You are on page 1of 43
a Ld Cn a a a = Ue COIs a ea Ch eT ca CRU SER na et Dene ne ee Dec Coreen Cy SRT aca msn emt classico cria DEUS rT Ree Sonn vaalidede, de tal sorte SUC es SUL ee STO PGC Dt ee eee onc tae ee estedunidense Loe DeSean SU tery i Sete ee tomando RU alee PCT eet Soe i) Conn SEO ELE STOR ry CT eee eminista LS ets SCR ne ety BRT ISCEN nen he SAUCE NT Cai ary SEE MRT Tn SESS RULE et ae En STU my Me RR i ee ea raga CSE ete De OS gista; educagao e eee) ey TT SSE Re rey Ceti pe er de natalidade e direitos co ST eee CSC eh De ete Een I DCE nea ge cen ene sobre o tema em tela e atribui ene ee eet Besant ped Set SS. Oc en oe reelaborando-se. i eS Ct ts eet CESS REN C ME tan el DUR LU CISA nee) PET eens Se te eer ene Negra brasileira, segunda 0 qual @ inabservénia do luger CES a DSR CO ace ae een UO ESIC ICO Tie ees PCy SUS ea ee eee en Angela Davis MULHERES, RAGA E CLASSE Tradugia: Heci, Regina Candiani gs remuneracad’dad fhjgo pelas.donas d ‘abalhadoias nao tinham um empré neles, operdrias) datilégrafas, vendedoras de lojas de departan a possibilidade de deixar’ jas quanto seus ganhos priam. bethavdeia de® solamento de sud ¢i Say as as mulheres dos explorar as hovas hecessidades i Bepapcis COmo dapae de cass oe Ea ndo significa sem I + food te. Porn zja sua comid bird, esas ¢ao para a cada rio, © instituicdes socig arctledas*velhas Mpiores de mul BTCC gi er) jes da dona 3 a, A reivi afio que emana balhadora. A rei Iheres, 2g0s" ley varidveis. Grande parte da nossa tradigdo tedrica Pairs HOO CCS er en Cue Cie em poucos exemplos) insiste em PEE eS tratadas por Davis na esfera privada, como se apenas Ce) PT SSSR NaC ek aL publicada no Brasil, desponta como uma Sue buigdo para disseminar as ideias imprescindiveis de Ey TC eC ERC ci dide pelo feminism negro e por setares da Pre ul PEPE SST MEME SCE LS a ue) See eS Su ae LLU STEN Per aL da nossa intrincada realidade. Como aconselha Bobbio, para nao sermos induzidos a crer que a histéria, 8 cada ciclo, recomega do zero, é preciso ter Per Sc as lighes dos classicos. Em tempus sambrios, esse CoN PORE LUST ai as OC Reem SR ee Ca tamento de estudas feministas da Universidade da Cali- fornia e (cone da luta pelos direitos civis. Como ativista, integrou o grupo Panteras Negras eo Partido Comunista dos Estados Unidos. Foi presa na década de 1970 e ficou mundialmente conhecida pela mobilizago da campanha SC ca Na See DCN Uc Peer eee ese Ce one CRA a SD obra é marcada por um pensamento que visa romper com as ESS UE NUL | © desea edigio Boitempo, 2016 © Angela ¥. Davis, 1981 tage, 1983) “Teun dooiginal sin ingles Wier, Race clas (Nova York, Random House, 1981s Vive publicads mediance acordo com a Random House, divisio da Penguin Random Hows: [ Diego editorial ana Jinkings Eligio Bibiana Lome Asistencia edivorial “Thaisa Burani Trudusio Heci Regina Candiani Preparnpio Mariana Tavares Coordenagio de produgion Livia Campos (Capa, aberturas¢ imagens internas Ronaldo Alves Diaguemagio Antonio Kel {Equipe de apo Alan Jones { Ana Yori Kjiki | Arcus Renzo / duardo Marques / El Bop Giselle Porto / habella Marca /Ivam Oliveina/Kith Dora / Leonardo Fabsi Marlene Bap Mauricio Barbosa | Testy Sean Thais Barros AiTlo Candiotso 5 x28 carseat Caron (A PUBLICAGAO SINDACAIO NACIONAL 945 EDITORS DE LIVROS, RE b22m_ 2 QO ° Dass ot eon? st .08 et srs 48 chs) Ang Davis; nado oR Ein, teed. OW Go. oe Dao Been 0? 460° Tabet Woy teeand chy OS o> 9 Asia RAE 503-9 oo oO eee oo tillers - Estados Uni dD” infO9, Sex Dizon 0 Vsicolop) OFS. Racismo - Estados Unde 4, Babtieren oo adoy(hfdos - Relagées exciais (ORE eM ee el a “ines sochigs(Caian, Hes Regina MTs Sw Oe cae 1651484. OP 9 eT ym Epp: 3054 Cars oa 0g? cou s163 20852 ae “2 a? eh? vedada a reprodugso de qualquer Parte deste lio sem a expressa orivagio da editors, V edigio: agosto de 2016 Mrclmpressto outubro de 2016; 2 rcimpre de 2017 BOLTEMPO EDITORIAL Jinkings Editores Associados Lida, Rua Pereira Leite, 373 5442-000 Sio Paulo SP ‘Velfax: (11) 3875-7250 1 3875-7285, editore@boitempoeditoriakoom.bs | worw.boitempocditorial.com-br worncblogdaboitempo.com.br | wwvfaccbook.com/boitempo sow owitter.com/editoraboitempo | wwy.youtube.convvboitempo eee a em Teter Teacher STE eee on both knees Fingerprint Classification: 4 a Agpradego as seguintes pessoas por sua ajuda: Kendra Alexander; Stephanie Allens Rosalyn Baxandall; Hilton Braithwaite; Alva Buxenbaum; Fania Davis; Kipp Harvey; James Jackson; Phillip McGee, reitor da Escola de Estudos Etnicos da Universidade Estadual de Sao Francisco; Sally McGee; Victoria Mercado Charlene Mitchell; ‘Toni Morrison; Eileen Ahearn; e ao Programa de Estudos sobre Mulheres da Universidade Estadusil de Sao Francisco! NOTAS DA EDICAO Publicado. originalmente em 1981, este li fatos ¢ eventos que Africa do Sul, a épo yatess ivro contém algumas referéncias a ea podem nao existir mais nos dias que correm (como 0 apa? dca ainda em vigor), Os colchetes explicativos ou cia ei 4o brasilei com tradugées ao longo do texto sio da ediga aqueles em citacoes, imos, sio da autora. ‘anto os de supressoes como os de acréscimos, 840 SUMARIO 11 PrurActo A epicao prastieins — Djamila Ribeiro 1, OLEGADO DA ESCRAVIDAO: PARAMETROS PARA UMA NOVA CONDIGAO DA MULHER... 2. O MOVIMENTO ANTIESCRAVAGISTA E A ORIGEM DOS DIREITOS DAS MULHERES... 3. CLASSE E RAGA NO INICIO DA. CAMPANHA PELOS.DIREITOS DAS MULHERES . 4. RacisMo No MOVIMENTO SUFRAGISTA 5. O SIGNIFICADO DE EMANGIPACAO-PARA AS MULHERES NEGRAS 6. EDUCAGAO E LIBERTAGAO: A, PERSPECTIVA DAS MULHERES NEGRAS 7. O SUFRAGIQHEMININO NA VIRADA DO SECULO: A CRESCENTE: INFLURNETA DO RACISMO.. 117 8. AS MULHERES NEGRAS £)0 MOVIMENTO,ASSOCIATIVO .... 9. MULHERES TRABALHADORAS, MOLHERES NEGRAS E A HISTORIA 143 155 DO MOVIMENTO SUPRAGISTA 10, MULHERES COMUNISTAS. Lucy Parsons . Ella Reeve Bloor....... Anita Whitney. Elizabeth Gurley Flynn. Claudia Jones... e171 tt. Esrupro, RACISMO E O MITO DO ESTUPRADOR NEGRO... 177 (ALIDADE E DIREITOS REPRODUTIVOS. 12. RacisMo, CONTROLE DE 13. A OBSOLESCENCIA DAS TAREFAS DOMESTICAS SE APROXIMA: UMA PERSPECTIVA DA CLASSE TRABALHADORA... eR v6 5.07 AS ee aI NY PREFACIO A EDICAD BRASILEIRA Djamila Ribeiro Angela Yvonne Davis é uma mulher & frente de seu tempo. E dizer isso nao é afirmar que ela esteja desarenta as questdes que aferam a sociedade em seu momento histérico; ao contratio, significa apontar o potencial revoluciondrio de seu pensamento, que nos inspira a pensar além ea sair do lugar-comum. Nascida na década de 1940, no estado do Alabama, Estados Unidos, Davis mobilizou uma campanha mundial a favor de sua libertagéo nos anos 1970. Militante dos Panteras Negras ¢ do Partido Cogiutiista dos Estados Unidos, ela fora presa acusada de envolvimento emu arentado. Nacépoca, além de pautar 0 debate racial de forma contundénte, os Panveras Negras haviam se engajado na luta pela liberdade de ras ativistas negt¥s Encarcerados: George Jackson, Fleeta Drumgo ¢ Joba Clurchetre ~conhecidos como os “tntaos Soledad”, por estarem detidos na prisiocde Soledail, em Monterey, California, Numa acio que previa o sequestio deaim juiz como andeda, dévtroca,pela liberdade dos rapazes, o inmao'de Jackdon c outros membros dos Paitéeras Negras inter- romperam uhfjulgamento. Na node de tro juiz Plarold ‘Haley foi morro, € Davis, posteriormente, agusada de-tet compiado axiema util Em razao desse event, ern agosta,dé 1970; home de Angela foi incluido ada na agio, na lista dos dez. fugitiyos*mhais procuradés pelo FBI. Apés meses escondida, a ativista e intelectual foi{presa,e mundo parou por conta da campanha conhecida como “Libertem Angela Davis”, nome do documentitio que conta ela foi inocentada de todas as acusagées. sua histéria'. Apés dezoito m Professora de filosofia c aluna de Herbert Marcuse, foi impedida de lecionar na Universidade da California por causa de su ligagio com o Partido Comunista, organizagao pela qual foi candidata a vice-presidenre da Republica em 1980 1984, compondo a chapa de Gus Hall. (O documentirio, cujo titulo original & Free Angela and All Political Prisoners, foi ditigido por Shola Lynch ¢ langado em 2013, —— sss ssssseeQm i: 12. Aneta Davis _ ; ss ccusiieaai asupost Davis alia de forma brilhante academia e militancia, recusando uma supos ; : zd 2 ene isa neutralidade epistemoldgica. Sua obra é marcada por um pensamento que”! 7 ry} mire lo romper com as assimetrias sociais. A visio de ativista aguca seu olhar- ExemP disso, Mutheres, raga e classe é uma obra fundamental para se entender as nuan~ ces das opressées. Comegar © livro tratando da escravidao ¢ de seus efeitos da forma pela qual a mulher negra foi desumanizada, nos da a dimensao da impossibilidade de se pensar um projeto de nacao que desconsidere a cent lidade da questao racial, j4 que as sociedades escravocraras foram fundadas n° quiragao das classe € racismo. Além disso, a autora mostra a necessidade da nao hie opresses, ou seja, 0 quanto é preciso considerar a intersecqa0 de ragay género para possibilitar um novo modelo de sociedade. a Davis apresenta o debate sobre o abolicionismo penal como imprese ndive parao enfrentamento do racismo institucional. Denuncia o encarceramen’? em massa da populacio negra como mecanismo de controle e dominacto- Dessa forma, questiona a ideia de que a mera adesio a uma légica punitivista uraria solucées efetivas para o combate A violéncia, considerando-se que © sujeito oe foi aquele construido como violentos'perigoso, inclisive a mulher nee ce ver mais encarcerada. Anais Ga problemi Fendo como base 2 quest? is raga e classe permite a Liavis fazer uniiCahdtise profunda ¢ cefinada do a pelo qual essas oflerdes estrun@Sinalciedade. Nesi@ leap al discussie" sinalizada pela autora poP meio de sua abordagem do. sistema de cone de pessoas encarceradas n6s Estados Unidos, htm ullsSrnegres DOS PE © trabalho, em uma telagio direta entre escravidao & encarceramento com forma de controle sovial, & Nesse sentido, gméitng, . na-construcao-de-uma-nor geledes.org.br/as-mulheres-negra O LEGADO DA ESCRAVIDAD: PARAMETROS PARA UMA NOVA CONDIGAG DA MULHER Em 1918, quando o influente académico Ulrich B, Phillips declarou que a scravidéo no Velho Sul* imprimiu o glorioso selo da civilizagao! nos africanos selvagens e em seus descendentes nascidos nos Estados Unidos, ele langou as bases para um longo eacalorado debate. Com o passar das décadase a ampliagao esse debate, um historiador apbs o outro declarava, confiante, ter decifrado 0 sa atividade ntido da “instituigio peculiar”**. Em meio a toda es verdadeiro s intelectual, porém, a situagto especifica das mulheres eseravas permanecia in- compreendida, As discusses incessantes sabe’ sua “promise\iidade sexual” ou | .” obscureciaity mais do quelifaminavam, a situagio | seus pendotes “matriarcai das mulheres negras duranteasctavidio. Herkiért Aptheker continua sendo | um dos poucos hisvorigdores a rentar ria’ yum@alicerce mais-realista para a compreensio da inulher escrava’. * No original, “Old Sourh”, expressio usada pary designar o Sul escravagista ances Guerra C dos Estados Wntdos (1861-1865), tambénychamada, Guerra de Secessio. (NT) } Ulrich Bonnell Phillips, American Negeo Savece 0 Suroevof he Supply Employment, and Control of Negra Labor as Determined bp the Plaraition Regiyte Nowa NOUd/ Londres, D. Appleton, 1918) } Ver também, do masaioutor, o-tipo "he Ptantation as a Civilizing Factor", Sewanee Review, 9304, republicadonam The, hide Feonatny of the Old Sou: Selected Esays in Economic Baron Rouge, Douisiaua State University Press, 1968). O trecho a seguir consea v.12, jul 1 and Social History ( desse texto: “O estado de nosso prob Aqueles que foram trazidos para os Estados U 20 seguinte: I. Hi um ou dois séculos, os negros eram idos ¢ seus des- selvagens nas florestas da Africa cendenes adquiriram certa soma de civilizagio © agora estio, em certo grawy aptos para a vida na Givilizada moderna, 3. Esse progresso dos negros tem sido, em grande medida, resultado pessoas brancas cvilzadas. 4. Uma grande massa de negros o de sua associagio com camente permaneceri, por tempo indefinido, em meio & nag i rasta permantneia pacfica eseu progress fucuro nesta nagio de homens 4 branca civilizada, O problema & como podemos nos preparar pi brancos, e como podemos nos defender de seus de ives de volta & barbsirie? Ci ndios mionocultores" (p. 83) mo uma possivel 2 para grande parte do problema, eu su ismo usado nos Estados Unidos para se referir 8 escravidio, (N."T:) ic4o especialmente dificil das escravas negras podem ser encontradas ados por Herbert Aptheker, incluindo American Reflexoes sobre a con! varios livros, artigos e anrologias escritos e edit ——— 16 ANcxta Davis Durante os anos 1970, 0 debate sobre a escravidao ressurgiu com a renovado. Eugene Genovese publicou A terra prometida®. Também foram s tados The Slave Community’ (A comunidade escraval, de John Blassings i . © malconcebido Time on the Cros? [Tempo crucificado], de Robert an r, Stanley Engerman, eo monumental The Black Family in Slavery and yess ‘a [A familia negra na escravidao e na liberdade], de Herbert Gutman, Em a ao ressurgimento desse debate, Stanley Elkins decidiu que era hora de publi a tuma ediso ampliada de seu estudo Slavery’ [Escravidéo], de 1959. Nessa on a: de publicagses, ¢ evidente a auséncia de um livro especificamente dedicado : questio das mulheres escravas. Quem, entre nds, aguardava com ansiedade wi Slise sé ‘ sravida anece andlise séria sobre as mulheres negras durante o periodo da escravidao perm até o momento, decepeionado. Igu de que, almente decepcionante tem sido a ore com excegao do tema tradicionalmente debatido sobre promiscuidade versus casamento € sexo forcado versus sexo voluntirio com homens brancoss autores dessas novas obras tem dado atengdo insuficiente as mulhere: ‘ ae eet Her- O mais esclarecedor de todos esses estudos recentes é a investigacio de b ert Gutman sobre a familia negra. Ao trazer evidéncias documentais de que * vitalidade da familia se mostrou mais forte do ques tigores desumanizantes da escravidio, Gutman destrofidt, a em 1965 por Daniel Moyiithan eo que ele faz sobre as fiulheres escraas sax) geralmente ekaboradas para confirmat i vada tese do. thatriarcado negro, popular 5 . oes utcos", Ainda assim, corn as observas! Negra Slave Revol (WOAB) ( American Negro Hfisory (¥ Htsory of hie Negro People Em fevettiro de 1948, Mainstream, v, 2,0, 2, Eugene D. Genoyese(Roll, Jovidan, Rolh The. (Nova York, Incernaivnal Ps 1948) (Nova York) Intepgant ‘nthe United Sates (1951), Aptheker piblicosid artigo hin ‘ublishers, 970); da Be Free: ee onal Publishers, 1969); Documented P(NoyaiYork, ‘The Citadel Press, 196 : tulatld The Negro Woman", Masses 4” 4) Worl the Slaves Made (Nova York, Pantheon, 197 led. bras. evepromesi: 0 majith quest "aves eriatam, trad, Maria Inés Rolim Donaldse” Garschagen, Rio dincirg\ Par Teta, 1988] a John W. Blassingamesthe Shine Community: Plantation Life in the Antebellum South (1.006 Nova York, Oxford Univesity Pi Robert W. Fogel e Stanley Engerman, 7 ress, 1972), South (Boston, Little, Brown 8. Herbert Gutman, the Black Family in Slavery and Freedom, 1750-1925 (Nova York, Pantheot 1976), Stanley Elkins, Slavery: A Proble Chicago/Londres, Univesity of Chicago Pres, 1976) Yer Daniel 2 Moynihan, The Negro Family: The Cae for National Aetion (Washington, Min do Tiabalho dos Estados Unidos, 1968), reeditado em Lec Rainwaer e William L. Yanceys Moynitian Report and the Poli tics of Controvery (Cambridge, MIT Press, 1967). ime on the Cross: The 1974), 2, Economics of Slavery in the Antebellum in American Institutional and Intellectual Life (3. eds 1% rerio [he ae rt

You might also like