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A linguagem em uso Int a ser nomads minis no Brasil em 1989, Drothéa Wercck '0s, no Minstio da Indsria © Comitio. Ea abu camino pam ceo, emp choco O Estado de S. Paulo, 08.11.2001, DA. 166 intodugse @ Unguitico Observando-se os exemplos mostrados, verifica-se que o conhecimento do sistema dda lingua ¢ insuficiente para entender certos fato cconereta de fala. Com efeito, note-se que, do estrito pont das palavras pate filho, a resposta de Sérgic uaglo especifica, o que ico era muito mais famoso do que ele, . dizendo que ele era filho do Sérgio, mas que 0 ‘mais adequado seria dizer que o Sérgio era pai do Chico. No segundo caso, observa-se que Mario Amato, ao dizer que a ministra Dorothéa Wetneck era mulher era i 1s duas afirmagdes com a expresso apesar de, deixou escapar imy seu preconceito contra as mulheres, porque sua frase diz implicitamente que as mulheres ‘do so inteligentes. No tereeiro caso, Bidu, a0 dizer Bicy,atribuiu a si mesmo est ceachorro entendeu a palavra bid, como um ai ‘stuar o uso da nguagem, Ese € 0 objeto da Pragtcn, ado so linguistic, etna condigdes que govemam oda inguagem, spin inguin sna RNS site eno boda Ling nga, pre 8 ngun ea Tinguagem menos afl, ou ej, menos o so coneret ding Pragmatien no conte ° dos ngitos abo iolda da ice. O primeiro diz que a li fungio deseritiva, mas uma fungdo de ay ‘0 dizer Eu the pr Grice mostra que a linguagem natural 1, pois, quando se fala, com que esta se aprontando para ago sobre © que marca o fo horas, ele ndo esta fazendo mas dizendo Apresse-se, vamos Praga esd ela nt estrada inguagem eeu so, oq fra deixado de lado pelas correntes anteriores da Li i inicio deste capi diferentes valores da palavra bidw s6 podem ser Por outro lado, é necessirio tamlaém estudar 0 uso, ‘muito mais do que as palavr tendidos na ‘alguma coisa, mas se esti pedindo que empreste esse objeto, porque se pretende acender lum cigarro, etc, Seria muito estranho que a pessoa respondesse purae simplesmente Tenho € ndlo pegasse o isquciro ou os fésforos para passar & pessoa que perguntou. Alinguogem om uso 167 inguisticos que exigem a introdu- 20s: 0 fatos de enunciaglo, de as realizagdes as coneretas. Certos enunciados nao tém por finalidade a designaeao de um ob- {eto ou um evento do mundo, mas referem-se a si mesmos, ou seja, ndo tém uma fungao nas autorreferencial. Em outras palavras, hi certos fatos que 36 sto entendidos em fungio do ato de enunciat. Por exemplo: ‘ou sofa, de uma enun ipantes da co a ‘© 0s pronomes demor de tempo (por exemplo, agora, hoje, antem). Um ditico s6 pode ser entendido dentro da situagdo de comunicagao e, quando aparece, num texto escrito, a situagao enunciativa deve ser explivitada, Havia, numa lousa da Faculdade de Filosofia da USP, em que os alunos deixam recados uns para os outros, a seguinte mensagem: Estive aqui hoje endo incompreensivel, porque ndo se sabe quem para quem ele escreveu a mensagem e quando ele esteve & procura de uma ada pessoa. Em sintese, no se pode saber 0 que significam 0 eu, 0 vocé €0 hoje ‘da mensagem, pois falta 0 conliecimento da situagao de co a {que alguém passou por li e apagou o nome da pessoa a quem a mensagem era di ue fora escrita, No caso di ico, 0 que € preciso, para 2) Enunciados performatives: sio os que realizam a agio que eles nomeiam. E06 caso da promessa, da ordem, do juramento, do desejo, do agradecimento, do pedide de desculpas, ete. A realizagio da ago depende da enunciagao da frase. Em outras palavras, a enunciagio fiz parte integrante da significagio. Assim, quando alguém diz: Ew juro nido disse nada; Peco-the desculpas pelo que aconteceu Eu prometo estudar precisando de ajuda, nota-se que 0s conectores mas e porque no conectam os contei- mas os atos de enunciagao, Com efeito, no primeiro caso, a conexio se faz. com a informagiio dada, ¢ a informagiio que € secreta e nio o pedido de aposentadoria; no se- ‘undo caso, 0 poryue explica a pergunta e nio seu conteiido, ou seja, 0 conector explica ‘© motivo da pergunta, 4) Certas negagdes: quando se diz. Nao gosto de doces, adoro-os; O wrdnsito nao ‘estava ruim, estava péssimo, a negagao nao incide sobre a proposigio negada, mas sobre sua assertabilidade, isto &, sobre a possibilidade de sua afirmagio. O que o falante esté dlizendo nao é que nio gosta de doces ou que otransto ndo esta aim, mas que gostar e im sio termos pouco apropriados para definir 0 quanto cle gosta de doces eo estado do sito. E a enunciagiio desses termos que & posta em questio ¢ no o seu con ido, 5) Advérbios de enunciagdo: em exemplos como 0 gostet de sua avitade;Infelizmente, ndo posso fazer nada ou Francamente, nio vejo como posto ajud. (08 advérbios io modificam o verbo, mas qualifieam priprio ato de dizer como sincere, infeliz ou franco. As frases nfo significam Nao, ILA inferéncia Certos enunciados .€88a afirmagiio implica que Nao choveu e hé falta im dos préprios enunciados e, portanto,ndo exigem, retiradas do contexto, da situagdo de comunicagto, i muitos casos, a comunicagao nfo ¢ literal e, por conseguinte, s6 pode ser entendida dentro do contexto. Nésse caso, os falantes comunicam muito as palavras da frase significam. Os ‘homens no mundo; (b) Voce pode mh Xo primeiro caso, o que se esti dizendo, quando se comenta, por exemplo, 0 fato de que im da casa, enquanto as mulheres trabalharn fora, & que o papel mas- {al como era concebido, esti mudando. Isso $6 pode ser entendido num contexto specifico, No segundo caso, ndo se pergunta sobre a capacidade que tem o interlocutor de assar o pacote, mas pede-sea ele que o passe para o falante. No tereeiro caso, quando, fase para a empregada, cla nao faz uma constatagdo, mas indica & interlocutora que ela deve levar o lixo para jomo os falantes sio capazes de entender nao lite fe uma dada expressio, comp padem compreender mais do que as expressies Significam e por que um falante prefére dizer alguma coisa de mancira indireta ¢ nao de reta, Em outras palavras, a Pragmatica deve mostrar como se fazem inferéncias necessirias para chegar ao sentido dis enunciados. Ha duas distingdes fundamenfais em Pragmitica: significagdo versus sentido € frase versus enunciado. A frase é um fato tica c uma sig- nificagto calculada co 1e20 das palavras que a compdem, enquanto 0 wa frase a que se acrestem as informagdes retiradas da situagdo em que & nunciada, em que ¢ produzida. A mesina frase pode estar vinculada a diferentes enuncia. dos. A fase Fstd chovendo pode ocalrer, dependendo da situagao em que & enunciada, s enunciados: Finalmente, a seca vai acabar; Nao podemos sair-agoras "ra roupa; Feche ds, ete, {A significacdo ¢ o produto daslindicagoes lingusticas dos elementos comp tes da frase. Assim, a significagdo de|Esta chovendo é Temba dua do cen, O sentida, Ro entanto, 6a significagdo da frase agrescida das indicagdes contextuais esituacionais Num contexto em que se eomenta o problema do racionamento de energia derivade ‘Alinguogem em uso 169 do esvariaento das represas das hidrelétricas, Esta chovendo pode significar Agora 0 cabar. a pe racionamento A frase é da Pragmatica axe € pela semantica, enquanto o enunciado é objeto conch ue ctama pls do dct (rnin, 0 a a fungio varia de acordo com conectores, como conjungbes, preposigdes averbios), cua fungi varia "0 em que se acham colocadas, signifieam porque hi uma instrugdo sobre a maneira de interpreti-las. Tome-se a anlise que o inguista francés Oswald Ducrot faz da conjuneao mas. Para isso, observem-se os enunciados abaixo: Em cada um desses casos, hi um sentido diferente da palavra mas, Garena sio 0 resultado do emptego diferente de uma unidade lexical que corresponde & seguinte instrugdo sobre a maneira de interpreti-la: na frase P mas Q, de P tire a conclusto R, de Q sso ndo R e de P mas Q tire a conclusio ndo R. No primeiro enunciado, de O ir-se a conclusio de que 0 Iha; de P mas Q tirw-se a conelusto de que o sol évisivel, No quarto enunciado, Uusa-se 0 mas como introdutor de t6pico de conversagio que vai em diregio contréria do t6pico anterior. Como se vi iados, partindo da mesma instrugo, Tomer 0 falante ni 4) dois enunciados, rargnis Esa iso completamente, lat dx prinpioe qu gem o 80 ¢ no dos usos singulares, Se uma expresso tem varios sentidos quando é usada, isso deriva cde um prineipio prazmitico aplicado a ela. A Pragmatica vai procurar descobrir esses prin sipios que governam os diferentes sntidosdados peo uo, Por exemple, observen-se as aes que even (2) Pe apa caecia da msde eet rasa os ras (b) 0 copeiro trazia os pratos e Pedro ocupava a cabeceira da mesa, Essas duas descrevem os mesmos eventos, mas em sequencia diferente: a primeira firma que o copeiro trazia os pratos, depois que Pedro ocupava a cabeccira da mesa e a segunda, que Pedro s6 ‘ocupava a cabeceira da mesa depois que o copeiro trazia os pratos. 880 significa que existe lumia mévima da ordem, que diz que, se uma sequéncia de proposigdes & apresentada numa certa ordem, o interlocutor, salvo indicagdo contriria, é autorizado a pensar que elas esto temporal ¢ mesmo causalmente ordenadas. So esses principios de uso que a Praginitica deve explicar. Enquanto a Sintaxe explica a boa formagio das frases e a Semantic significago, a Pragmiatica explica a interpretagio completa dos enunciados Ha duas grandes correntes na Pragmatic m 08 esto codificados ipBes para os usos possiveis. A primeira pensa que a std radicalmente separada da Semintica; a segunda integra a Pragmtica e a Semintica, cada uma estudando aspectos diferentes do sentido Teoria dos atos de fala vo da voz ativa, com as segui leserever nada e, por conseguinte, nao so nem verdadei lem, quando sio realizadas, & exé fomanen. vai chamar per- verifica-se r nciagio sejam adequadas. Um fem circunsténcias inadequadas ndo ¢ falso, mas nul, cle fea- Ssou. Assim, por exemplo, se 0 irmio da noiva e nio o noivo diz aceito, na ceriménia ‘casamento, o performative & nulo, porque quem realizou o performative nao é aquele que, nessa circunstincia de enunciago, deve realizé-lo. P condigies de felicidade (sucesso)' e fracasso dos performat de enunciagio que fazem com que um performativo seja ‘ou seja, as circunstancias tancias aquelas convenientes para a real iado em questto. Por exemplo, se um faxineiro e nao o presidente da Camara diz Declaro aberta a sessao, 0 performativo nto se realiza, porque o faxineiro nao é a pessoa que pode executar ‘agi de abrir a sessto; por outro lado, se o presidente declara aberta a sessio sozinho no seu gabinete, 0 performativo ndo se realiza, porque nto est sendo executado nas circunstincias apropriadas para sua realizagao. ago deve ser executada corretamente pelos participantes. O uso da + Acnunciagio deve ser realizada integr: erformativo exige outro para ser realiz rmo vai chover, para que 0 ato de apost ‘outro aceite a aposta, enunciando a aceitagdo. 6 flante tenha certos sentim 6 preciso que ‘le tenha de fato esses sentimentos ou intengdes. Quando alguém diz, Quero exprimir-the ‘meus pésames, sem que sinta nenhuma simpatia pelo pesar do. ‘sem ter nenhuma intengdo de vir, o performativo realiza- ou seja, realizar-se-a verbal jvamente. A promessa sera feita, mas 0 no seri r do dados, mas efetivam pes executou um performative deve adotar 0 ‘quando o falante que diz P la permanece um puto ato verbal Na verdade, do e lo, as trés 5, Porque sua auséncia implica que hem sequer se reconhega que o performativo se realizou no ato de enunciagao. ‘Como jé foi dito, Austin pde em xeque a ilusdo descrtiva, quando mostra que hii afirmagdes que descrevem estados de coisas € que podem ser verdadeiras ou falsas ~ as constativas ~e afirmagdes que no descrevem nada, mas pelas quais se executam atos, que 172 ntroducoe ¢ Linguistica podem sr las ou nfl, er seo ou casa — a pefomatvs Os consavos io verdadeiros se existe 0 estado de coisas que eles descrevem ¢ falsos em caso contritio, (Os performativos tém sucesso, quando certas condigdes so cumpridas, efracassam, quando febol, 0 fato de jogar independe de ti licados por verbos na pri- ‘ana forma afirmativa. As- vo, porque a ago de desejar mm efeito, quando sediz Ele femos s2o constativos que descrevem a realizagio cotta questo nl to sinpes asi, Ha peforatvos qu bean de mance diferente dos que vimos mos pensar qo o mado oto oa pesca no batam feces sn rer cles se elise, No cane, pd ver paromatvs sem an aprepmnno cna prin econ oo no aa cxecand , 09 meso temp, pom lar pri ficar quieto ndo ha performatividade, apesar da presenga do termo mandado, Austin abandona a ideia de que possa existir um teste puramente Ii propria defini¢ao do performativo, ou lo falante. Quando se observam enuncia- 'se que 0s dois so performativos, Sabe-se rons. Ain tena um verbo pertormativ na primeira pessoa do singular o presente Jo iniatvo da na forma mencionada serio denominados performativos explicitos. “ “ Para climinar a ambiguidade dos performativos, te ‘enunciagdo, o modo verbal (por exemplo, o imperativo) ‘um enuticiado sera performativo quando pud s de levar em contaasituago de entoagio, ete. Mesmo os performa- fari num futuro préximo, Se a questdo é essa, quando eu chegar li, eu me desculpo. i Alinguogem em uso 173 damente a questo: que é que se faz, quando se se diz algo, realizam-se trés atos: 0 ato locucionsrio (ou locucional (ou ilocucional)¢ o ato perlocucionario (ou perlocuc (© ato locucionério & o que se realiza enunciando uma frase, é 0 a de dizer. O ilocucionirio é 0 ana linguagem, © perlocucionirio ¢ o que jo se toma a frase Advirto-o a ndo mais fazer inguisticos componentes da iza-se o ato da adverténcia, yer. No caso, esse ato esti inclusive al, Ha ainda mais um ato, que é 0 rid e que depende do contexto frase. Eo aque se realiza na ‘marcado com a forma verbal resultado do ato de linguagem ¢ do at dda enunciago. Quando se enuncia a frase interlocutor. Assim, é um ato que nio se realizou na tem um aspecto convene! 1agem, enquanto 0 ato perlocucional nao. O que locucionério pode ser ex 1 na frase Nao se preocupe, eu virei amanha, 0 at0 seque, nesse contexto, s6 se pode expl ‘O ato perlocucional é um efeito eventual dos a promessa de vir amanhii pode ser £ 0 ato perlocucional, O ato ilocucions marcado na "Aqui se chega ao ponto mais ustiniana. Observando as afirmagies cconstativas, verifica-se que também nelas o falante realiza um “aquele que executa quando jura, adverte, dena, acons frase como Choveu pouco este més, ha um ato ilocucional, que pode ser exp! forma performativa afirmo. Assim, em todo constativo, hi uma parte, que pode ser submetida a prova da verdade e da fal onal Afirmo que ele ‘ele simplesmente se realiza, enquanto o contetdo afirma- ‘pode ser submetido a prova da verdade. Ao verificar icular dos performativos, Austin chega ao que Paulo va da linguagi \guagem ¢ ago, € uma forma de agit no mundo, Isso tem uma import fo grande para a Linguistica, pois permite estender seu campo de atuagio, mant smes oreiinicos com a teoria das interagdes € ddas agBes e com a etniografia da comunicagao. E muito diferente dizer que, a comunicar ‘ou ao interagir, o homem descreve o mundo ou age no mundo. ‘Um dos sucessores de Austin é John Searle, que retoma scu programa, ¢ Val dlesenvolver uma série de aspectos de sua teoria, Um deles & que, a0 eomunicar ume frase, se um ato proposicional um ato ilocucional. © primeiro corresponde & referencia e & predicagdo, ou seja, ao conte comunicado. © segundo, como pensay® vNustin, ap ato que se realizanalinguagem, ao dizer, Como seisolaa proposiao, resultado ddosatos proposicionais? Searle mostra que no podemos confundir a proposico com orga iloculoria, porque enunciados que tm forga locuctonal diferente podem exprimit ‘a mesma proposigdo. Por exemplo: 174 Introdugao @ Linguistico ea ordem, No ante ir uma proposicdo & executar um ato proposi ode ser expressa pel Proposicional e F & 0 marcador da a exude me- wssificagdo dos atos ilocucionais, Nao se pret . do inpatante noma por rd ets rrogacdo, promessa, so 0s ch ém esté atrasado, pode dizer Deseu mente, pois o valor patente da afmaedo read, tente de pedido ‘ de um dese loje. agradece-se a eles por ‘ualquer servigo que nos prestam. A forma de fazer os agradecimentos indica uma mudanga cultural, a passagem de uma sociedade mais “aristocriti rmulas religiosas de agradeci ‘8 uma mais “democritica”. somo Que Deus the dé em dobro 3s modernas do pais, isso, a teoria clissica pensa os atos de linguagem de maneiraisolada, en- {quanto a teoria interacionista os vé como um encadeamento de atos: por exemp! pedido corresponde uma recusa ou uma aceitagio; a uma saudago, uma resposta, ete tas, na fmula de Orecchioni, mostram inguistica Fssas regras de polidez articulam-se sobre a teoria das faces, desenvolvida por ‘a. Aquela deriva da necessidade de ser apreciado de si mesmo: esta advém da, nevessidade de defender 0 eu, & ia face. Por outro lado, cl sse em manter a face do outro, para nao par em petigo sua face. No entanto, hd atos ameagadores da face negativa do interlocutor, porque tentam invadir seu territério (por exemplo, a ordem, 0 consetho, a ameaga), ¢ atos ameagadores de sua face positiva, porque podem ser vistos iva de destruira imagem do outro (por exemplo, a reprimenda, arefutagio, podem scr considerados uma maneira de obrigar o falantea se expor (por exemplo, a pro- ‘essa, a garantia, o juramento) c atos ameagadores de sua face positiva, porque destroem ‘sua imagem (por exemplo, contissdo, pedido de perdiio,autocr tem por efeito diminuir 0s efeitos negatives dos atos ameagadores da face, de adogé-los. {que recorremos a0s atos de fala indiretos: no se di uma ordem brutalmente, no se critica um bbom. Nas situa izam-se, adogam-se 0s atos ameagadores da ntos ¢ 0s elogios. mas expt trabalho, sem fazer uma série de pre «gbes de comunicagao, minimizam. face. Por outro lado, hi atos valorizadores da face, como os cumpri lez, busca-se reforgar esses atos. parecer hipéei lene eienreemeal {que regem a conversaedo. Segundo inlimeros estudiosos da Pra ppor um principio de cooperagao, que exige que cada enunciado finalidade. Muitas vezes, o tos de fala nio sio manifestados e «, portanto, s6 se percebe 0. de um enunci célebre exemplo da Pragmt Aberto ds segundas, s6 se pode decidirse ele quer dizer Aber is ou Aberto somente as segundas se se tem uma informacao proveniente do contexto, ou seja, se os restaurantes do lugar fecham as segundas, 0 cartaz indica que o restaurante estar aberto também as segundas; se eles abrem as segundas, 0 cartaz significaré que o restaurante abre sé fs segundas. Quando se sabe que 0 PT ¢ um partido que denuncia sistematicamente a corrupgio nos diversos escaldes do govemo e se diz Cert iados do Pr sao corruptos, 0 que se esta signi ficando é que o rr é um partido como qualquer outro e, portar 120 abrigo da corrupgio, Segundo alguns autores, os comportamentos pos gerais de natureza -gida por principios ger 10 publicado e estabelece uma forma so a nogio de imp! coopera. Observando que existe uma divergéncia frequente entre a significago das frases e sentido do enunciado e que, portant, certos enunciados comunicam muito mais do que 6 elementos que o compiem, Grice formula a nogio de implicatura, que sto inferéncias ‘que se extraem dos enunciados. Ele no usa o termo implicagao, porque a nogio de ccatura é mais expresso aassentados em inferéneias pragm: 1975, comega a estudar esses principias. Com isso, a Pragm: iferente de conceber a comunicagao. As contribuigdes de Grice tura e 0 estabelecimento do principio geral da comunicagao, o da ‘hd uma implicatura desencadeada pela conexao entre as duas oragdes 6s alunos de Letras io sabem escrever. & uma implicatura con- de Mario correu bem, nao o reprovaram, his ura de que a tese nio presta. E uma implicatura conversacional, pois no ivém da significagao de nenhuma palavra da frase, mas dos conhecimentos prévios do 6 reprovada, portanto a mengao sti dizendo, implicitamente, Acxposigfo que «© Orvechioni (1998), ne No entanto, a questdo é mais complicada, pois Grice estabelece uma distingio entre caturas conversacionais generalizadas ¢ implicaturas conversacionais particulares Aquela é desencadeada também por elementos linguisticos, enquanto estas, apenas pelo ‘contexto. Quando se diz André vai encontrar uma mulher d noite, a implicatura & que @ ‘mulher com quem vai encontrar-se ndo é sua mae, sua irina, sua esposa,ete., mas que esse cencontro & de natureza sexti truco dessa implicatura entram em jogo dois ‘do é uma mulher pertent {quando niio se faz referéncia & mulher com que um hom uum encontro de natureza sexual. Tem-se, nesse caso, uma do, em-se a implica- tura de que ele é desonesto, Nao hi nenhum element 10 que desencadcie essa .G ocontexto que diz que, como no Brasil muitos politicos so corruptos, essa ta, Trata-se de uma implicatura conversacional particular. ra convencional é provocada apenas por um elemento linguistico, ela nentos contextuais para se feita, enquanto a implicatura conversacional, sempre para as nogdes de principio da cooperagao ce maximas conv. ‘Como se disse acima, para Grice, o principio da cooperagio & o prit {que rege a comunicagao. Por ele, o falante leva em conta sempre, em ‘6 desenrolar da conversa ¢ a direglo que ela toma. Grice formula da seguinte maneira ‘esse principio: que sua contribuigo & conversagdo seja, no momento em como tequeira o objetivo ou a diregao aceita da troca verbal em que voog esta engajado. Esse principio é explicitado por quatro categorias gerais ~ a da quantidade das in- formagdes dadas, a de sua verdade, a de sua pertinéncia e a da maneira como sto formu- ladas que constituem as mximas conversacionais. Grice formula assim essas miximas: Méximas da quantidade + Que sua contribuigdo contena o tanto de informagaio exigida. + Que sua contribuigao nao contenha mais informagao do que é exigido. + Nao afirme o que vocé pensa que ¢ falso. + Nao afirme coisa de que voeé ndo fem provas. Maxima da relagao (da pe + Fale 0 que & concernente ao assunto tratado (seja pertinente). Méiximas de maneira + Seja claro. + Evite exprimir-se de maneira obscura, Se Muitas crticas foram feitas is concepgdes de Grice. Alguns autores dizem que cle tem uma concepedo idealista da comunicagao humana e, por conseguinte, da sociedad, porque imagina a troca verbal como um evento harmonioso, ignorando os antagonismos, 0 litigios, as diseérdias e as oposigdes que caracterizam tantos atos de comunicagio. Por outro lado, diz-se que Grice é normativo, que ele pretende ditar regras para a comunica- ¢20 humana, Nenhuma das duas eriticas procede. As mé tum corpo de principios a ser seguido na comunicacio, dos enunciados. Grice nao ignora a existéncia dos confi ‘mesmo quando a comunicagdo ¢ conflituosa, ela opera sobre uma base de cooperaga0 na interpretag2o dos enunciados, sem o que o conflito no se pode dar. Mesmo para divergir, os pareeiros da e 1m interpretar adequadamente os enunciados que ca- da um produz. Al pode-se exemplo ingiroutra, cujo respeito é mais importan ue segue, caleado num exemplo de Grice, viola-se a mixima da quantidade, maxima da qualidade, tuna explora damaxinad quldae, como ween em sepide "As miximay da quanta indica que flan deve sempre dara informasd0 fone de gue dap. Assim, quando se diz 4 nde brasil & verde infec e gue a bandeira br tal branes, porque se pte que fiat dua infomagdo mas fre, Da ssn oe ada onversiio diferent da etca foal Nesta, quando se dius algucn tem quatro apartamentos, presses q io, estou na Fangs Infringe-se também essa maxima, quando nao se dt se tem, Us essa mixima, Numa reunio de pro! ves é uma violagao dessa maxima, Alinguogemem uo 179 Em casos em que nao se sabe 0 nivel de conhecimentos das pessoas que partici- pam da troca verbal, quando se afirma alguma coisa que se eré ser banal, é preciso dizer . peco desculpas por irresponsavel, etc. em (b), que dinheiro sempre tem valor, ‘que as coisas mudam com a passagem do tempo. ‘As sequéncias nto informativas tomam-se informativas quando so exploradas, argumentativamente, Por exemplo, & ‘ocupa a Presidéncia da Repiblica nem ministérios. Entretanto, isso se torna informativo, ‘no exemplo abaixo: sro, Prato, leno tem de presentar Na comunicagao fi aquela feita apenas para mani por exemplo, em encontros ‘em que é falta de educacao ficar calado conversa-se sobre 0 tempo, etc. Por outro lado, certas comunicagdes m em placas indicam os hibitos culturais de um povo: por exemplo, a placa Nao fecke 0 imento, em nossas grandes cidades. ‘A maxima da quantidade diz também que se deve dar o tanto de informagBes, necessirias para a comunicacdo, ou seja, ndo se deve dar informagdes supérfluas. Assim, por exemplo, quando alguém conta a um amigo que sofreu um acidente de carro, ndo precisa enunciar 0 nimero de sua carteira de habilitaga0. No entanto, quando faz 0 relato do acidente a companhia de seguros, essa informagao € pertinente. lade diz que a contribuigdo & conversago tem de ser veridica, ue. falante esta certo de que idade, Essa comunicagiio & ado. S40 as trocas verbais realizadas, informagdes sobre alocalizacdo do pélen, minta.E preciso entender bem essa mixima. Ela nfo diz quea pessoa que fala deve necessariamente crer no que afirma, que o falante que faz uma promessa tem a intengao de efetivamente cumprila, que quem pergunta alguma coisa quer Verdadeiramente saber a resposta, O que ela enuncia é que o falante, exceto nos enunciados cexplicitamente ndo verdadeiros, como piadas, brincadeira, pretende ser sineero, deseja que 0 ocutorcreia em suas palavras, mesmo que elas nfo sam verdadeiras. O que comprovaa iada maxima da qualidade €a impossibilidade de produzir enunciados como Comprei ‘mas iio acredito qu ‘comprado. Esse enunciado & visto como franeamente i, porque, quando o falanteafirma que comprou um revélver, ele pretende que 0 terlocutor atribua a ele um crédito de sinceridade,

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