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eauidade ¢ da justiga social, jé que isso devers estimular a igualdade de oportunidades, mas também com base na defess da eficécia. Ou sea & urgent combate rigideze estagnagao a medida em que, como afitma 0 citada documento, «prin, ', 88 sociedades com menor mobilidadecendetn a desperdigar ‘ou desadequar mais as competénciese taletos dos individuse, segundo, a ausEncia de igualdade de oportunidades pode afoe: 'ar a motivagio, 0 esforgoe, em siltima instincia, a produtivi. dade dos cidaios, com efeitos adversos sobre a elcténcia ge ral e 0 potencial crescimento da economia» (OCDE, 2010 185). Neste estudo comparativo, os paises do Sul da Europa ‘to 0s que evidenciam processos mais escassos de mobilidede social. No caso de Portugal, sabe-se também que as habilta, {es sleangadas pelos pais ~ nomeadamente o facto deo pa "er ou nfo 0 ensino secundério completo ~ € 0 factor main infleente na conclusio de um curso superior por parte do fll, De acordo com a mesma fonte, nas situagies em que © hack, ‘8round socioeconémico incide negatvantente nos objectivos ‘eseolares dos descondentes, os baixos nveis de educagao tem dom a reproduzir-se através das gerapSes, ou seja, a desigual, ‘dade tende @ exacerbar 0s seus impactos nos nivels educacin, Ia alcangacos, 44, Asides, subjectvidades ¢ 0 wefeito de classe médiar As assimetias sociais existentes no nosso pals, ala de as- Scntarein em enormes disctepancias de oportunidaes padviee de benvestar material, reavivam na meméra colectiva modelos Ue refeeéneia e representagdes sociocultrais ainda matcados Por antigas formas de opressloe laos de dependéncia que pro- !iferaam no regime seahoral. Seno inicio realei a componen, {e subjectiva e as representagdes saciais como dimensao itsin, seca cla ppria via em Sociedade, esse pressuposto deve agora ‘ser ecuperado pata que fique claro que 0 significado da clasce t j nédia vai muito além do seu peso esttstico on mesmo do oncedo sbstantivo desseconjuno de categories sociopris- Sionais «que chanamnos ~ pr eooveninca linguist 0 por iy. umonesto ma ae cle i. joni nu ae et og ent fi nag de Mares! Proust de que ot nossa prsonaliade socal {engi do pensamento dos outos E pode nda aeescentar- “rede a projecq subject da o-dentfcagto de cada un tio dita de obodeer uma nscesthadedeconsolda idt ti qv reise sav seu eons pln eine eo co nb ropo poicionado num eto superior ~ 8 qve ti fina supedor — quele em que de facto se enconta, est ae ‘lar ua rela psicoasocil com o our, estutunda na base ‘nigricans gum tc-rojcr uma denaeagto em relaao ao sepmeno de onde s arto, A miragem que leva divers actors da classe tabalhae fom experiment, sbjecivamente, a vive de um mov i enc deg cle i vee doe te espeliosem que a edefo no grupo de efertcla ‘hepa ge conga eo 8 re do ip te tc de sma fafa ourda de um msi rua, com trigem: inagie smn ‘scolaidade ao nivel do ensino secndétio, que veo p Teriferia de uma grande ciads onde consegis emprezon, & fSpost num escrito © o mado mina scvidade comercial numa grande supe, or exemplo, Poems expmira sa atudeeubjeciva um ean imino como et: seo sss a im cnn pas ene tm nar om gion 68 minha fanvtin que conseguimos empregos “impos”, em tal th wecreia'© numa actviade minimamete eve, este tos mis primos de wna classe mdi do que da clase t= Salado an, on sia, no penencemos a eto mais Gaite Ba quello ¢ qe ee po de efanaiae consul parm told o esto de vida de amplas camadas sock |) Bm estudos realizados anterionnente, quer no Contso de | studos Sociais quer no Instituto de Cigncias Socias, sobre as | altudes dos portugueses verificou-se que em Portugal hé uma hotéria discepéncia entre a classe objective a classe subject- tt: eerea de 37 % dos «proetirios» consideravam-se membros Sr classe média,e 0 mesmo acontecia com 52 Sb dos empreza- doves. E esse elvito aractivo que coloca a nogio de classe ms ‘dia como um importante referente nas representages dos por- tugueses, o que pode ajudar-nos a interpretar a percepga0 de {que 4 relagdo enfre a classe trabalhadora © a classe méila se puta pela existéncia de interesses contlituas: 632% dos inqui- Fidos apontaram a existéacia de confitos de interesse «fortes ‘ou cimuito fortes» entre aquelas doas categoria (Cabal eta, 2003; Estanque, 2003). [Esta informagio confirma a relacio tensa ¢ ambigua gue ‘existe entre estes dois «grupos». No plano subjectivo, a Ivta Simbslica tende » ocorrer em dois sentidos: na perspoctiva dos ‘que jf se conskleravara inseridos na classe média © que desta forma estariam a mostrar a sua diferenga de estatuto: © ma pers- peetiva os que se Mdentifieam com a classe trabalhador, dei Sando antever neste caso a difculdades de aleangar uma pos Gio de classe média, Nao s6 0s pales de vida de cada wma ‘lessas cateorias (lasse trabalhadora classe médi) se apre- sontavam nas subjectividades do cidaddo comum em opasigo tama 2 outra, como, além diss, faziam supor que existe uma Ita simbstica persistente pela usurpagio e pela demarcagio ‘entre aunbas. F-convérs lembrar que as margens de tolerdncia tendem a ser menores nas sitagbes onde a intervengao estatal maior e a relagfo salrial mais estivel. Foi justamente por tesa razao que, como anteriormente refer, a aegio colectivae & luta pela melhoria de posigao (também conhecida por empo~ ‘werment) de cextos grupos profisionais, em especial aqueles {que durante déeadas se foram acomodando em servigos pi {Gos mais estveis, obedeceu # uma Igica de consolidacio sala- re de progressio nas carreitas no sentido de assegurar 0 status de classe média que 0 ‘consumista vinham prometendo, Estes aspectos prendem-se também com a velha questo do cconformismo e da dependéneia, por vezes considerada como ‘uma atitude muito arreigada na cultura portuguesa. Sabe-se que Portugal é um pais caractetizado por baixos indices €e indivi “dualismo e fortes vinculos volectivos. Note-se, porta, que ess! inclinagéo no & sinénimo de maior sentido de participagao no\! ‘grupo ou propenséo ao associativisme ¢ aos movimentos so- ciais. Tratase sim de uma espécie de individualismo negativo Telacionado com os tragos de ruralidade e formas patemnalistas de uma certa dependéncia que travam a iniciativa eo sentido de autonomia do sujeito, Reflecte uma necessidade de protec ppor parte dos individuos, que a buscam entre as edes de socia- lizagio primérias e na comunidade local ou na esfera Iaboral, ppor exemplo. Por um lado, quem acupa posigdes de destaque & lugares de chefia exige uma dedicacao sem limites por parte dos ‘subordinados, Por outro lado, 0s préprios subordinados, ov por {alta de altemativas ou porque esperam dai retirar algum retor- ‘no, no raro deixam-se enredar numa Wigica de resignagao, ai mentada por sentimentos de lealdade incondicionais, desse modo amplificando os recursos de autoridade dos seus superio~ res. Daf que quando esses lagos de afinidade e paternalismo se ‘quebram e a parte mais fraca comega a invocar direitos, a rel ‘Glo de poder assuma o seu lado despético sob a forma de reac- ‘ges violentas, pessoais ou institucionais, mais abertas ox mais subtis (os fenmenos de violencia psicol6gica e assédio moral resultam isso). Quanto mais o desemprego e a precariedade se acentuarem, mais esta endéncia tender a agravar-se, Persiste entre os portugueses tima atitude de recuaa da inse- _guranca e de distancia ao poder (Estanque, 2003; Cabral etal, 2003) ou mesmo, segundo o conhecido diagndstico de José Gil, tuma espécie de medo de existir, wagos estes que, a meu ver, 8° _justificam nfo 96 pelas raizes rurais,mas ainda devido a influea- ‘ia de um catolicismo conservador que fomentou a resignacio uso dominante © 0 marketing ante 0s poderos0s oespito de sacritiio dos pobres 12 8 ificuldades. Fclaro que também o autoritaismo tutlar sao salazarista contibuiu decididamente para acentuar ix menfalidade. Ela exprime-se em ates ambivalentes: hé uma niga conseincia dos antagonismos que atravessam a $0- edad ¢ de que existem oportunidad e priilégios para uns © ificuldgdese scrffcios para outros, mas aparentementeaccta- s ss0\como uma ftaidade inlutivel, Talveeatolerincia face 2k diserepncias de poder ede samus ajudem a explicar a preo cupagio provtiria com a eseguranga>, que surge em diversos ealudos © sondagens (sendo, evidentemeste, © deseo de segu- ranga no empreg0 o factor mais importante). aqui ressalta, portato, a ideia de que as desigualdades ob- jetivas como que so ampliadas no plano subjectivo, mas 30 :mesmo tempo os niveis de privacdo relatva do lugar seita- 60 eno tanto a0 protest, Deste modo, o sentimento de impo- ‘@ncia tende a anular a emergéncia de confitos abertos. Pelo menos assim foi alé recentemente (Cabral eta, 2008; Esta «que, 2000). Isto diz-nosalguma eosa acerca do que jd designed como oefeto de classe média enquanto referents simbélico no ‘maginério dos portugueses,‘Trata-se de um efito de atragio aque exprime o facto de a identficagéo subjectiva com a classe rédis tender a ampliar-se para li dos limites objectivos (ou seja, do peso demogeifico) dessa camada, Iso significa que por det da exsténcia de uma classe média areal», pode conceber- se a prescngn de uma classe médlia«virtualy O gue implica pressupor que es adesbes e demarcagées socsissuscitadas pela referencia d classe média — e580 Vag e imprecisa

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