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6.2 Limite e continuidade Nogdes topolégicas Sempre que falarmos em “ntimero” sem qualquer qualificagdo, entenderemos tratar-se de um mimero real. Como os mimeros reais sio representados por Pontos de uma reta, através de suas abscissas, 6 costume usar a palavra “ponto” em lugar de “nimero”; assim, “ponte” significa Diz-se que um ponto « é ponto interior de um dado conjunto C, ou ponto interno a C, se esse conjunto contém um intervalo (a, 6), 0 qual, por sun vez, 6.2, Limite e continuidade 11 contém =, isto é, x € (a, b) CC. Segundo essa definicio, todos os elementos de um intervalo aberto sio pontos interiores desse intervalo. O interior de um ‘conjunto C € 0 conjunto de todos os seus pontos interiores. Assim, o intervalo (a, 6) & sen proprio interior; 6 também o interior do intervalo fechado [a,b] Diz-se que um conjunto C é aberto se todo ponto de C é interior aC, isto &, 8¢ 0 conjunto coincide com sew interior, E esse 0 caso de um intervalo (a, 6), do tipo que ja vinha sendo chamado “aberto" Ji definimos “~vizinhanga e” na p. 75, De um modo geral, vizinkanga de um onto € qualquer conjunto que contenha a internamente. Mas, a menos que o contrario seja dito explicitamente, “vizinhanga” para nés significaré sempre um intervalo aberto. Em particular, dado © > 0, o intervalo Ve(a) = (a~=, a +=) € uma vizinhanga de a, chamada naturalmente vizinkanga simétrica de a, ou vizmkanga e de a. As vezes interessa considerar uma vizinhanga = de a, excliido © proprio ponto a, a chamada vizinhanga perfurada. Vamos denotécla V; (a) Vea) = Vela) ~ {a} = {2: 0 < |x — Diz-se que um mimero a ponto de acumulagdo de um conjunto C se toda vizinhanca de a contém infinitos elementos de C’. Isso equivale a dizer que (ve- ja o Exercicio 1 adiante) toda vizinhanca de a contém algum elemento de C diferente de a; ou ainda, dado ¢ > 0,V;(a) eontém algurm elemento de C. ‘Un ponto de acumulagio de um conjunto pode ou nao pertencer ao conjunto; por exemplo, os extremos @ ¢ } de umn intervalo aberto (a, 6) so pontos de ‘acumulagio desse intervalo, mas no pertencem a ele. ‘Todos os pontos do intervalo também sao sous pontos de acumulacio ¢ pertencem a ele. im ponto « de um conjunto C diz-se isolado se nao for ponto de acumulagio de C. Isso 6 equivatente a dizer que existe ¢ > 0 tal que V;(2) nio contém qualquer elemento de C, Chama-se discreto todo conjunto cujos elementos so todos isolados. Por exemplo, 0 conjunto 122 on ae fag gen ger of 6 discreto, pois seus pontos so todos isolados. Seu tinico ponto de acumulagio oatees i dams aes ear de @ eu ate mest alo cotamenerd peta scoagas Ye. © ier dv tte dado pnt nan pono sara age oe crurulgio" No caw dessins nn pete de eaten poe crunch do cma de len te 142, Capitulo 6: _Fungdes, limite ¢ continuidade © conjunto dos pontos aderentes a C 6 chamada 0 fecha ou aderéncia de C, denotado com o simbolo T. Como se vé, @ & a unitio de C com o conjunto C* dde seus pontos de acumulago. Por exemplo, 0 fecha do conjunto A considerado hd pouco 6 0 conjunto ae} Diz-se que um conjunta é fechado quando ele coincide com seu fecho (C= T= CVC, ow seja, quando ele contém todos os seus pontos de acumulagio: C'CC, Besse o caso de um intervalo (a, 6], do tipo que ja vinha sendo chamado Sfechado”. E também fechado 0 conjunto B que acabamos de considera. Vamos introduzir uma nogio referente a dois conjuntos Ae B, que éutilizada com freqiiéncia quando AC B, embora esta condigio nao seja necesséria na dofinicao que vamos dar. Diz se que um conjunto A é denso num conjunto B se todo ponto de B que nao pertencer a A é pont de acumulagio de A. Dito de outro modo, todo ponta de B on jé ests em A ow 6 ponto de acumulagao de A, de sorte que se juntarmos a A seus pontos de acumulagéo, o conjunte resultante contera B. Em particular, A ser denso em R. significa que todo miimero real onto de acumulacao de A. Por exemplo, o conjunto Q é denso em R; também € denso em Ro conjunto dos miimeras irracionais poaugye fs As definigdes de limite e continuidade Historicamente, o coneeito de limite é posterior ao de derivada. Ele surge da necessidade de calcular limites de razbes incrementais que definem derivadas. E cesses limites so sempre do tipo 0/0. Por ai ja se vé que os exemplos interessantes, de limites devem envolver situagdes que 96 comesam a. aparcecr no Ciileulo depois que o aluno adquire familiaridade com fungoes mais complicadas, coma as fungdes trigonométricas. Aliés, os primeiros limites interessantes a ocorrer no Céleulo sao os das funeées com x tendendo a zero. Isso acontece no ciloulo da derivada da fungi y Mais tarde, no estudo das integrals improprias, surge a necessidade de considerar Timites de fungdes como Lae com tenclendo a 1 Observe que, em todos esses casos © outros parecidos, a varidvel x deve aproximar um cesto valor, sem nunea coincidir com esse valor; e que 0 valor do 6.2, Limite e continuidade 143 ‘qual 2 se aproxima deve ser ponto de acumulagao do dominio da funeio. Essas observagées ajudam a bem compreender a definigio que damos a seguir 6.2, Definigio. Dada uma fungio f com dominio D, seja a um ponto de acumulagéo de D (que pode ou nao periencer a D). Diz-se que um niimero L Eo limite de f(x) com x tendendo aa se, dado qualquer © > 0, existe 5 >0 tat que ED, 0 | <5 = [fle -L a, entdo |f(2)| tem limite |L|. Bm particular, se f € continua em x = a, entio F(aM também € continua nesse porto, isto 6, lims—a|f(x)| = | Fla)| Para a demonstragio, observe que ||/(2)| ~ |£|| < |f(z) ~ Ll. Por hipétese dado ¢ > 0, existe 5 > 0 tal que # € Vj(a) MD = |f(z) — L| a, esc A 0 tal que x € Vila) D> A< f(x) < B. Demonstragdo. Como na demonstracao do Teorema 4.6 (p. qq), basta tomar € 0 tal que f(x) € limitada em Vf(a) 9D. A demonstragao é imediata, consideranda, por exemplo, A = L—1¢ B = E+ 1 no teorema anterior. 6.7. Coroldrio (permanéncia do sinal). Se ume fungio f com dominio D ter limite L 4 0 com x — a, entéo existe 6 > 0 tal que, x € Vj(e) 1D = f(a) > L/2 se L > 0 e f(a) < L/2 se L <0; ow seja, |f(x)] > |L\/2 em ambos Para a demoustragao, se L > 0 faga A = 1/2 no teorema; ¢ se L <0 faga B= L/2. Este resultado € conhecido como o teorema da permanéncia do sinal, Justamente porque, numa vizinhanga do ponto a, a fun¢ao permanece com 0 ‘mesino sinal de L, Porém, mais do que permanéncia do sinal, 6 importante ob servar que a fungéo permaneve afastada de zero, ou seja, |f(2)| > |L|/2 em Vj(a) MD. Observe a utilizagio deste resultado na demonstragio do item d) do teorema seguinte 6.2, Limite e continuidade 145, 6.8. Teorema. Se duas fungdes f € 9 com 0 mesmo dominio D tém limites com a+ a, entio (Nos limites indicados a seguir, é claro, a.) 4a) f(a) + 9(2) tem limite e lim f(x) + 9(2)] = lim f(2) + lim 9(2) 2B) sendo k constante, Kf(x) tem limite e lim|kf(2)] = k lim f{2); ©) f(2)g(2) tem Kite e lim [f(2)g(e)] = lim f(2) - im g(x}; 4) se, além das hipdteses feitas, lim g(x) # 0, entdo f(x)/g() tem limite € sim £02) — lim f(a) ale) — limg(x) Demonstragio. Vamos demonstrar apenas o item d), deixando os demais @ cargo do leitor, ja que as demonstragies de todos eles sao inteiramente andlogas as do Teorema 4.8 da p. 80. Sendo L #00 limite de 9, vamos provar que 1/g(x) —+ 1/L com x —+ a. 0 procedimento é 9 mesino da demonstracao dada para 0 item d) do Teorema 2.8 Dado qualquer © > 0, sabemos que existe 5 > 0 tal que el? £E Vila) ND = |ola) ~ 1) < (64) Se necessério, diminuimos o 5 de maneira a termos também, de acordo com 0 Corolério 6.7, 2 € Vila) 1D = |g(2)) > |LI/2. (63) Bntao, com a € Vi(a) 1D, teremos 1 1) _Iol)—n) ek? 2a lo) Z| ~ [EoG@\| ~ 2ikg(ay <2 & € isso completa a demonstragao, Se g(z} tendo a zero ¢ f(z) tem limite diferente de zero, enti 0 quociente J(@)/al2) pode tender a +50 (limites infinitos serio tratados mais adiante), tudo dependendo do comportamento particular de f eg. Quando f(x) ¢ a(z) tendem ambas a zero, 0 quociente f(2}/9() pode ter limites os mais variadgs, dependendo novamente do comportamento particular de fe g. Trata-se aqui de ‘um tipo de “forma indeterminada’, muito estudada no Céleulo, principalmente fem conexo com a chamada “regra de ! Hopital” 6.9. Corolério. Se f © 9 sito funcdes continuas em x = a, entéo sito também continuas em x= a as fungdes f +g, f kf, onde k € ura constante qualquer; © é também continua em x= a a fungao f/g, desde que g(a) #0. 146 Capitulo 6:_Fungées, limite e continuidade © teorema seguinte permite dofinir limite de uma funco em termos de limite de seqiiéncias, uma definigio equivalente Definigio 6.2, 6.10. Teorema. Uma condigdo necesséria ¢ suficiente para que wma fun- cio f com dominio D tenka limite L com a ~> a & que, para toda seqiiéncia In € D— {a},tq +a, se tenha fen) > L. Bm particular, f é continua num onto a s¢, € somente se, para toda seqiiéncia r € D(a}, tn + a, se tenha F(tm) > f(a): Comentario, O teorema afirma a equivaléncia de cas proposigaes Ae B, que si Proposigiio A: dado qualquer € > 0, existe § > 0 tal que x € Vi(a) 0 D => F(x) € Ve(L), Proposigiio B: tn € D— {a}, tn a= f(t) ~ L. Demonstragio. Vamos provar primeixo a parte mais facil. a condigio & necessétia, ou seja, A => B. Supomos, entao, que fz) > L com x — a. Seja tm € D— {a}, tq —+ a; devemos provar que f(tq) — L. Ora, dado qualquer > 0, existe d > 0 tal que x € Vj(a) 9D = f(z) € VelL). Com esse 5 > 0 determinamos N tal que n > N =} 2 € Vila); logo, n> N= fla) € Ve(L), «isso prova B. Provaremos em seguida que a condigao é sufciente, ou seja, que B= 4 Raciocinaremos por absurdo, provando que a negagio de A acarteta a negagio de B. Vamos escrever essas negagbes em detalhe, jé que elas sio freqiontemente ‘um tropeco para.o allno menos experiente Negacio de A: existe um ¢ > 0 tal que, qualquer que seja 6 > 0, sempre existe 2 € Vi(a) 9D com F(x) ¢ Ve(L). Negacio de B: existe uma seqiiéncia x, € D— {a}, ty —+ a, tal que fen) no converge para L- Como estamos negando A, existe um ¢ > 0 com o qual podemos tomar qualquer 6; tomemos entao toda uma seqiiéncia 4, = 1/n. Em correspon- dencia a cada um desses 5, escolhenos e fixanos um 2 € Vj,,(a) 9 D com Fle) £ Ve(E). Dessa manciea produzimos a negacio de B, como desejévamos, pois exibimos uma seqiiéncia 2 € D,ty # a, ty — a, tal que f(z) nao converge para L. Isso completa a demonstragio do teorema. © teorema que acabamos de demonstrar permite dedusir o Teorema 6.8 do Teorema 4.8 (p. 80). Por exemplo, suponclo que f(x) e g(x) tenham limites 6.2,_Limite e continuidade 147 Pe G, respectivamente, com x — a, vamos provar que 0 limite do produto € 0 produto dos limites. Seja z_ € D— {a} uma seaiiéncia convergindo para a. Entio, pela hipdtese do Teorema 6.8, fan) + F ¢ g(tn) > Gi e, pelo ‘Teorema 4.8, f(en)9(n) > FG, donde o Teorema 6.10 nos leva a coneluir que F(x)a(x) + FG, que €0 item c) do Teorema 6.8, 6.11. Coroldrio. Uma condicado necessdria ¢ suficiente para que uma fungao f com dominio D tenha mite com x + a € que f(tq) tenha limite, qualquer que seja a seqiiéncia iin € D = {a},%q a. Demonstragéo. ‘Tendo em conta o Teorema 6.10, a iinica coisa que deve- mos provar é que o limite de /(2;,) € 0 mesmo, qualquer que seja a seqiiencia 2_ D~ {a}, 2 +a, Em outras palavras, basta provar que se tivermos duas seqiiéncias, rq € D— {a}, 2 — a€ ti, € D— {a}, Yn >a, entdo fan) € f(Yn) tém o mesmo limite, Sejam L’ e L" esses limites, respectivamente. Devemos mostrar que I=L". Pormemes a seqiiéncia (i), onde 22 = 7% © 224-1 = Ue E claro que 2, — a (lxercicio 3 da p. 83), logo, f(2q) converge para um certo imero L. Mas f(2n) € f(y) sio subsegiéneias de f(zq), logo convergem para mesmo limite L, donde L’= 1" = L, como queriamas demonstrat. 6.12, Teorema (critério de convergéncia de Cauchy). Uma condigao necessdria ¢ suficiente para que uma funedo f(x) com dominio D tenka limite com +a é que, dado qualquer > 0, exista 6 >0 tal que +t, ye Vs(a) 1D = |f(x) ~ Fly)| 0, existe N tal que nym > N= |f(en) — f(tm)] <<. elo eritério de convergéncia de Cauchy para seqiiéneias (Teorema 4.25, p. 97) segue-se que f(q) converge; e pelo Corolério 6.11, concluimos que (2) tem limite, como queriamos provar. Deixamos ao letor a. tarefa de provar que a condigio & necesséria, que é a parte mais [cil 6.13, Teorema (continuidade da fungéo composta). Sejam f ¢ 9 Jungdes com dominios Dye Dy respectivamente, com g(Dj) © Dy. Seg € ‘continua em xy e f° continua em up = g(a), entdo h(x) = f{g(2)) € continua 143__Capitulo 6: Fungies, limite e continuidade Demonstragao. Pela continuidade da funcao f, dado qualquer e > 0, existe > 0 tal que ¥ € Vir(uo) 1 Dy = |f(u) ~ Fly) 0 em correspondéncia a8! tal que © € Vs(a0) Dy + |g(z) g(z0)| <6 E claro entio que © EV(B)NDy = [F(9(z)) — Flo(z0))| Vente 2 © X tal que x € Va). 2, Prove que o limite de uma Fungo, quando existe, 6 ine. 5. Verifique que a fangiio de Disichlet, f(z) = 1 s0 2 6 racional e f(z) = 0 se 26 inracional, pode ser expressa como ‘F(e) = fin [fin (cos mtr)". 4, Dé exemplo de uma fungio J que seja descontioua para todo 2, enquanto 7] sja ‘sempre conti, 5. Prove que a funcao f(x) = + para ¢ racional € f(x) = —x para 2 Lrracional 36 & continua em x =0, mas |f(¢)| & continua para todo =. 6. Prove, diretamente da Definicio 6.2, que f(e) = 1/x € contima em todo 0 seu dominio x £0. 7. Prove que Zé uma fangio continua em seu dominio x > O. 8, Prove, diretamente da Definigéo 6.2, que'f(2) = 22 é uma fungio continua em todo © seu dominio. 9, Prove gue a fungio /(2) =sen(1/2) nio ten limite com x ~ 0. 20. Prove que a fancio f(2) =1 se 2 >0.e 1 sez <0 nao tem limite com 2 —> 0. 11. Prove o Teorema 6.8 utilizando 0 Teorema 6.10. 2, Limite ¢ continuidade 149 12. Prove os trés primeiros itens do Teorema 6.8 diretamente, sem utilizar o ‘Teorema 6.10, 13. Dadas duas fungies contimnas f € 9, prove que max{f, g} © min{f, 9} também so continuns. A, Prove, dicetamente da Definiglo 6.2, que Ti — 15, Prove, dietamente da Definigio 62, que hin 16. Prove que umn polinomio é uma fungio continua em todo ponto + ~ a, 0 mesmo sendo verdade da quociente de dois polindmios, nos pontos que nfo anulam © denominador. 17. (Critério de confronto ou da fungio intercalada.) Sejsm fg k txésfungies com 0 mesmo dominio D, sendo f(z) < o(2) < h(e). Prove que se (2) e h(a) tém 6 mesmo limite L-com +, entao g(2) taunbém tem limite L com 18, Prove que se f(z) é continaa em =a. {(2) 2 0, eto o(2} = V/F(a) € continua 19. Sejam f uma fungéo com dominio D, B.C D e a um ponto de acumulagio de E. Prove que se f(z) ~ Loom 1 — a em D, o mesmo ¢ verdade com z — a em E Dé um contr-exemplo, mostrand que ma fangio pode ter limite quando resrita um sub-dominio £ de D'e ndo ter limite em seu dominio D. 20, Seja f uma fungio continua em toda a reta, que se anula noe racionaia. Prove que {F€ identicamente nula. Prove, em geral, que toda fungio continua num domiaio 'D, que sea mula num subeonjunto deneo de D, é wlenticamente nla Sugestdes e solugdes 2. Deve.se provar que é impossivel haver dois limites distintos Le I’. Veja o Exercicio 5 da p. 83, 6. Sendo a #0, [fle) fla}] ‘Com [2] > fal/2, Ise) ~ Fal] < fa?) la ~ al. Dado qualquer © > 0, basta tomar 6 igual ao menor dos mimeros a2e/2 e |al/2 (esta iltima condigio & necesséria para garantic |x| > [al/2. Prove isto também.) para termos | ~ a < 5 = If(z) ~ fla)] <«. 7. Obsorve que, sondo a > 0, je-al _ [e~al vet ya” Va Portanto, dado © > 0, basta tomar 5 = evi para satisfazer a condigio (6.8). 0 caso a = 0 6 mais simples ainda: YF O tal que f(en) niio convirja, seja construinda duns seqiiéncias £5 +0 € Yq > O tals que f(n) © (a) tenham linites distintos, Outeo modo seria usar a desigualdade do trigngulo para ‘mostrar que a Definicao 6.2 € violada com ui € <2 Proceda como no exercicio anterior. © procedimento 6 anélogo 90 da demonstracéo do Teorema 4.8 da p. 80. Veja o Bxercicio 16 da p. 139. EE preciso provar que pode-se fazer — 5 _ 1 om médulo menor que qualquer ¢ > 0 prescrito, fazendo fr ~ 6] < 5. Ora, z- oH ‘Como o x vai estar numa viginhanga 5 de 6, podemos supor § < 1, garantindo J—1] > 4. Faga uma figura para ver que deve ser assim, embora tal fato precise ser provaro. F para isto usamos a desigualdade do triangulo, assim: 1 = [le 6) +5] > 5—|e—6]> 5-3 >5— 4 e—5| tl 7 Isto seré menor do que € se fizermos |x ~ 6 < 4e, donde se ve que 5 deve ser 0 menor dos nvimeros de @ 1 (© procedimento ¢ andlogo a0 do exereicio anterior. Bases dois exercicios serven para ilustrar a eficécia do Teotema 6.8, mediante o qual os resultados pedidos nos Exercicios 5, 10 e 11 dispensamn todo ease trabalho de provar ditetamente da Aefinigio de limite Use repetidamente o Teorema 6.8. Como contra-exemplo considere a fngio f(z) = sen(1/r), que ndo tem Limite com 2 +0, Tome, por exemplo, D’ = {I/nr, n=1,2,3 6.3. Limites laterais ¢ fungies monétonas 151 6.3 Limites laterais e fungdes monétonas AAs definigBes de limite ¢ eontimuidade so gerais ¢ abrangem também os casos chamados limites 4 direita e @ esquerda, bem como continuidade @ direita e continuidade @ esquerda. Bassas nogdes surgem quando lidamos com wma funci0 Ff eujo dominio s6 tenba pontos & direita on A esquerda, respectivamente, do onto «© = a, onde desejamos considerar o limite. Por exemplo, a fungi y = Vz tem dominio x > 0; podemos considerar seu limite com 2 —+ 0 segundo 2 definigao dada, porém isso resultara numa aproximagio de sr = 0 somente por valores positivos. Daf escrevermos, para enfatizar esse fato, “x > O-+” Igualmente, o limite de 2 com x — 0, sera um limite com “x +0" De um modo geral, endo f uma fungio cujo dominio D s6 contenha, pontos Aaditeita de um ponto x = a, que seja ponto de acumulagao de D, entlo o limite de f(z) com a — a, se exist, seré um limite a direita, Ao contratio, se D s6 contiver pontos a esquerda de x = a, 0 limite de f(x) com x ~> a, se existir, ord um limite @ esquerda. Bsses limites sio indicados com os simbolos im, f(@) ou fle+) elim fle) ou fla), respectivamente. Diz-se que f € continua 4 direita (resp. 4 esquerda) em x = a se f esta definida nesse ponto, onde seu limite A direita (resp, A esquerda) é i) Se o dominio de J contiver pontos & diteta e a esquerda de 2 = a, devemos restringir ese dominio aos pontos # > a ot 2 < a para considerarmos sous limites dteita ea exquerda respectivamente. Evidentemente, para que isso se) possivel é preciso que 2 = a seja ponto de acumulagio dos dominios restritos, Diremos que # = 0. ponto de acumulagdo d dire do dominio D se ele 6 ponta de scumulagio do dominio restrito a valores © > a; e ponto de acumulagéo & esquerda se & ponto de acumulagio do dominio restrito a valores « Oe a -1se x <0 tem Hnaies laterais em 0: 40+) Lim = aR i ‘esquenda nesse mesmo ponto se pusermos f(0 © teorema que consideramos a seguir é um resultado fundamental na teo- via das fungbes monétonas, 0 anélogo do Teorema 4.12 (p. 85) para seqiiéncias mondtonas. Foi para demonstrar esse teorema que Dedekind sentiu necessidade de uma fundamentagio addequada dos niineros reas. 152__Capitulo 6:_Fungées, limite e continuidade: 6.14. Teorema. Seja f uma fungio monétona ¢ timitada, definida mum intervalo I, do qual x =a € ponto de acumulagao a esquerda ow & directa. Entdo f(e) tem@imite com x a~ ou 2 + a+, respectivamente, Demonstragiéo, Suponhamos, para fixar as idéias, que f seja funeio mio decrescente © = a seja ponto de acumulagio A esquerda. Neste caso, basta supor que f seja limitada superiormente. Seja Zo supremo dos valores de f(2), para todo x © I, x 0, existe 5 > 0 tal. que L—e< f(a—6) < L. Mas f & nao decrescente, de sorte que f(e 6) < f(@) paraa-5<2e2el; logo, 2ela—s 0, Uma semi-reta do tipo > k é, por assim dizer, uma “visinbanca de +00". Analogamente, « < k, qualquer que seja k, em particular & <0, 6 uma “viginhanga de —0”, ‘As definigdes seguintes so bastante naturais e dispensam maiores coments ios, 6.16. Definighes. Seja f uma fungao com dominio D e seja a wm ponto de acurmulagda de D. Diz-se que f(x) tende a-+oo come +a se, dado qualguer riimero k > 0, existe 5 > 0 tal que 2 € Vj(a)MD = f(x) > k. De modo andtogo, diz-se que f(a) tende a ~20 com 2 —» a se, dado qualyuer k > 0, existe 5 > 0 tal que x € Vjla)M D = f(x) <—k. Indicam-se esses limites, respectivamente, com os simbolos lim f(x) = too elim f(e 5.3._Limites laterais e fungdes mondtonas 153. Supontarnos agora que D sejailimstado superiormente, Diz que f(a) tem limite L com 2 — +00 se, dado qualquer £ > 0, eriste um mimero k > 0 fal que x € D, 2 > k= |flz)—L 0, existe um mimero k > 0 tal quer € D, x < —k = |f(z)—L| 00, do Teorema 6.14, © a demonstracio também & anéloga. No caso a) suponhamos que f seja no ‘rescente, bastando entdo supor que j seja limitada inferiormente. Seja Ao {nfimo de seus valores f(z). Entao, dado qualquer ¢ > 0, existe & > 0 tal que AS f(K) < A+2, Como f € nao-crescente, 2 > k > f(x) < f(k), logo > AS f(t) < A+; isso conch a demonstragiio no caso considlerado. Deixamos ao leitor a tatefa de terminar a demonstragao nos demais casos. Para o préximo teorema notemos que aproxiinagées laterais, consideradas nna secio anterior, ocorrem também com 0s valores de uma fango, ¢ néo apenas de sua variével independente. Isso pode ser ilustraclo em exemplos simples como estes: y VE =O; tim 2-2)" 05; tm, 154 Capitulo 6: Funcbes, limite e continuidade De um modo geral, f(x) —> L+ com « a significa: dado qualquer € > 0, existe 5 >0 tal que, sendo D 0 dominio de f, TEVilaND>L< fla) L- basta trocar as dltimas desigualdades por b-e 0+ com x — a, entio 1/f(@) + +00 com x — a; € se f(z) -+ 0- ‘com x > a, entéa 1/f(z) + —00 com x ~ a. Demonstragéo, Pela hipétese, dado qualquer k > 0, existe 5 > 0 tal que 2 E Vila) D0 < fx) < 1/k, portanto 1/f(2) > k, Isso prova a primeira parte. A segunda parte é andloga e fica a cargo do leitor. 6.19. Teorema. Suponhamos que f(z) > A e g(z) + B com x — +00. Entéo, com z+ +00, a) f(2) +9(2) A+B; b) sendo k constante, kf(2) > kA; ¢) f(e)9(a) > AB; d) {(@)/9(z} ~ A/B, desde que B #0. Este teorema é anlogo ao Teorema 6.8; a demonstragio também ¢ andloga e fica a cargo do leitor. 6.20. ‘Teorema. a) Se f(x) > +00 coma + a, € se g(x) > k, entao J(a) + 92) + +00 com x + a. Atém disso, se k > 0, f(z)g(a) + +00 com A demonstragiio fica cargo do leitor. (0s teoremas acima so ilustragdes de virios resultados envolvendo limites no infinto ou limites infnitos, Deivamos ao leitor a tarefn de verifcar a validade de resultados andlogos,seja com a variévelincependente ou com os valores das fungoes tendendo a —0 Convém observar que muitos resultados validos para limites finitos no sio vélidos no caco de limites infintos, Por exemplo, se das fungaes tendem a +00, Sua diferenca pode ter limite +00, 00 an qualquer valor finito, Esse 6 um dos eagos de forma indeteritinada, do tipo co — 20, estudada no Cileulo. Outros tipos de formas indoterminadas si0 co/20, 0°, 1° e oo. Nao vamos nos detet nna consideragio dessas formas, por serem elas bastante estudadas no Céleulo 6.3,_Limites laterais e fungées mondtonas 155 As descontinuidades de uma fungio Do mesmo modo que s6 consideramos continuidade de uma funcio em pontos de acumulacdo de seu dominio, a nogao de descontinuidade sera igualnente considerada nesses pontos. Sendo um ponto de acumulagao do dominio D de uma fungio f, dizemos que f édescontinua em ¢ = a se, ou f nao tem limite com x a, ou esse limite existe e é diferente de f(a), on f nfo est definida em © = a, Analogamente definitnos descontinuidade a direita e descontinuidade & esquerda. De acordo com essa definigso, estamos admitindo que um ponto possa. ser descontinuidade de uma fungao, mesmo que ele nao pertenga ao dominio de f. A rigor, ndo deveria ser assim, s6 deveriamos admitir descontinuidades em pontos pertencentes ao dominio da fungio. Mas é natural considerar o que se passa nas proximidades de pontos de acumulagao do dominio de uma fungdo, mesmo que tais pontos nao pertencam ao dominio. Assim, as fungdes sen, 67) siio todas contfnuas em seus dominios (iguais a R — {0}); ¢, embora x = 0 nao pertenca a esse dominio, & natural considerar o que acontece com essas fungbes nando 2 tende a zero. Assim, 2 primelra das fungdes em (6.7) seria classificada como descontinua em x = 0 simplesmente por nao estar ai definida, pois tem limite 1 quando +0, Atribuindo-Ihe 0 valor 1 em x = 0, ela ficaré definida e ser’ continua ‘em toda a reta; por isso mesmo dizemos que esse tipo de descontinuidade removivel. (Faga o gréfico desta fumgio.) A segunda tem limites laterais dife- rentes com 2 — 0} ela seré continua a direita se pusermos f(0) = J © continua ’ esquerda se definirmos f(0) = —1. A tercsira fumgéo tende a $0 com 2 — 0 pela direita on pela esquerda, respectivamente. Pinabnente, a quarta fungio nao tem limite com x — 0. (Eshoce seu grifico,) Ndo hd, pois, como remover a escontinuidade, mesmo lateralmente, no caso das duas iltimas funcbes. ‘As descontinuidades de uma fungao costumam ser classificadas em ts tipos remouivel, de primeira espécie e dle segunda espécie. A descontinuidade re- ‘movfvelé aquela que pode ser eliminada por inna eonveniente definicao da funcio xno ponto consideraco, como no primeito exemplo de (6.7). Como se vé, ela em € bem uma descontinuidade, pois a fungio tem limite no ponto considerado, apenas nao esta adequadamente definida nesse ponto. A descontinuidade 6 de primeira espécie ou do tipo salto quando a func possui, no ponto considerado, limites & direita © & esquerda, mas esses limites sio distintos. 1B esse 0 caso da segunda fungio em (6.7). Finalmente, a descontinuidade é de segunda espécie ‘quando a fungi tende a sto0 no ponto considerado (texeeino exemplo em (6.7)), 156 Capitulo 6:_Fungdes, limite e continuidade (ou no tem limite nesse ponto (quarto exemplo em (6.7)). © teorema seguinte & um resultado interessante sobre as fungdes monétonas limitadas, 6.21. Teorema. Os pontos de descontinuidade de wma fungiio mondtona F mura intervalo I (limitado ou nda) s6 podem ser do tipo salto; ¢ formam um conjunto no mérimo enumerdvel Demonstrasiio. Que as descontimuidades 36 podem ser do tipo salto & ime- diato, pois a fungdo possui Lites laterais em eada pont. Seja Do conjunto dos pontos de descontinuidade da fumcao, a qual supo- ‘mos ser nao-deorescente. Inicialmente supomos também que T seja umn intervalo fechado (a, 6}. Se 21, 224...» (1 <2 < ... < tq) so pontos de descon- tinuidade nesse intervalo, entio #(a) S F(ar-), Fei) - Ft) 20, © fleet) < f(b), Assim, os saltos de f nos pontos 2, definidos como sendo! spl) = flat) — fle), slo tais que Sespled = (Fler) + fet) + Fe) + fleet) + + [-flta-) + feat) = Her) — SF yrtwinn-) — Herc) + Hew) S Fleet) — F(er-) < £6) — fla). Isso prova que para todo inteiro m > 0 s6 pode haver um niimero finito de ppontas de descontinuidade em (a, 6] onde s)(r:) > 1/m; em outras palavras, 0 conjunto Dy, = {a € [a, 8]: s;(2) > 1/m} é finito. Ora, qualquer ponto de descontinuidade da fungao em [a, bj esta num desses conjuntos Dry, cuja unio € oconjunto D de todos os pontos de descontimuidade em a, 6; portanto, esse Conjunto D é no maximo enumerével, pelo mesmo argumento usado para provar a enumerabilidade do conjunto dos mimeras racionais (p. 34). Isso completa a demonstragio no caso I = (a, 8] Se I for um intervalo aberto em pelo menos uma de suas extremidaudes e/ou A notacio [/(2] & também freqientemente wsada pars denotar 0 salto de f no ponto 2 pare que pose no set definida nesse ponto = fungdes monétonas_167 no limitado, pademos exprims-lo como uniiio enumeravel de intervalos fechados. Por exemplo, (a,b) =Upepla+ I/F, b- Va], (a, +00) = US2,[a+ L/h Js onde 7 € um néinero inteiro suficientemente grande para que [a+ 1/7, 6 ~ 1/r] ¢ [a +1/r, 7) continuem a ser intervalos. Em vista disso e do Teorema 2.1 da p. 34, chegamos & mesina couclusio de que o conjunto D é enumeravel © ccaso de uma fungo ndo-erescente é andlogo e fica por conta do Ieitor. Nos dois exemplos seguintes exibimos funedes nfo-decrescentes, com infinitos pontos, de descontinuidade, Figura 6.3, 6.22, Exemplo. Consideremos a seqiiéncia r = —L/n e seja f a fungi L fe)= Dae ‘onde o somatério, como se indica, estende-se a todos os indices mtais que ry < 2 Assim, F(e)=0 para e<—1; f()=1 para —1< 2 < 1/3} f(a) =14 1/4 para —1/2<2<—1/3; Fle) =141/4+1/9 para — 1/3 <2 < 1/45 © assim por diante. Como se vé, f & continua em todes os pontos « # ty € continua & esquerda em todos os pontos x = rn. Seu gréfico tem o aspecto indicado na Fig. 6.3. Deixamos ao leitor a tarefa de verificar, como exercicio, que fim f(@) f(y) para y> 0. (6.8) 158 Capitulo 6: _Fungoes, limite ¢ continuidade O leitor deve notar que fungées como essa podem ser construidas com qual- quer seqiiéncia crescente ry que tenha limite zero ou outto qualquer valor, © qualquer série convergente de termos positives Sa, pondo, simplesmente, fle) = on 6.23. Exemplo. Seja (r,) uma seqiiéncia densa na reta, por exemplo, uma seqiiéncia obtida pela enumerac3o dos mrimeros racionais, Vamos construir uma, fungao crescente e limitada, definida em toda a reta, e que tenha saltos em todos ‘esses niimeras ry, Para isco escrevemos 69) Como se vé, estamos somando sobre todas os indices n para os quis ry € menor do que 2. Como a série S/n? & convergente, 6 claro que a soma em (6.9) € convergente, E claro também que a fungio aqui definida é erescente, pois fu) ~s00) aoa ‘Deixamos para os exercicios a tarefa de verificar que S20) = tim. f(@) = 0, F490) = tim fo) =F, (6.10) a bem como a de provar que a fungio aqui definida 6 continua em todo x 4 rns é continua pela esquerda e descontinua pela direita em todo © = ra, onde seu salto ¢ 1/n?. O leitor deve deter-se num exame atento dessa fungao, tentar € verificar a impossibidade de construir seu gréfico, para bem entender que esti diante de um exemplo de fungdo que é interessante e bastante geral. Finalmente, cabe observar que esse é um exemplo extromo de funcio monstona descontinta, pois as descontinuidades da funcio jé formam um conjunto enumeravel e denso na reta, no sendo possivel, pelo teorema anterior, amplid-lo ainda mais. Exercicios 1. Faca as demonstragdos do Toorema 6.14 nos casos omitidas. 2. Demonstre o Teorems 6.15. 3. Defina cada uma das quatro expresses contidas emt litns-igs f(t) = toe. 6.3, Limites laterais e fungées monétonas 159 4. Faga 8 demonstragéo do Teorema 6.17 nos casos omits. 5. Faga a demonstragio da segunda parte do Teorema 6.18. 6, Demonstze 08 Tooremas 6.19 e 6.20 7, Supooha que f(¢) —+ +20 € gle) — B com x + a. Prove que f(2)g(#) > +90 s€ B> Oe f(zigla) +90 80 B <0. = ta 422-9 $00 com 2 = 00. 8. Prove que f( n P14. hare ag fende n +00 com 9. Prove que todo polindmio pf) = 2" bay-a"14... baz a0 t om 7 > -b0o 6 n for par; © se n for impar, p(z) tende a —co com x —+ ~00 € & + ‘com z+ Hoe. 10, Estude os limites de wim potindmio pt) = an2” + Oyarzo ba + ao, tn Os com 2 ~ co. Mostre, em particular, no eas0 n impar, que se dy > 0, lim p(x) = oe com 4+ 4:00 (havendo correspondéncia de sinais); © se a <0, tim p(2 Foo com w+ 00. +1 24Tr i, +e ari ene 11. Prove que INR 9y 17: +00, 12, Dados os polinomivs (a) = a+. teittan © d(a) = bua +.thz tbo, onde ant # 0, este os limites de p(2)/a(z} com 2 — +00 ex —» “oe. Prove ‘que esses limites sd0 iguais a dq/By, 86 % =m; so ambos nolos se w m,n —mé par € dln > 0. Examine estas e todas as demais possibilidades 413. Seja J uma fungdo crescente ¢ limitada num intervalo (a, 5). Estabelega as de- sigualdades f(a) < f(a) < J(0-) 4. (Critério de convergéncia de Cauchy) Prove que uma condigho necessiria.¢ ee Cr sae qu nang f tena eft com 0 € ay dao qualquer £ > 0, exista & > 0 tal que 2 yoko |fle)—sull 4-00, logo, 6 maior do que qualquer £,0- le"|/2. 14, ‘Transfira o problema para ¢ = 0 com a transformacao ¢ = 1/. 15. Para provar a segunda das relagbes, referente ao limite com = — -bo0, devemos provar que, dado qualquer ¢ > 0, existe X tal que exeytoyd Da comvergéneia da série 371/n? sogne-se que existe N tal que essa soma, a partir den=N+1,6 X, a segunda soma na diferenga acima incu ores os termos cortespondentes ama lens logo, Sa. GA, Pungdes coutinuas em inlerals fechas _161 a fe+m-se= SO he te-te-me DS a7. Com a > 0, flow) — slew) = Be flew) - few A) = 6.4 Funcées contfnuas em intervalos fechados primeiro teorema que vamos demonstrar nesta seco, 0 assim chamado Teo rema do Valor Intermediério, tem uma visualizacio geométrica muito evidente. Em linguagem corrente ele afirma que o gréfico de uma funcéo continua definida num intervalo, ao passax de um lado a outro do eixo dos «, necessariamente tem. de cortar esse eixo. Até o final do século XVIIT esse resultado foi aceito como evi- dente, sem que ninguém pensasse em demoustré-lo, uma atitude muito de acordo, com 0 espitito da época. Foi Bolzano 0 prineiro matemtico a fazer uma ten- tativa séria de demonstrar esse teorema, de maneira puramente analitica, uum. trabalho de 1817, trabalho esse que mais tarde seria visto como um dos marcos prineipais do inicio do rigor na Anélise das primeiras décadas do século XIX. ‘Vamos apresentar esse teorema em sua versio mals geral, como enunciamos & seguir. 6.24, Teorema do Valor Intermediario. Seja f uma fungdo continua num inéervalo I = [a, 6], com f(a) # (8). Bntdo, dado qualquer mimero d compreendido entre f(a) ¢ f(b), existe € (a, 8) tal que f(c) =d. Bm outrus palavras, f(2) assume todos os valores compreeniidos entre fla) e §(B), com x variando em (a, 6) Demonstragéo, Vamos fazer a demonstragio supondo que f(a) < f(b). O aso oposto se redu a esta considerando a fangio o(z) = — f(x). Suporemos também que d = 0, notando que o caso geral se reduz a este para a funcio gfe) = f(x) ~d. Faromos a demonstragio pelo método de bissegio, como na demonstragio do ‘Teorema de (Bolzano: Weierstrass, p. 96). Seja !o comprimento de I. Comecamos dividindo esse intervalo ao meio, obtendo dois novos intervalos, digamos, (a, 7] ¢ [rH Se f(r) =0, 0 teorema estara demonstrado. Se f(r) > 0, escolhemos 0 intervalo (a, r]; e se f(r) <0, escolhemos o intervalo (r, 6). Em qualquer desses 162_Capitulo 6: FungGes, limite e continuidade dois casos, teremos um novo intervalo, que denotaremos f, = [a, bh] C I, de comprimento 1/2, e tal que f(a1) <0¢ f(bs) > 0. (O leitor deve usar lépis € Papel para acompanhar a demonstracdo.) Novamente dividimos este intervalo a0 meio e repetimos o procedimento anterior; com isso, ou encontramos uma raiz, de f(z) = 8, ou teremos um novo intervalo f = {a2, ba] C fi, de comprimento 1/4, com faz) <0-e f(bo) > 0. Prosseguindo assim, sucessivamente, ou esse processo termina com o encontro de uma raiz de f(¢) = 0, ou obtemos uma fauna (In) de intervalos encaixados, Jy = (a, Bn], de comprimento 1/2" e tal que f(22) < Oe f(b) > 0. Portanto, pelo teorema dos intervalos encaixados (Teorema 4.22, p. 95), a intersecio desses intervalos reduz-se a um tinico ponto 6 I, 0 qual é0 limite tanto de a como de by. Daqui, da continuidade de f, © do fato de ser fan) <0 < f(ba}, segue-se que > lim f(a) = F(e) = lim f (bo) > 05 donde, f(c) = 0, como queriamos demonstrat. ‘Guindos pela intuicdo, podemos ser levados a pensar que toda fungéo que ‘goze da propriedae do valor intermedirio seja.continna. No século XIX chegou- 8 mesmo a acreditar, erroneamente, nesse fato, como nos conta Lebesgue ta p. 196 de [7|. Um contra-exemplo & dado pela fungio f(r)=sen(1/2) sex #0, ¢ f(0) igual a qualquer valor do intervalo [—1, +1] (faga o gréfico desta fungio). Assim definida, f satisfac a propriedade do valor intermediario em qualquer intervalo [-a, al, mas nao é continua em « = 0, Neste exemplo a fungio s6 € descontinua ‘num tinioo ponto; entretanto, existem fungies descontinuas em todos os pontos © que, nao obstante, gozam da propriedade do valor intermediario em qualquer intervalo, como nos mostra Lebesuue. 6.25. Exemplo. 0 ‘Ieorema do Valor Intermediério tem importantes apli- cagées, tanto de natureza tedrica como pratica. Por exemplo, ele permite provar que todo polin6mio p(z) = 2" +a,12"""2-+...+a:r-+ap, de grau impar, tem pelo menos uma raiz real, Para isso lembramos Exercicia 8 atrés, segundo © qual p(z) muda de sinal com « passando de uma certa vizinhanga de —00 a uma vizinhanga de +00. Mais precisamente, existem vizinhangas V. de —o0 e Vj, de +00, tais que p(z) é negativo em V_ e positivo em V,. Em conseqiiéncia, existein niimeros a € V_, be V,, a <6, tais que pla) <0 < p(b). Daquie do teorema do valor intermedidrio sogue-se que existe c, a <¢ 0 tal que Ee Vs(c) + fle} —1< f(z) < fc} +1. Como | f(c) +1) < |f(C)| +1, isso significa que |f(2)| < |f(c)|+1 em Vs(c); por- tanto, f 6 limitada em Vs(c). Mas, sendo n suficientemente grande, Vs(6) > In, © que nos leva a um absurdo, pois f nao é limitada em Z,, Assim, temos de afastar a hipétese inieial ¢ concluir que f 6 limitada em Z. 6.27. Teorema. Toda fungdo continua num intervato limitado ¢ fechado I= {a, 6] assume valores mézimo € minima nesse intervalo Demonsiragéo. Seja f a referida funcio e seja M seu supremo em I, Racioci- nando por absurdo, suponhamos que |f(r)| f(x), 164 Capitulo 6: _FungGes, limite e continuidade ‘© que completa a demonstragao do teorema. Observacdes. As hipéteses de que o intervalo I seja limitado e fechado so essenciais. Veja estes contra-exemplos: f(z) = 1/x eom dominio 0 intervalo (G, 1] nao € limitada porque o dominio nao é fechado: a fungio f(x) = 2? nao 6 limitada em [1, 06) porque este dominio nio ¢ limitado. Por outro lado, uma fimedo pode assumir valores méximo e minimo mesmo ‘que seu dominio nio eeja limitado ow fechado. 6.28. Teorema, Seja f é uma funedo continua num intervalo limitado € fechado I = (a, 1]. Entdo (I) também é um intervalo limitado e fechado fra, M] (que pode se reduzir a um ponto), onde m © M sao 08 valores rainimo e radrimo, respectivaraente, da funcao f Demonstragao. Como f é continua, ela assume valores minimo e méximo em I, isto 6, existem pontos ¢ ¢ dem J, tais que f(e) = me f(d) = M. (Nan sabemos se ¢ -(A, B), pois (4, B) = Ulex, bal, onde (an) & (bn) so seqincias decrescente e erescente, respectivamente, a, — Ae b, > B. Isso prova ‘que J 6 um dos quatro intervalos de extremos A e B, isto é A, B), (A, B), (4, B) ou (4, Bi) Seja T um intervalo qualquer, contido no dominio da fungio fs ¢ seja J = £(1). Supomos que J no se reduza a um inieo ponto, quando nada temos « demonstrar. Entéo, dados quaisquer dois pontos distintos v1 ¢ y2 em J, eles sero imagens de pontos em [, digamos, 21 ¢ x2, com x 4 x9: ys = f(ar)e ty = fla). Para fixar as idéias, suponhamos 21 < 22. (O leitor deve verficar ‘qu a hipétese 2 f{[r1, z2]) > [yi, vol. Final- mente, dado qualquer intervalo fechado [a, 6] com A [yrs ve] > [a, B), como quetiamos provar. Como exemplos da situagio descrita no teorema, y = sen leva (0, 2r) em [-1, 1} (0, 80/2) em (-1, 1) y = ta(ae — 1/2) leva (0, 1) em (=00, 00); y= 1/(22 +1) leva (0, 00) em (0, 1] Veremos, & seguir, outro resultado importante, demonstrado como conse- aiiéncia do Teorema do Valor Intermediario, 6.30. Teorema. Toda funcdo f. continua e injetiva num intervalo I, é eres cente ou decrescente. Sua inversa g, definida em J = (I), também é continua. Demonstracio. Se f no fosse crescente ou decrescente, exisiriam mimeros ay, ra ¢ 25 em T tais que 11 < a2 < 23 ¢ f(e1) < fe) > f(2s), ov Fler) > flea) < fas). Na hipétese de ser flr) < fla) > flea), se (x3) > f(a) (faga um gréfico para acompanhar o racioefnio), pelo Teorema do Valor Intermedidrio, deveria existir um ntimero 2’ entre z; e 22 tal que F(a!) = flrs), contradizendo a injetividade de f;e se fosse f(s) < f(z), pelo ‘mesmo teorema, deveria existir 2’ entre x2 e x3 tal que f(t) = f(z"), novamente contradizendo a injetividade de , O raciocinio, no caso f(m) > f(t2) < f(z) Eandlogo. Concluimos, entao, que f € estritamente orescente ou decrescente, como queriamos provar. Quanto A fungdo inversa, 34 sabemos que ela tem 0 mesmo caréter de mo- notonicidade que a funcao f (Exercicio 5 da p. 138). Suponhamos, para fixar a ids, que f sejaestritamente crescente, de forma que g também é, Vamos provar que g € continua em qualquer valor 8 C.J = f(U}. Seia a = g(t), de sorte {ue f(a) = b. Se a for interior no intervalo f (faga umm gréfco para aconapankar 6 raciocinio), dado qualquer © > 0, seia 2” > 0, ef < ¢, tal que Vola) ¢ I. Ora, f{Va(a)) = (6 54, b+ da) C J. Seja agora 5 0 menor dentre fi € 52 , de sorte que (¥5(0)) C Vela) € Ve(a), « iss0 prova a continuidade da funcio 9 no pponto b. Uri raciocinio anlogo se apliea no caso em que b é um dos extremos {9 intervalo J. A demonstracio no caso de fungao estritamente decrescente 9 é também andloga ¢ fica a cargo do leitor teorema que acabamos de demonstrar € muito interessante, pois nos diz que as fancdes crescentes © as decrescentes so as sinieas fungoes continuas definidas em intervalos que sia invertivels. Isso nos leva, naturalmente, a. per- 166 Capitulo 6:_Funcées, limite e continuidade funtar: seré que sio essas as vinicas fungdes (definidas em intervalos) invertiveis? ‘A resposta 6 negativa, como vemos pelo seguinte contra-exemplo: seja f assim definida no intervalo T= [0, 1) : f(c) = x se z for racional e f(z) = 12 se a for itracional. Faga o grifico dessa fungi © verifique que ela ¢ invertivel, ‘mas no € mondtona em qualquer subintervalo de I; em conseqiiéncia, nio ¢ continua em seu dominio, apenas no ponto x = 1/2 (Bxereicio 17 adiante). O método de biseecio utilizado na demonstracio dos Teoremas 6.24 © 6.26 € muito stil para implementar esquemas numéricos de computagio, Com uma simples caleuladora cientifica 6 possivel caleulae raizes polinomiais com boas aproximacdes. (Veja 0 Exereitio 2 adiante.) Exercicios 1, Faca a demonstragio do Teotema 6.24 uo caso f(a) > f(0) 2. Prove que a equario a4 +10r° — 8 = 0 tem pelo menos duas raizes reais. Use uma caleuladora cientfica para determinar uma deseas raizes eom apraximagsia de dias casas decimais 8. Prove que um polinémio de grau impar tem um nimero fmpar de raiees reais, contanda as multiplicidades, 4, Prove quo se n 6 par, p(x) = 2" 4 aqi2™! 4... + aye-+ ay assume um valor rinimo m. Bm conseqiéicia, prove que p(x) = @ tem pelo menos daas solugées dlstintas se @ > m e nephurna se a 0 possui raizes quadradas, uma positiva e outra nega- tiva 7. Prove que todo miimero a > 0 possui uma raiz n-ésima positiva; ¢ se n for par, possuied tarobéin uma rai résima negativa, Seja f wma fungdo continua num intervalo, onde ela é sempre diferente de zero Prove que f 6 sempre positiva ou sempre negativa, 9 Sejam f © g fanedes continuas num intervalo fa, i, tals que f(a ‘9(0). Prove que existe um némero c entre a e b, tal que f(c) _tifico para entender bem o que se passa < ala) © KO) > g{c). Faga um 10. Seja f uma fangs continua no intervalo [0,1], com valores nesse mesmo interval. Prove que existe c € [0, 1] tal que f(c) =. Interprete este resultado geometrica- ‘mente, 11, Nas mesmas hipéteses do exereicio anterior, prove que existe © € (0, 1) tal que J(c) = 16 Interprete este resultado geometricamente. 6.4, Fungées continnas em intervalos fechados _167 ee ” eas nimero cc € [0, 1/2) tal que f(c) = f(e + 1/2). Este ‘exercicio tem. te eam neretsaiter se j erent tempera num reer uate no lng de qanguer cnr fecada ples che ampere Se cue ohn tre erent ith 2 1080 ee earn cry pont, o eldest sion existe sein Jee 1 onde a fompertare tan o mesmo aon . a 14. Sejam f © g fungbes erescentes num intervalo £, onde f(a) < g(#). Prove que F-(y) = My) para todo y € (1) 0 9(0). eee ee een fl) am betes Sugesties 2. Lembre-se de que quando um polinémio com coeficientes reais tiver uma raiz com Vox, ele terd também 4 complexa conjugada como rai. Verifique que hi ume eee eee ermine ca ate plo método de bean a = > (x) = 2? é tal que 6. Supontiamos a # 1, j& que 0 caso a= 16 trivial. Se a> 1, f(z) Fld) = Fe): logo, plo teorema do valor intermedin existe uma nero ete Le Se ee Va tal que Hoya) = a. Sea< 5, f(1) > a> f(a), e novanent chiste un niimero y/@ entre ae 1 tal que f(/a) =a. Bo caso de raiz negativa’ on f(t) = 1 10, Considere a fungao g(x) = f(z) ~ 2, se j4 no for f(0) LL, Use © Exereicio 9 com g{2) =1 2 12, Considere a fungio g(x) = f(a) ~ f(e + 1/2) no intervalo (0, 1/2}

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