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CarLos AMADEU Borre.Lno ByINGTON A VIAGEM DO SER EM BUSCA DA ETERNIDADE E DO INFINITO A Descrigao das Sete Etapas Arquetipicas da Vida pela Psicologia Simbélica Junguiana So Paulo, novembro 2017 )) 1 ) | NTRODUCAO Muitos séo chamados, mas poucos sao escolhidos (Mateus, 22:14) Nosso plano de viagem tem sete Pontos cardeais. O primeiro é a Psicandlise, que sistematizou o desenvolvimento do Ego desde o inicio da vida em fungao dos relacionamentos primarios e descobriu as fixacdes que paralisam, deformam e desvirtuam o caminhy Continuamos com a Psicologia Analitica, dimensao arquetipica, (0 do viajante. que deu a nossa viagem a a qual, por intermédio dos simbolos, relaciona todas as coisas com o processo de individuagio e com a totalidade cosmica. Englobando 0 processo de individuagio descrito por Jung, temos a teoria da evolugao, de Pierre Teilhard de Chardin, que descreve a formacio da Consciéncia a partir da matéria dentro do processo de humanizacio. A seguir temos as Neurociéncias, que nos permitem concatenar nossa trajetéria com o funcionamento quimico do nosso “orpo € que é inseparavel da compreensao genética de nossa estrutura celular, Prosseguimos com a Teoria Cognitivo Comportamental, Para Compreendermos e influenciarmos os condicionamentos da nossa Conduta. Nosso iiltimo ponto cardeal é a Ontologia de Heidegger, We percebe nossa viagem sob a perspectiva da esséncia do Ser. °Ss0 cérebro tem 100 bilhdes de neurOnios, os quais registram *Presentagdes dos fendmenos do universo e das vivéncias de cada pessav- sim, durante a vida, nossa Psique se desenvolve cada vez mais n Neto do Tegistro de vivéncias subjetivas e objetivas, da historia e ¢o 4 Viagem do Ser em Busca da Eternidade ¢ do Infinito meio a nossa volta, o que nos permite dizer que a Psique € a vivén humana do ser-no-mundo (sein is in-der- Welt sein, Heidegger, 1925), A ciencin tem demonstrado cada vez mais que os dez trilhes dy stomos que constituem 0 nosso corpo tiveram origem na mesma molécula de hidrogénio cujas transformagdes formaram todos be clementos que hoje compéem as estrelas e as galaxias. Nosso tempo de vida, apesar de tio infimo na dimensio césmica, encontra paralelo de durabilidade fnita no nosso Sol, que ja viveu um tergo de sua vida, que. no dia de sua morte, levaré junto com ele o nosso planeta, Nossa Psique comeca a formar nosso Ego e as representagies do nio-Ego, ov seia, nossa identidade e a dos outros, partindo da nossa indiferenciagao dentro do universo. Os cuidados maternos ¢ paternos permitirao uma diferenciagao progressiva para ir formando a Consciéncia da nossa identidade, junto com 0 conhecimento do outro, inclusive da natureza. Quanto mais nos diferenciamos, mais nos desapegamos das dependéncias dos relacionamentos que nos formaram e mais percehernos nossa identificagao com a natureza césmica. Crescemos, nos separamos de nossa familia original na polarizagio da adolescéncia, constituimos nossa propria familia— que assegurard nossa descendéncia © vamos. aos poucos, envelhecendo ¢ nos diferenciando da Consciéncia Coletiva e desapegando até mesmo do nosso corpo, cujos atomos se preparam para se dissolver e se reintegrar de outra mancira na matéria cosmica. Essa dissolugao dos nossos 4tomos expressard nossa morte € nossa ressurreigéo numa nova maneira de ser. Ao caminhar para 0 final do nosso corpo fisico, a Psique, por eee ee oe Tote perceber cada vez mais e melhor a enensio do uner dentro do qual nacemosenoso pertencimen'9 {inclundo os itomos € a5 eélulas que nos constituem. ao ncia da totalidade & constitufda durante a vida do cs = cone c es ates be nity por intermédio de meditagées va Ga merida da coos, no qual permanccerto Seivcas coaster es jacionamento amoroso da do Arquétipo Cemral cen is mde : reintrojegio da projecio cssencial para que p us na relgito, ssa reintrojegao € poscamos spiritual na era cientifica og vida apés a morte a ser cultivada na dltima etapa 6 Pri corporal heea € 2 finalidade Gltima do desenvolvimento de onsclencia, cujo proceso estudaremos neste livro. "A formagao da nossa Consciéncia feita por significados oriundos da elaboracio de simbolos ¢ fungoes subordinados omarquétipo Central, que coordena todo o desenral iment fricoldgico na busca da realizagio do potencial do Set 98 prctem claborado podera ser fixado ¢ formar Sombra, eve patologia e destrutividade atrasarto nosso amadurecimento ¢ prcairao sobre nosso Ego consciente © © nosso grupo social. Reve fato torna nosso engajamento na luta entre © Bem ¢ vevfal um dos principais fatores para construirmos 2 Paz Sentro da nossa autorrealizagao. Quando nao confrontamos oefaagoes que formam nossa Sombra atrasamos nossa viagem = permanecemos incapazes de realizar a toralidade do nosso potencial. "A abordagem do desenvolvimento simbélico ¢ arqueripico da personalidade seguiré o referencial da Psicologia Simbélica Junguiana, i publicadoem livrocomestemesmonome Byington, 2008). (presente livro conceituaré a psicologia do desenvolvimento ¢ arelacionara com a totalidade por intermédio da ciéncia simbolica. a qual considera a dimensio simbolica aquela que representa todas as coisas € a sua relagao com o todo. Em fungio do relacionamento do subjetivo com o objetivo dentro dos simbolos, 4 perspectiva simbolica busca resgatar a Psicologia do materialismo tradicional, o qual dissocia patologicamente o Self Cultural a0 separar amente do corpo e a Psique da matéria desde o final do século XVII. Nesta perspectiva, a Psique proporciona o conhecimento da realidade do universo e do ser humano por meio das representag’ das caracteristicas das coisas (objetividade) ¢ dos seus significados emocionais (subjetividade). Os neurotransmissores sio sempre também simbolos © fungdes que expressam a vida psiquica e se tornam, assim, simbolos ¢ fungdes estruturantes da Consciéneia, Um cavalo ¢ um simbolo estruturante. Galopar é uma fungio estruturante, A lua & um simbolo estruturante, A gravidade que relaciona a Lua com a ‘Terra e produz as marés © uma fungio estruturante. A pessoa amada € um simbolo 15 4 Viagem do Ser-em Busca da Eternidade ¢ do Infinto estruturante. O amor uma fungio estruturante. Os pés sio simbo Cctrururantes, A marcha € uma fungio estruturante. A espoe p oer cimbolo estruturante. O citime é& uma funglo estruturante. Ay genie de seroronina, noradrenalina, dopamina, acctileling rods os demais neurotransmissores sio também simbolos, « setts efeitos dinimicos sio fungdes estruturantes da Consciénei O Redutivismo é o Cancer do Saber Para manter a grandiosidade césmica e a integridade do Sen que é Psique, evitando sua alienagio e deformagio pela redugio as partes que a expressam, necessitamos de uma epistemologia, ou seja tic um entoque filossfico dentro da teoria do conhecimento, Uma das pais preocupagoes deste livro é estudar 0 desenvolvimento Sgico com o cuidado de evitar o redutivismo alienante, ‘4 auséncia dessa preocupacao sistemitica nas diferentes teorias psicaldgicas tem sido uma fonte permanente de deformagio da Psique. Nao deformar a compreensio da Psique durante o seu estudo € aqui uma demonstragio de respeito, de inteligéncia ¢ de amor a verdade ¢ a liberdade do Ser, uma vez que ela abrange tanto 0 objeto estudado quanto o sujeito que o estuda. princi Considero a Psique Sinénimo do Ser e do Self Martin Heidegger (1889-1976), em sua obra Ser e Tempo (1927), formulou ume ontologia para descrever e proteger a integridade do Ser. Para fazé-lo, porém, ele repudiou toda € qualquer polaridade. Heidegger argumenta que desde que Sécrates e Platao criaram a polaridade Eros Logos, a Filosofia Ocidental iniciou uma alienagao que nao existia entre os pré-socraticos, sobretudo na obra de Parménides. Estava eu em Zurique, na década de 1960, fazendo minha formagao de analista no Instituto C. G. Jung, quando houve um evento cercado de grande alvorogo no meio psiquidtrico. Ocorrew ‘ada menos que um simpésio no qual Martin Heidegger € dois — da Universidade de Heidelberg discurram cota trés suigos, dentre os quais estava meu professor ¢ analista bo Carlos Amadeu Botetho Byington no, Heinrich Fierz, sobre a natureza ¢ minha andlise € meu curso de fo os dois lados diziam, Se doenga mental. Eu rmagao em inglés « pouco entendia 0 UC i podia entender que havia cia emogio € muita discordancia no ar. Meu colega suigo Peter ann informava-me minuciosamente sobre as idcias em debate. "Terminado o simpésio trés horas depois, Heidegger e seus dois sesstentes conclufram, sem sombra de divida, que os psiquiatras igus nao tinham nogio do que é a Filosofia. Por seu lado, os trés priquiatras sufgos também concluiram, sem a menor divide, que Meidegger ¢ seus dois assistentes nao sabiam nada de Psiquiatria Hoje percebo que a principal causa do desentendimento entre eles eraque Heidegger abordava a doenga mental ontologicamente, dentro {loser que jéédoenteecaminha paraamorte”, 20 passo que os psiquiatras suigos vian a doenga mental como algo que nao pertence naturalmente so ser humano e deveria ser dele eliminado com o tratamento No entanto, se Heidegger pode se desvencilhar das polaridades, inclusive satide-doenga, para descrever melhor a totalidade do Ser na Filosofia, nds nao podemos abrir mio delas nem na Psicologia e nem ina Psiquiatria, Nao podemos prescindir das polaridades porque a0 centro do nosso estudo esté 0 processo de desenvolvimento da consciéncia com a polaridade Ego-Outro ¢ duas outras grandes polaridades, ou seja: no estudo do lado normal, temos a polaridade Consciéncia - Arquétipo Central e, no estudo do lado patologic, temos a polaridade Sombra - Arquétipo Central. Muitas outras polaridades sao imprescindiveis a Psicologia, dentre as quais estio vida- morte, interno-externo, Bem-Mal, matriarcal-patriarcal, masculino- feminino, crianga-adulto, animado-inanimado € muitas outras. Jung consagrou muitas paginas de sua obra para afirmar que a Psique € a matéria sio interligadas ¢ insepariveis. Para demonstrar essa inseparabilidade, ele criow os conceitos de unus mundus, psicoide e sincronicidade. Todavia, ele nem sempre foi coerente, pois frequentemente tratou a Psique € 3 matéria como entidades de naturezas diferentes, identificando a Psique com o subjetivo ¢ a matéria com o objetivo 0 criar conceitos como unus mundus, psicoide ¢ sincronicidade bara reunir a polaridade Psique-matéria, Jung, ao mesmo tempo, jung favia 8 v sn do Serem Busca da Etermidante ¢ do infinite arureza da Psique igual ¢ diferente daquela No entanto, sc_afirmarmos, que a Psique a ero eubjetive eo objetivo na realidade dos imbolos, podenos mamitir que o subjetivo e o objetivo sito da mesma naturera, mas aarvpresam mma polaridae que resalta a sua diferenga, como as Pee eaeeigneiasexatas, ou em dimensdes que ressaltam sg agwaldade, conmo wus mundus, psicoide ¢ sincronicidade, ‘Crna das grandes conquistas da Fisica foi, sem diivida, a teoria dda relatvidade, na qual Einstein expressou a transformagio da At Torin om energia, em fungio do quadrado da velocidade da luz, phe le formaton na equagio E=me’. Trata se do mesmo caminho Give um dia nos levard a relacionar matematicamente a mente e 0 ire a mente e a natureza, em relagio 3 sua esséncia comum. esti considerando a 0: da natureza da matéria, ciencias O Ser j4 é no Mundo Por isso, a maneira que adotarei para evitar a alienagio da integridade do Ser pelo uso aut6nomo dos polos das polaridades empregi-los sempre dentro da dimensiao simbélica, aqui considerada capaz de reunir os opostos ¢ de relaciond-los com a totalidade (Byington, 1965). Assim, se o Self ou o Ser é a totalidade cosmica, todas as coisas so partes do todo, séo simbolos € fungdes estruturantes que englobam os polos das polaridades e expressam o Ser. Uma das principais polaridades do conhecimento foi enfatizada por Descartes como a polaridade sujeito (pensamento = res cogitans) € objeto (natureza = res extensa). Por ter sido empregada com seus polos separados como entidades auténomas, o que Descartes, a meu ver, nunca pretendeu, a polaridade pensamento-natureza foi usada na dissociagio materialista, que separou estruturalmente Psique e matéria ‘€ mente € corpo, ¢ se tomnou a principal alienagao do Ser na filosofia da ciéncia. Para evitar essa dissociagio, Heidegger afirma que 0 “ser €-ser-no-mundo” (sein ist in-der-Welt-sein) e que, por isso, dentro da ontologia, qualquer parte do Ser j4 é um ser-aqui (Dasein). O ser-aqui (Dasem), de Heidegger, corresponde ao meu conceito de simbolo © de fungao estruturante. Ele nos permite afirmar que todas as partes do Ser sio ser-aqui, ou seja, que tudo € 1% v5 Me KH Beara s auras aaiects 40 . O si wud i eu Botelho Byington wan € “ao Carlos Amadeu Botetho Bying! bolo ¢ fungao estruturante, sinénimo de Psique. rte-todo simbolo. Assim, 0 ser-aqui, ou sim! expressa 0 Self Césmico que € 0 Ser, ‘A cultura indiana também lida com a polaridade pai nos coneeitos de Samsara, que representa as vivencias mundanas, ¢ de Atman, que & 0 ser universal. A esséncia da meditacao € dla Yoga € 0 desapego do Samsara, considerado 0 mundo das aparéncias ¢ das ilusdes, para vivenciar 0 Arman, ci do Ser. F isto 0 que fazemos quando entramos na dimensao simbalica, pois nesse caso desapegamas, ou seja, abrimos mao do apego a literalidade das coisas (Samsara) para vivencid-las na sua dimensao simbolica, sempre relacionada com o todo (Arman). Minha intengdo nao € somente mostrar que 0 simbolo € o Ser cexpressam todas as coisas. Quero também enfatizar que 0 Ser inclui o vir-a-ser. Quando adotamosa teoria do Big-Bang para explicar 0 inicio da formacao deste nosso universo, ¢ evidente que aceitamos um estado anterior que levou a matéria a esse estado de concentragio extrema. O. Ser est em transformagao permanente desde 0 inicio dos tempos e se expressa no mito da encarnagao, que forma a Consciéncia. O DN. em nossos genes, bem como nossos arquétipos, sio virtuais ¢, quando ativados, se desenvolvem e se humanizam, ou seja, se “encarnam”. O Eixo Simbélico Os arquétipos conceituados por Jung sio padrées hereditarios orgahizadores do funcionamento psicolégico humano. Jung os descreveu operando principalmente via imagens na segunda metade da vida para buscar a totalidade psiquica, que chamou de Arquétipo do Self, dentro do processo de individuagio. Ele acreditava que o Ego era formado na relagio com os pais e com 0 inconsciente pessoal, como havia formulado a Psicanilise, e que 6s arquétipos no entravam na formagio do Ego e somente eram ativados no processo de individuagio na segunda merade da vida. Seguindo Freud, que concebeua natureza do Id como inconsciente, Jung conceituou os arqueétipos como sendo expresses do inconsciente coletivo. No entanto, para tornarmos o Id ¢ 0 arquétipo a célula . (4 | que é a esséncia _| » A Viagem do Ser em Busca da Eternidade e do Infinito da Psique, temos que percebé-los nao s6 inconscientes, mas se expressando primariamente como conscientes ¢ inconsciente: Foina década de 1950 que os analistas junguianos Michael Fordham (1944), em Londres; Erich Neumann (1970), em Tel-Aviv; e Jolande Jacobi (1959), em Zurique, comegaram a descrever a formagio do Ego pelos arquétipos desde o inicio da vida, dentro do eixo simbélico. "No entanto, na maior parte da obra de Jung, ¢ depois na de~ muitos dos seus seguidores, os arquétipos continuam a ser estudados separados do Fgo, ¢ 0 consciente, do inconsciente. Isso é uma grande limitagao da perspectiva arquetipica e simbélica, pois como podem os arquétipos, que sao virtuais, serem ativados sem envolver Ego? O Self e o Arquétipo Central A Psicologia Simbélica Junguiana segue o caminho dos arquétipos expressos sempre por intermédio dos simbolos, mas, para evitar ambiguidade conceitual, denomina a totalidade psiquica de Self 0 principal dos arquétipos de Arquétipo Central, o qual coordena a elaboragao dos simbolos ¢ a formagio do Ego do inicio 20 final da vida. Fssa nomenclatura é necessaria, pois o Self, como Ser, engloba o Ego, os arquétipos, os simbolos, os complexos € a Sombra, ou seja, a totalidade psiquica explicita e implicita. O Arquétipo Central é virtual e coordena o desenvolvimento geral. Fle é 0 equivalente na Psique a0 DNA da dimensio fisica. Uma analogia passivel de ser estabelecida, apesar de limitada, é coma orquestra,na qual omaestroéo Arquétipo Centraleo DNA, eaorquestra tocando é 0 Self. Essa separagao conceitual entre o Arquétipo Central co Self evita muita ambiguidade e confusdo entre a parte ¢ 0 todo. Uma dificuldade de se compreender a totalidade do Self é a inclusio nele da Sombra, principalmente quando a concebemos formada por fixagdes, que so a origem das defesas, da patologia € do Mal. Continuando a analogia do Self com a orquestra, a fixagdo € representada por um instrumento desafinado ou pela incompeténcia de um ou mais musicos. No entanto, o maestro (Arquétipo Central € 0 DNA) continua a regéncia, ainda que a misica saia desafinada, Mesmo quando um ou mais miisicos se descontrolam completamente ¢ @ an Carlos Amadeu Botella OT ° io, como € 0 caso da psicos®, © vara cle, desafinada ou mest na num pandemon ar. a regencia nao pode par regencia. E ques P ida €, por i580. a ica Elaboraga0 Simbo! Fungao Estruturante corquestra se transfor ornestro continua Sua cactica, @ miisica € a Vl O Processo de O Simbolo e a a do Arquétipo ordenador: jo centralizadora € © peel aaucsere A fung: a I se faz por intermédio do process ees de a mestra dos Procimbolos € fungoes sie nizagao. Ela elabora of simbetoe = ea coe curances para extrair deles significados © aie Siittidade do Ego e do Outro na Consciéneia © — abe ns cimibolos estruturantes represenitam txias 85 COC“ © por isso, no se restringem as imagens, descrites Par Jung como Potxpressoes dos arquétipos. Os simbolos estrucurantes pode: sec imagens, mas também palavras, nuimeros, ideias, emosoes, seecrena, corpo (com todos os sentidos), sociedade (com todas as Mustituigdes e relacionamentos), conduta e até mesmo o siléncio. E impressionante a quantidade de significados diferentes que pode ter o silencio de uma pessoa diante de outra, ou seja, como o siléncio € Sempre também simbélico! “Ele ouviu a noticia da morte do seu irmio, ‘com quem nao se dava ha muitos anos, e... nada disse. Apenas ligrimas escorreram dos seus olhos”. As ligrimas sao simbolos ¢ o choro € uma fungio estruturante, que, no caso expressam o significado do siléncio. , que éa mol: As Dimensées Transindividuais do Self _O fato de a totalidade do Ser, ou seia, da Psique, ser aqui equiparada ao Self Césmico, e de Jung haver descrito o Self no processo de individuagio, permite-nos perceber a manitestagio da totalidade além da dimensio individual, num espectro, isto é. num continuo que se inicia no Self Individual e é seguido pelo Self Conjugal depois pelo Self Familiar, pelo Self Cultural, pelo Self Planeeante ¢ finalmente pelo Self Gésmiea. Assim semuler vodae ac eee ae Erupais humanas podem ser representadas por uma gestalt de totalidade como, por exemplo, o Self Terapéutice ¢ a a = : plo, o Self Terapéutico e as varias formas A Viagem do Ser em Busca ska Eternia Infinite do Self Insticucional, como uma classe, uma escola, um sindicata, uma familia ¢, até mesmo, um time de futebol (Byington, 1982), As expressoes de totalidade das virias dimensdes do Self existem Porque a mente € formada por abstracées realizadas pelo cérebro e © Arquétipo Central coordena a elaboragio dessas abstragdes para conduzir 0 desenvolvimento da Consciéncia no Proceso de individuaggo. Dessa maneira, 0 conceito das dimensdes transindividuais do Self nos permite perceber o funcionamento dos simbolos e fungdes que estruturam a totalidade em cada dimensio existencial. A partir do Self como totalidade dentro da dimensio individual, podemos imaginar o Self Familiar, com todos os seus simbolos ¢ fungdes estruturantes caracteristicos dos papéis do sistema familiar, seguido pelo Self Cultural, com todas as instituigdes a historia que nelas atuam, e posteriormente o Self Planetario, com o relacionamento entre paises e com as forgas da natureza € finalmente o Self Césmico, ¢ nossa relacio com 0 Sol e com © numero incontavel de astros ¢ galéxias. Todas essas dimensdes da totalidade expressam a natureza da Psique, ou seja, do Ser. As Fungoes Estruturantes As funges estruturantes expressam todas as dindmicas imaginaveis subjetivas e objetivas, como a inveja, a agressividade ¢ 2 competicao, na dimensio emocional; a sexualidade, a circulagio, a locomogio ¢ a respiragio, na dimensao corporal; a gravidade, 0 cletromagnetismo, a aceleragio, a evaporag3o das éguas, a cadeia alimentar ¢ a fotossintese, na dimensao da natureza; as profissies, na dimensio social, como o Direito, as Ciéncias, as Artes,a Medicina ‘etc, todas elas operando como simbolos ¢ fungdes estruturantes dentro do Self, coordenadas pelo Arquétipo Central. 5 O Arquétipo Central e a Percepgio da Totalidade Apesar de a Neurociéncia ainda nao ter admitido e estudado a existéncia do Arquétipo Central e a sua analogia com o DNA nos organismos vivos, pelo fato, talver, de ele ser projetado na imagem de Deus nas religides, é dificil negar o seu funcionamento também Carlos Amentew Botetho Byington problemdtico devido 2 quantidade porém, 7 racesso de ¢ ele coordena dentro do p da subdivisio da Medicina ‘ua concep¢ao na Medicina, de um modo vel para evitar 0 orpo. Seu estudo & Te Gmbolos € fungoes du cre flidade do organismo © totalida nto, idades, No enta ; ne ria, em particular, € indispens: é desumanizante que ocorre dentro da alista, que afirma a separagiio mente- 1 inimeras expec . eral, € na Psiquiat eejutivismo to alienante entalidade dissociada, mate torpo e pensamento-nature7a. A Fungio Estruturante da Etica e da Depressao Fixacao das Fungées Estruturantes ef Formacao das Defesas e da Sombra Os simbolos ¢ as fungdes estruturantes abrangem as coisas da vida e do mundo, e se distribuem por todas as diferentes dimensoes. ‘Quando qualquer funcio estruturante sofre um disturbio que no € devidamente elaborado, ocorre uma fixa¢io, que pode ser circunstancial ou crofiificada. A fixago transforma a fungio estruturante numa defesa, a qual éa base da Sombra, ou séja, da patologia ¢ do Mal Como nao poderia deixar de ser, a fungio estruturante da ética € uma das mais importantes da Psique, pois € ela que, quando vista em fungio do desenvolvimento psiquico, identifica a fungio fixada defensiva, ou seja, assinala o que € a favor e o que € disfuncional no desenvolvimento do Ser (Neumann, 1949) Etica e Depressio Uma das fungdes que frequentemente atua junto com a funcao estruturante da ética € a depressio, a qual ajuda o Ego a se desapegar de suas ocupagdes e motivagdes habituais, ¢ a mergulhar para confrontar qualquer fixagio, elaborar e perceber o sofrimento & or significa Profundos do Ser. Como qualquer fungio estruturante, oa a pve ser normal oa 8 Fada, ist, detensiva e parologiea, tuna pessoa poder vivera depressio normal Tratar une de eae s ratar uma depressio 4 Viggem co Sor em Busca eh Etermidade © do Infirito climin-la, sem que a pessoa vivencie essa funcao em seu normal é medicamente antiético, pois bloqueia a fungio Etica do individuo e impede que ele confronte, elabore e resgate © Mal - a doenga. 0 sofrimento € 0 erro. A depressio ¢ a fungio catruturante que nos permite elaborar a fenomenologia da morte, por iso, que ela € uma das principais fungdes da vida espiritual, ocupando tum lugar de destaque em todas as religides. \ depressio normal ajuda a introspeccio porque retira a libido da extroversio, ou seia, do envolvimento com as ocorréncias do dia a dia, e propicia a introversio. Muitas vezes, ela € dirigida para claborar algo errado e destrutivo. Nesse caso, a depressio € acompanhads de culpa e opera junto com a fungio ética para confrontar, corrigir e nos afastar do Mal, Outras vezes, a depressio nio é necessariamente ligada 4 ética, ¢ tem a finalidade de reconhecer ¢ aconchegar as disfungdes ou feridas do Ser. Nesses casos ela é comparivel 4 conduta de animais machucados que se recolhem & toca para lamber suas feridas. Seia para elaborar ferimentos, ou uma condutaerrada e cul ou para elaborar a morte ou simplesmente conduzir a introspec¢0, a depressio € uma funcio essencial no funcionamento da precisa ser acolhida e diferenciada para ser exercida. Assim sendo, € sempre errado ¢ antiético receitarmos ou ingerirmos antidepressivos gutomaticamente apenas porque a pessoa nao sabe ou nio quer deprimir. Como as demais fungdes estruturantes, a depressio pode se tornar fixada, isto é, cronicamente defensiva e patol6gica, ¢ nao conseguir desempenhar sua elaboragio normal. Nesse caso, a pessoa apresenta a depressio como sintoma, sem conseguir exercé-la criativamente. Quando isso ocorre, 0s antidepressivos sdo necessérios para diminuir os sintomas da depressio defensiva e propiciar o resgate co desempenho da depressio normal. A tendéncia de transformar a fungao estruturante da depressio normal em patolégica, banindo com isso 0 seu desempenho no individuo © na cultura, € um dos sintomas mais graves da patologia da cultura de consumo. ‘Trata-se de um hedonismo defensivo que condiciona as pessoas a evitar o sofrimento- para Carlos Amadeu Botelho Byington compulsivamente e a8 impede de se posicionardiante do erro, do cofamento € do Mal. Anular a depressio impede a humanidade de perceber que acultura de consumo nos dirige para a exaustio ‘Joplaneta e para o fim da nossa espécie. A epidemia de depressio que registramos na modernidade é um sinal de alerta para o perigo vossa sobrevivencia, o qual precisamos entender, € nio anlar (0 capitalismo como fungio estruturante pode ser criativo « construir riqueza pela livre iniciativa, mas pode também se tornar fixado, sombrio, defensivo e “selvagem”, quando estabelece yeracias de poder que dominam 0 Estado para aumentar seus Ineros, sem se importar com o bem-estar da sociedade ou do meio ambiente. E isso 0 que observamos quando empresas multinacionais ‘ie medicamentos inundam o mercado com antidepressivos subvencionam a ideologia médica, segundo a qual a depressio é uma doenga que deve ser eliminada. Frequentemente, quando do langamento de um antidepressivo, mesmo sendo ele baseado no mesmo mecanismo de bloqueto de recaptagio para aumentar a serotonina jé presente em outros antidepressivos, seu marketing costuma ser apresentado em campanhas como “um produto que finalmente levari 3 cura dessa da auto publicitérias terrivel doenga que € a depressio. Para complementar a fungio estruturante da ética e da depressio, emprego 0 Arquétipo da Sombra, conceituado por Jung, mas aqui delimitado especificamente como 0 arquétipo das distungdes psiquicas, ou seja, da patologia e do Mal. Para lidar com a polaridade Bem e Mal na funcio ética, postulo que todos os simbolos e fungoes estruturantes podem operar) ~ dentro do Ser, de forma normal, a caminho da totalidade € do Bem, ou na Sombra, de forma fixada, defensiva, estagnada ~ ¢ compulsivo-repetitiva, ou seja, a servigo do Mal, O Bem ¢ 0 Mal formam uma das principais polaridades do desenvolvimento ¢, por isso, necessitamos de conceitos precisos para expressi-los ¢ exercer a fungio ética coerentemente em cada elaboragio simbolica. Infelizmente, isso & tudo o que a Psicologia ¢ a Psiquiatria no conseguem fazer quando patologizam o normal. 4 Viagem de Ser em Busca da Erernidade e do Infinite Os Mitos sao Simbolos e Fungées Estruturantes Os mitos expressam simbolos e fungdes estruturantes da maior importincia, os quais anunciam a formagio da Consciéncia Individual © Coletiva de mancira dominantemente esotérica, ou seja, de forma imaginal. Eles expressam o desenvolvimento psicoldgico por estorias emocionais fantasticas, que podem ou nio estar fundamentadas em acontecimentos reais. Dentro da histéria do Self Cultural, os mitos ¢ as religides sempre expressaram os simbolos ¢ fungdes estruturantes misticos que formam a Consciéncia e a Sombra no processo de individuacio. O Mito Judaico-Cristao € 0 grande mito estruturante da Consciéncia Coletiva da Cultura Ocidental. Foi ele que criou as ciéncias modernas e inspirou Jung a descrever o processo de individuacao. O Cristo ¢ um grande simbolo da busca da totalidade lo Self, e 0 Deménio é um pelas representagées transindividuais d grande simbolo da Sombra, ou seja, das fixagoes defesas que expressam 0 Mal no Cristianismo, na deformagio do processo de tndividuagao ¢ também em todas as dimens6es transindividuais do Self (Byington, 2008). O Conceito de Defesa e de Sombra Fstou empregando 0s conceitos de Freud de fixagio, defesa, compulsio de repeti¢ao € resisténcia modificados para serem exclusivamente patologicos, da mesma forma que o conceito da Sombra, de Jung. Com isso, reuni a Psicandlise e a Psicologia ‘Analitica dentro da Psicologia Simbélica Junguiana. Inicialmente, Breuer Freud empregaram o conceito de defesa como repressio para descrever 0 inconsciente reprimido. Infelizmente, porém, Freud descreveu posteriormente 9 emprego pressiv) ¢ da sublimagio do Complexo de Edipo para go amoral no desenvolvimento normal, Da mesma zou o conceito de complexe, inicialmente como sciente reprimido de Freud, mas, normal da formar o Supe Wicd, para expressar o in Carlos Amadeu Botetho Byington incluiu nele o complexo do Ego. Com isso, impediu que 0 conceito de complexo caracterizasse exclusivamente a patologia. No Fer do complexo patoigco, Jung cri oconceito de Sombra, mas amv cou ambiguo 2 ser apico oa 20 paroles, or 0 seal. Mais tarde Jung confundiv ainda mais oconceito de Sombra, pore oredizy exclusivamente aos imbolos do mesmo sexo que hhegando as vezes a equipari-lo ao inconsciente Jung, 1951) Ego, cl Marie Louise von Franz, a esse respeito, escreve que a seguil, A definigio da Sombra, do ponto de vista psicologico, pode variar muito ¢ nao € tao simples como geralmente achamos. De um modo geral, na Psicologia Junguiana, nds definimos a Sombra como a personificacio de ‘certos aspectos da personalidade inconsciente, que poderiam ser integrados pelo Complexo do Ego, “mas que, por varias razdes, no 0.0, Podemos, por ‘conseguinte, dizer que a Sombra é a parte escura, no vivida e reprimida do Complexo do Ego, mas isso € 56 parcialmente verdadeiro. Dr. Jung odeia quando seus alunos sio demasiado literais ¢ se apegam aos seus conceitos e fazem deles um sistema ou o citam sem saberem exatamente o que estio dizendo. Uma vez numa discussio, desqualificou tudo isso e disse: “Tudo isso € bobagem (nonsense); a Sombra € simplesmente todo o inconsciente’ (von Franz, 1957, p.1). Desta maneira, acredito que a Psicanilise ¢ a Psicologia Analitica diluiram e desperdigaram os conceitos de defesa e de Sombra para expressar especificamente a patologia e 0 Mal ¢ cterizar claramente os simbolos que os expressam. Assim sendo, a Psicanglise ea Psicologia Analitica ficaram sem a representagio lo Mal 2m suas teorias ¢, por conseguinte, sem uma perspectiva 4 para conceituar a sua formagio e a sua elaboragio. Para fizé- lo, necessitei modificar a conceituagio de defesa ¢ de Sombra, na oo na Psicologia Analitica, para limiti-los exclusiv amente i Cece «lo Mal. Isto nio significa uma categorizagio Mala priori, pois contiguraria um redutivismo que fago caracteri A Viagem do Ser em Busca da Bternidade e do Infinite Por isso, considero que expressam igualmente o Bem ¢ o Mal, dependende de sofrerem ou o cae ima fixagia, Desst maneira, nunca podemos dizer que algo é bom halzar o fendmeno e elaboré-lo na relagio ber se ele esti fixado e sujeito tigio c a resistencia patologica (caminho do Mal), borado livremente (caminho do Bem). Assim. imbolos que esto na Sombra também podem vir a ser bons, desde que sejam elaborados, resgatados da Sombra ¢ expressos livremente no desenvolvimento normal, Tim homem de meia idade, usuario por muitos anos de cocaina, estraturou uma defesa paranoide dentro da qual sua autoestima se tornou muito baixa e sua agressividade, muito destrutiva, Com a terapia, porém, ¢ a abstinéncia, pde resgatar a sua autoestima ¢ passar a usar sti agressividade de forma criativa e produtiva. Ao empregar a Sombra ¢ a defesa para expressarem tanto 0 Bem quanto 0 Mal, a Psicologia Analitica ¢ a Psicandlise ficaram sem um referencial te6rico para diferenciar 0 Bem do Mal e, por conseguinte, elaborar a ética em todo € qualquer evento humano, 6 que € lastimavel. Na realidade, esse relativismo ético se tornou uma limitag3o muito grande para a psicologia dinimica. A obra de Neumann (1949), A Psicologia Profunda ¢ a Nova Etica, relacionou a nova ética:com o processo de individuagio, em contraposigio a ética tradicional expressa pela Consciéncia Coletiva. Apesar de ser uma contribuig3o importante, a conceituagio de Neumann nio aborda o desenvolvimento do Mal no processo de individuacao. E isso 0 que a Psicologia Simbélica Junguiana fez a0 descrever a formagio da Sombra e da defesa utilizando-se dos conceitos de fixagao, compulsio de repetigio e de resisténcia defensiva criados pela Psicandlise, mas empregados especificamente para a ceapressao da patologia e do Mal. O milagre da vida humana é a encarnagio do Ser Césmico. Teilhard de Chardin (1947) descreveu essa ericarnagio como 0 Processo de humanizagio a partir da organizagio da matéria e depois dos scres vivos, desde o inicio da vida na Terra. O processo —— iduacao, descrito por Jung, faz parte do processo de vagao do Ser Cosmico descrito por Chardin, ado para evitar ‘ou mau sem antes context ‘com o Self (Neumann, 1949), para perce A compulsio de repet ou se esti sendo ela sendo, € dbvio que os fungdes_estruturantes Carlos Amadeu Botetho Byington A Individuagio e a Humanizacao do Ser Césmico Processo de Elaboragao Simbélica O Eixo Simbélico O Caminho do Bem O Caminho do Mal Consciéncia Sombra Ego-Outro Ego-Outro: bolos, complexos, fungoes: simpler, complexes anges Fungoes Fungoes exerutarantes one uétipo Central Compulsao alin arquetipos de repetigao € resistencia Esquema 1 A descrigio da encarnagio do Ser ou Self Césmico di origem 4 formacio da identidade na Consciéncia a partir da elaboragio simbélica, coordenada pelo Arquétipo Central ¢ pelos demais arquétipos. Forma-se assim 0 eixo simbélico, que contém 0s simbolos e fungées estruturantes ¢ reine, num extremo, a identidade do Ego e do Outro na Consciéncia e na Sombra ¢, no outro, o Arquétipo Central ¢ os demais arquétipos. Denomino eixo simbélico e nao eixo Ego-Self, como fez Neumann, porque eixo Ego- Self nos faz pensar que o Ego esta fora do Self, o que € impossivel (Esquema 1). Oconceito de Eixo Simbélico estabelece uma estrutura que liga funcional ¢ permanentemente a polaridade Consciéncia-Sombr 10 Arquétipo Central. Desta maneira, 0 processo de elaboragio simbélica no pode operar sem incluir a polaridade Ego-Outro © 0s arquétipos. va da Eternidade e do Infinite 4 Viagem do Ser em Bu Durante a encarnagio forma-se progressivamente a identidade das calturas, das familias ¢ dos individuos que, gragas & elaboragio simbolica, se diferenciam dentro do Cosmos ao longo da Historia. Durante esse processo, a identidade do Ego e do Outro é formada e transformada na Consciéncia, gerando 0 conhecimento do universo ¢ da subjetividade dentro do Self ou Ser Cés A Polaridade Ego-Outro como Centro da Consciéncia © conceito de Ego, criado por Freud, é da maior importincia para a percepcio ¢ 0 estudo da diferenciagao humana do Ser, porque permitiv conceher a identidade do sujeito dentro do fendmeno da Conscigncia, que € 0 grande resultado da encarnagio. Jung seguiu Freud e situou 0 complexo do Ego também solitério € no centro da Consciéncia. Continuando Freud ¢ Jung, a Psicologia Simbélica Junguiana considera, além da identidade do Ego, a identidade do Outro ou nio-Ego também situada no centro da Consciéncia. Ela € formada pela elaboragao simbélica da mesma forma que 0 Ego. Assim sendo, a polaridade Ego-Outro caracteriza o centro da Consciéncia ¢ a diferenciagzo do fenémeno da identidade como sujeito ¢ objeto durante toda a vida. Imagine-se, por exemplo, a formacio do Ego de um homem como sujeito do seu processo de individuagio. Sua identidade é inseparivel da identidade da mulher na Consciéncia dele, que, na heterossexualidade, é 0 seu grande Outro na relagio de género. Como se forma a identidade da mulher como Outro na Consciéncia deste homem:? Isto ocorre pela elaboragao simbélica dos relacionamentos dele com virias mulheres desde o inicio da vida, exatamente como acontece com a formagao do Ego a partir de qualquer experiéncia que conduz ao desenvolvimento da identidade do sujeito. O mesmo acontece na formagio da identidade do homem como Outro na ulher. ‘Comsciéneia da Carlos Amadeu Botelho Byington A Polaridade Ego-Outro ¢ a Polaridade Narcisismo-Ecoismo lc conceituarmos a polaridade arquetipica clusdo da relagao sujeito-objeto no Consciéncia e do Self. Esta A importancia d Ego-Outro é a funcionamento permanente da inclusio impede a percepgao de qualquer vivencia do Ser na formagio arquetipica do Ego sem a formagio ¢ a presenga simultinea do Outro. Isto neutraliza a dissociacao sujeito-objeto ea tendéncia do Ego a onipoténcia e a aliena¢ao narcisica dentro do Ser. A polaridade Ego-Outro impede essa alienagao porque cria naturalmente 2 polaridade narcisismo-ecofsmo (Eco éa companheira de Narciso no ito grego), que obriga o reconhecimento das reagdes do Outro junto com qualquer registro das reagdes do Ego. Uma das consequéncias da dissociagao Psique-matéria que se instalou indevidamente sobre © cartesianismo ¢ alienou e deformou grandemente a perspectiva cientifica foi a separagio metodolégica das polaridades dentro-fora ¢ Ego-Outro na Psicologia. Freud concebeu o narcisismo primario e Jung situou o Complexo do Ego isoladamente no centro da Consciéncia. Estas duas concepgdes geram alienacio ¢ unilateralidade, as quais podemos evitar percebendo a formagao da identidade do Ego inseparavelmente da identidade do Outro e concebendo ambos no centro da Consciéncia e da Sombra. Quando existe a dominincia normal do Ego nas relagdes Ego-Outro, falamos de uma tipologia psicolégica de domindncia narcisica, mas quando temos a dominancia do Outro, dizemos tratar-se de uma dominancia ecoista. ‘A dominancia narcisica e a dominancia ecoista sio fungdes estruturantes normais para expressar o relacionamento do Ego com o Outro. Elas formam a tipologia narcisista-ecoista. Como. todas as demais fungdes estruturantes, elas podem sofrer fixagdes ¢ se tornar defensivas, Hii pessoas que geralmente procuram ser 0 centro, las atengdes e apresentam claramente uma domindneia nareisica, Hi outros, porém, que ficam a maior parte do tempo ouvindo, porque tém dominincia tipologica ecoista.

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