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Bee GR perspectivas e possibilidades Volume 21 ) MUO) tulle Clee Carla Ulasowicz Organizadoras CAPITULO 4- ENSINO SOBRE O CORPO E A SAUDE EM DIFERENTES PERSPECTIVAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I Carla Ulasowicz Tiemi Okimura-Kerr Jéssica Camila Ramos Rodrigues Angela Maris Murillo Aratijo Alguns estudiosos defendem que, dentre os varios conteiidos a ser ensi- nados na Educagao Fisica Escolar, devem ser contemplados os relacionados satide (NAHAS; COBIN, 1992; FLORINDO, 1998; GUEDES; GUEDES, 2001; FARINATTI; FERREIRA, 2006; BARROS et al., 2008, OLIVEIRA et al. 2014) , seja por sua histria na drea, por uma preocupagao em di- minuir os indices de mortalidade, pelo consenso existente no tocante aos beneficios da atividade fisica para a qualidade de vida dos praticantes ou ainda, de maneira especial, por considerar a escola como local privilegiado para compartilhar conhecimentos que contribuem para mudaneas atitudinais significativas relacionadas a habitos de vida saudaveis, tema de relevancia social e saiide publica. Vem gradativamente tomando forma a ideia de que a escola, mais par- ticularmente as aulas de Educagaio Fisica, deve oferecer condigées para que © aluno, além de apreciar/conhecer, vivenciar e contextualizar as atividades fisicas oferecidas e seus beneficios, possa reivindicar transformagdes no seu meio social para tais praticas. As reivindicagdes de melhores condigdes de satide e bem-estar 6 podem ser realizadas a partir de um embasamento te6- rico sobre os beneficios da atividade fisica, ou seja, se o aluno puder conhe- cer e compreender as relagdes entre atividade fisica/exercicio fisico e saide/ qualidade de vida (ULASOWICZ; LOMONACO, 2011). Na tevisdo de literatura sobre intervengdes em atividade fisica na América Latina de Hoehner et al. (2008), 0 Centro de Controle e Prevengiio de Doengas (Center for Disease Control and Prevention - CDC) dos Estados Unidos, 0 Ministério da Satide e universidades americanas ¢ brasileiras 66 defendem que a aula de Educagao Fisica é uma boa estratégia para aumentar a pritica de atividade fisica em criangas e jovens. Neste mesmo sentido, Tani (1991), Manoel (1999) e Freire (1999) consideram que os programas de Educagio Fisica devem contemplar infor- magGes tedricas e priticas sobre 0 movimento humano, uma vez que tais conhecimentos so fundamentais para a aquisigao da autonomia do movi- mento. Para estes autores, a Educago Fisica como conhecimento escolar implica, além do fazer, a compreensao e a valorizag&o dos conhecimentos organizados e sistematizados sobre 0 movimento humano. O dominio des- tes conhecimentos deve capacitar 0 aluno a otimizar suas potencialidades e possibilidades de movimentos para regular, interagir e transformar 0 meio ambiente em busca de uma melhor qualidade de vida, de maneira auténoma. Lazzoli et al. (1998) e Vascocelos-Raposo (20015) destacam que pro- mover atividades fisicas na infincia e na adolescéncia implica em estabele- cer uma base sélida para a redugio da prevaléncia do sedentarismo na idade adulta, contribuindo desta forma para uma melhor qualidade de vida. Esta afirmagio € corroborada por Alves et al. (2005) ¢ Ferratone et al. (2009) que verificaram que a pratica de atividades esportivas durante a adolescéncia contribui para a aderéncia de atividades fisicas de lazer na idade adulta. Dentre as propostas que visam direcionar o trabalho do professor na es- cola so os Parametros Curriculares Nacionais (PCN), um documento fede- ral que constitui um referencial para a edueagiio em todo territério nacional (BRASIL, 1998). Este documento propée a organizagtio dos conteiidos da disciplina Educagao Fisica em trés grandes blocos: 1) Esportes, jogos, lutas e gindsticas, 2) Atividades ritmicas e expressivas, 3) Conhecimentos sobre 0 corpo. Este iiltimo bloco especifica os conhecimentos sobre anatomia, fisio- logia, bioquimica, biomecénica e considera, também, qu ‘A pritica da Educaggo Fisica na escola poder favorecer a autonomit dos alunos para monitorar suas proprias atividades, regulando 0 €- forgo, tragando metas, conhecendo as potencialidades ¢ limitagSes © sabendo distinguir situagdes do trabalho corporal que podem set Pre= judiciais (BRASIL, 1997, p. 29), Em acordo com esta organizagao, outras propostas foram e podem set elaboradas e/ou adaptadas para o trato do tema Satide nas aulas de Educacl0 Fisica para os alunos pertencentes ao Ensino Fundamental I, entre ¢las: Cinesiologia (HOFFMAN; HARRIS, 2002), Sistematizagiio de Contetidos (SANCHES NETO et al., 2006), Proposta Curricular do Estado de Sao Paulo EDUCAGAO FISICA ESCOLAR E SAUDE: perspectvas e possbildades (Volume 21) 67 (SAO PAULO, 2008) ¢ Orientagdes Curriculares da Secretaria Municipal de Educagao (SAO PAULO, 2007). A seguir, serdo descritos os relatos das autoras relacionados ao tema Saiide no Ensino Fundamental 1, que compreende alunos do 2° ao 5° ano (antigas 1* a 4° séries — ciclos 1 e 2) com a integragao do 1° ano (antigo pré, que pertencia 4 Educago Infantil). Relato 1: Prof* Carla Ulasowicz — Rede Particular de Ensino de Sao Paulo Minha formagao académica teve como foco norteador o papel da Educagio Fisica como érea de atuagao na prevencdo e manutengio da satide. Essa perspectiva solidificou-se, apds a minha formagao, pela participagaio no PAAF (Programa Autonomia para a Atividade Fisica), no periodo de 1998 ‘a 2004, um programa de Educagaio Fisica para idosos desenvolvido pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Educago Fisica para Idosos (GREPEFT), na Escola de Educagio Fisica ¢ Esportes da Universidade de Sao Paulo, como um dos servigos de atendimento a comunidade. O PAAF baseava-se num modelo pedagégico que ultrapassava a visio tradicional de educago (apenas um acimulo de informagdes), adotava uma perspectiva de aprendizagem construtiva e significativa, tendo o individuo como sujeito do processo de ensino-aprendizagem, ensinando-o 0 porqué fazer, o que fazer, como fazer € 0 quanto fazer de atividades motoras que ampliem a capacidade de reserva dos diferentes sistemas do seu corpo, a fim de proporcionar uma velhice bem-sucedida (OKUMA, 1998). Os relatos advindos dos idosos deste programa sobre a importancia de saber 0 que ocorre com 0 corpo quando se envelhece ¢ quando nao se pra- tica atividades fisicas, como também dos beneficios que esta pritica traz ao corpo durante 0 processo de envelhecimento, toraram-se fundamentais a0 assumirem um comportamento mais ativo ao longo das suas vidas. Em face de tais observagdes e relatos dos idosos participantes, estru- turei o planejamento dos 4° anos A e B (46 alunos de ambos 0s sexos, sendo 24 meninos e 22 meninas com idade entre 8-9 anos) de uma escola particular de ensino por meio da reestruturagdo da proposta do PAAF, vinculando-a a uma sistematizagio de contetidos tematicos na Educagao Fisica Escolar (SANCHES NETO et al., 2006), que prope o ensino de elementos culturais como brincadeira e jogo, circo e gindstica, danga, esporte, luta e capoeira, vivéncias e atividades da vida didria e também, a partir dos pressupostos de 68 Coll e colaboradores (1998), que prope 0 ensino de contetdos conceituss, procedimentais e atitudinais. (0s objetivos gerais do plano curricular propuseram levar 0 aluno a: Os contetidos foram trabalhados a partir da abordage corpo humano e suas respectivas capacidades fisicas, vine to cultural esporte Handebol que foi escolhido por meio Dimensio Conceitual do Conteiido: conhecer, compreender 0 elementy cultural jogo-esporte relacionando-os a definigao, objetivo, classfiacio ¢ contextualizagao nos aspectos histéricos, geogriticos, socioligicas ¢ politicos; conhecer compreender as capacidades recorrentes para area lizagdo dos movimentos, suas possiveis combinagdes ¢ manifestagdesem habilidades especializadas; conhecer, compreender e identficar a compo- sigdo, fungo e funcionamento dos sistemas do corpo humano mediante a pritica da atividade fisica; compreender os fatores psicossociais e cul- turais que influenciam a participagao em atividades fisicas ¢ os efeitos psicoldgicos desta pritica; compreender como as habilidades motores sio aprendidas, controladas ¢ modificadas ao longo da vida; compreender como se constréi a relago satide/doenga em Ambito pessoal ¢ coletivo mediante a pritica da atividade fisica; Dimensio Procedimental do Contetido: executar atividades cespecifi- cas que estimulem os diferentes sistemas do corpo humano e relacio- ni-las com a composicao, fungiio e funcionamento destes sistemas, bem como aos fatores psicossociais e culturais destes movimentos realizados nestas atividades especificas; : Dimensio Atitudinal do Conteiido: respeitar os seus ¢ 0s limites ccorporais ¢ do outro na realizagdo das atividades fisicas; entender importincia do desenvolvimento dos exercicios para a melhora db qualidade de vida e para a realizagdo das atividades da vida dit motivar-se para a pritica da atividade fisiea permanente; descods * competéncia para realizar exercicios especifics para cada sistem” corpo humano; atitude eritica em relago & execusSo dos exerci em programas de atividades fisicas; predisposig4o para co o seus conhecimentos as outras pessoas estimulando-as &pritica 8 vidade fisica permanente sm dos sistemas ° suladas ao eleme™ do planejamen? gostati Patticipativo, ou seja, os alunos poderiam optar por qual ME) doco de aprender em associagao ao sistema muscular e esquelético Po humano definido por mim, professora da disciplina.

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