e Peicandtise. Rio de Jansiro: Tempo Brasileiro, 1989, COMPORTAMENTO NA O CONDICIONAMENTO DO ORGANIZAGAO ua Ao terminar a leiture deste capitulo,’ voct poder ser capaz de: 1. Compreender as proposigées basicas do behavioris- 2, Identiticar seus pressupostos valorativas 3. Identificar a contribuigao do modelo behavioriste & compreensio do comportamento humano na organi- 0s principios do Taylorismo estio fundamentados no pressuposto do in- dividuo como ser condicionado. Retira do individuo a sua capacidade de pensar © propée um comportamento padronizado através de condicionantes externos ou estimulos “a priori” planejados. AAs tarefas sio esvaziadas da atividade de pensar, restando aos seus responsdveis somente a sua exccuedo. Os tempos, os movimentos sto predeterminados. A produtividade ¢ garantida através de recompensas e punigoes. O condicionamento, entretanto, € retomado na Escola de Relagées Huma- nas que, 20 reconhecer 0 individuo como ser social com sentimentos, emogoes, necessidades, desejos e pensamentos, procura pelo processo de manipulagao desses elementos envolver 0 individuo com a organizaca0 num processo onde 08 objetives da organizacio passam a ser tomades pelos individuos como os seus desejos, ¢ as necessidades individuais, definidas e conduzidas pela orga nizacdo. As teorias da Administragao que se apéiam na Teoria Geral dos Sistemas, como a Teoria Contingencial, 2 abordagem Estruto-funcionalista de Katz € Kahn, a abordagem sociotéenica e a administragao denominada “participativa” seguem 0 mesmo principio de manipulagao emocional e controle psicolégico dos individuos. Bstes, como membros da organizagio, so induzidos, na maioria das vezes, envolvidos em processos de participagio que nada mais sio do que uum processo de controle emocional e mental por meio de técnicas de grupo (team-building, CCQ, TGQ, QUT e outras) a se comprometerem com objetives, erengas e credos da organizagao Origens 0 behaviorismo, também denominado comportamentalismo, baseou-se no Geterminismo filoséfico de James, no funcionalismo de Dewey e no método 1 Neste Capitulo, a teoria behaviorista exté reprodusiée naguilo que julgemor cesencial para 0 estudante de Administragio. A reprodugso dos conceitos Fandamentais desta ‘eoris fo ‘nepirada diretamente nas exposiqses de M, Seymor Berger, Wiliam W. Lambert (1968), Dinah Martine de Souza Campee (1976) c Levanway W. Russl (1012), uy experimental da Psicologia de Yerkes, além do condicionamento de Pavloy Ivan Petroviteh (1849-1939), Pavlov desenvolveu a tearia do condicionamento classico ou reflexologico, sendo, portanto, de natureza fislolégica © proveniente também da teoria ‘econexionista. ‘Segundo Pavlov, diante de um estimulo sensorial surgem reflexos, reagées inatas, ot mesmo reagdes imediatas, fixas e nlo-apreendidas. Considera ¢ organismo dotado de uma série de respostas, tendancias ou reapdes que, disn- te de estimulos apropriados, naturais ou incondicionados, conduz esse orga- nismo a uma ago, emitindo determinada resposta. Um outro precursor do behaviorismo foi Edward Lee Thorndike (1874-1949) considerado um teérico conexionista ‘A teoria conexionista da aprendizagem, denominada associacionismo mo- demo, funcionalismo moderno ou Psicologia estfmulo-resposta, considera 2 conexdo resultante da associagio entre as impressdes dos sentidos e os impul- 08 para a ago, ou seja, associagSo entre o estimulo (8) e a resposta (R) Segundo Thorndike, esse estimulo seria qualquer estado de coisas ou fatos que influenciam uma pessoa; a resposta seria qualquer condigao ou estado de coisas dentro do organismo. ‘A conexéo, ou associacio, origina-se na hereditariedade; o organismo dotado de algumas tendéncias ou conexGes bésicas jé formadas ou tem curta predisposicao para sua formaedo. Dessa forma, determinado estimulo a0 meio ambiente ¢ conduzido através das fibras nervosas a certa célula e esta, por sua vez, esté predisposta a estabelecer associagdo ou conexdes com outras células. ‘A aprendizagem, para Thorndike, obedece as seguintes leis: 1. Lei do exercivio— A conexio ¢ tanto mais forte quanto mais freqtien- ‘tomente ¢ exercitada; portanto, sua forga diminui quando ndo é exer citada. Existem certos fatores que influenciam o exercicio: tais fatores se- riam: + Intensidade do estimula — Quanto mais intenso o estimulo, menes exercicio é necessario + Recentidade do estimulo — Quanto mais recente a conexio, mais, facil é a lembranga 2. Lei do efeito — A conexto entre S — R 6 fortalecida diante de resul- tados agradavels e enfraquecida diante de resultados desagradaveis. Segundo Thorndike, a recompense € mais poderosa que @ punigio: esta afeta indiretamente a aprendizegem. 3. Lei da predisposiedo ou da prontidao — As reagbes do individuo so determinadas pelos neurénios, preparando-o para reagir ou néo. Se uma conexio est pronta para agir, o agir satisiaz e o ndo-agir desa- grada. Para os conexistas, 2 aprendizagem é a formag#io de conexOes entre esti- mulo-resposta, ou a modificacSo de conextes {4 formacas. Tais conexoes sto fixadas pelo exereicio. us. T ‘Watson (1913), precursor do behaviorismo, integrou essas diferentes con- ribuigdes e, com base no determinismo, no empirismo ¢ no reducionismo, jnieiot uma nova era para a Psicologia cientifica. O objeto de estudo dessa Gencla seria nfo mais a consciéncia, mas 0 comportamento, entendido como gquele fenémeno observével diretamente e explicavel como mera resposia do frganismo a modificagdes ambientais ou a estimulos, Todo o comportamento G redutivel, portanto, a modificagbes no nivel de misculos, glandulas e teci- fos, e poder ser interpretado em termos fisico-quimicos. Como conseqiten- tie, a partir do conhecimento dos estimulos pote-se prever as respostas ¢, dada uma resposte, pode-se identificar o est{mulo atuante. Outra consegilén- ta é que 0 comportamento humano e © comportamento animal sto entendi- dios como regidos pelos mesmos principios, sendo a diferenca apenas em nivel de complexidade. A Psicologia seria, portanto, objetiva e uma dren experi- mental da Ciéncia Natural (0 behaviorismo propde-se, através da manipulagéo dos estimulos ambien- ‘sis, a planejar e formar seres humanos. Nao nega que certos padres de comportamento sejam inatos, mas enfatiza agueles adquiridos através da experiéneia, ressaltando seu maior numero e importéncia, Assim sendo, os estimulos, ou seja, as modificacdes ambientais capazes de produzir respostas, poderiam ser manipulados de scordo com as caracteristicas individuais dese- Jadas. Por exemplo: se for desejada ume personalidade agressiva, colocam-se no meio ambiente estimulos apropriados ao desenvolvimento de padroes de comportamento agressive. Esse mesmo processo ocorreria na formagio ou desenvolvimento dos padrdes comportamentais dos varios tipos de indivicuos. Condicionamento dos seres humanos Segundo os behavioristas, a sociedade poderia atingir, com a tecnologia do comportamento, uum grau de sofisticagzo em que o planejamento da pessoa humana se tornaria possivel. Watson expressa suas idéias com as seguintes palavras; “Dai-me uma diizia de criangas sadias, bem-formadas ¢ um am- diente de acardo com minhas especificagdes e garanto que poderel tomar qualquer uma 90 acaco ¢ treiné 1s para que so torne qualquer tipo de espe- cialista — médico, advogado, artista, comerciante, executivo, mendigo, ou ‘mesmo um ladrao, independentemente de suas inclinagdes, tendéncias, talen- tos, habilidades, vocagées e da raga de seus ancestrais”. (Os behavioristas distinguem duas classes de comportamento: 0 respondente Geflexo) e o operante (voluntério). Comportamento respondente # a resposta que o organismo dé a um estimulo esperttico, O estimulo esté Giretamente relacionado a resposta. O comportamento respandente abrange us todas as respostas que dependem do Sistema Nervoso Autonomo e slo elicindas (produzidas) por modificapdes especiais de estimulos do ambiente. Exemplos, a salivagao 20 comer; a dilatacdo das pupilas dos olhos em resposta a alte- ragoes na iluminagao do ambiente; os arrepios da pele em ambiente de baixca ‘temperatura ete. Comportamento operante # aquele de reagao ao meio externo, sem que se possa identicar os estimulos que provocam a resposta emitida. O comportamento operante max nifesta-se em conseqiéneis da maturacao e dos condicionamentos acumula- dor ao longo da vies do individuo. Distingdo entre comportamento respondente e comportamento operante © comportamento operante ou voluntério relaciona-se com o estimulo de modo diferente do comportamento respondente. Nao € automético nem muito especifico com relago aos estimules. Na verdade, nao ha no seu inicio ne- nhum estimulo especffico com 0 qual se possa relacioné-lo. Por exemplo: no sse sabe qual 0 estimulo especifico que faz 2 crianga movimentar o brago. O operante ¢ emitido (posto fora), enquanto o respondente é eliciado (tirado de). Direta ou indiretamente, 0 comportamento operante atua sobre o meio & ‘medida que, por exemplo, a pessoa fala ao telefone, trabalha, dirige seu carro ete. Ao conirario, os comportamentos respondentes sto ativados pelos seus préprios estimulos especificos (comida na boca produz salivarao). © processo de condicionamento respondente De aeordo com esses tipos de comportamento, podem ocorrer dois tipos de condicionamento: respondente (ou cléssico) e operante (ou instrumental). O proceso de condicionamento respondente, que também é uma forma simples de aprendizagem, é um dos processos pelos quais os behavioristas explicam ‘2 formagio dos comportamentos. Nesse tipo de condicionamento, um estimu- Jo neutro ocorre de maneira constante e persistente e é seguido por um esti mulo incondicionado, isto 6, um estimulo que, em cireunstancias normais, provocaria uma resposta espeeffica. Q estimulo neutro passa a ser condicio- nado no momento em gue provoca a resposta condicionada, ou seja, a mesma resposta que o estimulo incondicionado provocaria. Experimento de Paviov Pavlov chamou de reflexo incondicionado & salivagio do clo faminto diante do alimento. Pavlov, porém, condicionou seu co a salivar ao ouvir 0 120 som de uma campainha que soave imediatamente antes de o alimento ser apresentado. O alimento estabelecia a conexéo entre o estimulo neutro (som gp campainha) e a salivagao, O cachorro e 0 est{mulo (som) a ele associado ‘ssaram a chamar-se estimulo condicionado da mesma resposta, Para que faja um condicionamento da salivacdo de um animal ao som da campainha @ pecessério que o estimulo neutro (som da campainha) anteceda a apresen- ta¢do do estimulo incondicionado (alimento). O perfodo de tempo entre a apresentacio do som da campainha e do alimento deve ser o menor possivel, para que haja condicionamento, A Figura 5.1. dé uma idéia de tal modelo de aprendizagem, ‘Som ii Salvagio SN \ ee Rl ‘iment Splvagto si RC elicia gt ee eect sc Alimento + elicia —————+Salivagao si RL Som + eicis —_______—+Salivagao. sc RC § = Estimulo R= Resposta RC = Resposta Condivonada RI = Resposts Incondicionada stimulo Condicionado Figura 6.1, Modelo de aprendizagem no qual um estimulo, por ser emparelhado com umm sagunda estimulo, pases a eliciar uma resposta semelhante aquela eliciads previamente apenas pelo segundo estimulo, Suar ao ver o dentista pode ser um exemplo de resposta condicionada (uma criange que nunea foi ao dentista, nem associa a figura do dentista & dor, nao suard), Fatores que influenciam o condicionamento Sto varios os fatores que devem ser levados em conta para que o condi- cionamento ocorra com rapidez. Em primeiro lugar, a ordem dos estfmulos: © estimulo neutro deve ser apresentado sempre antes do estimulo incon= 1 Gicionado. Em segundo lugar, a contigltidade temporal: 0 periodo de tempo entre 0 estimulo neutro e 0 incondicionado deve ser o menor possivel. Final- mente, ha uma série de outros fatores que também 6 necessério levar em consideracio, como a intensidade dos estimulos provocados, as condigdes fi- siolégieas do sujeito experimental, as condicOes ambientais ete. Condicionamento operante No condieionamento operante ou instrumental, outro proceso de apren- dizagem estudado pelos behavioristas, o comportamento acorre espontanca- mente, como resultado de um processo de maturacdo ou de aprendizagens anteriores. Nesse tipo de comportamento a resposta do organismo produz uma modificagio comportamental que tem efeitos sobre ela, Esse efeito cons- titui 0 condicionamento que usualmente gera o aumento da freqiéncia de resposta. O exemplo da erianga que comega a balbuciar (resultado da matu- ragao) e a pronunciar as sflabas “pa-pa” ¢ “ma-ma”,e é reforgada positive maente pelos pais ¢ por outras pessoas que a rodeiam, é dado pelos behavioristas, para caracterizar esta situag&o: reforgo positive reforga 0 processo de apren- izagem das palavras “papai” e “mamae”” Reforgo: definicao e tipos A modiicago ambiental que foi capaz de produzir o condictonamento chamamos reforgo. Reforgo, portanto, ¢ um fator que aumenta a possiblidade de uma resposta ocorrer em determinada situagao, O reforgo pode ser positive negative. Reforgo positive é um estimulo que aumenta @ freqiléncia da Tesposta quando ocorre contingentemente a ela. Reforco negativo ¢ um esti- rulo que aumenta a ireqiéneia da resposte quando eliminado contingen- ‘tomonte a sia emissfo. Exemplos comuns de reforges sio 0 alimento (pesiti- vo) ¢ 0 choque elétrico (negativo). O reforeo pode, ainda, ser identificado como primério e secundario. Re- forgo primério ¢ aquele que, pela sua propria natureza, independentemente de aprendizagem, possui a capacidade de condictonar, Privagdo e reforco © alimento e o choque elétrico sto exemplos desse tipo de reforgo. Refor- 0 secundario 6 um estimulo que, por ter sido associado a um reforgo prima- Hio, adquiriu a capacidade de condicionar. No experimento de Pavlov, rela~ tado anteriormente, a campainha, apresentada contingentemente a um com- portamento operante do co, tenderia a fortalecé-lo. O reforgo secundério, no entanto, adquire as mesmas propriedades do reforgo especitico ao qual foi associado, O alimento, por exemplo, ¢ capaz de reforgar apenas quando 0 m ‘organismo estiver privado de alimento. O som de uma campainha, associado go alimento, por sua vez s6 atuaré como reforgo quando o organismo estiver privado de alimento, ‘Quando um estimulo € associado a varios reforgos primarios, passa a ter ‘a capacidade de atuar quando da existéncia de diferentes estados de priva~ gao, e € chamado reforgo secundario generalizado. Um exemplo de reforgo feeundério generalizado seria, por exemplo, @ atenco dada a uma pessoa. Para que se obtenha allmento, sexo e outros reforgos, @ atencdo de quem os fomece é uma condigao usualmente presente. Por ser associada a estes, ela se toma um estimulo reforgador generalizado, "Alguns fatores deve ser levados em consideragdo, com relagéo ao con- dicionamento operante. A contigiidade temporal entre a resposta e 0 reforgo é fundamental para que o processo de condicionamento ocorra e a resposta, seja fortalecida, O estado de privago também deve ser considerado. A apre- sentac&o de alimento contingentemente a uma resposta operante, estando © organismo saciado, pode nao produzir efeito sobre a mesma. Dispositivos experimentais Skinner, um dos mais determinantes psicélogos da corrente behaviorista na atualidade © responsdvel por importantes contribuigdes em seu campo, idealizou um dispositive experimental, denominado Caixa de Skinner, como mostra a Figura 5.2., usado pelos experimentadores para investigar o candi- cionamento instrumental e seus efeitos em animais. Tais investigagées tam- bém se processam com a ajuda de labirintos, conforme o demonstra a Figura A Caixa de Skinner 6 uma catxa que contém uma alavanca e um recipiente com comida, £ um dispositive que os ‘experimentadores freqllentemente wsamn ‘para investigar os efeitos das varias con- Sicdes no condicionamento instrumen- tl. Este dispositivo é montado de tal forma que o animal, toda vez que pres- siona a alavanea, recebe alguma recom- ppensa, tal eomo alimento. O surgimento do alimento depende, ent&o, da respos- ‘te do animal; nessas condigbes, quanto mais vezes receber o alimento, através da pressao na alavanca, tanto mais, provavelmente, continuard a pression’ la, até saciar fome. Figura 5.2. Calxa de Skinner. 123 frm Pontiacs bis TE fe i Figura 5.2. Labirintos. (a) e (b): Labirintos usados para estudar a aprendizagem Instrumental. (¢): Labirinto em que a pessoa traga os “eaminhos" a lépis, ‘Tanto para a Caixa de Skinner quanto para o labirinto, utiliza-se 0 re- forgo positivo como estimulo para a mudanga de comportamento. Ha, entre- tanto, situagdes em que se adota o reforgo negativo com esta mesma finali- dade, como, por exemplo, chogues elétricos. Extingéo ‘Tanto as respostas reflexas como as operantes, condicionadas, podem ser extintas. A extincdo consiste, no easo do comportamento reflexo, na perda gradual do poder do estimulo condicionado, de eliciar a resposta condiciona- da. A extingao reflexa ocorrera se deixarmos de emparelhar o estimulo con- icionado com o incondicionedo, A extinglo operante ocorrera quando uma resposta, aperar de emitida, nunca mais for reforgade, quer positiva, quer negativamente, quer por refor~ 0s primdrios ou secundarios. Se, no entsnto, for ocasionalmente reforgada, isto poderé manter ou at6 mesmo aumentar sua forga Ocasionalmente, uma resposta considerada totalmente extinta pode rea- parecer. A este fenémeno chamamos recuperago espontinea, 124 punigéo Outro tipo de contingénela que produz efeitos sobre uma resposta é a wunigdo. A puni¢ao consiste na apresentacdo de um estimulo aversivo [felorgador negativo) ou na retirada de um estimulo positive apés a emissio fe uma resposta. Como exemplo temos a travessura de uma crianga na hora Go aimogo, que pode ser seguida de uma palmada (reforgador negativo) ou da fetixada da sobremesa, Na organizago, o reforcamento, a extincgo ¢ a puni- sao produzem diferentes efeitos sobre o comportamento. © reforgamento, fositivo ou negativo, aumenta a probabilidade de ocorréncia da respasta. A Rxtinglo leva a um gradual enfraquecimento da resposta e mesmo & elimina- sfo da mesma. A punic¢do suprime a resposta, se bem que temporariamente, fe maioria das vezes. O que se tem verificado é que seu efeito perdura en- Quanto perdurar a ansiedade produzida por ela. Passada esta, a resposta Costuma reaparecer com a mesma intensidade. Um exemplo das conseqilén- cas deste procedimento seria, em uma empresa, nfo dar aumento salarial por falta de adequagio dos funciondrios @ organizagao. A auséncia de aumento salarlal pode contribuir apenas para criar uma situago de tenso, mal-estar eirritagao com a organizacho, com conseqilente diminuicao de produtividade; coro @ punicdo néo ensina como agir, quais as respostas desejaveis, qual o comportamento considerado adequado, uma vez passado o estado de irritagao dos funciondrios, as coisas voltarao a ser como antes, ou seja, os funcionérios nfo se tornarao mais adequados. A falta de indicagdo do comportamento Gesejado pode mesmo conduzir a um desajustamento crescente. Em conse- qéncia temos que, a menos que se permita ou propicie a ocorréncia de res- postas desejéveis, e sejam estas reforgadas, o comportamento dificilmente sera modificado. Por que um estimulo age como reforcador ‘A natureza do reforgo 6 um dos problemas do behaviorismo. & dificil identificar o que realmente torna um estimulo o reforgo para determinadas respostas. Os reforcos primérios, tais como elimento, 4gua, contato sexuel ¢ protecio contra situagdes de risco para o bem-estar do organismo, parecem no explicar todo o fenémeno do reforgamento do comportamento, Fatores que interferem no resultado do condicionamento Certos experimentos jé realizados, especialmente por Skinner, mostram que outros fatores interferem para que um estfmulo se torne ou nao um reforgo. Como jé foi analisado anteriormente, fatores tais como 0 intervalo, o mimero de vezes que o estimulo é apresentado e a sua apresentacao, conjugada com o estimulo incondicionado, interferem e modifieam os resul- tados do condicionamento, ou seja, o tipo de resposta dada pelo orgenismo (rumano ou animal) 125 7 © caso particular do reforgo condicionado ou reforgo secundério generg, Hizado coloca problemas mais dificeis. O mesmo reforgo, como, por exemplo, 0 dinheiro, pode ser associado a diferentes estimulos primérios, como alimen: to, vestudzio ete., ¢ poderd reforgar grande niimnero de respostas. © problema da saciagdo e da privagio parece ser fundamental a0 se in. vestigar o que realmente reforea uma resposta. Um individuo que nao tem sede nao responderé ao reforgo dgua. O mesmo vai acontecer com todos os demais reforcos. Segundo alguns behavioristas, o problema reside na mani. pulagao dos fatores sacia¢do e privagao, Signifieado do reforco Além do problema da saclago e da privagao, outra dificuldade encontra- da pelos behavioristas é 0 significado do reforgo para cada individuo, Por exemplo, um aumento salarial tem diferentes significados para diferentes individuos numa empresa. Ele pode ser tomado como o reconhecimento de uum bom desempenho; como uma tentativa de enquadrar as pessoas nas nor~ mas e nos padrdes da organizacdo; como um meio de tornar os individuos passivos e obedientes; como uma tentativa de suborno etc. Portanto, o verda- deiro estimulo no € a recompensa, ou seja, 0 aumento de salério, mas o significado do aumento de salério para cada individuo, o que poderd gerar respostas até masmo antagénicas aquelas esperadas pela empresa. Aqui, a dificuldade esté em que geralmente quem da 0 reforgo néo pode prever os diferentes significados que este vai ter para cada individuo, Generalizagio de estimulos Um individuo, condicionado a emitir certa resposta em dada situagio, tende a responder da mesma forma em situagoes semelhantes. Chama-se gene- ralizaco de estimulos & passagem do controle dos estimulos presentes nesta | situagao a estimulos similares, existentes em outras situagbes. Quanto mais similares os estimulos, maior a probabilidade de generalizagao. Exemplo: uma erianga condicionada a temer ratos brancos se chocaré diante de qualquer coisa que se assemelhe a um rato branco: coelho branco, algodao ete. Discriminagéo de estimulos [A discriminagao de estimulor oeorre quando 0 organismo aprende a dar respostas diferentes a estimulos similares. Se a erianga do exemplo acima passar a chorar apenas na presenga de ratos brancos, dizemos que ocorret discriminagio. A diseriminagdo é resultado do reforgo a resposta apenas na presenga de um estimulo (rato branco) e néo na presenga dos similares (coe- tho braneo, algodao). O estimulo que passa a controlar o comportamento é chamado estimulo discriminative. 126 motivacées (divest: os behavioristas e as motivacces 6 problema das motinagdes (drives) € uma dificuldade que os behavioristes sao veolveram, A propria netureza © o nimero das motivagoes sao problemas le Herinidos pelo behaviotismo, A natureza psicolégica das motivagSes im- He tiie observagao direta, o que impede a apieagto do método adotado pelo Peecvlorismo, A ndo-adequagso da, metodologia cientfica adotada para 0 sears das motivagoes levou os behavioristas a uma posiglo negativa e & GNtrenga na possbilidade de ineorporer este fator 20s seus estudos possivel reforgar o comportamento estando o organismo em dado estado de privagto. £ possiveltestar experimentalmente o efeito dessa privapao. No ce Bito, tals experimentos nic podem ser efetivados com a motivagdo em casey sua extenslo, pois ela € um fator interno, nfo observavel diretamente weSortanto, transgride a propria losofia do behavierismo. ‘Dada esta dificuldade, algumas correntes do behaviorismo preferem dis- catit 9 problema privapto e saciagfio e omitir a motivagao. Emocoes Skinner considera as emogdes como predisposigSes dos organismos para agir de certo modo, Tais predisposi¢des resultam das experiéncias de vida dos, organismos. Um individuo enraivecido esta predisposto a agredir, a insultar, assim como o individuo que est4 amando age amavelmente com as pessoas, é capaz de fazer favores, delicadezas etc. ‘As emogoes, entretanto, so consideradas nfo como um estimulo, mas como um tipo espeeifieo de forga, capaz de intensificar ou enfraquecer as respostas do individuo, Ndo séo, portanto, causas do comportamento, ‘0 behaviorismo considera como causa do comportamento apenas os esti- mulos, As emogdes indieariam apenas o grau provavel de intensidade de cer- tas respostas. Assim como as motivagdes, essas respostas sio consideradas aquisigdes efetuadas por meio de condicionamento, As emogoes e as motiva- es (drives) se superpdem. Um exemplo dessa superposigio ¢ a frustragio ‘| inseguranga de um individuo faminto. A fome € 0 motivo. A frustragao e @ inseguranca so as emogves. Percepio Para o behaviorismo, a percepgdo € uma funefo dos nervos sensoriais, que registram 03 estimulos ¢ of transmitem a0 eérebro. Dentro dessa concepeo, © comportamento humano é reduzido a ume cadeia central sensério-motora de estimulos e de respostas. © behaviorismo atribuiu 0 eérebro nio somente a fungao de condutor de estimulos, mas também de dispositive de conexio. As mesmas bases sens6rio- “motoras explicam 0 procesées da meméria. O pensamento e a linguagem mw aparecem como sinénimos. As palavras so adquiridas por condicionamento; por meio da linguagem se estabelece um contato mais real com 0 meio am. biente, © pensamento ¢ a linguagem nao-verbalizada, A personalidade segundo o behaviorismo (© behaviorismo considera a personalidade como a totalidade dos padrtes de comportamento do individuo. # 0 produto final de nosso sistema de habi- tos. Esses padroes de comportamento sdo formados por meio de condiciona- mentos que, por sua vez, sho reforgados ou extintos no decorrer da vida do individuo, Nao existem padrées de comportamento totalmente fixos. Apenas ‘as mudangas dos padrées de comportamento ocorrem gradativamente. O estudo da personalidade deve considerar, segundo os behavioristas, os seguintes fatores: a) 08 Teflexos incondicionados ou inatos; ') os Teflexos condicionados, ©) © ambiente fisico e social e suas influéncias no desenvolvimento da personalidade. Tomada de decisdes © indivicuo toma decisbes em fungio dos estimulos ambientais. Para o behaviorismo, nao existe o eu interior, ou a forca interior que se coloce entre o estimulo e a resposta, E 0 que se denomina comumente como a eaixe preta de Skinner. © controle da tomada de decisio A tomada de deciséo pode ser controlada através da manipulagao de estimulos e reforgos socialmente administrados, que aumentam a probabili- dade da resposta ou da deciséo, A oscilaco entre as formas incompletas de respostas € incbmoda e aversiva. O reforgamento contribui para eliminar este conflito, Quando adequadamente administrado, o reforgo aumenta @ proba- bilidade da tomada de decises. Controle das varidveis experimentais na situagao organiza Behaviorism e 0 comportamento humano na organizacao © behaviorismo é amplamente aplicado 20 estudo do comportamento hu- mano na organizagdo. No entanto, nfo é possivel transpor as conclusoes de ‘uma situagio experimental para 0 contexto da organizagdo. Na situaglo ex- perimental, as varidveis so controladas com rigor, 0 que nao é possivel na 128 situagdo organizacional. Tampouco € possivel controlar, na situagdo organi- Sacional, a interferéncia de outros fatores, quer seja em nivel de estimulos, ier seja no reforgamento, Por outro lado, o behaviorismo estuda 0 compor- Einento individual do organismo. Os resultados alcangados em seus experi- mentos dificllmente poderiam ser aplicados a situagdes organizacionais. A fetrutura da orgenizaggo no € considerada. A intera¢do entre os membros da grganizagio e entre os grupos organizacionais nao é uma variével controlével, ‘elo behaviorismo. Portanto, o behaviorismo tenta explicar o comportamento Em nivel do organismo individual. Os experimentos ou estudos cientificos sio geralmente desenvolvidos visando ao estudo do comportamenta de um sujeito experimental isolado. Dificuldade de manipulagso de estimulos e reforgos adequados a certos comportamentos Outro problema que surge ns aplicagio do behaviorismo diz respetto & manipulagao dos estimulos e dos reforgos adequados a determinados compor- famentos, Essa manipulaggo torna-se complexa e dificil porque os individuos respondem de maneira diversa aos mesmos estimulos e reforgos. Isto difieulta fo controle do comportamento por melo desses mesmos estimulos e reforgos. Segundo 0s behavioristas, o grau de saclago e de privagao inilui na resposta dada aos est{mulos e reforcos. Na organizacdo, porém, a identificacio do grau de saciagio © de privagio, ou a manipulagto desses dois fatores em cada individuo, é uma tarefa sumamente dificil e praticamente invidvel. Condicionamento utra dificuldade encontrada est relacionada aos tipos de comporta~ mento necessérios a uma organizagio para que esta possa sobreviver produ tivamente. Cientistas da organizagio tm definido trés tipos de comporta~ mento, que eles consideram fundamentals @ vida de uma organizagao: os comportamentos de pertencer e de permanecer na organizago, que envolvem Submissio, e 0 comportamento inovador, que envolve contribuigso criativa, A organizagdo procure meios para fazer com que os individuos permanegam dentzo dela, comportando-se “adequadamente” de acordo com os padroes por dla definidos. As organizagSes normalmente adotarn tanto o reforgamento negativo como a punico para condicionar individuos @ se comportar dentro dos padres organizacionais e para extinguir comportamentos nao desojados, obedecendo a regulamentos e a normas estabelecidas e apresentando um nivel ée produtividade de acordo com as expectativas da organizapao. A nao-ade- quagio de alguns membros da organizagio aos padrdes, regulamentos e nor- mas estabelecidas pode ocasionar 0 uso de dois tipos de punigto. No primeiro caso, « puniedo é efetivada por meio da eliminacSo do indi- viduo do sistema organizacional. Em outras palavras, usa-se 0 processo de 29 demisséo. Em conseqiléncia da aplicagio desta punigao, sera possivel obser. var, por parte dos demais membros da organizagio, principalmente em rela 80 a5 chefias superiores, um sentimento de ameaca que condicionaré um, comportamento cada vez mais dependente, menos eriativo e mais caracteris. ticamente de seguidores. No segundo caso, aplicam-se punigoes, tais como perda de fungdes de supervisio ou de chefia, falta de promogio salarial, ostracismos. Essas puni- bes geralmente criam para o individuo uma situagao de instabilidade, de desmoralizac&o ¢ um alto nivel de tensio. Na realidade, é uma forma de neutralizar sua influéncia ¢ sua falta de promogao salarial, enquanto outros sao promovidos, © lado ético do reforcamento negativo e suas conseqiéncias Do ponto de vista ético, esta forma de condicionamento envolve os valores daqueles que a adotam e nfo compete discuti-los como certos ou errados. Do ponto de vista organizacional, poder-se-4 observer, junto aos membros ds organizagio que nao sofreram punigdo, um clima de instabilidade e um com- portamento protetor e defensivo, além de dependéncia e obediéncia, cada vez maiores as normas e regulamentos. Além desses fatores, poderé surgir um deserédito em relacko as politicas e diretrizes organizacionais, como também em relagdo as chefias superiores, Reforcamento positive A organizacio poderd, entretanto, usar reforeamento positive para condicionar 0 comportamento dependente. As politicas de incentives so ‘exemplos desse tipo de reforgamento positive. No entanto, sua aplicago depara com algumas dificuldades. A primeira delas esté relacionada com o signifi- cado psicolégico que cada individuo atribui « determinado reforgo positive. ‘As pessoas tém necessidades, sentimentos e percepedes diferentes. O mesmo reforco podera condicionar diferentes comportamentos. Observa-se a segunda @ificuldade & medida que a organizagto necesita, para se desenvolver, de inovagdo ¢ de atendimento das demandas externas e internas de comporta- mento inovadar e erpontineo. A onganizacZo necessita de criatividade e Tide~ ranga. Seus membros devem comportar-se de maneira mais livre, seu espaco organizacional tem de ser ampliado, dando lugar a uma colaboragéo criativa e construtiva. A integragio das experléncias pessoais dos membros da orga- nizagio e das diferentes modalidades de agir e de decidir é fator que integra © comportamento inovador. Esse comportamento garante para a organizagao sobrevivencia produtiva e influéncia no meio externo. © behaviorismo, 20 reduzir o comportamento humano a um mecanismo estimulo-resposta, néo sé limita a liberdade e a criatividade humana, como 130 nega @ autodeterminacto do ser humano. O controle extemo através de est(- Rifles e respostas conilita com o desenvelvimento da eriatividade e das lide- Fingas na organizapao, Os incividvos, ow seis, of membros da organizagao, Feagem a estimulos e relorgos. So condiclonados # comportamentos pré- ‘Blanejados, " Ainda com referéncia ao comportamento inovador e esponténeo, encon- case oltre dificldade quiando se desiocs 0 controle do comportamento do Incividuo para elementos externos. A duragso do comportamento fica eond- Sonada & manipulagso dos estimaiose reforgos, Bliminados estes, ocorreré & Sxtingdo do comportamento, O contsole externo do comportamento exige, Somo-se pode observat, sfisticados mecanismos de controle da organizagio. ‘Gs grupos organizacionais tém sido usados como effciontes instrumentos de controle de comportamento, O relorgamento positive € efetuado por meio ds aceltapao, o reforgamento negativo, pela desaprovagio do grupo € & puni= tio, pela climsinagan do indiviclo como membro do grupo. Os grupos de Erbalho autondmos ou semi-autGnomos, adotados especialmente nes orgeni~ zagbes Industrials, slo uma das formas grupals mais divulgadas ‘Nesses grupor, a otganieagao interna do trabalho compete 20 préprio srupo que, com base em padrées de produtividade prefixades, estabelece 0 Sru paste proprio e ct demais pacroes comportamentals, bem como os seus controles ‘A redusio do comportamento bumano a0 mecanismo de estimulo-respos- ta, em considerat os processos pslcoldgicos, quals team, mativagto, cognigao tio, como Tetores que integram c comportamento humano, reduz © bloquele 6 potencial eriativo e inovador dos individuos e 0 desenvelvimento das cape~ cidades humans "ho adotar exelusivamente © modelo behaviorista, a onganizcedo nega a st imesina 0 desenvolvimento es wtilizegdo das foreas, dos recursos e do poten tial humano que virlam eonts}buir para a produtividade da prépria organi- ragdo e para 0 desenvolvimento sorioeconémico num contexto social mais ample. RESUMO. © behaviorismo baseou-se no determinismo filoséfico de James, no fun- clonalismo de Dewey e no método experimental da Psicologia de Yerkes, alem do condicionamento de Pavlov. Watson, seu pereursor, integrou essas contri- buigdes e chegou & afirmacdo de que 0 comportamento ¢ somente um fend- meno provocado por estimulos. Para ele, a Psicologia trata do comportamento observavel do organismo. (© behaviorismo propée-se a utilizar 0 processo de condicionsmento para planejar e formar seres humanos. Segundo os behavioristas, a sociedade po- Geria atingir, na tecnologia do comportamento, um grau de sofisticagao em que o planejamento da pessoa humana se tornaria posstvel. Podemos distinguir duas classes de comportamento: o respondente (refle- xo) e 0 operante (voluntério). © compartamento respondente é a resposta que © organismo dé 2 um estimulo, por exemplo, a salivacdo diante do cheiro ow BI gosto de comida, O comportamento operante € 0 que ocorre em reagéo ao meio exctero, sem que se posse identificar estimulos especffieos que o teriam provocedo, por exemplo, os movimentos de brao de uma erianga. © processa de condicionamento respondente, que ¢ uma forma simples de aprendizagem, 6 um dos processos adotades pelos behevioristas na explicacso da formacio dos comporsamentos. Nesse tipo de condicionamento, o processo @ organizado de forma a ocorrer: 1. um estimulo neutro; 2. um estimulo incondicionado, ou seja, um estimule que em circunstancias normais prova- caria uma resposta especifiea; 3. a resposta especifica. A repetigao constante do processo condiciona 0 estimulo neutro, isto & faz com que o estimulo neutro passe @ ser um estimulo condicionado, que provoca resposta seme. Thante aquela que o estimulo incondicioaado jé provocava. Exemplo deste processo € a experiencia de Paviov que, fazendo uma campainha soar siste- Imaticamente antes de apresentar comida a um eo, condicionou esse estimulo neutro (o som da campainha), que passoa a provocar a salivagio do cio, resposta antes provocada s6 pela prépria apresentagao da comida. Para que © condicionamento ocorra eom rapidez ¢ preciso obedecer a ordem dos estf- mules (primeiro. o neutro; depols, © incondicionado). # preciso também que Seja bem curto 0 periodo de tempo entre @ ocorréncia dos dois. 'No condicionamento operante, a aprendizagem ocorre por um processo de maturagao natural (a crianga, por exemplo, aprende a falar naturalmente). No entanto, é possivel apliear reforgos ao proceso de aprendizagem (por exemplo, gratificando a crianga quando pronuncia uma nova palavra). Este reforgo deve ser dado imediatamente apés a resposta, Os reforgos podem ser positivos e negatives. Os reforgos positives fortalecem os comportamentos ‘que 05 precedem, os refozpos negativos fortalecem a resposta através da re- mogo do prdprio estimulo. Diversos dispositivos experimentais sto usados pata investiger c condicionamento instrumental ow operante e seus efeitos, Entre eles esto a caixa de Skinner (Figura 5.2) ¢ os labirintos. ‘Tanto no condieionamento respondente (também chamado cléssico) quan- to no operante (instrumental), deixar de apresentar o reforgo positive leva & extingao (eniraquecimento ot reduglo) das respostes. A extingao nfo signi~ fica a perda total da aprendizagem adquirida pelo condicionamento. Prova disso é a recuperagdo espontanea, fendmeno pelo qual a resposta condicions- Ga reaparece fem novo processo de treinamento, apés um periodo de descan- $0. Segundo 0s behavioristas, os mecanismaos usados para identificar as con~ seqiiéncias das mudancas de comportamento s20 0 feedback de informagho € 0 feedback afetivo, Pelo primeiro, o individuo toms conhecimento do tipo de efeito que sua resposta oeasionou no ambiente. Pelo segundo, ele distingue ‘quando a situacio modificada Ihe traré prazer ou desprazer. (0 reforcamento ensina ao individuo como agir, a punicéo nio, Neste «l- timo caso, a falta de indieagio do comportamento desejado pode levar a um desajustamento do individuo, além de nao conduzi-lo ao comportamento desejado. ‘A natureza do reforgo € uma questi problemética para 0 behaviorismo. 0s reforgos primérios (alimentos etc.) parecem no explicar todo o fendmeno. 132 Patores como 0 intervalo entre os estimulos, a sua freqiiéncia ete, modifieam ‘9 resultados do condicionamento. No caso particular do reforgo condicions- Go, 0 mesmo reforgo (por exemplo, dinheiro) pode ser associado a diferentes estimulos (alimento, diversao) e condicionar diferentes respostas. Além disso, { saciago e a privacto tem, sem duivida, um importante papel na eficécia do geforgo. E ainda existe a considera o significado de cada reforgo para cade individuo particularmente. ‘A generalizacio 6 0 fendmeno pelo qual um individuo, condicionado a dar determinada resposta em face de um estimulo especifico, passa a Gar a mesma resposta @ outros estfmulos, geralmente semelhantes. A diseriminacio, a0 contrério, consiste no aprendizado pelo qual o individuo vem a dar respostas diferentes a estimulos diferentes, embora semelhantes ‘Outre questao problemética para o behaviorismo é a das motivagoes, Por sua prépria natureza eminentemente psicol6gica, as motivagées néo séo sus- cetiveis de tratamento pela metodologia adotada pelo behaviorismo. Por isso, muitos behavioristas excluem as motivagbes de seus estudos. Skinner considera as emogdes como predisposicao dos organismos pera agit de certo modo. No entanto, as emocbes sao consideradas nao como um estimulo, mas como um tipo especifico de forga capaz de intensificar ou enfraguecer as respostas do individuo, Para 0 behaviorismo, a percepeao € uma funedo dos nervos sensoriais, que registram os estimulos e os transmitem ao cérebro. O behaviorismo considera a personalidade como a totalidade dos padrées de comportamento do indivi- duo, formado por condicionamentos. O individuo toma decisoes em fungao dos estimulos ambientais. © behaviorismo é amplamente aplicado ao estudo do comportamento fhumano na organiza¢do, Mas ndo é possivel transpor as eonclusdes de ume situacdo experimental para o contexto da organizac&o. Apesar disso, as orge~ nizagdes normalmente adotam reforgos, negativos ou positives, para condi- cionar os individuos a se comportarem dentro dos padrées organizacionais. Os grupos organizacionais, basicamente os grupos de trabalho, t8m sido usa~ dos como instrumentos de controle de comportamento na organizagio, Os controles sdo exercidos pelo proprio grupo, que condiciona o comportamento de seus membros, usando reforgadores positivos e negativos, assim como 2 punigio. (© behaviorismo, reduzindo assim o comportamento humano ao mecanis- mo estimulo-resposta, limita a liberdade, a eriatividade humana, nega a au- todeterminagdo do ser humano e a sua liberaggo. Em conseqiiéncia, limita, e muitas vezes impede, a sua participaglo e integragao no desenvolvimento socioecondmico. TERMOS E CONCEITOS A SEREM LEMBRADOS Behaviorisma ou Comportementalismo B a abordagem psicoldgica que compreende o comportamento animal e humano apenas como 25 reagéet observaveis de forma direta, Enfatiza @ asté SUE ae 13 aplicagao rigorosa do método cientifieo ao estudo dos fenémenos psicolég. cos. Comportamento Fendmeno observével diretamente e explicavel como mera resposta do organismo a modificagbes ambientais ou estimulos. Comporamento operante aquele de reagdo ao melo externo, sem que se possa identificar os estimulos que provocam a resposta emitida, Comportamento respondente E a resposta que o onganismo dé a um estimulo especitfico, sendo o esti mulo diretamente relacionado & resposta. O comportamento respondente abrange todas as resposias que dependem do Sistema Nervoso Auténomo sio eliciadas por madificagbes especiais de estimulos do ambiente. Condicionamento operante (instrumental) 4 um processo de aprendizagem em que @ resposta deve ser efetuada antes de ser apresentado um reforgador positivo (recompensa) ou antes de ser Femovido um reforgador negativo (estimule aversive). Quando a resposta é Seguida de recompensa, hd uma tendéneia para aumentar a freqdéneia desta resposta Condicionamento respondents (classico) Por meio desse condicionamento, o processo estimulo neutro ocorre de maneiza constante e persistente; 6 seguido por um estimulo incondicionado, {sto é, um estimulo que em cizcunstancias normais provocaria uma resposta specifica. Diseriminagéo de estimulos corre quando 0 organismo aprende a ar respostas diferentes a estim~ los similares. resultado co reforgo da resposta apenas em presenga de um estimulo e nao na presenga de estimslos similares. Extinggo Em relagdo ao comportamento reflexo, 2 extinglio ocorre se deixar de emparelhar o estimulo condicionado com 0 incondicionado. Portanto, consis- te na perda gradual do poder do estimulo condicionado de eliciar a resposta condicionada. No comportamento operante, a extingdo ocorre quando uma resposta emitida nao é mais reforgada, tornando-se cada vez menos freqilente. 134 Gonerallzapao de estimulos ‘Ocorre quando uma mesma resposta é dada a estimulos da mesma classe. Punigéo ‘Tipe de contingéncis que produz efeitos sobre uma resposta. A punigio ‘consiste na apresentagéo de um estimulo aversivo (reforeador negative) ou na fetirada de um estimulo positivo apés 2 emisséo de uma resposta, Recuperacéo esponténea um processo em que uma resposta, considerada totalmente extinta, pode ocasionalmente reaparecer. Reforco generalizado Bum estimulo euje propriedade de reforgamento jf foi estabelectda; pode izar, para relorsar outras resposias que nfo aquela com a qual extava fhicialmente associade Reforgo negativo Qualquer estimulo euja eliminagio contingente & resposta aumenta 2 sua freqiiéncla Reforco positive Qualquer estimulo cuja apresentacdo aumenta a freqiiéneia da resposta, ‘quando ocorre contingentemente a ela. Reforco primério B aquele que, pela sua prépria natureza, independentemente de aprendi- zagem, possui a eapacidade de condicionar alimentos e choque elétrico, por exemplo. Reforgo secundério £ um estimulo que, porter sido associado a um reforgo primério, adquirin a capacidade de condicionar; tais reforgadores so geralmente sociats. QUESTOES 1. Quais as conseqiiéncias para o desenvolvimento do processo cognitive (maneiza pela qual o individuo reflete, relaciona fatores, abstrai e conclui) da utilizagao de técnicas ¢ instrumentos de condicionamento pala organizagao, padronizacao de tarefas, normatizagao rigida, pu- 335 nnigdes e recompensas pela obediéncia e seguimento de normas e pa. drdes de trabalho e de comportamento? 2, Quais as conseqidéncias do condicionamento psicolégico na eriatividade € na responsabilidade do individuo enquanto membro da organiza. gio? 3, De que forma o condicionamento psicolégico reflete na formagao da consciéncia moral do individue e no seu comportamento ético? (Vide Capitulo 1) 4. Qual éa questo ética que se coloca no uso do condictonamento psico- 1égico do individuo? (Vide Capitulo 1.) Analise a questio tendo como re~ ferdncia o Prinefpio Universal da Btiea Discursiva, (Vide Capitulo 1) 5. Quais sao as conseqiiéncias do uso pele empresa do condicionamento para melhoria da qualidade, para a produtividede da empresa, bem como para o compromisso consciente e responsavel do individue com 2 organizagao? 6. Qual é a diferenga entre 0 condicionamento externo estimulo- ~resposta do behaviorismo e a atuagao de orgenizagao no nivel psico- légieo do individuo? (Bseola de Relacdes Humanas, Modelo de Admi- nistragdo Participativa, Mudanca de Cultura e Organizagio, Moéelo do Controle Total de Qualidade — T@C, CCQ e outros.) PRINCIPAIS REPRESENTANTES DAS DIVERSAS TENDENCIAS DA ESCOLA BEHAVIORISTA Bandura ¢ Walters (1969): Aprendizagem através da observacao ou imi- tagio de um modelo, BFF. Skinner (1931): Behaviorismo indutivo (aprendizagem). Gagné (1970): Modelo de aprendizagem cumulativa. Clark Holl (1922): Behaviorismo dedutivo (aprendizagem) Donald 0. Hebb (1946): Organizagao do comportamento (aprendizagem). Edwin K, Guthrie (1930): Aprendizagem por contigtidade, Gregory Razram (1955): Niveis evolucionérios de aprendizagem. John Dollard e Neal E. Miller (1838): Aprendizagem influenciads pela psicandlise 136 ‘Karl S. Lashley (1929): Mecanismos cerebrais, 0. Hobart Mowrer (1950): Teoria da aprendizagem dos dois fatores. Walter S. Hunter (1930): Antroponomia, APLICAGAO 1. Analise os principios da Administragdo Cientifica (Taylor) procuran~ do identificar estes prinefpios com os pressupostos basicos do Behaviorismo. 2, Analise as conseqtiéncias de sue aplicagio: a) para os individuos: riatividade, desenvolvimnto do proceso cognitivo, formagao da cons- ciéneia moral, autodeterminagao e auto-realizagao; b) para as organi- zagbes: melhoria da qualidade, produtividade, responsabilidade de seus ‘membros. Taylor estabeleceu como principios da Administracao Cientifica os seguintes® 1) “A geréncia é atribuida... a fungi de reunir os conhe- eimentos tradicionais que no passado possufam os trabalhadores € entio classified-los, tabulé-los, reduzi-los a normas, leis ou férmulas, grandemente Uieis ao operério para execupio do seu trabalho digrio”. 2) Nao hé necessidade de homens “extraordinérios”. Nao se deseja qualidades profissionais, mas habilidades pessoais especifi- ‘eas para atender a exigéncia do trabalho. “Bem, se voce ¢ um opersrio classificado, deve fazer exatamente o que ‘este homem (o gerente) lhe mandar, de manha & noite. Quando ele disser para levantar a barra e andar, vocé se levanta e anda, e quando ele mandar sentar, vocé senta e descansa. Voc® procederd assim durante o dia todo, E, mais ainda, sem reclamagdes.” (Trecho de uma instrugio dada por Taylor a um operério da Bethlehem.) 3. 0 tereeiro principio se refere a geréncia ¢ eo controle: “A ldéia de tarefa é, quicd, 0 mais importante elemento ne adminis- tragdo cientifica, O trabalho de cada operdrio € completamente pla- nejado pela direpdo, pelo menos com um dia de antecedéncia, e cada homem recebe, na maioria dos casos, instrugdes escritas completas que espeeificam pormenorizadamente a tarefa de que ¢ encarregado também 08 meios usados para realizé-la... Na tareia € especificado 0 que deve ser feito e também como fazé-lo, além do tempo exsto con- cebido para a execugao... A administracso cientffica, em grande par~ te, consiste em preparar e fazer executar tarefas”, BIBLIOGRAFIA BERGER, M, Seymour ¢ William W. Lambert. “Stimulus-Response Theory in Contemporary Social Psychology", The Handbook of Social Psychotogy, 2 ed. Macsachusets: Addison-Wesley, 1988. FLEURY, A.C. Correa e Nilton Vargas. A organizagdo do Trabatho. So Paulo: Atlas, 1088, HALL, S, Calvin e Lindzey Gardner. Teorics de Personalidade. Sto Paulo: EPU — EDUSP, 1973. LEVANWAY, W. Russell, Advanced General Psychology. Philadelphia: F-A. Davis Company, 1972, MCNELL, Elton B. The Psychology of Being Human. New York: Harper and Row, 1974, PAGES, Max et alii. O Poder das Organizagées. Sto Paulo: Atlas, 1987. 2, Fleury, Afonso Carlos Correa. Organizago do Trabalho. Sto Poulo, Ba. Atlas, 1988. aT

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