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146 VI. AMOR ‘Um livro sobre 0 feminismo radical que se do amor seria um fiasco polftico. Porque o amor, talvez ainda mais que o parto, € o piv6 da opress her pean, fro bree ee ‘gBes assustadoras. Queremos nos livrar do amor? © piinico sentido por qualquer ameaca ao amor § ‘um 6timo_indicio_de_seu_signi sinal de_que o am -qualquer.andlise- sobre amie crs, ou sobre a pstcologia sual sun omisso da tratas- ria cultura, sua relegacio A “vida (Quem uviu falar de Tsica no. querio de_dormi retratado em novelas, até na metafisica, mas nelas € des- ctito, ou melhor, recriado, ¢ nfo analisado, © amor nunca {oi compreendido, embora possa ter sido amplamente experimentado, e essa experiéncia ter comunicedo. Existem motivos para essa falta de anélise: As mu: theres € 0 Amor sao escoras, Examinem-se eles, ea ver~ fillg_gue, mesmo_es_poueas mulhers sem. “obrgnh mili ee ee ‘ekausias 4 Tinha”de part Ge qualquer, jimento sf, Requer-s6 ‘ie sun coersia, durante a.melbor pate ae = mos aie 7 resto de su a 'conservar” esse partido, (“Amar Fn aaa ee eesinee, 159 como a profissio € para os homens.”) As mulheres que preferem retirar-se dessa corrida escolhem uma vida sem amor, algo que, como vimos, a maioria dos homens néo tem coragem de fazer. Mas, infelizmente, a Caga a0 Homem € caracteriza- da por uma urgéncia emocional, além desse simples de- sejo de anunciar um compromisso oficialmente. Ela 6 fundamentada, em primeiro lugar, na propria realidade de classes que produziu incapacidade masculina de Sulina € condenada, Para lepiimar sua_extencia Od ‘uulher deve ser ue uma mull nntinua- ‘mente procurar uma saida para_sua_definicio_inferior; ns. $10 05, fem posigio de jer-theg se estado de graca. ‘ser raramente_ permit oie eile eslearae_svls_da_ suns -oa_ sociale e, raramente the ent €concedido-o-reconhecimento.que cla merece. — tomns- ta mento hang do Sede aoa de tte Pt i ito _ : ere a maioria das_mulheres faz, Assim, ‘némeno_ t, Silto para‘uma mulher € dizer que cla mulher", ie, que ela nfo € superior. O {que ela’ tem’ a inteligénca, talento, a dignidade, ou a forga um home. De fon smo odo mabe una ¢ omen, Dt Ee ans ‘Sik seima-do-compoctamenta. das_outan “Asim, a 160 pot motivos de bem-estar, mas realmente para valida pe aia nea ee rete pare Yaa, AIG “disso, a continua dependéncia econdmica das mutheres toroa impossivel uma situagSo saudével de amor nize iguas, As mulheres, ainda hoje, vivem sob um si tema de patronato, Com pouces exoeybes, elas tém a es- coe, nfo ene seem ies oe carom, mae cots vada,-As mulheres fominante pode © vilegis dees possam, por. 05 assar mulheres sem homens estio n-mesma situagio sdo uma subclasse desamparada, que necessi- ta da proteso dos poderotos. Isso € a anttese da liber- dade, ‘las ainda serem definides (negativamente) por ‘uma siluagdo de classe: pois hoje elas estfo num estado de vulnerabilidade exagerada, Participar do. dominio. de alguém escolhendo 0 seu senior dé em geralailusio de ‘uma escola five; mas, na realidads, a mulher munca € Tive para escolher 0 amor sem motivagbes extemas, Para dla, no momento atval, as dias coists, amor ¢ status, dlevem permanecer inexciavelmente entclagadas. ‘Agora, supondo que uma mulher no perea de vista esses fatores fondamentais de sua condigdo’ quando ama, la nunca seré capaz de amar gratitamente, mas apenas fm troca de-seguranga: 1) da seguranga emocional que, vimos, cla tem mo- tivos para exit, 2). da ‘identidade emocional que ela seria capaz de encontrar pelo trabalho e 0 reconhecimento, mas que The € negada — forgando-a, asim, buscar sua de go através de um homem; 3) da seguranca da classe econdmica que, nessa so- ciedade, esti ligada a sua habilidade em “fisgar” um hhomem’ ‘Dias dessas trés exigéncias slo condigées sem vali dade para o “amor”, contudo sfo impostas a ele, sobre- caregando-0, Assim, na sua precdria situag&o politica, as mulhe- res nfo podem ge dar a0 lixo do amor espontineo, Isso 161 seria perigoso demais. © amor € a aprovacio dos ho- ‘mens so importantissimos. Amar impensadamente, antes de ter assegurado 0 compromisso legal, poria em risco essa aprovacio. Citemos Rei “Finalmente ficou claro, durante a psicanlise, que a pa- ciente tinha medo de que, s¢ ela mostrasse a um homem que © amava, ele a consideraria inferior e a deixaria.” Uma vez que a mulher se entrega emocionalmente, la serd incapaz de jogar os jogos necessérios: seu amor surgiré primeiro, exigindo expresso. Fingir uma frieza {que no sente, entZo, seria doloroso demais e, além disso, seria imitil. Ela banca a durona e com isso esté visando a liberdade de amar. Mas, a fim de garantir esse com- promisso, ela deve refrear as emogOes, deve observar as regras, Pois, como vimos, os homens’ no se submetem A abertura métua e & vulnerabilidade, a nao ser que sejam forgados a isso. Como, entao, ela faz para obrigar o homem a assu- mir esse compromisso? Uma das suas armas mais po- tentes 0 sexo — ela pode excité-lo até ele chegar a um estado de tormento fisico, com uma variedade de estratagemas: recusando a necessidade dele, provocan- do-a, dando e tirando, através do citime, e assim por dianie, Uma mulher sob andlise se indaga por qué: “Existem poucas mulheres que nunca se perguntam, em certas oessides, (Quanto eu devo ser difeil para um homer?” Penso que nenhum homem se preocupa com perguntas desse género, Eles talvez. perguntem-se apenas: ‘Quando ela ce era ‘Os homens estilo certos, quando se queixam de que falta discriminacio s mulheres, que elas raramente amam, ‘um homem por suas caracterfsticas individuais, mas, an- tes, pelo que ele tem a oferecer (sua classe); que’ clas sig calculistas, que usam o sexo para obter outras coi- sas, etc, De fato, as mulheres no esto em condigio de amar livremente, Se uma mulher tem bastante sorte para encontrar “um rapaz decente” que a ame ¢ a sustente, 162 ela esti se saindo bem — e, geralmente, seré grata o bastante para retribuir 0 amor dele, A tinica disc go que as mulheres so capazes de exercer 6 a escolha entre os homens que as escolheram; ou opor um homem, lum poder, contra o outro. Mas provocar o interesse de tum homem, e pegd-lo numa armadilha, logo que ele ex Dresse seu ‘interesse em se comprometer, nfo 6 exata- mente uma autodeterminagio, Agora, 0 que acontece depois que ela, finalmente, fisgou seu'homem, depois dele ter-se apaixonado por la, e estar pronto a fazer qualquer coisa por ela? Ela conta com uia nova série de problemas. Agora, ela pode afrouxar 0 controle, abrir a rede e examinar 0 que pe- ‘gou. Geralmente, fica decepcionada. Nio 6 nada que a Interessaria, se ela fosse um homem. Geralmente, esti abaixo de seu nivel. (Verifique isso algum dia: Fale com algumas dessas esposas servicais.) “Ele pode nio set grande coisa, mas, pelo menos, eu consegui um homem para mim” é em geral, a maneira como cla se sente, Mas, pelo menos, agora’ela pode parar de encenar. Pela Primeira vez € seguro amar. Agora, ela pode tentar fu riosamente prendé-lo emocionalmente, pretendendo real- mente 0 que sempre pretendeu. Freqiientemente, é ator- ‘mentada com preocupagies de que ele poderd desmasca- ré-la, Ela se sente uma impostora, B assediada por medos de que ele no a ame do jeito como ela “realmente” é — ¢, geralmente, esta certa. (“Ela queria se casat com ‘um homem com quem pudesse ser tio puta quanto ret mente 6.") E nesse momento que ela descobre que amor e ca- samento significa, para um homem, uma coisa diferente do que significam para ela, Embora os homens, em geral, acreditem que as mulheres sio inferiores, todo homem. tem reservado, na sua mente, um lugar especial para a inica mulher que ele elevari’ acima de todas as outras, ‘gragas & unigo com ele. Até agora, a mulher, que tinha ficado de fora, implorava pela aprovacio dele, morrendo de vontade de ascender a esse lugar de destaque. Mas, uma vez Ié, ela se das outras mulheres real, mas s6 porque se adaptava primorosamente a esse SqUSIL-Provaveliente, el sequer sabe qucm € ela (se E-que, nesse momento,’ ela prépria o saiba realmente). Ele a_admitiu-ndo-porgue-aamasse_genuinamente, mas, Somente porque el m._suas fantasiag reconcebidas, Embora soubesse que o amor dele era falso, ja que cla propria 0 maquinara, néo pode deixar de sentir destespeito por ele, Mas tem’medo, em primei- ro lugar, de revelar seu eu verdadeiro, pois entéo até esse falso amor poderia perder-se. E, finalmente, com- preende que, para ele também, o casamento teve todos 6s tipos de motivagio que nada tém a ver com o amor. Ela foi meramente a pessoa mais proxima da imagem fantasiosa dele. Foi chamada de A Atciz Mais Versétil, pela multiplicidade de papéis que assumiu na pega dele, ‘como Alterego, Mae de Meus Filhos, Dona de Casa, Cozinheira, Compankeira. Foi adquirida para preencher ‘um espago vazio na vida dele; mas a vida dela é nada. Portanto, ela_nio_escapou_de_ser_como_as_outras ‘mulheres, Foj_erguida para fora_dessa_classé,_soments orque ela agora é um apéndice de um membro da classe Efominane; ¢ le még. pode unirse a ely 4-nl0_ser-qus aloe osu sts, Mas ls nfo fo Wei Eo poe movida a “‘iegra-da-casa”. Foi clevada, somente para ser ade de unde acca Seuese engannda, Noo ferebei_amor-e-reconhecimento, ¢sim-posesividade © E assim que ela se transforma de Noiva Rubo- PERSIE Tum ua mudanga que, nfo importa quanto seja universal e previsivel, ainda deixa o marido perple~ xo. (“Vocé ndo'é a mulher com quem eu me case.”) ‘A situagio das mulheres ndo mudou significativa- mente do que ela sempre foi, Pois, durante os sltimos cingiienta anos, as mulheres tiveram uma dupla ligacio com o amor. Sob a méscara de uma “revolucio sexual”, que. se supe ter ocorride (“Ei, venha cf, garota, onde Voce esteve? Voc8 mio ouviu falar de revolugao sexual?”), as mulheres foram persuadidas a deixar cait a couraga. ‘A mulher moderna tem horror de ser tida por uma puta, que era exatamente o que sua av6 esperava que aconte- fesse no decorrer natural das coisas. Também os homens, 164 ainda no tempo das avés, esperavam que toda mulher digna os deixaria esperando, jogaria todos os jogos nor- ‘mais, sem se sentir mal. Uma mulher que no protegesse seus interesses desse jeito ndo era respeitada, A jogada estava clara. Mas a retérica da revolugio sexual, se no trouxe melhorias para as mulheres, provou ter grande valor para ‘os homens. Convencendo as mulheres de que os estrata sgemas ¢ as éxigéncias feminiaas Babituais eram desprezi- eis, desonestas, pudicas,_antiquadas, e autodestrutivas, foi criado um novo estoque de mulheres disponiveis, para expandir_o escasso suprimento de mercadorias para a exploragio sexual tradicional, destituindo as mulheres até da pequena protepio que tao penosamente clas tinham conguistado. As mulheres, hoje, nio se arriscam a fazer a velhas exigéncias, por medo de ter um novo vocabu- létio, criado especialmente para esse propésito, gritado para’ elas: “fodida”, “‘castradora”, “provocante”, “uma verdadeira droga”, *um baixo-astfal” — o ideal é ser uma “gatinha pra’ frente” Mesmo hoje, muitas mulheres sabem o que esti se pasando, e evitam a armadilha, preferindo ser xingadas 1 serem desenganadas, em fun¢o do pouco que elas po- dem esperar dos homens (pois ainda é verdade que mes- 2 ‘mo os mais avancados desejam uma “senhora” relativa-/ ‘mente ndo muito usada). Mas, cada vez mais as mulhe- res so tragadas pela armadilha, apenas para descobrir, tarde demais, que as tradicionais estratégias femininas ti- ham um objetivo. Elas se chocam por se surpreende- fem, aos trinta anos, queixando-se num vocabulério peti- gosimente préximo das antigas variedades do eu-fui-usa- da, 0s homens-sio-gavides, celes-sio-todos-falsos, Even- tualmente, so forgadas a teconhecer a verdade dos ve- Ihos ditos populares: uma mulher bonita e generosa & (na melhor das hipéteses) respeitada, mas raramente amada. Fis uma descrigio, valida ainda hoje, da muther “emancipada” — no caso, uma artista de’ seus trinta anos, do Greenwich Village — tirada de Mosquitoes, um dos primeiros romances de Faulkner: 165 “Ela sempre teve aborrecimentos com seus homens - Mais cedo ou mais tarde, eles acabayam abandonando-a. Os homens nos quais ela’ reconhecera potencialidades passa ram todos por um violento, porém temporitio, periodo de in- teresse, que cessou tio abruptamente quando comegou, sem deixar sequer fios de ligago com os momentos vividos a dois, ‘como estes curtos temporais de agosto, que 6 ameacam, & se dissipam, sem razio aparente, nfo ‘produzindo nenhuma chu "As vezes, ela procurava, com uma imparcialidade quase ‘masculina, uma razio para isso. Sempre tentou manter suas relages no plano que 0s proprios homens parcciam preferir certamente, nenhuma mulher queretia, e poucas consegui- iam, pedir menos de seus homens do que ela pediu. Nunca tomou seu tempo arbitrariamente, nunca os fez esperar, nem. fem casa em horas inconvenientes, nunca os fez servit ‘de criados para ela, Ela os satisfaz e elogiou a si mesma por ser uma boa ouvinte. E, contudo, ela pensava nas mulheres que conheceu; como todas tinham, pelo menos, um homem nitidamente extasiado por elas. Pensou nas mulheres que tinha observado; como pareciam conseguir um homem, quan- do quisessem, c, se no conseguissem t#lo, facilmente o substi- tuiam por outro.” As mulheres de idéias elevadas, que acreditavam ser possivel a emancipaco, mulheres que tentaram, desespe- radamente, libertar-se dos “grilos” femininos, que tenta- ram cultivar 0 que acreditavam ser uma integridade, uma hhonestidade e uma generosidade maior dos homens, fo- ram perversamente enganadas. Descobriram que ninguém apreciava suas conversas inteligentes, suas aspiragbes cle- vadas, seus grandes sacrificios para evitar que desenvol- vvessem as personalidades de suas mies. Por mais que os hhomens tivessem prazer em desfrutar de sua sagacidade, de seu estilo, de seu sexo, e de suas ceias A luz de vela, sempre acabavam se casando com A Puta, e entio, para arrematar isso tudo, vollavam para se queixar que tinha sido tudo, As mulheres “emancipadas” descobriram_que a honestdidea_generosidne,,0. camaradagem dos ho- ‘fens era_uma_mentira, Os homens todos. “mito razer las, e_depols_dispensé-las, em_nome_da (Eu te respeito muito e gosto mui- 166 to de voce, mas sejamos razoéveis. ..”) E, slém disso, txistem os homens que saem com elas para discuti Sic mone de Beauvoir, deixando as mulheres em casa com 4s fraldas.) As muheres "emancipadas” descobriram que os homens estavam longe de ser os “caras legals” quem elas gostariam dese equiparar. Descobricam que, Tintando padrdes sexuais masculinos (0 ofhar volGvel, © busca pelo Heal, a Eafase na atragho fica, ete), nBo's6 nig estavam conseguindo a liberagso, mas estavam eaindo fm algo muito pior do que aquilo a que tinham renuncia- do, Estavam tnitando. ea_que no-havia sequer_brotado_de sua Disp pig, Descabram ue Snow "earato™ ce Superficial ¢ inexpressivo, que stas emogbes estavam se- fando por tris disso, que envelheciam e se tornavam de- adentes, Tinham medo de estar perdendo a capacidade de mar. Nao tinham ganho nada imitando os homens, ape= hag superficiatidade'e imaturidade, e, ainda por cima, n80 tram tio habels quanto eles, porque alguma coisa dentro disso tudo era contra a sun matreza esse modo, as mulheres que decidiram nfo se casa, porque eram suficientemente eapertas para olhar a volta E ver aonde o casamento levava, descobriram que era uma Guestdo de se casar ou de nada, Os homens $6 se -com- rometiam por um preso; arem_(arcar oi deles, dependerem Jo_ pedestal dele, tomazem-22 Op eu Sein. Sent, Tear consnass & se fimo de"“gatinhis® que nfo signficam nada, ou. pelo menos nada do que mie preendia. Setem’ a “outra mulher” até o resto da vida, usada para provocar a espost dele, para provar sua viridade e/ou sta independéncia, Saboreada pelos amigos como sua sitima congusta “inte feuute™ (Poi, mesmo ue la fens rennin a ses fermos, ¢ a0 que eles representam, nenhim -homem. re ‘puncioa ales) ‘Sim, o-amor significa part-os homens ‘Gi cose ntecamente. diferente do gue paras mulher, Significa posse ¢ controle; significa cidme, apesar dele ‘nunca o ter demonstrado antes, mesmo que ela possa ter desejado (no importa se cla era “dura”, ou se tinha sido violentada antes de pertencer oficialmente a ele; a 167 partir de entio é que ele se torna um vuledo, um verda- deiro furacdo, porque sua propriedade, a extensio de seu ego, foi ameacada). Isso significa uma crescente perda de interesse, unida a um olhar volivel. Quem precisa disso? Infelizmente, as mulheres precisam. Eis, mais uma vez, as pacientes de Reik: “Bla, algumas vezes, se sente desiludida por nfo ser ‘mais perseguida pelos homens. Nesses momentos de no-per- seguigao ela fica muito deprimida.” E: “Todos os homens so egoistas, brutais desatenciosos — mas eu gostaria de encontrar um.” Vimos que uma mulher precisa de amor, em primei- 0 lugar, por sua fungio naturalmente enriquecedora, ©, cm segundo lugar, por motivos sociais e econémicos que nada tém a ver com o amor. Negar sua necessidade, é colocé-la num lugar social e economicamente extravulhe- rivel, bem como destruir seu equilibrio emocionel, que, diferente da maioria dos homens, € basicamente saudével. Os homens merecem isso? Decididamente no. A maioria das mulheres sente que fazer tais acrobacias por um-ho- ‘pen en i olen 2 th ach es -continuam omo_antes, tirando 0 melhor. partido. de_uma_sitacdo Film. Se isto se torne demasiado ruim, elas optam por um afastamento (dos homens em geral): “Uma ver perguntou-se a uma jovem paciente, durante ‘uma consulta psteanaitia, se ela preferia um homer ou uma ‘mulher psicanalista, Sem'a menor hesitagio cla disse: ‘Uma ‘mulher, porque eu me sinto muito ansiosa pela aprovacio, se um homer." 168 VII. A CULTURA DO ROMANCE, Até agora nfo distinguimos “romance” de amor. Porgue nio existem dois tipos de amor, um sadio (ma- sgante) © outro no (doloroso), © sim alguma coi ue no chega a Ser amor, ou uma angistia didria. Quan- do 0 amor acontece num contexto de poder, a “vida amo- rosa” de todos fica afetada. Porque poder ¢ amor nio casam, Portanto, quando fala tio, que~ zemos_dizer_ 0 amor corrompido por seu poder — o sistema dé classes sexuais — numa forma de. amor doentia, que, por_sua vez, reforca esse sistema de imulheres em relagdo_aos homens é criada_pela_con- as tudo, \do_moderno, as_bases econdmicas ¢ soci: ii Govesio nlc slo suletentes em al mesmas para wean? (Gis Dee mode plase poo pana oman ese modo, apla- Para 0-aar ant Ho (Parece que temos-que dar oma ‘mfozake @ cl, “_. Fapazes!) Vere 0, remantno_ se decnnoia ct meporyie 3 ier tagdo das mulheres de sua biologia, A medida que a ¢i- vilzagio-progrde eas bases das classes senusis désmio- ronam, a supremacla masculina precisa se_escorar_em instituigbes_artificiais, ou em exageragdes de instituigoes, 169 ui, enguanto. que es ‘desrespeitadas, las 680 elevadas a estados. de falsa adoracto,'-O io_€um instrumento cultural do poder masculi- ‘no, para impedir as mulheres de conhecer sua condicio. Ele é especialmente necessitado — ¢ portanto mais forte ‘Ros paises ocidentais com maior taxa de industrializa~ Go_Hoje, com a tecnologia capacitando as mulher afrouxarem seus papéis de uma vez por todas — o que foi quase um malogro no inicio do século XX — o roman- tismo nunca esteve tio. bem. ‘De que modo o romantismo funciona como um ins- trumento para reforcar as classes. sexuais? Examinemos Shas componentes, apericgoadoe GUTEHIE” seulos, 0s métodos modernos de sua difusio — técnicas culturais ‘Go sofisticadas e penetrantes que até os homens sio prejudicados por els. 1) Erotismo. ©. principal componente do_romantis- ‘mo € 0 erotismo. Todas as necessidades animais (0 afeto de um filhote que nunca sentiu calor) de_amor ¢ calor sfo_canalizadas_para_a_a_sexualidade genital. Nunca se {eve tocar pessoss do. mesmo sex0, 8 se Pode Tocar pessoas do’sexo oposto, quando nos preparamos para um ‘gncontro (“um passe") sex ital, O isolamento torna a as pessoas ansiosas por afeicdo fisica; e, se a tinica forma ea jodem obter € a sexual ide. seni sate. isto_serd Gu or gUr dln pasacie: Nese stato de Niperseusel SER Pr solo ecueal produr wi elato ange- ado, Suficente para inspirar tudo, desde as escolas de ‘quadros célebres 6-0 rock and roll. Assim, o erotismo é @ concentracdo da sexualidade —~ geralmente em objetos ‘liamente carregados (renda "Chantlly") — significando deslocamento de outras_necessidades_afetivas/' is 170 iio é embaracante, a nfo ser que seja um beijo erdtica. Seo-"sen0" € OC na serdide, ele prova noss-Sibra A villidade ea atuas’o_ se confundem com ‘valor socal ‘A constante estimulacio erética da sexualidade mas- catia, jamto com 2 provbicto de sua expansfo pels. ca- Sar aa won “mais normats sio_plancjados para incentivar_o ho- para_as mulheres apenas como. coisss. a A penetracko deve ser-vencida, Observe-se que ‘arotismo opera numa tinica ditecio. As mulheres. soos ‘loos objetos “de “* em nossa sociedade, a tal ponte ‘que véem a si-mesmas como-eréticas® Tsto funciona para preservar ao homem o prazer sexual direto, reforgando @ Eevendéncia feminidéa, “AS mulheres s6 podem set sa- tisfeitassexualmente pela. identificacfo viedria com 0 hhomem aue gosta delas, Portanto, o erotismo pfeserva 0 sistema de classes sexuais. “nica excecio a essa concentracéo de todas as necessidades emocionais em relaches eréticas sfo as afei ces (ocasionais) dentro da familia. Mas aqui, também, 4 menos que sejam sens flhos, um homem expressa pelas Crianeas tio pouco afeto quanto pelas mulheres. Assi ‘ua afeiefio pelos pequenos & também uma armadilha pa prendé-lo d estrutura matrimonial, reforcando o sistema patriaral, 2. Mas, como toda mulher J& constatou, um homem ue parece Stas forsano fer sexo” geralmente fice bastante allviado. 0 Saini do. desempenho Hera: se0 eo, etiowse denendente fesse continno sobmeterse_ 8. prova, atavés das congustas. s- Stal; tas to 0 que cle deve ter Temente deseado era o Fretewto paraenfrezarse’ is afeigbes sem a. petda do. amor to via. O-fato de oe refenrem_mais-a_manifesa Tio de_soae cmogies do" que a8 mutes georre pone, como Sn comenifecs = mals do, Complxo de Evo, er Bio'er ave, € claro, sie moe Fula com_algima.demonstracto. de domo, SOs homosexuals fo asim {So rdiclarzados porque a0 orem’ or homens como” objets sxe Nontma © corente atte em es mulheres Ieem revs Boy * Bénero de Pley Boy para homossexni, (NT) im 2) A Privatizapto Sexual das Mutheres. O erotismo apenas @ camada mais elevada do romantismo, que re- forga a inferioridade feminina. Assim como acontece em qualquer classe baixa, a consciéncia de a amortecida para. impedit seus membros de_s¢-revollar. ‘Nesse_cas0, por ser sexual a caracterstica distintiva dy exploragio das mutheres como classe, deve-se descobric im melo, inconscientes de_que todas ‘so consideradas sexualmente iguais.(“bocetées”). Quan- do um homem se casa, talvez.ele escolha com cuidado dentre esse grupo indistinto, j4 que, como vimos, ele con- serva um lugar especial na sua mente para “A Unica”, ragas & unigo fntima dela com ele. Mas, em geral, ele nlc consegue ver diferencas entre as gatinhas (louras, more- nas, ruivas).* E ele gosta que seja assim. (“Um balango no seu andar. um risinko no seu falar, DISSO OUE EU GOSTO!") Quando um homem acredita que todas as mulheres so iguais, mas quer impedilas de pensar isso, © que ele faz? Conserva suas conviegSes préprias e finge, ‘para apaziguar as suspeitas da mulher, que o que ela tem em comum com as outras & exatamente 0 que a faz dife- rente, Assim, a sexualidade dela finalmente se tora sind- rnimo da, sua individualidade. A_privatizacdo_sexual_da » pelo qual as mulheres ficam_cegas tho que, como parte das suas fu Primeira Dama tenha que ficar ao Iado do Presidente em sua comitiva, como discreto escravo negro? © processo & insidioso. Quando um homem diz: “Eu adoro louras!”, todas as secretdrias nas redondezas, se aprumam nas cadeiras; elas 0 tomam_pessoalmente, porque foram privatizadas sexualmente. A loura que cada uma traz em si se sente pessoalmente lisonjeada, porque aprendemos a medir nosso valor pelos atributos fisicos 4. Quanto aos seus outros esportes”, diz um andncio publictéio recente sobre over do flea oe Namath, le refer at im aque nos diferenciam das outras mulheres. Nao se Jem- tra mais que qualquer atefbuto fisco que se possa men- jonar € comparilhado Por muitas outras, que esses so atributos acidenais, que nfo sio uma criagfo sua, que fua sexualidade € compartlhada pela metade da human Gade, Entretanto, num reconhecimento auténtico de sua Sndividualidade, ua Tourie seréamada, mas de um modo diferente a mulher seré amada primeiro como uma totali- dade insubstituivel, © entéo sua lourice ser amada como fuma das caracteristcas dessa totalidade. © aparato da privatizagéo sexual € tio sofisticado aque pode ser que sejam precisos muitos anos para detec~ téelo, Isto esclarece varios tragos enigméticos da psico- Togie feminina, que assumem as seguntes formas: Mulheres que sio lisonjeadas por seu sex0, i “Ti rem o chapéu para mocinhal” Mulheres que sio chamadas de querida, docura, can- dura, gatinha, anjo, rainha, princesa, boneca, mulher, {quando estio vestdas ce um modo habitual e impessoal ‘Mulheres que sio secretamente lisonjeadas por terem sido beiscadas na bunda em Roma (Eas fariam melhor fem contar o nimero de vezes que as bundas de outras mulheres foram beliscadas.) ‘© prazer da provocagio (manter os homens um estado de testo constante é tido como um simbolo de valor e atrtividade pessoal). (0 fendmeno “waral". (Mtheres, eujos eanais de es- cape lesitimos de expressio de sua invidualidade sfo ne- gados, “expressamse” fisicamente, como no “Eu quero ver alguma coisa ‘diferente’.”) sas plo-apens algunas das, reas ao presto de privatizagio-sexual,-a confusio da senualidade com_s do necesita de suns conbubes sexuns eapecfions pare feadiante (Ela acha que sua xota € feita de ouro.”) Mas as cangdes de amor ainda continuatiam a ser escri- tas sem elas. “As muleres podem ser iludidas, mas totalmente conscientes disso. como_uma tée 173,

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