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OT ‘msn Aga Monto ‘eis PUBCLS soe CAPITULO V Da Sedugio na Relagao Pedagégica ‘A conceituago precedente permite agora demonstrar em aque medida o autoritarisme pedagégico decorre da sedu- Go. Ness relagdo formal de autordade, a reedicio dos ‘Prottipos infants releya 6 conhecimento a segundo plano. ‘Divi este capitulo em seis pares a parte |, onde aponto cs clementoe pacoldgicos responsivels pela transferéncia {alunos a parte Il, onde diseuto as conseqtifncias que a lransferéncin acarteta para a efetivacso dos abjetivos da felagio pedagdgica a parte Il, onde abordo a contatrans- ferencia — reagio peicoldgice do profesor que completa fo campo transferencal & parte IV, onde discuto as impli ogi deste eampo para os objetivos pedagégicos parte Vionde considero a imprescindbilidade de 0 professor romper @ dominagio da autoridade original, para que @ Telagio pedagopica no reproduza a seducto; por fim, 0 parte VI onde indico 0 ponto ideal em que o campo trans Ferencial avorece a taeta pedagégica 1 /.a/ € if dizerseo que exerceu mais influéneia sobre re teve importincia maior fo| nessa preocupagio pelas a [DA SEDUCAO NA RELAGAO PEDAGOGICA clncias que nos eranrensinadas, ou pela personalidade de ‘ostes mestres. Everdade, no minimo, que esta segunda preocupagto constitu uma corrent ocala e constarte em todos née, e, para muitos, os caminbos das cidncas passa- ‘vam apenas através de nostos professores. Alguns detive- ram-se a meio caminho dessa estrada, e para uns poucos porque mio admitir outros tantos? — ela foi por eausa disso definitivamente bloqueada" (Freud, 1814, v. XIU, p. 286), ‘Quantas veaesnés, professes, percebemes que o alu- ‘no esté mais interesaco em nds do que naquile que diz ‘0s? Quantas vezes os envaidecemes com so? Quantas vezes if abusamos disso? or outro Indo, quantas veres fos inquietamos,e mes smo nos frustramos com age aluno que parece ignorar ‘oss esforgos para ercini-la? Quantas vezes xi Heros vontade de hostilizar aquele aluno que nos olka com des prezo,raiva, ot, ent, es trata com displiencia? (Quaniae vezes ft nos perguntamos o que fizemos para espertar o amor exacerbado, a hostildade ea indliferenga? (Quantas vezes, exquivando-nos desses extremos, i fingi= mos no perceber o que se passa 2 nossa volta? A que devemos tudo iss, s ali estamos apenss para ensinar? ‘Ao contririo do que se pode supor, sas sitagbes NSO so comuns apenss no primeiro grate — onde # crags ainda é muito dependente dos pais e v8 0 profestor como ‘continuagao deles —eno segundo grou onde o adolescent, zo periodo de redefiniao psicossexual, revive a problemi tica do conflto edipiana. Sio tamlbém muito foquentes m0 lurceiro grau e mesma nos cursos de pés-pradiagio, nos {quais muitos dos alunos sto também professores. Qual seria ‘stazio de alunos adultos ~ supostamente mais outinomos 104 MARIA APAnECIDA MORGADO intelectual e afetivamente — procederem de modo to sk ilar as criancas? Ti estamos em condides de compreender que essas si tung ae dever & transferéncia de afetes da relacio or final para a eeacio com profesor; que, por operar in onsclentemente, transferéncia independe do fatoridade. Ne verdad, a ttansferéneia de protitipos decorre des caminhos « descaminhos do processo de organizagio pul Sional; da fxagio da libido em estigios psicossexuais in fais, quando uma parte da demanda pulsional nio pide se satisfeita, Impedida de expressio e desenvolvimento, parte das pulsdesretornou ao incomsciente, que desconhece 2 ligica ea temporalidade des procesos conscientes:aqual- {quer momento e em qualquer lugar elas podem retorar, Gamando pela satisfaggo adinda. For isso, 0s mecanismas Pricologios que determinam a transferéncia do alana so ‘Ss mesmos mo primero, segundo eterceiro graus. Mas, nes- teitimo, a manifestagso da transferencia costuma ser mais Sut, menos direta que no segundo e, principalmente, no Drimeiro gray, onde a vida escolar ainda ¢ uma extensio da vida familiar [Alem disso, 0 contexto podagégico reforga essa predis- posigio psiguica do aluno a transferéncia: definindo pre- Tiamente quem iré se submeter e quem ind se investr de ‘nutordade, remete &relag orignal. Ou sj, a assimetria nine profesor alo remete& polaridade inical entre © fenitor — que sabe e prov’ — e a crianga, que quer saber feser provid, Tinvestiguemos tum pouco mais a rlagio criangs-adulto, para aprofundar a compreensto dos elementos psicalgicos Implicados ma transferencia do aluno. ‘No inci da vida, esse alino experimentou os mais tet= ‘no ¢ 06 mas inensos sentiments amorosos, assim como 1s. DA SEDUCAO NA RELACAO PEDAGOGICA ‘experimentou os mais intensos sentimentos hosts em re lagi a seus pais: idemtficou-se ternaerespeitosamente com cles, tanstormando-os no seu primeiro modelo de ser hu: ‘mano, Em seguida, enamorou-se de um dees, hosiizandlo ‘outro que se interpunina & posse. Convivet bem com © lantagonismo desses sentiments até o momento em que s® tormaram inconeiaves para o ego: no apogeu do conflito ‘edipiano — pressionado pela realidade e pelasinterdicbes do superego —, renunciou a sensualidade e a hostiidade, retomando 8 temura da primeira identificagse. A curios dade sexual — despertada pelas mesmas demandaseréticas te hosts depositadas nos pais — também sofreu a acio do tecalque. Sobreviven como curiosidade genética, aparente ‘mentedesinteressada das questbes sexuais, pea sublimacio las pulses erdticase ostis na pulsio do saber. O recalque labrandou mas no suprimit a intensidade dos afetos an- laghnicos e da curiosidade sexual, relegados aos subter- ros da vida pfguics.& ambivaléncia emocional dessepe- odo sobrevives oculta sob a mascara da ternara; a curio Sidade sexual foi sublimada em intresse pelas questies rio sexuais. Na conscigncia, permaneceram 0 respelto, 2 brandura do amore 0 esprito de investigacso desinteres sadar no inconsciente, sobreviveram os representantes re calcados das pulsbes erdicas e hosts ‘O superego — que js comegara a fazer sentir 03 efeitos de suas interdgbes — recebeu uma nova contrbuigio: de ‘objetos de amor e destraigi, os pais tetorraram condo ‘de modelo da prime identifcagso, Modelos ideaisa partir dos quais o ego serd permanentemente avaliado. Dese modo, 2 seduio parental consumo sua vitéria: 20 cons bituirse a imagem do superego doe pais — internalizando suns exigéneias por amor a eles —, 0 superego infantil pide rsa que jéestava a altura de receber o amor deles. Ou 106 sen, 9 sedugiotritunfou porque conseguie impor a0 supe rego 0 fascinio¢ a submissd0 a autoridade dos pais ‘Esse percurso configurou a ambivaléncia da estrutura libidinal e determinow os futuras rumos da vida psicosse xual. Constitui ego © 0 superego, e, portanto, os modos de ser, de querer saber, de amar, de odin, de seduzir e de Se deixar seduzit, Daf por diane, as expectativas que iver fm relacio a sie aas outros passarbo pelo crivo da iden tificag: ou ej, passario por esse erivo as exigincias su peregbicas que fizer asi e aos outros! PPortanto, as fxagdes Hbidinais que 0 aluno taz para & sala de aula remetem,necessariamente, as pulses sensuais fe hostisrecalcadas durante sua vida infantil. Remetem ds pulsses que tentam forgar sua pastagem a representagio Consciente, pela reedigio prototipica da relaglo original Mais especiicamente, remetem 20 momento da relagio fem que, Impedida de ratisfagio eexpressio pelo recalque, libido ficou fixada, Agora, na sala de aula, © luno re- ‘ive esse momento transferindo para 0 professor todo 0 amore toda a hostilidade dos quais, utzora, teve de abrir “Estes homens, nem todos pais na realidad, tornaramse rossos puis substitutos, /../Transferimos para eles 0 res peito © as expectativas igadas ao pai onsciente de nossa Infancia © depois comecamos a trat-los como trativamos rnossos pais ey casa, Confrontamorlos com a ambivaléncia {que tinhamos adquitido em nossas préprias familias ej dads por ela, ltamas como tinhamas o habito de Tatar ‘com rissos pais em carne € oso. A menos que levers fem consideragio nossos quartos de crianga € noss0s lanes, rosso comportamento para com os professores seria no ww DA SEDUCAO NA RELACKO FEDAGOGICA apenas incompreensivel, mas também indesculpsivel (em, ibicer, p, 25 5 A transferéncia do aluno para © professor acareta duns Importantes conseqiéncias fra os Objetivos da relagio pe agigea. Por um lado, a reedic30 da relacao original € 0 ‘lo que inaugura a relngio, Assim como as demas relagbes Sociis a relagio pedagigie instaura-se a partir da eran femocional da antiga relaglo, Nio fosse exe modelo, esa base emocional de elago, o aluno sequer teria elementos poicoligicos para se ientificar com o professor. Por outro lado, essa mesma hase psicoligica pode dificultar a com- cretizagao dos objetivos propostos: a revivera velaclo pas- ‘sda, 0 akuno no ve o protessor ral Para que 8 relagho se desenvalva, &nocessSrio que esse primeire momento sej superado:o aluno deveréexminhar {i paixdo transferencal pelo professor para a pabxio pelo ‘omhecimento, Fm termes pulsionais, a pulsso sexual ea Plsio destrtiva fundamental devem sublimar-se na pul ho do saber; ot seje, sensualidade e hostilidade devem tranaformar-se em curiosidade Detenhamo-nos tim pouco mais na transferéncla. Com forme vimos anteriormente, ela apresenta varios matizes: ‘manifesti-se como Wrarsferéncia positiva de sentimentos temas de afegao e respeito; como tansferdncia posiiva de sentiments erica: ¢ come transferencia negatia de ser {Umentos hosts — esses varios sentimentos podem conver gir para a mesma pessoa. A transeréncia positiva de sere fimentos ternos & mais favordvel as objtivos das relagies Se autoridade, porque envolve representagbesfacilmente fadmissiveis 8 conickénca, © mesmo nlo corre na. rans= 108 HA APARECIDA MORGAPO feréncia postiva endtica na transferéncianegativa host foe sentimentos inadmisiveis 8 consciénca sofreram a aco fo recakjue e, por isso, forgam sua passagem de forma ‘iolenta,Difcultam os cbjetivos das relagdes de autoridade porque a viléncia oculta sua real erigem. Encoberta pela paitlo e deslocada de seu contest a transferéncia conduz Frepetico cega do passado; 8 repetigio — no nivel da fsfern motora — dos contetidos que deveriam ser ressig- rifieados prcologicamente ‘Quando trasere o amor e/ow a bostilidade para 0 pro- fessor 0 aluno atone Nbido fad no passado confitivo, ‘So mestno temp fesiste 8 recordacio desse passaco por {que atua os sertimentoe dele provenientes como se perler- Eissem a relagBo presente. Repetindo incessantemente 0 “mor © © ddio, tende para o cielo vieoso que impede sua Felagao com o conbecimenta:sribai so professor a Fungo fdeobjeto da pulsio endo a fungae de mediador. As energias lbidiais que deveriam convergi para a atividade intlee: tual esto aprisionadas 8 revivencncia do conto infantil Portanto, repetigo gue opera como resisténcia& recor Adagio do pessaco, opera também como resisténcia 8 alte- agi paiquica que os novos conhecimentos poderiam pro- fever ra psique do aluno; strand as energias fads no ‘passado, os conteidos poderiam propiciararessigniicagto. Se a transferencia & 0 ponto de partida da relagto peda- ‘gogica — sua base puicol6gica possivel —, ela nfo pode Ser o seu ponto de chegada. ‘Ademais, devemos nos lembrar que, quando o akuno re vive transferencialmente 0 amor e 0 édio originais na re- Taio peapdpica, também revive todo o fascnio e todo @ femora autoridade parental, Revive assim, o momento em (que foi seluzido a asimilar as caracterticas restritivas do Tiperego de seus pais, fazendo dele o centro de sua vida. 1 DA SEDUCAO NA RELAGAO PEDAGOGICA Aprisionado pela repetigio, « aluno relega 0 conhers mento a segundo plano, privlegiaedo sua pai ambivar lente pelo professor. As fungies ertcas de seu superego ficam debiitadas, pois a inluéneia do professor toma © lugar da influéncia parental, Desse mode, a transferéncia reitera a eedugio, ‘Para que o conhecimento ocupe o centro da rlagSo pe agégica, €necessirio que a intensa transferéncia afetiva ‘d¢ lugar aos sentimentosternose & curiosidade. Dessa ma- rela, 0 aluno desenvolverd os elementos pacol6gicas ne ‘cesses 2 saa emaneipacio intelectual. ‘bro aqui um paréntese: como a escola regular pode ‘enfentar a transferéneia? Deve transformar-se erm at -emedo de consultsrio analitico para tempeutizar ses sl ‘nos? Definitivamente, no! Sun gio & pedagégicn Por isso antes de tado ela deve investr na frmagso do profesor, para que ele tenba competincia e compromisso como gue faz, e para que tenka conscizncia de como o faz ‘Mas essa consciancin peslagégica nfo se restringe as habi lidades teri e metodologics, Implica também a cons- ‘idncia de seu lugar no campo em que éafetado pela trans fertncia do akuno. Passemos, ent, 8 contratransterércia site AA reagSo inconsciente do professor & transferéncia do alana —contratransferéncia— completa o campo que pos: sbilita 0 surglmento da relagio Danse modo, ele no € imuane a transfertncia do aluno (Ou sea, no € mune & terra, ao amor e ao do trans ferenclais. Pode retribair ou no esses aftos, pode fingie rio percebsles, enfim, pade tomar wiriss ates — das ‘mais As menos adequadas. Sea qual fr seu procedimento, no MARIA AMARECIDA MORGADO. necesaramente ers como ponto depart o afetostrans ference do sno “h eontatransforncafurdament-se no segunt: asim come seu alan, ce fambm tem rages eM eapes ps comsecuns iat, Tamm dentfiouse com sets gen fore, tansfonmando-os no seu primo movi de et Em sega, tamber paseou peo conto edipiano que © tbrigou a teorar primeira identicaio. ‘Seu superego tm intron a sure parental sucumiindo #sedugie, A curordade sexual amb foi Tocleade da sublime restow uma curiosidade apace Temente desintresnda das quests sexta Tertant, pode reviver a relago original nas relses atuals por nterméio dow mest mecanismhos que £0 Se rst compu a eptii Na reas pedagogic, reed ses proitipes regio coriratrarsterencalmente a tranaferénla do luo etm fen momentos onftives de seu pasado, proceendo Sn seo sntmentoetrmeferencns do alum se deves Sm ocusieamenteh sua pessoa, Abtese 0 campo deco tmunlcagio entre nconscienes ‘Contudo, esse forma de conmunicagfo Inca precisa ser superna: Onan precisa se ikea da Wansereci are Gqucasenergasaprsionada sjomlfberadas para trbelha de sprender 0 professor prec romper a conatansc- {nel pra que as energie fsadas sem digpendidas ro trabalho de ensnae. Para campri sua funglo de mediador entre 0 aluno €0 conheciment, professor nfo deve correponder at i terse sentiment trareferencais Sua conrararsfeéncia penne relorara a transferenci do aluno, insalando um “eu vicoso em ques relagio pedagogic servi de pre- teno pom.a revvescincs muta das tages Ubinas m DA SEDUCIO NA RELACKO FEDAGOGICA Para que © saber acupe o centro da relagio, © amor ¢ 0 ‘io devem ser substitudos pelo dese de ensinare pelo ‘deseo de aprender, Vv (© campo transferencial acareta duas importantes con- seqiéncis para os objtivos da relagso pedagégica, Por tum lado, ¢ a partir da trarsferénca do aluno e da contra- trareferéncia do profesor que a relagio te extabelece. N30 fosse essa heranga envcional das relagbesoriginais, ambos sequer team elementos picoldgicos para se vincularem, Por outro lado, sa mesma heranca emeociona dificult & reaizasio das trelas pedagosicas, pois 0 professor eo alt zo no se relacionam como pessoas reais. Ao contro, re- Tacionam-se com a pessoa idealizada que cada um tem cere tro de si, A relagao predsa superar esse momento incl ‘para afingir seus obetivos. ‘Quarvdo reage contratransferencalmente & ternura 80 amor e a0 dio, professor atende, a um sé tempo, as suas fixagBes infantis e 36 Fagbes do aluno. O aluno passa a ‘ocupar o lugar das figuras prototipcas de seu passado, ¢ tle passa a ocuparo gar dos prottipos infantis do aluno, Repetem seus pastados, em vez de extrarem da nova re lagi a posiblidade de resigniic-los. O professor subs titul sua fungio de mediador pela satisagao compulsiva {de pulsdes que deveriam estar Sublimadas no trabalho i> {electual eo aluno substitu suas oportunidades de aprer> dlizagem pela satisfacio compulsiva de pulsbes que deve- am estat sublimadas na curiosidade. A sedugio parental ssuplanta a rlacio pedagegica, CConforme vimos anteriormente, quando revive o amor ‘© 0 io ariginas na relagio com o professor, o aluno tam- m MARIA APARECIDA MORGADO. ‘bém revive o momento em que foi seduzido a assimilar as caracteriticas do superego de seus pais, Transfere para 0 professor todo o fascnio e ado o temer & autoridade ori final, esperando que ele corresponda a tals sentimentos, fssim como fizeram seus pais no passado. 1 professor reprodus exe momento da sedu3o original ‘quando reage contratrarsferencalmente 3 transferéncia do hana, Desse modo, substitu @influéncis parental no su perego do aluno, seduzindo-o a cumprit, por amor, suas Expectativas superegsieas. Por sua vez, © aluno atende a tas exigéneies superegdicas do professor— da mesma mae peita que alendera ds exigéncias suporegéicas de seu pals MM demorstrando-The que € digno do seu amor porque cor- responde acs seus descjos; assim, saduz 0 professor do ‘modo como sedurit 0s pais. A partir dessa contratransfe- Tinela configurese 0 peocessa da sedigho reefproca: cada tum deles passa a atendor ds dermandas emocionaisde cut, AAmbos permanecem aprisionados 20 fascinio sedutor da asstordade parental ‘© campo traneferencial que inaugura a relagso podags ‘sca previa ser progressivamente superado. Novas bases ‘Severo sustentararelagio:o professor trabalhars para que alo cresgeinteleetualmente e nao para que se transfor. the eon um filbo ideal; 0 aluno trabalharé para aprender © ‘ao para conguistar 9 mor ou a hostildade do professor. v © professor efstiva sua autoridade pedagsgica quando rompe a dominagia que a autoridace orginal exerce sobre flee sobre oaluno, A tina maneira de fazé-o éndo atender § sedugao de ocupar contratransferencialmente seu lugat: Pela contratransferencia,o professor substitu a infléne 13 DA SEDUCKO NA. «ia parental no superego do aluno pola sua prépeia influér- ta, reforgand, ao mesmo tempo, sua prpria dentificasao ‘om a autoridade de seus pais. Essas suas reagSes comple- tam a outra face da sedacao na rlagao: no medida em que comesponde a0 amor € a0 édio do alune, abuse de sue fautoridade pedagogica porque rao a utiliza pata ensinay, ‘mas sim pate repeit seu confit original Valese da demanda tarsferencal do aluno, manipulan= do-,oferecendo-sea ele no lugar do conhecimento.Reecita fs autorilade parental para exquivar-se de sua autoridade pedagogies everctla o exporia critica, peigosa para seus ‘denis superegsicos. O recurso & autoridade parental fun- ‘ona como tima névoa para manter 0 aluno afastado do Cconhecimanto, que, dessa maneiza, permanece inalterado zm coriigio de propriedade privada do profesor "preciso reativizar os obstsculos da contratrancfertncia ‘0 professor sabe que pode ersinar, mesmo quand no tem ‘onecisncia do campo tansforencal Ocorre entretanto, que ‘o desconhecimento desse campo debiita sua acio pedags- fica, aromessando-o a uma pratica contraditéra, em que fra ensina e ora reage ineorscientemente 4 tansferércia 4 alan. ‘Para cumpricadequadamente sua funcio de mediador, © professor deve conferir importincla aos sentiments transferenciais que o aluno the dirge, sem corresponder a cles. Deve, a0 contétio, insistr na tarefa de ensinar, tanalizando as energias fxadas do aluno para a atvidade intclectsal O professor precisa estar atento a0 movimento psicolé- ico da relacio, para criar as condigbes em que 0 campo transferencial eeda lugar ao conhecimento, Para que oaluno supere a dependéneis intelectual epossa negar enguanto alo, Cab ao profesora responsabilidade de revertero campo transferencal que, no inicio, vabiliza a relasao pedapigica. ‘Maso aluno pode permanecer insensivel a esses eslrgos. Fate risco € priprio do trabalho pedagogico: © professor comete um gran equivoco quanvio considera que sempre Eouvido por todos, Nas ele deve prossegult, insist, pois, {quanto menos reagr & transferénia, mais 8 faré ouvi ‘Seu lugar privilegiado na hierarguia pedagégica e seu preparo inslctual colacarn-no em melhores condgbes para Tevertero campo traneferencial. © aluno depend efetive tnente dele pare aprender e para ser promovido e, por ss0, revive, atraves dele, a dependdénca original. Por ess razio, tle precisa se investi de sua autoridade pedapsgicn para ‘peubalzara autoridade original. Rompendo 0 fascinio se Gutor que essa autoridade exerc sobre el e sobre o aluno, csr cones pare qua rea pda centese ‘Sem chvvida, 0 contexto pedagégico impée limites & superagio do euoritarismo exercido come sedugio. Entre tanto, desvelel o processo pelo qual ela opera, no apenas para caracterisJa, mas, sobretudo, para interferir ne pe fica docente VL Conforme considerei, a definieao prévia da autoridade antecipa o campo transferercial da relagio pedagégica "Mesmo anes de se conhecerem, professor ealuno i tém ‘expectativas ideals para a futura relario. O professor vis- Tambra um aluno ideal, ¢ 0 aluno vislumbra um professor seal "Mas no hi como fugir dessa stuacio. Ejastamente esse campo transferencal que cia as condigbespsiol6gleas para 15. DA SEDUCAO NA RELAGAO PEDAGOICA {que a relagio ee estabelesa. No imaginasse um aluno que {quer aprender, para quem o professor prepararia as aula? Ni reconhecesse no professor autoridade para ensin-l, ‘ aluno nao tera por que estar na sala. Sendo assim txpectativa — que pode ou nio se confirmar — éneceasiria tanto para o professor coma para o aluna, © professor po- ders adequar sew ideal de aluno ao aluro real, eo aluno poner adequar sea ideal de professor a0 profesor real as representacbes eats poderdo viracorresponeer ques ‘pessoas em carne € oso, Paderd corter © inveso: 0 aluno pass © curso lado esperanda por tm profesor que mio fet al, e 0 professor passa 0 curso todo sonhando com lum aluno inexitente, 'Na telago que envolva sm profestor qualificado e um lune com os requisites intelectuais prévios, a naturezs € ' intensidad dos sentimentos do campo tansfrercial de lerminario o sucesso on fracassa da asso pedagosica Detenbamo-nos neste ponto. A tranaferencia do aluno é sempre ambivalerte Ele reedita sentimentos posiivos de sfeigioc sensualidade—transferéncia postiva —e reedita sentimentos negativos de hostilidade — transeréncia ne gaia O professor 6, a mesmo tempo, objeto de sua tr ‘ura, de sua sersualidade e de sua bestilidade ‘eansteréncia de sentimentos tees predispde o alana 8 cooperar com o professor. Nela ndo existe gar para a ‘expresso direta das pulses ertias e hosts, presentes mas Sublimadas na pulsdo do saber. Na consciéncia, manife tam-se apenas os sentimentos de afeigo e espeito que cr nalizam as energias do aluno para o trabalho intelectual CContudo, essa mesma transerénein positiva de sentimes> tos brandos pode dar lugar a trareferencia postiva de irr tensos sentimentos erétcos, Neste caso, a expressto direta da pul sexual obstrui o caminho da aprendizagem, por [MARIA APARECIDA MOREADO que aprisiona 0 aluno 8 repetigio compulsiva de seu pase Shdor fixago da libido impede a liberagio das energias para o trabalho intelectual, A trarsferOncia erica operaré Como resistincia aos novos conhecimentes. "A transferenca positiva de sentimentos eréticos pode também ceder lugar transferéncia negativa de sentiments ‘hosts, Frustrado em sua peisSo,o aluno voltaré toda a sua hostilidade para professor. A expresso diteta da pulsio destrutiva obstrai © aprendizado do aluro: mio hi lugar para a atividade intelectual onde impera a destrutividade. ‘Do emesis modo que uma relags0 pedagigica pode co- _megit por meio da transferéncia positiva que € substitu ‘por uina transferenca negativa, também pode comegar por mnelo da transferéncia negativa que & substituida por uma transféncia positive, Ea faciidade de intercimbio entre sentimentos antaginicas devese & configuracSo ambiva- Jente da estrutura libidinal humana. tipo de transferéncla fundadora da relagio dependerd de professor se encabar ‘1 es80 ow Aquele prottipo. ‘A transferencia ideal € aquela em que os sentiments eréticos e hosts no tém intersiade sufiiente para se tor harem conecientes. Ou se, é aquela em que a intensas ‘Semandas pulsionaserdicasedestrativas permanecem su blimadas na pulsio do saber, iberando as energias neces Sci para a aprendizagem: na conseiéneia aparecer ape ras os sentimentos ternos de afelcio e respeito, ‘Mass o que configura definiivamente o campo transfe- rencial € a teagio do professor 3 transferéncia do aluno. O ideal € que o professor aceite @transferéncls tera, ul zandora como ma forga para ajucar 0 aluno a trabalhar {que também aceite a trancforéncia erotica ea tansieréncia hrsti, mas que se abstenha de corresponder a elas. Sua DA SEDUCKO NA RELACAO FEDAGOGICA contratransferéncia ap amor € ao édio exacerbads apenas fortalece a resistncia do akuno 3 atividade intlecta "A transferéncia do aluno concede wm lugar superesdico 10 professor. O professor nio tem como fugir disso: az10 significa exquivar-se da elagi como aluno. Contudo, exe te um limite para a infivéneia superegoica do professor sobre o aun se sua influéncia permanecerestrla&esfera dos sentiments brands ela favorece o percurs intelectual Aloaluno, Mas, se saa inlaéncia intensifia sentiments e6- ticos¢ sentimentos hosts, ele e 0 aluno reproduzem a se

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