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Projeto Logico Combinacional > 2.1 INTRODUGAO Um cireuito digital cujas saidas dependem exclusivamente da combinagdo dos valores pre- sentes na entrada & chamado de eircuito combinacional. Os citeuitos combinacionais consti tuem uma classe basica, porém importante de circuitos digitais. Sao capazes de implementar alguns sistemas simples mas assumem importancia bem maior quando servem de base para classes mais complexas de circuitos. Este capitulo introduz 0 projeto de circuitos combina Cionais basicos. Capitulos posteriores tratardo de circuitos combinacionais mais avangados e de circuitos seqtienciais cujas saidas dependem da sequéncia (histéria) de valores que apare- ceram nas entradas do circuito. A Figura 2.1 ilustra as diferengas entre circuitos seqiienciais, e combinacionais, 1 4 a—tel create data 1 ote! crete aigter 2 b— x] combinecional [—F el endenciat | [nF Se soubermes os valores presents Ne podemos determina valor de sade dos tad entade, aio padoremos _othand epanss pars de veloree prevents attr bore at, Majece tenet ince ence Se abe00,enthoF60 Nitta dos valores da anrade Seabe0ts onto FO or atemplo, so ab a0 er souks Se abe'0,entioF6 1 10, enloFbOmas ce abera Tl eem Sebel, ender eo sepuie 10, neo ret Figura2.1_ Circuito combinacional versus seqiiencial. Este capitulo introduzird os blocos construtives basicos dos cireuitos combinucionais, conhecides como portas ldgicas, e apresentard também uma forma de matemtica, conhecida como algebra booleana, que € dil no projeto de circuitos combinacionais. 22 CHAVES As chaves eletr6nicas formam a base de todos os circuitos digitais, constituindo-se em um timo ponto de partida para a discussdo desses circuitos, Vocé usa um tipo de chave, inter- ruptor de luz, sempre que vocé acende ou apaga as luzes. Para compreender uma chave, € til rever um pouco de eletronica basica. Eletrénica basica Provavelmente, voeé esté familiarizado com a idéia de elétrons, ou simplesmente de partfeu- las com carga, deslocando-se através de fios e fazendo com que as kampadas iluminem-se ou Projeto Logico Combinacional «47 hora seja opeional 6s aparelhos de som produzam miisica, Uma situagio andloga é a égua fluindo através de encanamentos e fazendo com que esguichos jorrem fgua ou que turbinas girem. Descrevere- ‘mos agora trés termos elétricos bisico: + Tensiio € a diferenga de potencial elétrico entre dois pontos. A compreender a eletrd~ nica que fundamenta as portas logicas di- sgitais, muitas pessoas ‘cham que um enwend mento basico satisfaz niito da curiosidade e também ajuda a com- preender 0 comporta- tensio é medida em volts (V). A convencdo diz que o chamado ponto de rerra ou massa tem 0 V. Informalmente a tensiio nos diz, quao “ansiosas” estao as particulas carregadas de um lado de um fio para chegar & terra (ou qualquer tensfo inferior) no outro lado. A tens & andloga a pressio da égua tentando deslocar-se através de um encanamento — agua sob pressdo elevada esté mais “ansiosa” para fluir, mesmo se na realidade no puder deslocar-se devido talvez a uma torneira fechada. ‘mento nd ideat das © Corrente é uma medida do fluxo de particulas carregadas, Infor- scrimsltradis malmente, a corrente nos diz com que velocidade as particulas ante. estdo fluindo de fato. A corrente é andloga a 4gua que flui através de um encanamento, Ela é medida em ampéres (A). © Resisténcia é a tendéncia de um fio (ou de qualquer coisa, real- mente) a resistir a0 fluxo de corrente. A resisténcia € aniloga a0 difimetro de um encanamento — um cano estreito resiste ao fluxo de gua ao passo que um cano largo permite que a gua flua mais livremente, A resisténcia elétrica é medida em ohms (().. Considere uma bateria, As cargas no terminal positive querem fluir para o terminal negativo, Quiio “ansiosas” elas estdo para fluir? Depen Figura2.2 Bateria de 9 V co neetada a uma Kimpada inean- descente. wt der da diferenga de tensio entre os terminais —as cargas de uma bateria « - de 9 V esto mais ansiosas para fluir do que as de uma bateria de 1,5 V S B porque as de uma bateria de 9 V tém mais energia potencial. Suponha alive agora que vocé conecte 0 terminal positivo ao negative por meio de uma limpada incandescente como mostrado na Figura 2.2. A bateria de 9 V produziré um fluxo mais intenso de comente e, conseqtientemente, uma luz mais brilhante, do que a bateria de 1,5 V, Exatamente quanto de corrente fluird sera determinado usando-se a equaci V=IR (conhecida como lei de Ohm) em que V é a tenstio, 1é a corrente e R € a resisténcia (nesse caso, a da lmpada incandescente). Portanto, se a resisténcia fosse de 2 ohms, uma bateria de 9 V produziria 4,5 A (pois 9 = 1*2), ao passo que uma bateria de 1,5 V produziria 0,75 A. Se reescrevermos a equaciio como I = V/R, poderd fazer mais sentido intuitivamente — tensao mais elevada, mais cortente; resis- téncia mais elevada, menos corrente. Em eletrOnica, a lei de Ohm possivelmente a equagio mais fundamental. 450 Aincrivel chave que encolheu Agora, retornemos as chaves. A Fig. 2.3(b) mostra que uma chave tem ts partes — vamos chamé-las de entrada da fonte, safda e entrada de controle. A entrada da fonte tem uma tenso maior do que a safda, de modo que a corrente desejard fluir desde a entrada da fonte, através da chave ¢ até a saida. O grande objetivo de uma chave ¢ bloquear essa corrente quando 0 controle coloca a chave na condicio de “desligada” ¢ permitir que essa corrente flua quando 0 controle coloca a chave na condigéo de “ligada”. Por exemplo, quando voc’ move aalavanca 48 > Sistemas Digitais de uma chave para ligé-la, a chave faz. com que o fio de entrada da fonte entre em eontato fisico com 0 fio de saida. Desse modo, a corrente flui. Quando vocé move a alavanca da chave para desligé-la, a chave separa fisicamente a entrada da fonte da safda. Em nossa analogia com a fgua, a entrada de controle & como a vilvula de uma torneira determinando se a 4gua deve fluir no encanamento, aie deoroh eo iss transistor aaa ‘seida T discreto defonte, tad vaaboinice . soe ievotocdaiof SRG welaa Satone w 7 Figura 23 (a) A evolucio das chaves: relés (década de 1930), vélvulas termi cas (década de 1940), transistores discretos (década de 1950) e circuitos integraddos (ICs*) contendo transistores (década de 1960 até o presente), Originalmente os ICs ccontinham dez.transistores; agora eles podem ter mais de um milhio. (b) Vista quemiética simples de uma chave, ‘As chaves silo a causa dos circuitos digitais utilizarem némeros bindrios constituidos de bits —a natureza de uma chave de estar ligada ou desligada corresponde aos 1s ¢ 0s do sistema binério. Discutiremos agora a evolucdo das chaves ao longo do século pasado conduzindo as haves de transistores CMOS, que sfio comumente usadas hoje em dia nos cireuitos digituis Década de 1930—relés Os engenheiros na década de 1930 tentavam imaginar maneiras de se realizar cdlculos usando chaves controladas eletronicamente — chaves cuja entrada de controle era uma outra tensfio. Uma ddessas chaves, um relé eletromagnético como o da Fig. 2.3(a), jf estava sendo usada na indistria telefonica para realizar o chaveamento das chamadas telef6nicas. Um relé tem uma entrada de controle que & um tipo de im, que se torna magnetizado quando 0 controle apresenta uma ten- sao positiva. Em um certo tipo de relé, esse ima puxa uma pega de metal para baixo, resultando uma conexdo entre a entrada da fonte ¢ a sada — semelhante a baixar uma ponte levadica para ligar uma estrada a outra. Quando a entrada de controle retorna a 0 V, a pega de metal volta a subir novamente (possivelmente puxada por uma pequena mola), desfazendo a conexio entre a saida ¢ a entrada da fonte. Em sistemas telef6nicos, os relés permitiam que as chamadas fossem. interligadas indo de um telefone a outro, sem a necessidade daquelas belas operadoras, as telefo- nistas, que antigamente faziam manualmente a conexdo entre uma linha telefnica e outra, Década de 1940 — valvulas termiénicas Os relés baseavam-se em partes metilicas que se moviam para cima ¢ para baixo e, assim, eram bastante lentos, Nas décadas de 1940 ¢ 1950, as valvulas termiGnicas, mostradas na Fig. 2.3(a) e originalmente usadas para amplificar sinais elétricos fracos, como os presentes em. telégrafos, comegaram a substituir os relés em computadores. As vélyulas termiGnicas nio tinham partes méveis e conseqiientemente eram muito mais répidas do que os relés. © N. de Integrated Circuits, em ingles. Projeto Légico Combinacional < 49 > “DEBUGGING” Em 1945, uma traga ficou presa em um dos relés do computador Mark 11 em Harvard. Para que 0 computador voltasse a operar gees. adequadamente, os técnicos acharam e removeram 0 inseto (bug, ee ‘em inglés). O termo “bug” jd era usado pelos engenheiros ha dé- re: cadas para indicar um defeito em um equipamento mecanico ou eléitico, porém a remogfio daquela traca em 1945 € considerada Sate Fel F a fonte de origem do termo “debuzging” tal como € usado na program: com fita a0 lado) a4fio de computadores. Os técnicos prenderam a traga adesiva em seu relatério escrito (mosirado na figura © agora essa traga esté exposta no National Museum of ‘American History em Washington, D.C. A maquina que considerada como sendo o primeiro computador de propésitos gerais, 0 ENIAC (Electronic Numerical Integrator And Computer), foi terminada em 1946 nos EUA O ENIAC continha cerca de 18,000 valvulas termidnicas e 1.500 reles, pesava mais de 27 tone- ladas, tinha 33 metros de comprimento ¢ 2,4 metros de altura (de modo que, provavelmente, ele nfo caberia em nenhum aposento de sua casa, a nflo ser que voc? tenha uma casa absur- damente grande), e consumia 174,000 watts de energia elétrica. Imagine o calor que seria -gerado em um quarto lotado com 1740 Kimpadas incandescentes de 100 watts cada uma. F. muito calor. Com isso tudo, o ENIAC podia calcular cerca de 5.000 operagées por segundo — compare isso com os bilhdes de operagdes por segundo dos computadores pessoais atuais, ou mesmo as dezenas de milhdes de computacdes por segundo de um telelone celular portatil. Embora as valvulas fossem mais répidas do que os relés, elas consumiam muita energia clétrica, geravam muito calor ¢ falhavam freqlentemente. As valyulas eram comuns em muitos aparelhos eletrénicos das décadas de 1960 e 1970. Lembro-me de ir As lojas com 0 meu pai no inicio da década de 1970 para comprar valvulas de reposic&o para o nosso aparelho de televistio. Um lugar onde vocé ainda poder encontrar as vélvulas é nos amplificadores eletrOnicos de guitarra. O som que é préprio dos amplificadores de audio a valvula é ainda muito procurado pelos entusiastas de gui- tarra rock. Eles querem que suas versdes das cangSes de rock classicas tenham um som exatamente igual ao original. Década de 1950—transistores discretos A invengdo do transistor em 1947, creditada a William Shockley, John Bardeen ¢ Walter Brat- tain dos Laborat6rios Bell (0 setor de pesquisas da AT&T), resuliou em computadores de ta- manho e consumo eléirico menores. Um transistor de estado s6lido (discreto), mostrado na Fig. 2.3(a), usa um pequeno pedago de silicio “dopado”, com alguns materiais extras para produzir uma chave, Como essas chaves usavam materiais “s6lidos” em vez do vécuo das valvulas ou mesmo as partes méveis dos relés, elas eram comumente referidas como transis~ tores de estado sélido. Esses transistores eram menores, mais baratos, mais répidos e mai confifiveis do que as vélvulas, tornando-se a chave mais usada nos computadores das décadas de 1950 e 1960. Ainvengdo do IC éfre- Década de 1960 ~ circuitos integrados qliemtemente creditada _ invencdio do cireuito integrado (IC) em 1958 realmente revolucionou a com- a Jack Kilby da Texas Instruments Noycee da Fairchild Semiconductors que 0 invemaram dentemente, putagao. Um IC, também conhecido como um chip, acondiciona numerosos transistores de tamanho mintisculo em um pedago de silfcio do tamanho de uma unha. Assim, ao invés de 10 transistores necessitarem de 10 componentes. indepen- _€letrSnicos discretos na sua placa, 10 transistores podem ser implementados em um Gnico componente, o chip. A Fig. 2.3(a) mostra uma foto de um IC que e Robert 50 > Sistemas Digitais tem alguns milhdes de transistores. Apesar dos primeiros ICs terem contido apenas dezenas de transistores, 0s progressos na tecnologia dos circuitos imtegrados levaram a quase UM BILHAO de transistores em um chip hoje em dia. A tecnologia de IC encolheu os transistores aleancando uma escala totalmente diferente. Uma vélvula (com cerea de 10 em de compri~ mento) esta para um transistor contido em um IC moderno (cerca de 100 nm) como um arra- mha-céu (cerca de $00 m) esté para a espessura de um cartio de erédito (cerca de 0,5 mm). Eu venho trabalhando nesse campo por duas décadas ¢ a quantidade de transistores em um chip ainda me deixa maravilhado. O némero 1 bilbao é mais do que a maioria de nds € capaz de sentir intuitivamente. Pense em moedas de 10 centavos e considere o volume que 1 bilhiio dessas moedas ocuparia. Caberiam elas em seu quarto? A resposta & provavelmente no (a menos que vocé tenha um quarto realmente grande), porque um quarto de dormir tipico tem cerca de 40 metros cibicos, ao passo que um bilhio de moedas ocuparia 575 metros cibicos aproximadamente. Assim, vocé precisaria em torno de 14 quartos de dormir, aproximadamente © tamanho de uma casa grande inteira, As moedas deveriam ser empilhadas de parede a parede € do chao ao teto para poder guardar todo esse dinheiro. Se empilhassemos as moedas, elas aleangatiam cerca de 2.200 km céu acima ~ em comparagio, um jato voa a uma altitude de 8 km. E uma quantidade muito grande de moedas. No entanto, conseguimos lidar e colocar 1 bilhdo de transistores em um chip com apenas uns poucos centimetros quadrados. Realmente assombroso, Os fios que ligam todos esses transistores em um chip alcancariam alguns quilémetros, se fossem enfileirados em um fio esticado. Os transistores de ICs so muito menores, mais confiaveis, mais répidos e menos famintos por enetgia elétrica que os transistores discretos. Desse modo, atualmente os transistores dos TCs sfio de longe as chaves mais comumente usadas em computagio. Os ICs do inicio da década de 1960 podiam conter dezenas de transistores € so co- mhecidos hoje em dia como sendo de integragiio de pequena escala (SSI, de Small-Scale Integration). A medida que os transistores foram diminuindo de tamanho, no final da década de 1960 ¢ inicio da de 1970, os ICs passaram a conter centenas de transistores, conhecidos como de integrago de média escala (MST, de Medium-Scale Integration). Os anos da década de 1970 viram desenvolvimento de ICS com integragio de larga escala (LSI, de Large- Scale Integration) comendo milhares de transistores, ao passo que nos anos da década de 1980 os chips com integragiio de muito larga escala (VLSI, de Very Large-Scale Integration) foram desenvolvidos. Desde entZo, 0s ICs continuaram a aumentar em capacidade até cer de 1 bilhiio de transistores. Para ajustar a sua compreensio desse niimero, considere que 0 primeiro microprocessador Pentiun do infcio da década de 1990 requeria apenas cerea de 3 milhdes de transistores e alguns microprocessadores populares, mas relativamente pequenos, necessitavam de apenas 100.000 transistores aproximadamente. Muitos dos chips atuais de qualidade superior, portanto, contém diizias de microprocessadores e ¢ possivel conceber que cles possam conter centenas de pequenos microprocessadores (ou apenas um ou dois micro- processadores de grande porte). > UMAINVENGAO SIGNIFICATIVA Sabemos agora que a iavengiio do transistor mareou a infeio de revolucées surpreendentes em compiita- gio e comunicagdo, que ocorreram na segunda me- lade do século 20, capacitando-nos a fazer coisas como ver 0 mundo na TY, surfar na Internet ¢ falar em telefones celulares No entanto, as implicagdes do transistor niio eram conhecidas pela maioria das pessoas por ocasiio de sua invengao. Os jomais nao ‘ransformaram essas noticias em mancheres, sendo que a maioria das matérias que apareceram predi- ziam simplesmente que os transistores iriam melho- rar coisas como radios ¢ prOteses auditivas. Pode-se perguntar quais entre as tecnologias recentemente inventadas, mas nfo percebidas, poderdo vir a alterar ‘o mundo de modo significativo. Projeto Logico Combinacional «51 > COMO TRANSISTORES TAO PEQUENOS SAO FABRICADOS? USANDO METODOS FOTOGRAFICOS Se voc® pegar um lapis € fizer 0 menor ponto que conseguir sobre uma folha de papel, a area desse Ponto poderia alojar muitos milhares de transistores em. um chip modemo de silicio. Como 0s fabricantes de chip podem criar transistores tao mintisculos? A have est nos métodos fotogriticos, Os fabricantes epositam um produto quimico especial sobre a su- perficie do chip, especial porque 0 produto quimico alltera-se quando € exposto a luz. A seguir, os fabri- antes de chip langam luz por meio de uma lente focando-a em regiGes extremamente pequenas do hip — de maneira similar a0 modo como uma lente de microse6pio permite-nos ver coisas muito peque- nas 20 focarmos a liz, mas ao inverso. Nas regibes ppequenas que sto iluminadas, 0 produto qufmico s0- fe alteragdo ¢ entiéo um solvente 0 remove, mas al- ‘gumas regides ficam inalteradas por nao terem sido atingidas pela luz. As regides que permaneceram formam partes de transistores. Repetindo esse pro- ‘ces50 muitas e muitas vezes e usando diferentes pro- dutos quimicos em diversos passos, resultam nao s6 transistores, mas também conexdes que interligam ‘0 transistores € isoladores que evitam 0 contato en- tne as conexGes que se eruzam. Fotografia de um chip de siticio de um processador Pentium coniendo mithdes de transistores. O tama- ‘nko real éde Lom em cada lado. A densidade dos ICs vem dobrando aproximadamente a cada 18 meses desde a década de 1960. A duplicaco da densidade dos ICs a cada 18 meses ¢ amplamente conhecida como Lei de Moore, em atencfo a Gordon Moore, um co-fundador da Intel Corporation, que jem 1965 fez previsdes de que o ntimero de componentes por IC iria dupticar a cada ano ou tanto. Em algum momento, os fabricantes de chips ndo sero mais capazes de reduzir os transistores ainda mais. Afinal de contas, o transistor tem de ser suficientemente largo para deixar passar 0s elétrons. H4 mais de uma década, as pessoas vém prevendo 0 final da Lei de Moore, mas os transistores continua encolhendo. ‘Transistores e conexGes menores proporcionam nfo s6 mais funcionalidade em um chi mas permitem também circuitos mais ripidos, em parte porque os elétrons ndo precisam se deslocar tao longe para passar de um transistor ao préximo. Esse aumento de velocidade ¢ a razio principal pela qual as velocidades dos relégios dos computadores pessoais aumentaram ‘to drasticamente em décadas recentes, de quilohertz de freqiiéncia na década de 1970 a gi- gahertz no infcio da década de 2000, » 23 OTRANSISTOR CMOS transistor mais popular usado em Cls ¢ do tipo CMOS. Uma explicagao detalhada do fun- cionamento de um transistor CMOS esti além do escopo deste livro, Mesmo assim, eu cons- tatei que hé muita curiosidade que pode ser satisfeita com uma explicagao simplificada, ‘Um chip 6 feito basicamente a partir do elemento silicio. Um chip, também conhe- cido como circuito integrado, ou IC, tem tipicamente o tamanho de uma unha. Mesmo que vocé abrisse um computador ou outro dispositivo baseado em chips, vocé nao veria o chip de silicio, porque na realidade os chips estio dentro de um encapsulamento maior, usual- mente preto, de protegio. No entanio, voc8 certamente poder ver esses dispositivos pretos, montados sobre uma placa de circuito impresso, dentro de diversos aparelhos eletronicos domésticos A Fig. 2.4 ilustra uma segao reta de uma parte mintiscula de um chip de silicio, mostrando a vista lateral de um tipo de transistor CMOS ~ o transistor nMOS. O transistor tem as tres partes de uma chave: (1) a entrada da fonte; (2) a saida, que é chamada de dreno, porque as cargas elétricas, suponho eu, fluem para o dreno da mesma forma que a dgua flui para 52 > Sistemas Digitais Opec nt toh Positiva aqui. tornando condutor amos ee ce i i Gmina. pore P| | oncopulameo iia tase o { & phos (ai i wel ME (b) simbolo do transistor nMOS com a indicagao de que est do condve conduz conduzindo quando a porta = 1, (¢) simbolo do transistor pMOS que conduz quando a porta = 0. fe © dreno; ¢ (3) a entrada de controle, que € chamada de porta (ou gate, em inglés) porque, suponho cu, a porta bloqueia o fluxo de corrente como um portio impede um edo de escapar do quintal. Um fabricante de chip cria a fonte eo dreno pela injecdo de certos elementos no silicio. A Fig. 2.4 mostra também 0 simbolo eletrénico de um transistor nMOS, Suponha que o dreno esteja conectado a uma tensao positiva de valor baixo (as tecnolo- -gias modernas usam em torno de 1 ou 2 V) conhecida como “fonte de alimentagio”, e que a fonte foi ligada a terra por meio de um re (or. Assim, a corrente quer fluir do dreno para a fonte e em seguida para a terra. (Nota: infelizmente, a convencio define o fluxo de corrente usando carga posi fa mesmo que, na realidade, as cargas que fluem sejam elétrons arre- gados negativamente, Desse modo, vocé poderd notar que dizemos que a corrente flui do Greno para a fomte, ainda que os elétron: ‘team fluindo da fonte para o dreno,) No entanto, © canal de silicio entre a fonte e © dreno nao € normalmente um condutor ou, em outras palavras, o canal é normalmente um isolador. Podemos pensar em um isolador como sendo uma resist@ncia extremamente elevada. Como I = V/R, entilo I serd basicamente 0. A chave esté desligada, ‘A coisa realmente interessante a respeito do silfcio ¢ que podemos mudar o canal de con- utor para isolador simplesmente aplicando uma pequena tensio positiva d porta. A (ensio da porta nao causa um fluxo de corrente da porta para 0 canal, devido ao isolador (6xido) de pequena espessura entre a porta ¢ 0 canal. No entanto, aquela tensdo positiva de porta cria um campo elétrico positivo que atrai elétrons, de carga negativa, da regifio espessa do silicio para dentro da regido do canal ~ semelhante a mover clipes de papel sobre o tampo de uma ‘mesa movendo um ima debaixo dela. Quando elétrons suficientes aglomeram-se no canal, esse subitamente torna-se condutor, Um condutor tem uma resisténcia extremamente baixa de modo que a corrente flui quase fivremente entre o dreno ¢ a fonte. A chave agora esté na condigiio de ligada. Como voee pode ver, 0 si io nfo é bem um condutor mas também nko um isolador, representando mais apropriadamente alguma coisa intermediaria, daf 0 termo semicondutor. ‘Uma analogia da corrente que esta tentando passar pelo canal € uma pessoa tentando cru- za um rio. Normalmente, 0 rio nao tem pedras espathadas em quantidade suficiente para que a pessoa possa atravessé-lo, No entanto, se pudéssemos atrair pedras de outras partes do rio, Yormando uma passagem (o canal), a pessoa poderia facilmente atravessé-lo (Fig. 2.5). Projeto Logic Combinacional Figura 25 Analogia do funcionamento de um transistor CMOS — Uma pessoa pode nao con- seguir atravessar um rio até que pedras suficientes sejam atrafdas, formando uma passagem, De modo semelhante, os elétrons niio conseguem passar pelo canal entre a fonte e o dreno até que elétrons suficientes sejam atraidos para dentro do canal. ‘Mencionamos que nMOS era um tipo de transistor CMOS. O outro tipo ¢ 0 pMOS. Ele & emelhante, exceto que o canal tem 0 funcionamento oposto —o canal é normalmente condu- tor, mas ndo conduz quando a porta recebe uma tensdo positiva. A Fig. 2.4 mostra o simbolo eletrénico de um transistor pMOS. A letra C de CMOS vem do uso desses dois tipos “com- plementares” de transistores. O MOS significa Metal Oxide Semiconductor, mas as razies desse nome vao além do escopo dessa discussao. > SILICON VALLEY E A FORMA D0 SILIcIO 0 Silicon Valley (Vale do Silfcio) nao ¢ uma cidade, ‘mas refere-se a uma 4rea no norte da Calif6rni cerca de uma hora ao sul de San Francisco, que abrange diversas cidades como San Jose, Mountain View, Sunnyvale, Milpitas, Palo Alto e outras. A rea est densamente ocupada por companhias de computadores ¢ de outras altas tecnologias, sendo em larga extensao o resultado dos esforcos da Stan- ford University (localizada em Palo Alto) para atrair € criar tais empresas. Qual é a forma do silicio? Uma vez, quando 0 meu aviao estava chegando a icon Valley, a-pessoa a meu Tado (que por acaso era tum estudante de timo ano de Ciencia da Compu- taco) perguntou-me “Afinal, qual é a forma de um silicio?” Eu acabei dando-me conta de que ele pen- saya que o silicio era um tipo de poligono, como um Pentdgono ou um octagono, Bem, as palavras real- mente soam de formas semelhantes.* © silfcia no umia forma, mas um elemento, como o carbono, aluminio ¢ prata, O niimero atémico do silicio € 14, ‘© seu simbolo quimico ¢ Si e€ o segundo elemento N. de"T: Em inglés: silicon, polygon, pentagon, octagon. mais abundante (préximo do oxigénio) na crosta da terra. Ele € encontrado em materiais como areia ¢ barro. O silicio & usado para fazer espellios ¢ vidros, além de chaps. {Um encapsutamento de chip com a sua cobertura remo- vids - vocé pode ver o chip de silfezo semethante a um cespelho no centro 54 > Sistemas Digitais > 24 PORTAS LOGICAS BOOLEANAS - BLOCOS CONSTRUTIVOS DOS CIRCUITOS DIGITAIS Voc viu que os transistores CMOS podem ser usados para implementar chaves em uma escala incrivelmente pequena. Entretanto, usar chaves como nossos blocos construtivos para construir circuitos digitais complexos ¢ semelhante a tentar construir uma ponte usando pe- dregulhos, como esti ilustrado na Fig. 2.6. Com certeza, vocé provavelmente poderia cons- truir alguma coisa com blocos construtivos rudimentares, mas 0 proceso construtivo seria muito penoso. Simplesmente, as chaves (e pedregulhos) stio blocos construtivos de nivel baixo demais. E ditt trabathar AL, comirencicoces @Ogee Com estes blocos. il > I> >- I I ‘As portas logices que i I logo introduziremos possibiitam projetos grandes. 0s blocos construtivos certos......possibilitsm projetos grandes. Figura 2.6 ‘Ter os blocos construtives certos pode fazer toda a diferenga quando se constroem coisas. A Algebra booleana e sua relagao com os citcuitos digitais Felizmente, na tarefa de projeto, as portas I6gicas booleanas ajudam-nos, permitindo re- presentar os blocos consirutivos dos circuitos digitais de uma forma com a qual se pode trabalhar com muito mais facilidade do que com chaves. A 1égica booteana foi desenvol- vida em meados do século 19 pelo matemiético George Boole, néo para construir circuitos igitais (os quais ndo eram nem mesmo um vislumbre aos olhos de qualquer pessoa), mas como um esquema para usar os métodos algébricos na formalizagao da ldgica e raciocinio humanos. Uma dlgebra é um ramo da matemética que usa letras e simbolos para representar mime- ros ¢ valores, na qual essas letras e simbolos podem ser combinados de acordo com um con- junto de regras conhecidas. A digebra booleana usa varidveis cujos valores podem ser apenas 1 ou 0 (representando verdadeiro ou falso, respectivamente) ¢ cujos operadores, como AND, OR e NOT*, operam com essas varidveis ¢ dio como retorno 1 ou 0. Assim, poderiamos de- clarar as varidveis x, y ez, entdo dizer que z = x OR y, significando que 2 sera 1 apenas se, no mfnimo, uma das duas, x ou y, for 1. Do mesmo modo, poderfamos dizer que z = x AND NOT(y), significando que z serd 1 apenas se x for 1¢ y for 0. Faga uma comparagio entre a dlgehra booleana e a corriqueira que The ¢ familiar desde provavelmente o segundo grau, N. de T: Respectivarnemte B, OU e NAO. Esses operadores no sero traduzidos por estaremi sendo amplamente usados em ‘suas formas originais em inglés. Projeto Logico Combinacional < 55 na qual os valores das varidveis podem ser ntimeros inteiros (por exemplo) € os operadores podem ser a adigao, a subtragao e a multiplicagao. Os operadores booleanos bisicos so AND, OR ¢ NOT: “ab=01" éumaforma ¢ AND produz 1 quando ambos os operandos so 1. Desse modo, 0 resul- abreviada para “a= 0, tado de a AND b é 1 quando ambos a = 1¢b = 1, em caso contrario 0 be” resultado € 0. + OR produz 1 quando wn ou ambos os operandos sao 1. De modo que o resultado de a OR b & 1 em qualquer um dos seguintes casos: ab = 01, ab = 10, ab = 11. Desse modo, 0 Gnico caso em que a OR b 606 quando ab = 00. * NOT produz 1 quando seu operando ¢ 0. Desse modo, NOT (a) retorna 1 quando a € 0, O quando a é1. ‘A todo momento, quando estamos pensando, usamos os operadores Iégicos, como na frase “Bu irei almogar se Maria ou (OR) Joao forem e (AND) Silvia nao”. Isso pode ser repre- sentado por meio dos conceitos booleanos, fazendo F representar a minha ida ao almogo (F = 1 significa que eu irei almogar, F = 0 significa que eu nao irei). As varidveis booleanas m, j ¢ s representam Maria, Jodo e Silvia, indo cada um almogar. Entao, podemos traduzir a frase acima para a equagao booleana: F (m OR j) AND NOT(s) Assim F seré igual a 1 se mou j forem 1¢ s for 0. Agora, que traduzimos a frase em uma equagdo booleana, poderemos realizar diversas manipulagdes mateméticas com a equagio. Algo que podemos fazer é determinar 0 valor de F para valores diferentes dem, je 5: « m=1, j= 0, 8 = 1—F = (10R0) ANDNOT(1) = 1AND0=0 * m=, j= 1, 8 = 0F = (10R1) ANDNOT(0) = 1AND1=1 No primeiro caso, eu ndo vou almogar; no segundo caso, eu vou. ‘Uma segunda coisa que podemos fazer ¢ aplicar algumas regras algébricas (que discutire- ‘mos mais adiante) para modificar a equagHo original obtendo a equagio equivalente: F = (m AND NOT(s)) OR (J AND NOT(s)) Em outras palavras, eu irei almogar se Maria for e (AND) Silvia nao, ou (OR) se Joao for ¢ (AND) Silvia nao. Esta afirmagao ¢ equivalente a anterior, mesmo parecendo diferente, ‘Uina terceira coisa que poderfamos fazer 6 demonstrar formalmente algumas proprieda- des da equacdo. Por exemplo, poderfamos provar que se Silvia for almogar ($ = 1), entdo eu ndo irei (F = 0) independentemente de quem mais ird ou nfo, usando a equagio: F = (m OR j) AND NOT(1) = (m OR 3) AND 0 = 0 Nao importando quais sfo os valores deme J, F sera igual a0. Prestando atengao a todas as atividades matemdticas que podemos realizar usando as equagdes booleanas, voce poderd comegar a pereeber o que Boole estava tentando fazer a0 formalizar o raciocinio humano. > EXEMPLO 21 Convertendo o enunciado de um problema em uma equagao booleana Converta os seguintes enunciados de problemas em equagdes booleanas usando os operadores AND, OR ¢ NOT. F deve ser igual a 1 apenas se: 1.a€1,ebé1. Resposta: F = aANDb 2. Loub € 1. Resposta: F = 2 OR b 56 > Sistemas Digitais 3, ambos @ e b nio so 0: Resposta: (a) Oped 1: F = NOT(a) AND NOT(b) {b) Opcdo 2: F=a OR b 4,61, eb 60. Resposta: F=a AND NOT(b) Converta os seguintes enunciados de problemas em equacdes booleanas: 1. Um chuveiro automdtico de um sistema de combate a incéndio deve borrifar égua quando uma temperatura elevada for detectada e o sistema estiver habilitado. Res- posta: Vamos definir as varidveis booleanas: h representa “temperatura elevada detec- tada”, e representa “habilitado” e F representa “borrifar dgua”. Entio, a equagfio é F = hANDe. 2, Um alarme sonoro de carro deverd ser ativado se o sistema de alarme estiver habilitado € se 0 carro for sacudido ou se a porta for aberta. Resposta: Vamos definir as varidveis: a representa “alarme habilitado”, § representa “carro sacudido”, d representa “porta aberta” ¢ F representa “alarme ativado”. Entio, a equagdo ¢ F = a AND (s OR d). {a) Alternativamente, assumindo que 0 nosso sensor de porta d representa “porta fechada” a0 invés dle aberta (significando d = 1 quando a porta estd fechada & 0, quando aberta), obtemas, a seguinte equagto: F = 3 AND (s OR NOT()) < > EXEMPLO22 Avaliagio de equages booleanas Calcule 0 valor da equagio booleana F = (a AND b) OR (¢ AND 4) para os valores dados das va- riaveis a, b, ced: * a=1,b= 1c = 1d = 0. Resposta:F = (1 AND 1) OR (1 ANDO) = 10RO=1. * a= 0,b= 1c = 0,d = 1. Resposta: F = (0 AND 1) OR (0 AND 1) = 0. 0RO=0. @ a=i,b= 1c = 1d = 1. Resposta: F = (1 AND 1) OR (1 AND 1) = 1 0R1 = Alguém poderia estar agora perguntando 0 Aigebra booleana Plano de Boole: formalizar que tem a dlgebra booleana a ver com acons- ~{meades do raciocinio humana tugao de circuitos usando chaves. Em 1938, Sea um estudante de pés-graduagao do MIT cha- Chaves ora comutagio mado Claude Shannon escreveu um artigo (ba~ aera, etnies soutos seado em sua tese de mestrado) que deserevia como a dlgebra booleana poderia ser aplicada a | Mostiou @ aplicagio circuitos baseados em chaves, mostrando que Shannon (tess) 28 élgebra Booleans — chaves “ligadas” poderiam ser ‘Saealaaem shaves Shannen, a propésito, Stambéncenstterado — watadas como um L (ou verda- gpatda one Re deiro) e “desligadas”, como um Projeto cigital informagio, devido a _ 0 (ou falso) Para isso, as chaves Figura 27 Shannon aplicou a Algebra bo- ‘seu trabatho posterior deveriam ser ligadas entre si de gleana aos circuitos baseados em chaves, sobre a conumicacto umm certo modo (Fig. 2.7). A sua dando uma base formal ao projeto de circui- digital. tese é amplamente consideradaa tos diy semente que se desenvolveu produzindo 0 mo- demo projeto digital. Como a algebra booleana contém um rico conjunto de axiomas, teore- mas, postulados e regras, podemos usar todas essas coisas para, usando algebra, manipular os cireuitos digitais. Em outras palavras: Podemos construir coisas fazendo matemitica. Esse é um conceito extremamente poderoso, Ao longo deste capitulo, construiremos ci cuitos fazendo matemitica, Projeto Ligico Combinacional < 57 Portas AND, OR e NOT Antes, dissenos que A fim de construir circuitos digitais que possam set manipulados usando a al- inva nortan ‘gebra booleana, implementamos primeiro os operadores booleanos AND, OR entrada de controledo NOT usando pequenos cireuitos de chaves, os quais chamaremos de portas Ki chaveamenio de wn gicas booleanas. Entio, esquecemos as chaves ¢, no seu lugar, usamos as portas transisior CMOS, mas 16gicas como nossos blocos construtivos. De repente, temos 0 poder da lgebra ‘agora estamos falande hooleana na ponta dos nossos dedos para projetar circuitos mais complexos! Isso a respeita de “partas €semelhante a primeiro juntar pedregulhos formando trés tipos de tijolos ¢, entdo, logicas”. Devido a construir estruturas como pontes com esses tijolos, como esta ilustrado na Fig, 2.6. See at ‘Tentar construir uma ponte com pedregulhos é muito mais dificil do que construi- sreunuipalaratpena) — ¥Comesses és tipos bisicos de tjolos, De modo semethante, tentar construir um cireuito para detectar movimento no escuro (ou qualquer circuito digital) usando refere-se a duas coisas (ts i s diferentes. Entretanto, chives € mais dificil do que construf-to com portas légicas booleanas. ide sepreoniperde: Primeiro, vamos implementar as portas l6gicas booleanas usando transisto- pois da proxina seo, res CMOS entio mais adiante mostraremos como a éigebra booleana ajuda- usaremos.a palavra nos a construir circuitos melhores, Voce realmente ndo precisa compreender porta somenie para _a implementagiia das portas I6gicas, que est por baixo em nivel de transistor, nos referirmos @uma —_ para aprender os métodos de projeto digital no restante deste livro e, de fato, “porta Sagtea". muitos livros omitem inteiramente a discussao sobre transistores. No entanto, para um estudante, uma compreensiio da implementacgio em nivel de transistor pode ser bem. satisfat6rio porque nao fica nada de “misterioso”. Essa compreensao pode ser itil também. para entender o comportamento nao ideal das portas l6gicas, o qual mais tarde poderd vir a se tornar necessério aprender para se poder lidar com os projetos digitais. ‘Vamos comegar usando “1” para representar 0 nivel de tensdio da fonte, que hoje est usu- almente entre 1 ¢ 2 V para atecnologia CMOS (por exemplo, 0,7 V ou 1,3 V). Vamos usat “0” para representar a terra, Observe que poderiamos ter escolhido quaisquer dois simbolos ou pa Javras, em lugar de “1” © “0”, para representar os niveis de tensao da fonte e da terra. Por exem- plo, poderiamos ter usado “verdadeiro” ¢ “falso”, ou “H” e“L”. Lembre-se de que 0 “1” nao corresponde necessariamente a | V eo “0",a 0 V. De fato, cada um deles representa usualmente um inéervalo de tensa, como “1” representando qualquer tensdo entre 1,2 1,4 V. smoas x fee a Te ; 4 AE INE 5 1)0 o1]1 0 fel 5 Figura 2.8 Simbolos, Na 4 tabelas-verdade e circuitos 7 na realidade as portas reais, AND e OR ndo siio cons- trufdas desse modo, mas sim de modo mais com- plexo — vejaa Secdo 2.8. (a) ) @ transistorizados de portas 4 = l6gicas basicas: (a) porta ES co NOT (inversor), (b) porta OR de 2 entradas, (¢) porta ——Cireultocom F x & AND de 2 entradas. Alenia: “=nsisiores fry 58 > Sistemas Digitais Porta NOT Uma porta NOT tem uma entrada x e uma saida F. O valor de F deve ser sempre 0 > oposto, ou inverso, de x — por essa raziio, uma porta NOT é comumente chamada de inversor. Poderemos construir uma porta NOT, usando um transistor pMOS e um nMOS, como est mostrado na Fig, 2.8(a). 0 triangulo no topo do cireuito transistorizado representa a tensio positiva da fonte de alimentagho, que representamos como 1. A série de linhas na base do circuito representa a terra, que representamos como 0. Quando a en- trada x € 0, 0 transistor pMOS iré conduzir, mas 0 nMOS nao conduzird, como mostra a Fig, 2.9(a). Nesse easo, podemos pensar no citcuito como sendo um fio de 1 a F, de modo que quando x = 0, entao F = 1, Por outro lado, quando x ¢ 1, 0 nMOS ir conduzir, mas 0 PMOS nao ird, como esté mostrado na Fig. 2.9(b). Nesse caso, podemos pensar no circuito como sendo um fio de 0 a F, de modo que quando x = 1, entéio F = 0. A Tabela da Fig. 2.8, chamada de tabela-verdade, resume 0 comportamento da porta NOT, listando a saida da porta para cada entrada possivel. 1h o= = (al (oh Figura29 Caminhos de conducao do inversor quando: (a) a entrada & 0 e (b) a entrada 6 1 1 -— A Fig. 2.10 mostra um diagrama de tempo de um inversor ~ quando a en- x trada 0, a saida é 1; quando a entrada é 1, a saida 6 0. Eletricamente, a combinagao de transistores pMOS e nMOS dessa forma traz o beneficio do baixo consumo de energia, Observe na Fig. 2.8(a) que, para qualquer valor de x, ou 0 transistor pMOS ou 0 nMOS nao conduz. Assim (conceitualmente), a corrente nunca pode fluir da fonte de alimentagdo até a terra — essa caracterfstica também serd verdadeira para as portas AND ¢ OR que definiremos em seguida. Isso faz:eom que os circuitos CMOS consumam Figura 2.10 Dia- muito menos energia do que as outras tecnologias de transistor e explica em grama de tempo do parte por que atualmente a tecnologia de portas Idgicas transistorizadas mais, inversor. popular 6 a CMOS. | tempo Porta OR _-— Uma porta OR basica tem duas entradas x ¢ y ¢ uma safda F. O valor de F deve ser 1 se, no mfnimo, uma das entradas x ou y for 1. Poderemos construir uma porta indo dois transistores pMOS ¢ dois nMOS, como esté mostrado na Fig. 2.8(b) (veremos na Segdo 2.8 que, na realidade, as portas OR silo construfdas de forma mais complexa). Se, no minimo, uma das entradas x ou y for 1, entdio teremos uma ligagio de 1 para Fe nenhuma de 0 para F, de modo que F serd 1, como est mostrado na Fig. 2.1 1(@). Se ambas as entradas x e y forem 0, entiio teremos uma ligagtio de 0 para F e nenhuma de 1 para F. Desse moda, F seré 0, como esté mostrado na Fig. 2.11(b). A tabela-verdade da porta OR aparece na Fig. 2.8(b). Projeto Ligico Combinacional < 59 F Figura 2.11 Caminhos ty de condugao de uma porta OR quando: (a) uma en- trada € 0 e (b) ambas as WV entradas sito 0. {al 1 A Fig. 2.12 mostra um diagrama de tempo de uma porta OR. (Vejaa Segio Re 1.3 para uma introdugdo aos diagramas de tempo.) Aplicamos cada combina- e Gio possivel de valores ds entradas x e y e mostramos que F seré 1 se ambas as i entradas ou qualquer uma delas for 1. ° Portas OR maiores, tendo mais de duas entradas, também so possiveis. 1 Se, no minimo, uma das entradas da porta OR for 1, entao a saida sera 1. Em F uma porta OR de trés entradas, o circuito transistorizado da Fig. 2.8(b) terd us — transistores pMOS em cima ¢ trés nMOS em baixo, ao invés de dois transisto- tempo Figura 2.12 Dia- grama de tempo da porta OR, {> tempo Figura 2.14 Dia- grama de tempo da porta AND. res de cada tipo. Porta AND ‘Uma porta AND bésica tem duas entradas x ¢ y ¢ uma saida F. O valor de F deve ser 1 somente se ambas as entradas x € y forem 1. Poderemos construir uma porta AND usando dois transistores pMOS e dois nMOS, como esté mostrado na Fig. 2.8(c) (novamente, veremos na Seco 2.8 que na realidad as portas AND sao construfdas de forma mais complexa). Se ambas as entradas x e y fo- rem 1, entdo teremos uma ligaco da fonte de alimentagdo para F e nenhuma da terra para F, de modo que F serd 1, como esté mostrado na Fig, 2.13(a). Se, no minimo, uma das entradas x ou y for 0, entio teremos uma ligagao da terra para Fenenhuma da fonte para F. Desse modo, F serd 0, como esta mostrado na Fig. 2.13(b). A tabela-verdade da porta AND aparece na Fig. 2.8(), gl py Figura 213 Cami- mhos de conducio de uma porta AND quando: (a) todas as entradas stio 1 ¢ (b) wv 1 ‘uma entrada € 0. (o) ) A Fig. 2.14 mostra um diagrama de tempo de uma porta AND. Aplicamos cada combinagdo poss{vel de valores 2s entradas x e y © mostramos que F serd 1 apenas se ambas as entradas forem 1. 60 > Sistemas Digitais Portas AND maiores, tendo mais de duas entradas, também sfio possfveis. A safda serd 1 apenas se todas as entradas forem 1. Em uma porta AND de trés entradas, o circuito transis torizado da Fig, 2.8(c) teria trés transistores pMOS no topo e trés nMOS na base, ao invés de dois transistores de cada tipo. Construindo circuitos simples usando portas Depois de termos construfdo portas légicas como blocos construtivos a Detector partir de transistores, mostraremos agora como construir circuitos ticis [> a partir desses blocos. Lembre-se do exemplo de sistema digital da Fig. L£ 1.13, 0 detector de movimento no escuro. Quando a = 1 significava mo- vimento, b = 0 significava escuridao e querfamos F = a AND NOT(b). Po- demos conectar b a um inversor obtendo NOT(b) e ligar o resultado junto com a nia entrada de uma porta AND, cuja saida ¢ F. O circuito resuitante aparece na Fig, 1.13(c), mostrado aqui novamente & esquerda por conveni- €ncia. Agora vamos apresentar mais exemplos. > EXEMPLO23 Convertendo uma equagao booleana em um circuito com portas logicas Converta a seguinte equaglo em um cireuito; F = a AND NOT( b OR NoT(c) ) a ‘Comecamos desenhiando F & direita e enti tra- > |} balhamos inversamente em diregdo as entradas. (Também poderfamos comegar desenhando as en- tradas & esquetda ¢ trabalhar em diego & sda.) A wt equagao de F contém uma porta AND de dois itens: [ ea safda de um NOT. Desse modo, comecamos S a >] desenhando o circuito da Fig, 2.15(a). A entrada da NOT vem de uma porta OR com dois itens de en- trada: b e NOT(). Assim, completamos 0 desenho Figura 2.15 Construgiio do cireuito para da Fig. 2.15(b) incluindo uma porta OR e uma NOT F: (a) parcial, (b) completo. como mostrado. < > EXEMPLO24 Mais exemplas de conversdo de equagies booleanas em portas A Fig. 2.16 dd mais dois exemplos de conversio de equagdes booleanas em circuitos, construfdo: com portas Iégicas. Comegamos novamente com a saida ¢ trabalhamos inversamente em dire as entradas. A figura mostra a correspondéncia entre os operadores das equagdes e as portas, além. da ordem que seguimos para colocar cada porta no circuito, FoaANDis ona) F = (a AND NOT{b)) OR (b AND NOTIe}) ‘ing 2 13 yo i) ) Figura 2.16 Exemplos de conversiio de equagdes booleanas em circuitos. Projeto Ligico Combinacional < 61 > EXEMPLO25 Usando portas AND e OR com mais de duas entradas A Fig. 2.17(a) mostra uma implementagiio da equacio F = a AND b AND ¢, usando portas AND de duas entradas. Em lugar disso, no entanto, os projetistas implementardo tipicamente essa equagio usando uma tinica porta AND de trés entradas, mostrada na Fig. 2.17(b). A fungio €a mesma, masa porta AND de trés entradas usa menos transistores, 6 em lugar de 44 = 8 (além de ter menos atraso de tempo — depois veremos mais sobre atrasos de tempo). De modo semelhante, tipicamente F = a implementada usando uma porta AND de quatro entradas. F=aANDbANDe @ ) Figura 2.17 Uso de portas AND de entradas miltipl 2 entradas, (b) usando uma porta AND de 3 entradas, a) usando portas AND de A mesma abordagem aplica-se a portas OR. Por exemplo, F = @ OR b OR c seria implemen- tada tipicamente usando uma porta OR de trés entradas. < Agora, apresentaremos exemplos que comegam com as descri¢Ges verbais dos proble- mas, a5 quais so convertidas em equagGes booleanas que, finalmente, so implementadas na forma de cirevitos. > EXEMPLO 2.6 Luz de alerta para cinto de seguranca ‘Suponha que voce quer projetar um sistema para automével que acenderd uma limpada de alerta sempre que 0 cinto de seguranga nao estiver en- gatado e a chave estiver na ignigdo. Assuma os seguintes sensores: ‘© um sensor de safda s indica se © cinto de se- guranga do motorista esta engatado ($= 1 sta engatado), & ‘© um sensor com said k indica se-a chave esti igni significa que a chave esta colocada). ‘Assuma que a luz de alerta tem uma entrada simples w que acende a luz quando w é 1. Assim, as entradas do nosso sistema digital sio s ek, ea saida é w, w deve ser 1 quando ambas as condigdes seguintes ocorrem: 5 60.¢ k 61 Primeiro, vamos esctever um programa sim- ples em C, executivel em microprocessador, que seja capaz de resolver esse problema de projeto. Se conectarmos § a 10, k a 11 e wa PO, entao o nosso cédigo em C dentro da fungdo main () do programa em C seria: while (1){ PO=N08&17; 62 > Sistemas Digitais Repetidamente, o cécigo verifica os sensores e atualiza a luz de alerta, Agora, vamos escrever uma equagdo booleana que desereve um circuito capaz de implementar © projeto: w= NOT(s) AND k Usando as portas légicas AND e NOT que introduzimos antes, podemos completar facilmente © projeto do nosso primeiro sistema, conectando s a uma porta NOT e ligando a porta NOT(s) resultante e k a uma porta AND de 2 entradas, como est mostrado na Fig. 2.18. A Fig. 2.19 mostra um diagrama de tempo para o circuito. Em um diagrama de tempo, po- demos aplicar quaisquer valores que queiramos s entradas, mas entio a linha de safda deverd ser desenhada de modo que acompanhe a funcio do cireuito. Na figura, aplicamos 00 as ¢ ak, a seguir, 01, ento 10, e finalmente 11. O tinico intervalo em quea safda wé 1 é quando s €0e k é 1, como mostrado na figura. < Alertacinto Enuradas 1 ko ye . oO Le : — 3; —_] Figura 219 Dias syises grama de tempo do 1 Figura 2.18 Cir. * "| circuito de alerta. = y cuito de alerta para para cinto de segu- cinto de seguranga. Cinto de seguranca ranga, tempo Dissemos anteriormente que, no projeto de circuitos ‘AletaCinto digitais, as portas I6gicas stio mais apropriadas do que 1 08 transistores como blocos construtivos. Em gltima ne andlise, no entanto, observe que as portas légicas io implementadas usando os transistores, como est mos- trado na Fig. 2.20. Para os programadores de C, uma ky analogia é que 6 mais fiicil escrever programas em C do x” ‘que em assembly, mesmo que o programa em C termine sendo implementado, em iltima andlise, em assembly. Observe como o circuito baseado em tansistores da & Fig. 2.20¢ muito menos intuitivo do que 0 circuito equi. =" valente bascado em portas l6gicas da Fig. 2.18. a > EXEMPLO27 Luz de alerta para cinto de seguranca com Figura 220 Circuito de alerta para sensor de presenga de motorista cinto de seguranga usando transistores ‘Vamos expandir 0 exemplo anterior adicionando um sen- sor, com saida p, que detecta se uma pessoa esté de fato EL Aleesctare: sentada no assento do motorista. Iremos também alterar © funcionamento do sistema para que a luz de alerta seja e we acesa somente quando detectada a presenga de uina pes- ‘soa no assento (p = 1). Desse modo, a equaciio do novo circuito é: 7 w= p AND NOT(s) AND k | Neste caso, precisamos de uma porta AND de 3 en- tradas. O circuito esté mostrado na Fig. 2.21 Figura2.21 Circuito de alerta para ‘Tenha em mente que a ordem das entradas na porta ¢; AND € irrelevante. 4 pre to de seguranga com sensor de enca de pessoa, Projeto Ligico Combinacional < 63 > EXEMPLO28 Luz de alerta para cinto de seguranca com acendimento inicial ‘Vamos expandir ainda mais o exemplo anterior. Os au- toméveis costumam acender todas as luzes de alerta quando vocé gira a chave de ignigio na partida. Assim, voce pode verificar se todas as luzes de alerta estéio fun- cionando. Assuma que 0 nosso sistema recebe uma en- trada t que € 1 durante os primeiros 5 segundos apés a colocagao da chave na ignigao e entao toma-se 0, a partir desse instante em diante (ndo se preocupe com quem ou © que faz t assumir esses valores), Desse modo quere- mosw = Lquandop = Les = Oek = 1,ouquando Figyra222 Circuito expandido de t = 1 Observe que, quando t = 1, acendemos a luz, alerta para cinto de seguranga, independentemente dos valores de p, 5 € k.A equagio do novo circuito &: W = (p AND NOT(s) AND k) OR to est mostrado na Fig, 2.22, < k AleriaCinto Oa Algumas regras e convengdes de desenho de circuitos Ha algumas regras ¢ convengdes que os projetistas se~ guem normalmente quando desenham circuitos com por: 4 tas logica ‘* Asportas l6gicas 8m uma sada e uma ou mais entradas, mas normalmente nao rotulamos as safdas ¢ as entradas das portas, Lembre-se de que a ordem das entradas em *) Sad do uma porta no tem efeito sobre o seu comportamento mf 4 l6gico. | ad ‘* Cada fio tem um sentido implicito, indo da saida de uma porta para a entrada de uma outra porta, mas normal- mente ndo desenhamos as setas indicando o sentido, nk ‘+ Um fio simples pode se ramificar em dois (ou mais) fios [4 que vio para as entradas de diversas portas ~ os ramos tm o mesmo valor que o fio simples. Entretanto, dois —— __| fios NAO podem se juntar em um tinico — qual seria o va- ia 0k. Jor desse fio simples se 0s dois fios que chegam tivessem valores diferenies? JOU 0 > 25 ALGEBRA BOOLEANA As portas légicas sfo dteis para implementar circuitos, mas as equagdes stio melhores para manipular esses circuitos. As ferramentas algébricas da dlgebra booleana permitem-nos ma- nipular as equagées booleanas de modo que podemos fazer coisas tais como sim| equagies, verificar se duas equagées sfio equivalentes, encontrar a inversa de uma equacio, demonstrar as propriedades das equagdes, etc. Como uma equagiio booleana, consistindo em operagdes AND, OR ¢ NOT, pode ser facilmente transformada em um circuito de portas AND, OR ¢ NOT, pode-se considerar a manipulaco das equagdes booleanas como sendo uma manipulagdo de circuitos digitais ‘Vamos introduzir informalmente algumas das ferramentas algébricas mais tteis da dlge- bra booleana, O Apéndice A fornece uma definigo formal de algebra booleana. 64 > Sistemas Digitais Notagao e terminologia Agora definiremos uma terminologia ¢ um sistema de notagdo pata descrevermos as equa- Ges booleanas. Usaremos extensivamente esas definigdes por todo o livro. Operadores Escrever os operadores AND, OR e NOT nas equagoes € incOmodo. As ana usa uma notaciio mais simples para esses operadores: im, a algebra boole- * “NOT(a)” ¢ escrito tipicamente como a' ou @. Usaremos a! que € lido como “a linha”. O. termo a' ¢ também conhecido como 0 complemento de a, ou. 0 inverso de a. * “a OR b” escrito tipicamente como “a + b”, com a intengao espectfica de ser semelhante a0 operador de adigiio da Algebra comum. A expresso “a + b” ¢ entio referida como a soma de a.e b. A expresso “a + b” é lida usualmente como “a ou b”. ‘© “a AND b” é escrito tipicamente como a b” ou “a - b”, com a intengiio especifica de ser similar a0 operador de multiplicagio da élgebra comum e é referido mesmo como o produto de a eb. Como na algebra comum, podemos mesmo escrever “ab” como sendo o produto de ae b, desde que fique claro quea ¢ b silo varidveis separadas. A expressio “ *b” 6 lida usualmente como “a ¢ b” ou simplesmente “ab”, Os matematicos freqiientemente usam outras notagdes para os operadores booleanos, mas a notagtio anterior parece ser a mais popular entre os engenheiros, devido provavelmente A semelhanga intencional desses operadores com os da algebra comum. ‘Usando a notagdo mais simples, o nosso exemplo anterior do cinto de seguranga: w= (p AND NOT(s) AND k) OR t poderia ser reeserito de forma concisa como: wepstket que seria lido como “w € igual a p, s linha, k owt”, > EXEMPLO29 Londo equagdes booleanas Leia as seguintes equagdes: 1. = a'b! + c. Resposta: “F 6 igual aa linha b linha, ou ¢:” 2.F = a+b * c!, Resposta: “F €igual aa, ou bec linha.” Converta as seguintes leituras de equagdes em equagdes escritas: 1, “F é igual aa b linha c linha.” Resposta; F = ab'c'. 2. °F éigual aa bc, oude linha.” Resposta: F = abe + de’. < As regras da Algebra booleana exigem que avaliemos as expresses usando as regras de precedéncia de que: * tem precedéncia sobre +, a complementacao de uma variavel tem pre- cedéncia sobre * ¢ +, ¢ naturalmente calculamos primeiro 0 que est dentro de parénteses. Podemos tornar explicita a ordem de avaliago da expressfio anterior usando parénteses como. segue:w = (p* (s') * k) +t. ‘A Tubela 2.1 resume as regras de precedéncia da flgebra booleana, Projeto Logico Combinacional < 65 TABELA21 Regras de precedéncia da élgebra booleana, precedéncia mais eleveda primeiro Simbolo Nome Descrigéo a Parénteses _Avalie primeiro as expressdes contidas em parénteses NOT Avalie da esquerda para a direita - ‘AND ‘Avalie da esquerda para a direita + OR Avalie da esquerda para a di Convengaes Embora fenhamos tomado emprestado da algebra comum as operagdes de adigao e de multi plicagio, e mesmo usado os termos soma e produto, nao dizemos “vezes” para AND e “mais” para OR. Os livros de projelo digital designam tipicamente cada varidvel usando um tinico caracter, porque as equacdes tornam-se mais concisas. Como escreveremos muitas equacGes, a conci slo ird facilitar a compreensiio delas evitando que se desdobrem por muitas linhas ou paginas Desse modo, seguiremos a convencao de usar caracteres simples. No entanto, quando voce desereve sistemas digitais usando uma linguagem de descrigzio de hardware ou uma lingua- gem de programagio como C, provavelmente voc deverd usar nomes muitos mais descritivos para que 0 seu cédigo seja entendido. Assim, ao invés de usar "'s” para representar a saida de um sensor de cinto de seguranga engatado, vocé poderd usar “CintodeSequrancafngatado”. > EXEMPLO 2.10 Avaliando equages booleanas usando as regras de precedéncia Les 0ede 1. Avalie-as seguintes equagdes booleanas, assumindo a = 1,b 1. = a * b + c. Resposta: * tem precedéncia sobre + e assim, avaliando a expresso, obte- mosF*(1*1)+0*(1)+0=1+0%1. 2. F = ab + c. Respasta: 0 problema ¢ idéntico ao anterior, usando a notagdo abreviada de *. 3. F = ab! Resposta: primeiro avaliamos b', porque NOT tem precedéncia sobre AND, re- sultandoF = 1 * (1!) = 1* (0) =1* 0-0. 4, F = (ac)* Respasta: primeiro avaliamos o que esti dentro dos parénteses e, a seguir, apli- amos 0 NOT ao resultado produzindo (1*0)' = (0)' = 0' = 1, 5.F = (2 +b!) * c + 4". Resposta: os partnteses tém a mxima precedéncia, Dentro dos parénteses, NOT tem a precedéncia mais elevada. Assim, avaliamos a parte dos partnte- ses como (1 + (1')) = (1+ (0)) = (1 + 0) = L.A seguir, * tem precedéncia sobre +, resultando (1 * 0) + 1' = (0) + 1! ONOT tem precedéncia sobre o OR, dando (0) + 1") = (0) + (0) = 0 +O =0 < Varidveis, lterais, termos e soma de produtos ‘Vamos definir mais alguns conceitos, usando como exemplo a equagio: F(a,b,c) = a'be + abc’ + ab +c. ‘© Varidvel: Uma varidvel representa uma quantidade (0 ou 1). A equagao acima tem trés va- ridveis: a, be c. Tipicamente, usamos varidveis nas equagdes booleanas para representar as entradas de nossos sistemas. Algumas vezes, listamos explicitamente as variaveis da fung: como antes (“F(a,b,c) = ..."), Outras vezes, omitimos a lista explicita (*F = ...” 66 > Sistemas Digitais Literal: Literal & a expressfio de uma varifivel na formas complementada ou no comple- mentada (afirmada). A equagao acima tem 9 literais: a', b,c, a, b,c’, a, bec. ‘* Termo de produto: Um termo de produto & um produto de literais, A equagiio acima tem. ‘quatro termos: a'be, abe", ab e-c. * Soma de produtos: Uma equagio escrita como uma operagio OR de termos de produtos € conhecida como estando na forma de uma soma de produtos. O exemplo anterior de ‘equagdo para F estd na forma de uma soma de produtos. Todas as seguintes equagdes estio na forma de uma soma de produtos: abe + abe! ab + a'c + abe a + b! + ac (observe que ¢ possfvel haver um termo de produto que contenha ‘apenas uma literal). As seguintes equagdes NAO esto na forma de soma de produtos: (a + b)e {ab + be)(b + ©) (a) +b a(b + c(d + e)) (ab + bc)! Algumas propriedades da algebra booleana Listaremos agora al gumas das regras chaves da dlgebra booleana, Suponha que a, be ¢ variaveis booleanas que apresentam os valores 0 ou 1. Propriedades Basicas Assuma que as seguintes propriedades, conhecidas como postulados, sao verdadeiras: © Comutativa atb=bta a*b=b*a Essa propriedade deve ser ébvia. Simplesmente, teste-a com diferentes valores de a e b. © Distributiva at(b+c)ea*btate a+ (b *c) = (a +b) * (a +c) (essed enganadora!) Cuidado, a segunda pode nao ser Sbvia. E diferente da dlgebra comum, No entanto, voo8 pode veritficar que ambas as propriedades distributivas sfio verdadeiras simplesmente ava- Jiando ambos os membros de cada equacHo usando todas as combinagGes possfveis de valores dea, be c. © Associativa (a+b) +e2a+ (b+) (a*b) *c=a(b*c) ‘Novamente, teste-a para diferentes valores de a e b para ver que ¢ verdadeira. © Mentidade O+asat0za 1l*a=a*i-=a

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