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A HETERONIMIA PESSOANA ET aL) Oecd PROGRAMA | FERNANDO PESSOA ROTC PTT Rete Ooty COLIC) 4 CIC} OP ueu ee uae) FERNANDO PESSOA ORTONIMO Poesia do corténimo PROGRAMA, ony | Contexto histérico- -literario i face ante audience Sea eee Ceeeuea eae doen aes eee Pour eat aaa 7 oa es a puna iii fines ean sath Soo ro piace ere Se a eos ion ESE Seat aes eee ee copula ree tee ane seat Hie de tour, ana: ieee cuts Amadeo de Souza-Cardoso. ressivos: a andfora, a antitese, a apdst 2.03 perso numeracao, a gradagao, OFINGIMENTO ARTISTICO Www E no poema «Autopsicogratia» que | | A dor de pensar é um dos temas Pessoa orténimo methor apresenta | | chave da poesia de Pessoa orténi- 9 seu conceito de criagao postica: a | | mo. A questao poders colocar-se Poesia é fingimento, o poeta é um | | assim: o sujeito poético sente-se fingidor. A criac3o poética assenta | | daminado pelo pensamento, nao no fingimento, na medida em que | | conseque parar 0 pensamento, lum poema nao traduz o que o poeta | | Essa interferéncia do pensar dimi- sente, mas sim aquilo que imaginaa | | nui e/ou anula o sentir partirdo que anteriormente sentiu. | | A vivéncla de qualquer emo¢io ou O poeta ¢, pois, um fingidor, que es- | | sensagao ¢ intercetada pelo pen- reve uma emocao fingida, pensa- | | samento que reflete sobre ela 4a, trabathada pela razio e pela | | Essa incapacidade de sentir sem imaginarao; nde é a emocao sentida | | pensar provoca dar no sujeito, que pelo coragdo, pois essa sé chega ao | | deseja ser como a «pobre ceifei- oema jé transfigurada na tal emo- | | ra», um gato ou uma crianga, que §80 trabalhada poeticamente. ‘tém a capacidade de apenas sentir A poesia [a arte) é a intelectualiza- cena ‘A nostalgia da infancia é urn dos Temas mat exresshos do poesia © poeta, movide por uma perma- | | de Pessoa orténimo, que recorda 0 nente inquietagao e desejo de auto- | | tempo feliz e irremediavelmente conhecimento, sente 0s limites do | | perdido da infincia. Em muitos Feal © procura as respostas para | | poemas, 0 sujlto postico exprime além dele, Sente que «tudo é do ou- | | a meméria dessa infancia, susci- tro lado», tudo esté para atém do | | tada por um som, uma imagem, ‘muro ou para além da curva da es- | | uma palavra, para coneluir que trada. 0 caminho € 0 sanho, éir ao | | crianca que foi j8 no existe no fencontro da imaginacao, que pode | | presente, néo ha coincidéncia en~ surgir sob diversas figuracées e | | treo eu-outrora eo eu-agora. ‘metatoras. 0 poeta perde-se no so- | | Em Pessoa, a passagem da infén= ‘tho, mesmo que ele o afaste da vida | | cia 8 idade adulta nao é um pro- € dos outros eo impesa de viver a | | cesso evolutivo, é um proceso de vida como ela € ou parece ser. No | | rutura, de morte, como se a crian- fentanto, sabe que persegue um G2 que foi estivesse morta para possivel, por isso, aceita, resignado, | | sempre. © desajuste entre a reatidade e 0 | | £ impossivel voltar ao pasado, & sonho, interrogando-se se este nao | | impossivel voltar a ser feliz sem seré mais real que aquela. saber que era feliz, LINGUAGEM, ESTILO E ESTRUTURA Preferéncia pela métrica curta. Uso darima. 7 Gosto pelo popular [com uso frequente da quadral;influéncia do lirismo | lusitano, 7 Linguagem simples, espontinea, mas sébria, 1 Versos leves em que recorre frequentemente & interrogagao, & negacSo, as reticéncias oe POESIA DOS HETERONIMOS [7] Poesia dos | + Ofingimento artistico: heterénimos Alberto Caeiro, o p | Ricardo Reis, o poeta | Alvaro de Campos, o poeta da moderni Alberto Caeiro becill poemasl | * Reflexao existencial: ] ~ Alberto Caeiro:o primado das se # % | Ricardo Reis Ricardo Reis. a consciéncia e a encenacao da mortalida (8 elolnsniee nase verde cureal | Be cere cers | G2 oats tie natarivce oer * Linguagem, estilo e estrutura: formas posticas e formas estroficas, métrica e rima: recursos expressivos: a aliteracao, a andfora, a andstrofe, a apéstrofe, a enume- ragdo, a gradacao, a metafora e a personificacao: nomatopeia oe We eee ee Cine Casio é 0 «Mestren que Pessoa crioU, © poeta que ele gostaria de ser: alguém que nao procura um sentido para a vida ou para o uni- verso, porque the basta aquilo que v6 e sente em cada momento Vive segundo 0 primado das sen- sages, sente sem pensar E 0 criador do Sensacionismo e tam- bbém o Mestre dos outros heteré- nimos. Caeiro nao procura conhe- cer nem adivinhar o sentido oculto nas coisas. Expressa um conceito de vida ba- seado na aceitaczo serena do mundo @ da realidade, saborela tranquilamente cada impressao captada pelo olhar, ingénuo como de uma crianca E 0 poeta do real objetivo, que vive no presente, sem pensar no pas- ado e, por isso, nao sofre de nos sem pensar no futuro e, por isso, no tem medo da desilu- S80, nem mesmo da morte ‘ = ; ' eae Weal ALBERTO CAEIRO Segundo Pessoa, o heteréni- ‘mo Caeiro foi criado no dia 8 de marco de 1914 Nasceu a 16 de abril de 1889, em Lisboa, no entanto, érf0 de pai e mae, viveu quase toda ‘vida no Ribatejo, na quinta de uma tia-avé, devido a proble- mas de sade. Era de estatura dia, louro, de pele clara e com olhos azuis. N30 estudou nem teve pro- fiss80 e foi no Ribatejo que escreveu os poemas de 0 Guardador de Rebanhos © de 0 Pastor Amoroso. Regressando 2 Lisboa no final da sua cur- ta vida, escreveu 0s. Poemas Inconjuntos. Morreu de tuber- culose, em 1915, com vinte © seis anos. Poeta do campo, Caeiro partitha com a Natureza os instantes ofe- recidos pelo ciclo das estacdes, feliz edestumbrado com as mara: vithas simples que o olhar the permite ver. Sente-se fazendo parte dessa Na- tureza, como um rio, uma érvore, ‘a chuva ou 0 sol, que britha nos seus poemas como em nenhum outro poeta da «constelagao pes- soana» Apoesia de Caeiro, assente nessa dimensdo natural, 6 uma espécie de expresso esponténea e quase instintva de pensamentos que so sensacées. uma poesia livre, inovadora, préxima da prosa e do falar quoti- diano, como se brotasse de al- ‘guém que fala com um amigo, sentado numa pedra ou passean- do pelos montes. Na ‘7 Rejeicao de regras ao nivel das formas posticas e formas estréficas, métrica e rima Preferéncia pela métrica longa e irregular; verso branco, Linguagem simples, espontanea, mas sébri NS POESIA DOS HETERONIMOS a a LUT a ed ALVARO OF campos | MOCEZENTENTEIIETS Pessoa publicou afuturista «Ode Triunfal» e a moderna «Ode Martima» na | Nascou sm Tavira, @ 15 def) revista Orpheu, revelando toda » sua madernigade, reafirnad ent 191% em Lisboa e p oe Ene o «Ultimatum», no Portugal Futurista, revista apreendida pela policia, nharia Naval em Glasgow, Er Os seus versos livres, euféricos ou depressivos, so o exemplo do vanguar- Paseo gegen Em B) dismo modernista, que espelha um sentir cosmopolita, urban, extrovert | puede para icra 4 Soules ees siprsemertemerguase ned uation e suns aos. volando dees § MENESTORSION fm quando 2 Fartugal « aca-_$ Gamo neleesena mal eo neo ea i aeeasohe See tanee pen genio vanguardsta © modernist¢resiaso no sOse Tivnats,na «Ose frenieem Lisboa cbelo | Harlimas'e em outros erondes pocrnas de exallache da ves moderna Era alto, clegante, de cabelo 6 canada com erdadela madi apie Mas esis eps pia ta Uofeat lido novo, & 2 epopeta futurista da forga, da velocidade, das maquinas, do entusiasmo urbano. E a voz do poota apresenta um arrebatamento do canto, febril e nervoso, uma vor alta, que grita a exaltacao da vida moderna cheia de promessas. EME Meee nea) Campos reconhece Caeiro como Mestre, pois fo ele que o introduziu no un: verso do sensacionismo, Mas, enquanto Caeiro acolhe tranquilamente as ssensagSes, Campos experimenta-as febrilmente, excessivamente, num sen: sacionismo exacerbado, Quer «sentir tudo, de todas as maneiras» e parece lesgotar-se a seguir eaindo numa apatia melancéica e abulica, ou num de. vaneio nostalgico, autocentrade, que orienta a reflexao existencial no senti~ ldo da aguda consciéncia de si mesmo e da passagem do tempo. Tudo isto expresso numa poesia melancélica, isféica,intimista, POSEN Cautocentramento a solidao e a consciéncia da passagem do tempo apro- ximam Alvaro de Campos de Pessoa orténimo, com quem partitha a dor de pensar. a procura do sentido para além da realidade, 0 sonho, a nostalgia a infancia perdida. RTOs ‘7 Reis f0\ educado no gosto pelo classicismo e a sua poesia baseia-se na wimitagao» do poeta latine Hordcio, +7 € uma poesia neocléssica, com alusdes mitolégicas influenciada pelo epicurismo eo estoicismo gregos, 7 Uma poesia moralista, sentencioso, contida, sem espontaneidade Caltva sobretudo a ode, utiliza uma linguagem culta, om latinismos e neologismos; usa a andstrofe. save monéculo, Nae EESTRUTURA ¥ Verso livre, longo, por vezes articulado cam o verso curto ¥ Estilo arrebatado, torrencial, dindmico, por vezes épico [nos poemas futuristas) Uso de repeticies, andforas, ‘onomatopeias, exclamacoes, in- terjeicdes, metéforas inespera- das, antiteses paradoxos, Poetizagao do prosaico, do co- mum e quotidiana, "A CONSCIENCIA EA ENCENACAO DA MORTALIDADE RICARDDIREIS) Ricardo Reis é muito diferente dos outros poetas-Pessoa. A grande questao do Segundo Pessoa, Ricardo 4 | sentido da existéncia, ele responde como se fosse um homem de outro tempo e de Reis foi o primeiro heterd- um outro mundo, um grego antigo, pagao crente no Destino. inka a pesjesbeata, 7 Tem consciéncia da mortalidade. que parte da condic3o humana, pois na vida aac ee 8 coe | tudo passa, e sobre cada momento vivid pesa a Sombra da caminhada do Tempo, Sere ese Ssunas. 4 ¥ Paraenirntare medodo mart faz uma auténtic enenagdo da moraidade ee sere oe eeuteS | defende que ¢ preciso vver cada instante, sem pensar no futuro, numa perspetiva cei ites ce Gin | epicurista de saudac30 do carpe diem. Mas essa vvéncia do prazer do momento Medicina. Era monarqur. | deve ser feta de forma discipinada, digna, encarando com grandeza e resignacao ‘coe. por isso, em 1919, | © Destino de precariedade, numa perspetiva que tem raizes no estoicismo, ‘exlou-se no Brasil. devido | v E um conformista que pensa que nao vale a pena nenhum desejo, pois o ho- ‘mem nao pode escolher e tudo esta determinado por uma ordem superior A verdade, se existe, perlence aos deuses e, se nada se pode antecipar, s6 nos resta aceitar 0 Destino. © B17 0 mede do sotrimento paralisa-o, conduzindo-0 a uma fiosofia de vida vazi reno, mais baixo e mais | gue é conduzida com calculisma, alheia 20 que possa perturba. Mas como tudo forte do que Caeiro. ‘oque é humano é intenso e perturbante, Reis isola-se, numa gaiola protetora de {qualquer envolvimento social, moral ou mesmo sentimental, —_—_—_——— FERNANDO PESSOA, MENSAGEM. ‘Mensagem * 0 Sebastianisme. amen + Oimagindrio spico: (i | ° = naturezaépicortrca da obra dimensao simbstca do her = exltacan patrtica + Linguagem, estilo e estrutura Ursos expresaivos: a apdstrfe, a enumeraeSo, a gradacdo, a ares interrogagao retérica © a metafora. strutura da Mensagem representa Um cielo de naseimento, vda.e morte da itria Mas esta morte no € de fnitva, pois pressupde um renascimente que sera o novo império ura e espiitual - 0 Quinto Imperia, Esse ciclo esta visivel nas trés partes que constituem a obra ~ Brasdo, Mar Portugués, O Encaberto, EEGSEITEG - Fundacao da nacionalidade, desfie de herds lendsrios au histéricos, de Ulises a D. Afonso Henriques, D. Dinss ov D. Sebastio, EXTNEAVIGL SMU - Poermas inspirados na ansia do desconhecido e no estorgo heroico da luta com ‘9 mar Apogeu da a¢ao portuguesa dos Descobrimentos, em poemas como «0 Infante», «0 Mostrengo». «Mar Portugués» EREECUSRTE ETT - 0 fim das energias, a morte que contera jd em sia semente da ressurreicao, do novo ciclo anunciado - 0 Quinto Impériol. Nesse sentido, aterceira parte ¢ aroite, o nevaeiro, o fim, mas contém também o andncio das forgas latentes que hao de reacender a chama, D. Sebastiao, O Desejado, 0 Encoberto, hd de regressar, através do ressurgimento da sua loucura,traduzida no senho do impossivel, no desejo do Longe, na Utopia do Quinto Império, Peo SMENEa) "Na Mensagem 0 sonho e a utopia estao num plano superior & realidade. ¥ obra defende uma perspetiva ut6pica, assente num imagindrio épico: Por- tugal,rosto da Europa, otha o Longe, a Distancia, vendo além do vsivel, conhan- doe projetando o futuro do Ocidente. ‘7-0 mito, «0 nada que é tudo», seré a raiz sobre a qual Portugal adormecido ® apagado, no presente, iré edificar o sonho utépico de futuro, O mito dos mi- tos € D. Sebastiao, o Encoberto, que, transferindo para nés a sua loucura de. mais além, nos conduzird na travessia, no Nevoeiro. Portugal, que no passado ecificou um império territorial, edificars no futuro um império espiritual ~ 0 Quinte Império. NATUREZA EPICO-LIRICA 4 Dimenséo épea - Partin da base Nstérica erie factos da Hitéia de Portugal nao 6 uma narratva cam continidade, 0 abjetv nao € conta os feitos dos herdis; 0 que interessa da Historia séo os simbolos, os mitos, sinais dispersos mas interligados de uma patria que nasceu, viveu o Seu apogeu Sep0is marreu ¥ Dimenséo lirica - 0 poeta exprime o desejo de renascimento da patria de Conjugagao. das. tradicses rmessianicas e da tradicao popular do regresso de’O. Sebastiao, 0 Sebastianismo for reinventade por Anténio Vieira, como visso profética, do Quinto Império: Portu- ‘gal € 0 reino messinico, ‘anunciado pelos profetas na Biblia, Pessoa di-the a perspetiva cespintual: 05 impérias fo- ram Grécia, Roma, Cristan- dade, Europa ¢, no futuro PORTUGAL. ‘través da lingua, da cultu- ra e da literatura, Portugal imagen «opti. numo cones ner, exacts easing exon texto lirice poeta: AMensagem & uma epopela-liica ‘AMensagem tem, assim, um i cardter profético, antevendo DIMENSAO SIMBOLICA DO HERO! um: futuro, nao ter~ ‘7 Na Mensagem, no ha relatos historicos, hé poucas alusBes diretas a factos Fitorcos e 2 iguras foram escothidas pela sua dimensto de simboles- ~ 05 fundadores miticos ou histéricos da patria: Ulsses, Viriato, D Henrique, a "eda 2° dinastias, O. Afonso Henriques, D. Dini, D. Jo30 080, 0. Sebastian; 05 heréis navegantes ou ligados & reaizacio do Império:infante D. Henrique, Barolomey Dias Vasco da Gama, Fernao de Magalies, Alonso de Albuquerque, / € se, depois de «tanta tormentay, a patria jaz em cinzas e € Nevoe'ro, éneces- Shee despertor os energiase, segundeoexempa dos herbi ocura do ER- Coberto, reacender a exaltagao patristica, conquistando «de novo a Distancia»,

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