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a AS BASES PARA UMA ABORDAGEM MATERIALISTA E DIALETICA DAS INTERAGOES ESPACIAIS Marcio Rogério Silveira Professor do Departamento de Geociéncia da Universidade Federal de Santa Catarina ~ UFSC marcioourinhos@gmail.com Rodrigo Giraldi Cocco Mestre pela UNESP, Campus de Presidente Prudente/SP rodrigogiraldi83@yahoo.com.br RESUMO teor da atual produedo cientifica em Geografia tem refletido uma preocupago cada vez maior com os fendmenos que envolvem os transportes, fato demonstrado pela utilizagdo de conceitos ¢ express6es que buscam retratar 0 movimento da matéria que compde o espago geogrifico. E 0 caso de conceitos como fluxos, mobilidade, acessibilidade, redes e interagdes espaciais. No entanto, ao retomar 0 uso da nogao de interagbes espaciais, sem a preocupaggo de atualizar esta nogdo segundo uma visio critica, gera-se uma confuséo entre a mesma e 03 coneeitos de fluxo e deslocamento, Ao fazé-lo, reduz-se 0 alcance das interagdes espaciais e sua aderéncia as idéias de espago enquanto instncia social, o qual nto pode existir sem que haja lagos entre as formacdes materiais, entre osobjetos geogrdficos socialmente produzidos que silo participes destes processos. Uma visio sob a luz das categorias da dialética materialista possibilita uma reconstruego desta nogo e uma melhor ligagdo & concepgao dialética de espago geogrifico. Propicia também o entendimento nao apenas da transformagdo dos fenémenos, mas igualmente das esséncias internas aos objetos geogrificos que compdem o espaco. Palavras chave: Transportes, Interagdes Espaciais, Mobilidade, Acessibilidade, Desenvolvimento. INTRODUCAO Embora tenha sido de inelutavel importancia em determinado momento do desenvolvimento do conhecimento cientifico, a insuficiéncia da nogdo quantitativista de interagbes espaciais em face As novas dindmicas que se manifestam na produgao do espago geogrifico € notéria, exigindo um esforgo no sentido de repensar seu contetido, Esta limitag&o se refere ao trato da interagéio enquanto mero deslocamento, o qual é visivel nos textos de autores como Watson (1974), Zipf(1949),Reilly (1931), entre outrosrepresentantes do quantitativismo, A organicidade cada vez maior que se estabelece entre os fluxos e os fixos, bem como a velocidade vertiginosa das transformagdes espaciais — embora, por vezes seja “desacelerada”, entrando em contradigfio com as permanéneias associadas a Formagdes Sécio-Espaciais pretéritas — vem reconduzindo as discussBes acerca dosespacos regionais, do espaco da cidade e do préprio espago nacional, na medida em que a busea incessante pela fluidez se toma um paradigma para as diferentes escalas de poderque organizam 0 espago geogréfico.Tais contextos sto fruto de uma cada vez mais intensa fragmentagdo da cidade por um lado e uma complexa Divisio Temtitorial do Trabalho por outro, quando se trata da rede urbana regional, fato que desafia o planejamento regional eurbano, bem como as politicas de desenvolvimento econémico. Estes e outros problemas atinentes a Geografia mostram a insuficiénciadas eBerdagens que resignam-se a um ou outro aspecto, isto é, a0 tratamento isolado dos transportes = eujo teor, nao raro exibe um matiz demasiado técnico, desconsiderando as contradiees inerentes 4 relaeao entre fixos e fluxos — ou ao tratamento isolado do problema do desenvolvimento espacial desigual e das desigualdades socioespaciais, reduzindo a importincia do movimento da matéria, isto é, dos fluxos de capital-mercadoria (mas também da mercadoria forga de trabalho, da mercadoria dinheiro, etc.) e sua relaedo com os fixos espaciais. O cendrio expostomostra as limitagdesda concepeao tradicional acerca da nogio deinteragdes espaciaispara 0 tratamento de problemas que envolvem os fluxos, os fixos ¢ as transformagdes espaciais, j4 que esta nogdo é tomadaenquanto mero deslocamento no espago, demonstrando a necessidade de uma reformulagdosob baseshist6ricas, materialisias ¢ dialéticas. ‘A dialética materialista, enquanto conjunto de leis e categorias explicativas da realidade objetiva deve ser o fio de Ariadne que conduz as cigncias particulares a correta elaboraglo de conceitos explicativos de seus objetos. Dentro de seu ferramental de categorias, algumas delas so mais visivelmente associdveis & idéia de interaeao espacial, como € 0 caso das categorias de “causa ¢ efeito” Neste caso, as categorias de “causa e eftito” — donde 2 causa das transformagdes gerais domundo material éa interacdode diferentes formagdes materiais — correspondem necessariamente & nogdo de interagao espacial, a qualtorna-se bastante cabivel quando se trata de refletir os fendmenos de transformagao do espago geogrdfico cuja igni¢do fora dada pelo transporte e seus fluxos. E revisitando o histérico desta nogio geografica e sua aplicacdo prética, bem como sua interface com outros conceitos e categorias que buscaremos lancar as possiveis bases para uma abordagem materialista e dialética das interagSes espaciais. MATERIAIS E METODOS. A elaboracio deste trabalho exigiu, sobretudo, um esforgo teérico no sentido de percorrer ‘um caminho coerente que desse conta de abarcar os principais elementos que compéem o histérico da nogio de interagGes espaciais. Para perfizé-lo, orientamo-nos, em parte, a partir da agenda de pesquisa sugerida por Roberto Lobato Cora (1997) em seu texto “Interacées Espaciais”, 0 qual langa as bases para um estudo mais aprofundado acerca do tema, destacando ja inicialmente que as interagdes espaciais no se reduzem a um “mero deslocamento”, sendo “parte integrante da existéncia (e reprodugao) e do processo de transformapao social (p.280)”. Neste caso, aprofundamo- nos nas idéias de Edward Ullman (1972), David Harvey (1982) e principalmente em Alexander Cheptulin (1982), cujo estudo fora sugerido por Corréa (1997) para o estudo da andlise materialisia das interagdes espaciais. A partir deste tiltimo autor abordamos uma discussio mais filoséfica ¢ conceitual acerca da relagtio entre a nogdo de interacdes espaciais ¢ a idéia de desenvolvimento enquanto transformagao dos diferentes aspectos ¢ formagdes de matéria direcionadas a patamares mais complexos superiores (Cheptulin, 1982). Para tanto, buscamos aludir a casos empiricos e que envolvem o transporte de passageiros, a transformago de usos da terra mediante os transportes, entre outros exemplos fruto de pesquisa empfricaParalelamente & evolugio da categoria e do conceit de interagdes espaciais, aludimos & evolugao do proprio conceito de espago geografico, Iangando mao dos textos de Milton Santos (2001, 2008). AS INTERACOES ESPACIAIS EO ESPACONO DESENVOLVIMENTO DO CONHECIMENTO CIENTIFICO E FILOSOFICO Para compreender a evolugdo da idéia de interagdo, devemos buscar as raizes das categorias de “causa ¢ efeito”, as quais remontam aos primeiros fildsofos, como ¢ o caso de Thales, para quem a causa do surgimento das coisas provinha doar, ou Heréctto, que atrbuta 2 fogo o surgimento e @ Para Aristételes, a do s reli tral rt eres (087 teeter gmat légica format'. Nesse mesmo contexto, encaixava-se a visto aristotélica de espago, concebido como um “lugar” ocupado pelas coisas”. © primeiro a confrontar 0 pensamento formal em suas assertivas foi Hegel, afirmando que causa € efeito esttio em interagdo, concebendo assim, a causa como uma “substéncia ativa” a agir sobre uma “substincia passiva” gerando transformagbes dialéticas(Cheptulin, 1982). Gragas interagdo, a causa ¢ o efeito passam um pelo outro (retro-efeito), transformando-os mutuamente, concepedo que supera o infinito errdneo da metafisica, segundo a qual cada fendmeno se origina de outro fenémeno a ele correspondente. Nao obstante tenha avangado em direpdo & concepedio marxista de causalidade (da interago como causa das coisas), o idealismo objetivo de Hegel (1962) limitara sua visio de espaco—a qual influenciara a visto de espago de Ratzel e Ritter ~ concebido nfo enquanto sujeito, mas enquanto predicado da “Idgia absoluta”, Semelhantemente, nas formulagdes de fildsofos como Berkeley Bergson — tributarios do idealismo subjetivo® — fora da consciéncia humana nao ha espago, sendo as coisas uma criaeao de nosso espirito (Santos, 2001), O kantismo, ao desenvolver a idéia de space-container vai nessa direg0, a0 apregoar que 0 espago € uma forma de intuigfo que o homem utiliza para abordar o mundo dos fenémenos, uma Tepresentagao a priori. Um mero reflexo*. Destaca-se que o pensamento de Kant, juntamente com Hegel (guardadas as devidas diferengas entre estes) influenciaria profundamente a concepso de espago dos fuundadores da Geografia, como Ritter’, Ratzel e mesmo Hettner, para os quais “o espago era uma forma de percepsio, de aproximagao com a realidade” (Santos, 2001). Vale ressaltar que embore 0 uso das teses de Kant objetivassem 0 combate ao determinismo, acabou por endossar tanto 0 possibilismo como seu adversdrio maior, dada proximidade do space-container kantiano com 0 void newtoniano (Santos, 2001). Com 0 advento da “New Geography”, a qual buscara a superagdo da Geografia Clissica, 0 espago mantém e reforga seu atributo de mero “contenedor”, a partir da aceitagdo acritica da visto newioniana. Nesse contexto, as interagdes espaciais passam a ser abordadas na Geografia, mais como uma rearo & nogdo “estitica” de espago, do que como uma intengfo consciente de superar seu vazio epistemolégico. Para 03 representantes desta abordagem, asinteragdes espaciaisszio representadas mediante modelos de gravitag4o, por analogia aos modelos da fisica newtoniana, enquantomeros deslocamentosno espago. As interagdes espaciais sob este viés so traduzidas como relagdes bidirecionais entre atividades econdmicas, em cujo entorno format-se-iam “campos de forga” que condicionam atragao, repulsdo, irradiago e cooperagao (Camagni, 2005). Estas premissas se prestaram a justificar a produgdia de modelos de gravitacdo, a pactir dos Quais seria possivel expressar de modo sintético o “principio” de interagdes espaciais pela A.esse respeito, Aristoteles cita quato tipos de causa: a material, a formal, a produtiva e a finalista, Como exerplo da primeira, tefamos o aliceree de uma casa; da segunda, o plano da casa; 0 trabalho do pedreiro seria 8 causa produtiva ¢ © objetivo do final da construsgo, a causa finalista (Cheptulin, 1982). Nesse caso, evidencia-se que as causas 40 atribuldas as coisas. * Vises semelhantes sio expressas por fil6sofos gregos antigas como Demécrito e Archytas de Terente, para os quais 0 ¢esparo era uma *imensa caixa” na qual as coisas e acomodavan, “0 idealismo subjetivo eré que toda a existéncia esté em funeo da consciéncia humana, ou seja, as coisas nfo existem fora da consciéncia. Diversamentz, 0 idealismo objetivo (Hegel) concebe a existéncia objetiva das coisas, desde que griginadas dos desdobramentos da idéia absoluta (Cheptulin, 1982), i * Também para W. E. Moore (1963 p. 8), “o especo é passivo em relago a0 comportamento humano. um mero reflexo da sociedado”. Tanto para est autor como para Kant, 0 espaco nao é considerado una instincia social dotada de relativa autonomia ¢ esté em fungio das outras instincias (da economia, da politica etc). Essa visio é uma heranga de Kant, Newton e do positivism, a qual contaminon inclusive parte dos teéricos marxistas (Santos, 2001) * No tocante as influéncias entre autores, S. Mehedini (1901) citado Por Milton Santos (2001), expée que enquantoRitter fol influenciado pela visto kantiana, Humboldt teria sido pelos principios de Auguste Comnte, AAmbos teriam, posteriormente, indluenciado na visto de espago de La Blache e Jean Branhes entre outros = mensuracfio empirica dos fluxos®. Entretanto, vale ressaltar que a derivag&o destes modelos a partir da simples analogia do modelo newtoniano da gravitagio universal pJe sérias dividas sobre a confiabilidade dos modelos quando aplicados 20 espaco geogrifico(Camagni, 2005).Nota-se, por exemplo, que a aplicagao destas premissas com relagdo aos problemas de transporte — e, sobretudo, transportes urbanos — se deram com vistas A formulaggo de modelos de alocagto de trifego, projesio de demandas furturas, etc., concebendo o problema da circulaeao como sendo uma questo meramente “técnica” e que deveria ser solucionada a partir de ferramentas supostamente “neutras’ do ponto de vista politico. HA, entretanto algumas diferengas com relagio a estas discussées, como é 0 caso da proposta de E. Ullman (1974), 0 qual ancora a nogao de interagdes espaciais a trés prinefpios basicos: a complementaridade, a distancia e as oportunidades interpostas, fundamentando-se um pouco mais na realidade geogréfica, berm como em condicionantes hist6ricas. UlIman(1974) trata as interagBes espaciais enquanto fluxos mobilizados a partir da diferenciagdo de dreas, as quais, pot seu tumo, refletem as diferenciagdes produtivas geradas entre diferentes espagos devido a certo isolamento dos mesmos a partir de barreiras geogrificas’. Ressalta-se que a esséncia deste conceito —que fora desenvolvido e utilizado por Hartshome (1978) — provém dos estudos de Karl Richthofen sobre os pontos de vista de Humboldt e Ritter (Hartshome, 1978). E interessante notar que apesar de pouco contato com o marxismo, Ullman ja atestava em seus textos o carter transformador das interaedes espaciais, o qual, em certa medida, transparecia em seus estudos. Entretanto, o teor da nocdo de interacdes espaciais ainda mantivera sua identificago com 0 deslocamento, o fluxo de matéria, fato que é visivel ainda nos dias de hoje quando nos deparamos com trabalhos que utilizam esta expresso. Assim, paraque haja de fato uma superacao da identificago entre interag4o ¢ fluxo como sendo sinénimos é necessdrio superar a légica formal na qual esta fora concebida, buscando uma abordagem mais dialética tanto das interagSes espaciais como do espaco geografico. INTERAGOES ESPACIAIS, ESPACO GEOGRAFICO E AS CATEGORIAS DA DIALETICA MATERIALISTA Diante da insuficitneia das formulacdes apresentadas, parece-nos mais realista a visio Gialética e materialista acerca das interacdes espaciais, a qual é inseparével do conceito de espago geogrifico®, Para o materialismo dialéticoé a interagao entre dois ou mais corpos, ou entre aspectos de um mesmo corpo — enquanto elemento das categorias “causa e efeito” — a causa das transformagées nos corpos ¢ do surgimento de novas formagdes materiais, enquanto o “efeito” corresponde exatamente a estas transformagdes e novas formagdes da matéria oriundas das interagdes (Cheptulin, 1982).A categoria “causa e efeito” ¢ as interagdes a ela associadas, sao indissociéveis da matéria, posto que a matéria se transforma através das interagdes que as formagées materiais estabelecem entre si, interagdes essas que dependem do fempo para efctuar as “Essa discusséio ¢ realizada por Roberto Camagni (2005) em sua Economia Urbana, explorando esta interpretago das interagdes espaciais, remontando pare isso a autores como E.G. Ravenstein (1885-1889), Zipf (1949), Reilly (1931), Wilson (1969) ¢ Stouffer (1940), entre outros. Nesta, o autor expressa a ftagilidade da nogto de interagSes espaciais, mas ndo aborda uma eltemativa para superar a contento esta visio. 74 expresso fora inicialmente cunhada por Car] Sauer em 1925, como “pardfrasc” do conceito de Geografia de Alfred Hettner (Hartshorne, 1978). Posteriormente, muitos gedgrafos ingleses e estadunidenses iriam empregar a expresso areal diferentiation, dada a melhor adequasto da mesma & lingua Ingles. penas formalmente é possivel separar conceito de interagbes espaciais do conceito de espago geogrifico, do ‘mesmo modo como nao é possivel fazé-lo com relaglo as categories matéria, espago e interagio. De modo esquizofrénico, muitos autores vinham utilizando uma expressdo de teor quentitativista de modo justapostoa concep¢o dialética de espago geogrifico sem quaisquer reformulagdes. ‘transformagSes. Nisto reside a indissociabilidade entre 0 espago” e 0 tempo no rol de categorias da dialética materialista, Por seu tuo, essa transformagio, esse desenvolvimento, 86 pode ocorrer pela interagdo de aspectos ou formagées que entram em contradi¢do'” apés extrapolarem seus aspectos quantitativos. Surgem daf, aspectos qualitativos novos, um novo fendmeno mais complexo e superior. Nos termos do conceito dialético de espaco geognifico, a categoria espago pode ser traduzida como uma realidade segunda (natura naturata) que nao se pode realizar sem as condigdes oferecidas pela realidade objetiva anterior (natura naturans), a qual, por sua vez, € incompleta e s6 se realiza plenamente com a manifestagio da realidade segunda, consoante as categorias exploradas por Spinoza e apresentadas por Santos (2001). Deste modo, ha uma natureza primeira cuja vocagao é tomar-se segunda, a qual, por sua vez, no pode se realizar sem a primeira natureza, que é sempre incompleia (Santos, 2001). Veja-se que esta definig&o de espaco geografico mostra-se alinhada com a categoria espaco da dialética materialista, também expondo o carter imanente existente entre espago, tempo'e movimento da matéria. Com efeito, ao abordarmos 0 espaco geogrdfico, essas categorias filoséficas so transpostas para outro plano, pois as formagées materiais das quais falamos, so os objetos geogréficos produzidos socialmente e que estabelecem relagdes dialéticas com os objetos produzidos anteriormente ~ e, inclusive, com aqueles que os produzem (a forga de trabalho) — sob a égide de outro modo de produgo, ou outro momento de um mesmo modo de producgo (Santos, 2001). As mudangas qualitativas e quantitativas, neste caso, referem-se a0 acimulo de elementos quantitativos oriundos das interagdes espaciais(e seus fluxos) que deflagram em uma qualidade nova para o espago geogrifico e para seus produtores (as pessoas), mediante transformagdes da esséncia ou das formas dos objetos espaciais (salto qualitativo). Na realidade objetiva isto pode ser evidenciado, por exemplo, pelo efeito da constituigao de sistemas de transporte coletivo de qualidade, os quais, ao conferir mobilidade & populago para outras partes da cidade, isto ¢ as oportunidades de emprego, equipamentos de lazer, de aperfeigoamento pessoal, de equipamentos coletivos essenciais & sua reproducdo social, produzemefeitos positivos sobre 0 rompimento da reprodugio intergeracional da pobreza (DRAIBE, 1993).Trata-se, nesse caso, da valorizagio da forga de trabalho, cujas potencialidades séoampliadas, transformadas (CARCANHOLO, 2007), Hé, entretanto, resisténcias a estas interagdes espaciais, que corespondem a tentativa de negagko empreendida por estruturas “velhas” ~ por mugosidades —que permanecem no espaco, bem como por relagées capitalistas que visam a maximizagio da rentabilidade do business transporte coletivo. Por exemplo, as dificuldades em se implementar corredores exclusivos que aumentam a eficiéncia do transporte piblico, advém dos custos relativos as desapropriagdes necessétias 4 expansio do sistema vidrio, mas também das “contra-finalidades” cristalizadas no espago (sistema Vidrio demasiado estreito preexistente, que remonta a outros momentos do modo de produgo, da morfologia do espago urbano e suas edificagdes etc.). Resultam também da estrutura politica e social hegeménica e na forga dos segmentos médios e altos que na luta pelo controle da circulagZio pressionam o poder piiblico pelo aumento da fluidez: do automével e nfo do transporte por 6nibus Neste caso, os processos ¢ scus fluxos podem ter que se adaptar as velhas formas ou simplesmente criar novas formas necessétias & efetivasto do proceso * Quanto a categoria espago na dilética materialist da qual participa a categoria “causa ¢ efeito”, definime-la como “a coxtensio das formagGes materiais particulares e a relacdo entre cada uma delas com. as outras formagées materia”. O tempo — imnanente ao espaso—é “a duragfo da existéncia das formagOes materials ea relagdo de cada uma celas com as formagtes anteriores e posteriores” (Cheptulin, 1982). "Aled da unidade e da luta des contrérios, que corresponde 4 interagfio de elementos em unidade relativa, cujo sentido do desenvolvimento € contrério e que quando se tomam equivalentes determinam transformagdes que transtornam a esséncia das formagSes materiais. Mesmo em cidades de porte médio e modesta extens4o da malha urbana, como Marilia e Presidente Prudente, a auséncia de corredores exclusivos conduz o sistema de transporte piblico & ineficiéncia nos tempos de deslocamento, Estas se mostram nos deslocamentos case-trabalho entre subcentros comerciais, éreas industriais e bairros residenciais de trabalhadores, que ocorrem entre uma hora ¢ trinta minutos ou até duas horas em raziio da assincronia dos sistemas de integragio ocasionada pelos atrasos dos Gnibus no transito, fato que “desvaloriza” a fora de trabalho transportada. Por fim, no tocante A definigtio de espago enquanto conceito, vale salientar que este encerra em si nfo apenas a categoria mais ampla espaco da qual é tributéria, mas as préprias categorias e Ieis de base do movimento dialético da matéria, na medida em que no processo que expomos, hd uma “unidade relativa” e uma “uta absoluta” entre as novas formas e as velhas formas, haja vista que uma necesita da outra para se realizar, mas ao mesmo tempo, devem sobrepujar-se. Assim, 0 novo tende a neger 0 velho na sua busca por realizar-se enquanto 0 velho tenciona, pela resisténcia — pela inércia dindmica— a negar 0 novo, os novas fluxos e novas formas espaciais (lei da negagao da negagio). As interacdes espaciais manifestam-se como a expresstio dessa combinacao contraditéria entre 0 novo e 0 velho, efetuando 0 contato entre fixos ¢ fluxos.Este processo reflete a lei da unidade e da luta dos contrdrios no espago geografico, cuja causa finalis é 2 interagiio. INTERAGOES ESPACIAIS, DESENVOLVIMENTO E TRANSFORMACOES NO VALOR DO ESPACO Para refletir astransformacdesefetuadas a partir das interagbes, as quais conduzem as formagées materiais a um estagio superior, o malerialismo histérico dialético utiliza a categoria desenvolvimento, que nfo deve ser confundida com os diversos conceitos de desenvolvimento". Na Economia, por exemplo, Celso Furtado (1965) distingue o conceito de desenvolvimento do conceito de crescimento, enquanto Igndcio Rangel (2005)nto distingue, apregoando que a propria nogto de desenvolvimento encerra em si as contradigdes inerentes ao modo de produgao capitalista’”, A interacdo entre a produgio e o consumo, por exemplo, que s4o aspectos contrarios da sociedade capitalista, condiciona mudaneas incessantes nestes elementos, desenvolvendo-os. Na propria produg&o de bens — onde se dé a interapGo entre o trabalhador e 0 capital — os homens aperfeigoam-se, complexificando suas necessidades, para as quais — dialeticamente — a produgo deve se desenvolver e se modificar ainda mais (Cheptulin, 1982)'*.Vale ressaltar que a exploracdio da forga de trabalho pelo capitalista exige uma interagdo que ¢ espacial, pelo transporte dirio da forga de trabalho até os meios de produgo, sem a qual nfo pode haver extrago de mais-valia nem producdo de valor. “Enquanto categoria da dialética materialista, 0 desenvolvimento refere-se a0 processo no qual a matéria é conduzida de um estégio inferior a um estigio superior e mais complexo, consoante um movimento progressivo, ainda que este manifeste em alguns momentos, movimentos citculares (retomo ao estigio inicial do desenvolvimento da matéria) ou movimentos regressivos (desagregacdo da formagio social), isto é como condigdes do movimento progressivo geral (Cheptulin, 1982), refletindo a continuidade da descontinuidade no processo historico. Vale ressaltar que na interpretagio materialista e dialética da realidade, o movimento € absoluto, isto ¢ 08 processos de transformagio das formapdes materiais mediante interagbes sao 0 dado constante do mundo material, enquanto 0 repouso érelativo. *Sobre esse assunto nos diz Rangel (2005) que “As pessoas podem fazer uma idéia um pouco roméntica do desenvolvimento econémico, como se ele fosse um paraiso de establidade, bem estar e paz”, quando em verdade “Uma economia em desenvolvimente nfo resolve um problema sem criar outro ainda maior. Seltz inintenuptamente (Gialeticamente) de um desequilibrio a outro”. "Citando Cheptulin (1982, p. 231): “A interagio conduz & modificag#o dos compos ou aspectos em interagHo, assim como o aparecimento de novos fendmenos e & passagem de um estado qualitative a outro, Por exempio, a interayiin das Classes antagOnicas condiciona o aparecimento do Estado, a mucanga do sistema social e de estado e a passagem da sociedade de uma formactio s6cio-econdmica a outre” Para demonstrar um exemplo de transformagdo do espago geognifico, basta atentarmos para os efeitos das extensGes de linhas de transporte de passageiros, ofertando acessibilidade para subespagos onde tradicionalmente se verifica pouco acesso A cidade, como éreas rurais para uso de reereio, em geral mais distantes. Ao faz8-lo, propicia-se a transformacdo deste espaco pela modificagdo dos usos da terra, onde agora - gragas a possibilidade de deslocamentos didrios regulares ~ reforgam-se intengSes no sentido de utilizar o espago para moradia permanente. Assim sendo, a interagao em questo leva a um estado novo, qualitativamente mais complexo, que se manifesta como parte do espago geogréfico. Este exemplo fora concretamente evidenciado no municipio de Presidente Prudente, onde a extenso de linhas de transporte para as “Chacaras Arilenas” conduziu a fixago de moradores no local, revertendo em ainda maior necessidade de servigos e infraestruturas, Em outros termos, houve transformagao do espago, mas também de seu valorpelo trabalho de transporte. Deste modo, nao podemos reduzir as interagdes espaciais apenas aos fluxos, j4 que 2s interagdes espaciais demonstram um fendmeno mais amplo — que envolve fluxo ~ mas que promoye transformagao “dos espagos que interagem. No movimento de transformagao em direcZo a0 desenvolvimento, fluxos e fixos se complexificam, com as interagGes entre formagdes materiais se diversificando nesse movimento dialético’*.As interagSes espaciais so a expresstio dessa dialética, que comesponde ao fato de que os elementos fixos “fixados em cada lugar, permitem ages que modificam o préprio lugar, fluxos novos ou renovados que recriam as condigdes ambientais e as condigées sociais, e redefinem cada lugar (Santos, 2008 p. 62)", modificando no apenas o fendmeno (0 dado superficial da formagio material), mas a propria esséncia da formagao material, Por exemplo, o mero antincio da criagéo do Expresso Tiradentes em Sao Paulo, uma linha estrutural de énibus cuja eficiéncia é maior que as linhas convencionais, jé foi o suficiente para aumentar em 40% os precos dos iméveis do seu entorno. Trata-se de um caso clissico no qual 0 transporte “cria” o “ponto”, na medida em que gera novos padrées qualitativos para a acessibilidade, modificando 0 valor do espago. O fato paradoxal & que a0 fazé-lo, acabou por “expulsar” exatamente aqueles moradores que mais necessitavam desse tipo de infraestrutura de transporte, os quais passaram a morar nas areas mais periféricas e sujeitas a linhas de transporte pablico de menor nivel de servico. Nesse caso, evidencia-se que o caminho para uma aplicagio menos “genérica” das interapbes espacisis, eapaz de ir do fendmeno a esséncia, passa pela compreensao dos conceitos de mobilidade'? e acessibilidade"*, bem como exige o entendimento de que sio as transformagdes *Considerando estas premisss, fica clara a idéia de lizapHo indissolivel do espaco e do tempo com a matéria (0 todo) em movimento, uma vez que esta 36 pode se por em movimento quando encamada em suas formagdes matcrais partculares (a parte). Este movimento ndo se dé sem contradigdes, ao contrario, sé & possivel pela resolugo de contradigbes existentes entre formagbes maicrais, ou aspectos internos a uma formago material em inferaed0, na qual 1d negagao do velho, afirmacio do novo (primeira negagio), reafirmagao do velho sob novas bases e negacéo do novo precxistente (negagto da nega¢So) (Chepiulin, 1982). Este movimento € também espacial, na medida em que pode expressar a propria produgtio do espago e mais amplamente, a Formagdo Sécio-Espacial enquanto metaconceito da Geogratia ® Com relagio ao conceito de mobilidade, tratese do atributo da coisa ou da pessoa que 6 mével, que possui a faculdade de se deslocar diferencialmente segundo as capacidedes materais das quais dispée. Na geneclogia marxist, Rosa-Luxemburgo (1985), Jean Paul de Gaudemar (1977) e Lénin (1982) uilizam essa expresséo 20 referirem-se is migragGes motivadas por trabalho que sio mobilizadas pelo “araste” promovido pela mobilidade do capital. Hé ainda coutras abordagens. Na sociclogi, fla-se, por exemplo, em mobilidade social, quando nos referimos &circulagdo ou 20 movimento de idéias, de valores sociais ou de individvos de um seemento ou grupo social « outro (Bourdieu, 1984), cenquanto nas disciplinas que estucam o espaco urbano e adentram, portanto, a escala da cidade, refere-se & mobilidade wbana como a capacidade diferenciada dos individuos em se deslocar no esparo da cidade, isto ¢, trata-se da capacidade de circulagao de individuos e grupos sociais no espaco citadino em diversos contextos, reqiéncia e objetives (Sousa, 2003). Diz-se, por exemplo, que so pessoas com mobilidade urbana reduzida, as cadeirantes, os {dosos, os grupos de baixa renda, os desempregades et. ¥Com relagio & acessibilidade, trata-se de um atributo do espago produzido e que reflete a facilidade em se atingir os destinos desejados, podendo ser mensurada através do mimero ¢ da natureza dos destinos objetivados ¢ que podem ser i oriundas das variagdes nestas duas condicionantes que conduzem a variagdes no valor da terrae no valor das formagies materiais transportadas.Sdo a acessibilidade a mobilidade que possibilitam concretamente as interacdes espaciais. proprio Milton Santos (2008) nos deixa uma pista a respeito desta discussdo, a0 colocer que “os fluxos s4o um resultado direto ou indireto das agdes ¢ atravessam ou se instalam nos fixos, modificando a sua significagio e 0 seu valor”. Ora, a evolugao da qualidade ¢ da quantidade destes fluxos — para que possam efetuar um salio (categoria dos saltos) nos fixos e neles mesmos no ato da combinagio, deflagrando no desenvolvimento — depende tanto das condigées de mobilidade dos entes que se mobilizam, quanto da propicia acessibilidade ofertada pelo espago, consoante as infraestruturas que o compée. Com efeito, so os transportes que garantem a mobilidade — que compde as interagdes espaciais — e, portanto, a criagio, a transformacao e a transferéncia de valor que integram 0 movimento em diregao ao desenvolvimento. Para Marx (1983), 0 trabalho de transporte gera valor € mais-valia, na medida em que se cria uma transformaedo — ainda que intangivel ~ na mercadoria- servigo transporte'’. Para esta questiio, Marx (1983) demonstra em varios exemplos ao longo de toda sua obra, a existéncia de produtos “intangiveis”, ou seja, explicita que para ser produtivo, o trabalho nao necessariamente deve produzir uma mercadoria tangivel'*.Assim sendo, as atividades de transporte aumentam a riqueza-valor da sociedade ao transferirem valor do capital constante consumido (vefculos etc.) no transporte da mereadoria, além de adicionarem valor pelo trabalho de transporte, isto 6, pelo servico de transporte’? (Marx, 1970). ‘No caso da terra urbana, a disputa (relago entre a oferta, a procura e a capacidade de pagar pela. localizagao) pelo valor de uso acessibilidade, gera valores de troca diferenciados, produzindointeragdes espaciais mais dinfmicas entre determinados espacos, enquanto outros permanecem sob certa segregago, mais isolados do ponto de vista do acesso ao espago da cidade como um todo. ‘Assim sendo, a proviso de mobilidades e acessibilidades novas propiciam o reforgo das interagdes espaciais ¢ a transformagdo do valor dos espagos que dela participam, alcancados dentro de certo contexto urbano; pelos eustos incorridos no deslocamento € o tempo esperando, caminhando, efetuando baldeagio ¢ no préprio percurso dentro do veiculo, podendo refletir a caréncin de investimentos em infimestruturas exclusiva para transporte piblico, cuja-viabilidade -é~ comprometida~pelasexternalidades dos congestionamentos ou pelo czescimento anérquico do espago urbano (Vasconcellos, 2000). "Neste caso, Marx (1983) deixa claro’o cardter improdutivo das atividades de compra e venda, uma vez.que nela no hé quaisquer produtos novos, tangiveis ou intangiveis que so criados pelo trabalho. Na atividade comercial ha to somente a transferéncia de propriedade de um produto do vendedor para o comprador , sendo que seus lueros advém da panedo da mais-valia dos setores produtivos (Marx, 1983).Abstratamente é possfvel separar, em termos formais, capital produtivo industrial, capital produtivo de servigos e 05 capitais improdutivos de comércio de mercadorias e a juros, entretanto, uma coisa sto os formalismos categorizis e do leitor que as interpreta com uma visto formal, outra é a realidade objetiva, na qual empresas estritamente comerciais — enguadradas dentro do setor comercial ~ realizam tanto @ atividade improdutiva de transferéncia de propriedade (compra e venda), quaato atividades produtivas de estocagem, transporte, embalagem, etc. Assim, muitas atividades que 0 comerciante realiza nto sto comerciais, muito embora, a massa de seus Iucros advenha da atividade comercial (improdutiva) e da redugdo da massa de mais-valia dos setores produtivos (Carcanholo, 2007). Marx (1983, p. 325, L-IIl) coloca que “O capital comercial, despojado de todas as fungdes heterogéncas com ele relacionadas, como estocagem, expediglo, transporte (..) ¢ limitado 2 sua verdadeira fungdio de comprar e vender (assim e somente assim) nao eria valor e nem mais-valia” (Carcarholo, 2007) ™ Gontudo, hé dois momentos da obra de Marx que devem ser distinguidos: 1) Aquele que caracteriza o trabalho produtivo a partir dos aspectos comuns em qualquer época e sob quaisquermodos de producto, ou seja, que caracteriza ‘o trabalho do ponto de vista “eral” (nesse sentido o trabalho produtivo ¢ aquele que produz diretamente valores de uso) 2) Aquele que caracteriza o trabalho produtivo a partir do ponto de vista do processo de valorizagao capitalista e neste caso, ele deve ser subsumido pelo capital, receber deste um salério, gerar mais-valia et. Em tempo, é necessirio um esclarecimento: a atividade de transporte pode ser improdutiva, caso o transporte de ‘mercadorias no se refira eo transporte das mesmas até 0 local de consumo, mas sim se dé mediante interesses especuiativos, podendo, poruanio, reduzir a riqueza-valor da sociedad. Uin excuiplo disso € 0 do transporte de uma mercadoria de um espago “A” para “B” e posteriorments, na medida em que os pregos de “A” vio se tormando favoriveis, a mercadoria é novamente transportada ao espago “A” (Carcanholo, 2007) modificando com isso seus usos”.Por exemplo, quando o Estado dota determinado espago com uma eficiente infraestrutura para acessibilidade, ctiacondi¢des gerais de produgdo para o capital e de reprodu¢ao social ampliadapara a forga de trabalho (Topalov, 1979), as quaisviabilizam mobilidades por diferentes modos de transporte. CONCLUSAO A presente pesquisa demonstrou a imanéncia existente entre a nogdo geogtifica interagao espacial € a interag%io enquanto elemento de ligagto das categorias materialistas ¢ dialéticas de “causa ¢ efeito™, ou seja, enquanto causa primeira do surgimento de novas formagées materiais mediante o estabelecimento de lagos entre as mesmas. Ao evidenciarmos a importancia da nogfo de interagSes espaciais para o tratamento de discussGes relativas ao transporte, bem como sua relago com a visto dialética de espago geogrifico, buscamos aplicé-la de modo a superar 0 mainstreamna qual fora elaborada, ou seja, a viséo dominante que define a nogo como sendo um simples deslocamento mobilizado por forgas econdmicas centripetas. Essas conclus6es remetem a superacdo da ldgica formal na. qual se conceituara pela primeira vez as interagbes espaciais e sva substituigaio por uma légica ‘dialética, preconizando a existéncia de contradigdes ¢ do salto ininterrupto de uma contradi¢do a outra (Rangel, 2005) no processo de desenvolvimento do mundo material, Também concluimos qué as interagdes espaciais néo promovem transformagao e surgimento do novo apenas no fenémeno, mas igualmente, no quadro da esséncia dos fendmenos, 0 que, no contexto do modo de producdo capitalista, refere-se a transformagdes no valor dos objetos espaciais produzidos e do Pr6prio espago produzido, REFERENCIAS Bourdieu P.1984. La distincién, Madrid: Taurus, Camagni R. 2005. Economia Urbana Barcelona: Antoni Bosch. Carcanholo R.2007. A categoria marxista de trabalho produtivo. In: Proceedingsof Encontro Nacional da Sociedade Brasileira de Economia Politica, SEP, Séo Peulo. URL: <. Last accessed: dec 15,2009. 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Caso 0 Estado o faca, necessariamente haverd transformagio do espago plas interages que nele ovorrerio, Luxemburgo R. 1985.4 acumulagao do capital: contribuigdo ao estudo econémico do imperialismo. So Paulo: Nova Cultural Marx K. 2005.0 Capit Brasileira. tica da economia politica, 10. Ed. Rio de Janeiro: Civilizacao Marx K. 1983. O Capital: critica da economia politica. Sao Paulo: Difel. Rangel I. 200SObras reunidas. Rio de Janeiro: Contraponto. Santos M. 2008. 4 natureza do espaco: técnica e tempo, razo e emogao. Sto Paulo: Edusp. Santos M. 2001.Por uma Geografia nova. Sao Paulo: Edusp. Santos M, 1982. Sociedade e espago: a formagao social como teoria e como método. In: Espago ¢ Sociedade. Petropolis: Vozes. p. 9-27. Sousa M. T. R. 2003.Uma abordagem sobre 0 problema da mobilidade e acessibilidade do transporte coletivo, 0 caso do bairro Jardim Sao Jodo no municipio de Guarulhos-SP. Campinas: Univ. Est. de Campinas/ Unicamp. (Msc. Dissertation). 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