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Para o alemao, o fundaménto do conhecimento humano reside no proprio homem e nao nas coisas que ele julga conhecer C= p litério” © ge mamente pes Schopenhauer (1788-1 dios nsamentos mais instigantes © marcamtes de toda a histéria da Filosofia. Grande contesta- eu contemporaneo Hegel, Schopenhauer ar muito em vida para encontrar 0 reconhecimenta do publico por seus trabalhos $d! Sua filosofia influenciou pensadores como Niet zsche, Wiitgenstein, Horkheimer, Sartre, critores como Franz. Kafka, Thomas Mann, aléni de Freud, criador da :psicinalise,: entre ou Sua prineipa Obra, publicida em 1819, dian ‘Siinplesuierite impossivel permanecer a Ousitihdo’-coind" vontaide © rep! sentucda. Nel -#iGOIltFAnIOs AS duas proposi GOes-chave'dessun-fildsofia,-entineladas por ele com@'verdades Incontestaveis, niesmic que. mum riniciro"mom@nta,elas possain’ causar repuls: fe faser‘os homens tre BUCOF Confirmia-Sko elas: o mundo é a mi presentacho e 9 mundo é a minha vontade fe Schopenhauer parte da fil Peer sofia de Tnimgiuel Kant (1724-1804). Kant SFB! trou ao mundo gue o fundamento aé com mento’ hum tuem. qualquer objeto nfo sto propriedades 4 , mas'sim do proprio sujeito que conhece Antes dele, 0 filésofo John L ado uma teoria belecia qi 0 cor, som, odor ¢ maciez ades subjetivas, pols, jiaii per” ivamente aos abjetog= diferea f temente ve yiralidides cada’ «/sblideayexte sopeeriegs EORIA © pensanento de Schopenhaver pate da flsfia de Immanuel ant (1704-1204), que mosroo i an mando que 0 fandarento do Conecimento humana rede no Préprio tone « no mas cas ‘ue ele juga canhecer Partindo de necessidades, o homem deseja algo e lanca-se com esforco a sua realizagao; mas um desejo saciado é apenas 0 ponto de partida para uma nova busca figura, que para ele, Locke, seriam as qualidades reais dos corpos, presentes realmente neles. Kant vai mais além: para cle, 0 proprio espaco ¢ 0 temp Formas essenciais de todo objeto poss vel, residem em nossa prépria conse éncia € nao nos objetos. ‘Todo objeto € concebido como sendo tum objeto no espaco © no tempo. Esta revista que voce tem nas, maos, por exemplo, vocé a concebe como ela es tando num certo ponto do espaco € num certo instante do tempo. Maseste ponto do espago este instante do tempo no dizem respeito & re- vista tal como ela & em si mesma, pois espaco tempo sto formas do sew aparato cognitive, postas por ele neste objeto que vocé tem em mios. Este serla apenas um exem- plo grosseiro.para ilus- ‘rar um pouco o pensa- mento de Kant. Para ele, 6 homem jé traz em si as formas © as estruturas essenciais com as quats vai perceber 0 mundo, € 08 objetos s6 sao por ele percebidos, experienciados ¢ conhecidos por tais formas ¢ estruturas. Sendo assim, o que o homem efe tivamente conhece? As coisas como elas sio em si mesmas ou como Ihe aparecem? A luz de Kant, vemos que 0 hhomem, em razio de sua propria estru- tura cognitiva (que jé traz consigo as formas essenciais constituintes dos ob Jjetos), s6 pode conhecer os fendmenos, isto €, aquilo que do objeto Ihe aparece, € nio 0 objeto tal como é em si mesmo, isto é, a cvisa-em-si. Partindo da filosofia_kantiana, ‘Schopenhauer nos evidencia sem ro- deios que no podemos afirmar que co hecemos, de Fato isto ¢ aquilo, estes € aqueles determinados objetos, mas sim que conhecemos o que percebemos de- Tes ~ sendo que o que percebemos deles nfio s80 08 objetos tais como sio em si ‘mesmos, em sua esséncia. O que conhe- comos de tudo & nossa volta € apenas ‘a nossa representagao, termo de Scho- penbauer que reelabora o fenémeno de que Kant fala, Tudo o que conhecemos do mundo, tudo o que dete pereebemos, € nossa representacdo. Schopenhauer ‘ja abre sua principal obra enunciando: “o mundo é a minha representagao.” Quando 0 homem se dé conta disso, diz Schopenhauer, “pode-se dizer que nasceu nele o espirito filoséfico, Possui nto a inteira certeza de nao conhecer nem um sol nem uina terra, mas ape- nas olhos que véem este sol, mios que tocam esta terra; em uma palavra, ele sabe que 0 mundo que o cerca existe apenas como representagto, na sua re- Jagao com um ser que percebe, que € 0 proprio homem” Como geralmente ocorre quando entramos em contato com o pensamen- to de um bom filésofo, nosso chao de certezas vai ruindo ¢ desmoronando sob os nossos pés & medida que vamos avangando em sua reflexio. Schope- mnhauer logo denuncia que neste mundo de representagio as coisas tém existén- cia meramente relativa. Todo e qualquer objeto ou ser que percebo 0 concebo como ocupando um determinado Iugar no espago, presente num certo instante do tempo ¢ como sendo efeito e causa de outros objetos (relacionando-se com cles por causalidade, portanto). Todo ‘objeto que assim percebo nao tem exis- téncia por si: sua existéncia é relativa, na medida em que depende da relagéo ‘que este objeto mantém com outro ob= Jjeto. 0 préprio tempo é apresentado por Schopenhauer como sendo puramente relativo € nao algo absoluto; passado, presente € Futuro como sendo “coisas to vas como 0 mais vao dos sonh A medida que vou percebendo os objetos € estabelecendo relagoes entre eles, submetendo-os as formas do es- paso, tempo e causalidade, vou cons- {ruindo 0 meu mundo como represen- tago - um mundo que no passa de uma teia de objetos em relagdes uns com 0s outros. Schopenhauer compa- ra.0 mundo como representagio a uma ilusao, como o véu de Maya da filosofia vedanta, Tudo af parece serincerto, ef@- ‘mero, nada sendo seguro em si mesmo. Ora, é perfeitamente compreensivel se nos sentimos perdidos neste mundo ne- buloso de representagao. O que conhe- go nao € a coisa em si mesma, de modo que ndo posso nem dizer propriamente que a conhego, ¢ tudo no mundo intei- ro que percebo tem existéncia relatival 0 que fazer diante disso, entao? Como fico eu, 0 sujeito que conhece? Na filosofia de Schopenhauer 0 su- Jeito pode até semtir-se um tanto per dido, desesperangoso, mas nao insig- nificante; ele € apresentado por nosso filésofo como sendo o sustentaculo do mundo. Se todos os seres que pereebem desaparecessem do mundo e 36 sobras- se vor@. a existéncia do mundo inteiro como representaco dependeria de sua sobrevivéncia. Se vocé entao desapare- ccesse, com voc® também sumiria este tal ‘mundo. Isso porque existéncia e percep- tibilidade aparecem no pensamento de Schopenhauer como termos equivalen- tes. Isso quer dizer que nao tera sentido em falar em existéncia pura do objeto sem a percepgao do sujeito, isto & sé tem sentido em falar que o objeto existe se houver pelo menos um sujeito que de EORIA algum modo 0 perceba. O sujeito & assim o sustentéculo do mundo como representacdo, pois tal mundo ¢ um mundo que € percebido. Entretanto, isso nfo valeria pai subestimarmos os, objetos. Para Scho- penhauer, 0 sujeito também pressupde 0 objeto a ser percebi- do para poder existir ~ se nBlo houvesse o objeto, mo haveria também sentido em falar em sujeito que percebe e conhece Mas ainda ha um cer- to incbmodo, uma pergunta que no quer calar: © a coi- sa-em-si? Poderia eu ter acesso a ela? Para Kant, a colsa-em-st seria algo para nds completamente incognos- civel. Devido & natureza do nosso pré- prio aparato cognitivo, 86 poderiamos conhecer 0 fendmeno, isto é 0 objeto tah como ele nos aparece, e nfo como ¢ em si mesmo. 0 que conhecemos do mundo no é sua esséncia, o mundo como é em 1 aes de ant, iso john | Locke (1632-1704) fangs tora (que esabeleca que quadades (oma cr, som, oder macien serian, er parte, quaidades sabes, pis no parecer cexdesnaente acs ajetos = dfeenemente de quads como 2 sete, exten, figura, ue ezendo el, seria as uakdades reais dx comps ssi mesmo; 0 que conhecemnos dele & t80- somente seu fendmeno, 0 ¢, 0 mundo ee corer naire tre connerenern inner raed paepeene betes ema eye ee eet ered prema apres Serer eee ets Peter nent eae erent ees eee ates ee eee ee eee ae reer eer a es ee eres Penner ey peers area renee) Perret em resumo, & em nés que reside o que canstitulo suporte a ners eet ane ate per Nea Pree eet Te oro ee ae pacer ers ener ee Tad tal como nos aparece. Segundo Kant, nfo terfamos como ir além disto, ja que 0s ferémenos séo condicionados pelas. formas ¢ estruturas que se encontram ‘em nés mesmos, em nossa sensibilida- de c intelesto, Poderiamos até pensar a coisa-em-si, mas nunca conhecé-la efetivamente. Este € 0 ponto principal de divergéncia entre 05 pensamentos de Kant e de Schopenhauer, pois este ilti- ‘mo nao sé definiu claramente o que se- ria a coisa-em-si como demarcou muito Jem as vias de acesso a ela, Segundo Schopenhauer, a esséncia de todas as coisas, que para ele seria a coisa-em-si, € a Vontade. Vontade & ‘um impulso cego, um impeto, uma for- a vital, um esforgo de vida, um querer viver incessante que seria 0 fundo in- timo ¢ essencial de todo o universo. O tuniverso inteiro seria manifestagdo € expresso da Vontade. Ela € que seria 0 fundo essencial de todos os fendme- nos. 0 mundo assim apresenta dois 1a- dos, comio as duas faces de uma mesma moeda: 0 mundo como representagao € ‘© mundo como vontade. © mundo como representagao é a vontade ton objetivada, isto €, tornada perceptivel. A vontade objetivada, tornada objeto ida objeto; € a vontade Re ee a eee Serer nee ee erste poeroone rar eee rermerhvaeneegreeenet Pec Pare rneenrcirenes ees perenne ner ice reer etc eee pene ceernarnet mrreenied inane Cre nreeennnar nes representagdo, Livro Ml, 39,p.215, 216 perceptivel, Schopenhauer chama “ob- Jetidade” ou *objetivagio” da vontade. Os fendmenos so todos manifestacdes da vontade segundo diferentes graus de sua objetidade ou objetivacdo. As- sim, as forgas gerais © primitivas da natureza correspondem ao grau mais baixo da objetivacao da vontade. E a gravidade, impenetrabilidade, soli- dez, fluidez, elasticidade, eletricidade, magnetismo; fendmenos que so as manifestagdes imediatas da vontade. A vontade se objetiva em graus ci ‘vez mais elevados, do reino inorgénico a0 reino organico, do reino vegetal 20 animal, sendo 0 ser humano sua mais alta expressio, 0 grau extremo de sua objetidade. Para Schopenhauer, pode- ros reconhecer esse querer viver, essa forga vital, esse impulso ¢ impeto in- cessante de vida que é 2 vontade em todos esses graus de sua objetivasio, desde nas forcas como a gravidade ¢ © magnetismo, nas pedras, no cresci- mento de ume planta, na vide de um animal, 2t€ no homem. Tudo isso é a objetidade dessa mesma vontade, é a vontade tornada perceptivel, tornada objetos (forgas, seres, coisas etc). Este entio, €0 mundo como vontade. ‘A vontade € incessant ¢ insaciavel Podemos reconhecer este seu cardter numa planta, por exemplo, que € uma de suas muitas e variadas manifesta~ bes: ela cresce e se desenvolve a partir de uma semente, forma sua haste, suas folhas, flores e frutos - frutes que con- tém novas sementes que gerario novas plantas e assim por diante, num ciclo infindavel que exprime o impulso in- cessante de vida que € @ vontade, 0 ‘mesmo pode ser visto na vida dos ani- mais, na renovagio constante da ma- téria em cada organismo ¢ nos desejos sem fim do individuo humano, Partindo de necessidades, de um softer, o homem deseja algo e langa-se com esforgo & sua © conhecimento do corpo como representagio € como vontade nao é uma verdade ldgica, nem empi ‘a, nem metafisica: éa verdade filosdfica por exceléncia realizagio; mas um desejo saciado €- apenas o pénto de pastida para um ou- tro desejo, uma nova busca. Quando consegue saciar seus dese- Jos, o homem tem um prazer passagei ro ou ainda tédio; tem dor quando no © faz ou quando sua realizagao se da de forma lenta. Quando ndo sabe o que quer, quando seu desejo nao tem um Partnds de necesiades, 0 sores, © bomen desta algo langase com esfrgo 3 sa reaagin; mas om esto saciado & aperas 0 pono de partda para um out dep, fio 6 oma nova busca Na flosofia de Schopenbaver ‘lo hi um Deus que engendre 1 asim josie 2 orem fas cobas. 0 mundo tal Como 0 conhecemas & apenas o fenémeno de uma fom insacidvel, a manfestagio a vontae de vter sm fim, essa intima de ode univers, Partin dete Pridpo, a eclta do pareve poe refleit essa gee objeto determinado, o homem se abor rece e se encontra num estado de “lan. sguldez mortal’. A vida humana € assim, profundamente marcada por sofrimen- to, pois ela é apenas a manifestagao de uma vontade infindivel, esfomeada, inresistivel e insaciivel. Schopenhauer diz que 0 ser humano nao nasce con denado 4 morte; 0 homem nasce con~ denado a vida. “Viver é softer.” Dai sua fama de extremo pessimista, A vontade insaclivel se refaz cons- tantemente por ela mesma; “sob as di- versas formas que reveste, constitui ° seu proprio alimento”. Um animal s6 pode manter sua vida a custa de um outro ou de uma planta; esta, &custa da terra, da dgua etc,. A naturcza assim se alimenta de si mesma, ¢ por isso é mar cada por epnstante luta © combate, Na filosofia de Schopenhauer no hé um Deus que engendre ¢ assim justifique tal ordem das coisas; 0 mundo tal como 0 conhecemos é apenas o fendmeno de uma fome insaciavel, a manifestagdo da vontade de viver sem fim, esséncia intima de todo o universo, A vida de um individuo humano, como a vida de qualquer outro ser e como qualquer acontecimento do universo, no seria algo que obedece a alguma razio, lei ou dignidade clevada ou divine. Para Schopenhauer, uma vida humana, com sua histéria, suas realizagdes, seus desejos, suas dores, aspiragbes, senti- mentes, ideais ¢ projetos, nada mais se~ ria do que um fendmeno passageiro da vontade. Dai também o cariter amargo que muitos conferem a sua filosofia, Mesmo o homem sendo 0 grau mais alto de manifestagio da vontade, seria erréneo se entendéssemos que nele hi “mais vontade” do que numa planta. Isso porque a vontade no se reparte quando se objetiva; ou seja, quando se torna ob jetos perceptiveis diferentes, @ vontade no se divide neles. Néo ha mais dela num lego do que numa pedra. A vonta de é una e indivisivel; “mais” ¢ “menos” dizem respeito aos graus de sua expres sto: 0 reino organico € um grau maior de expressio da vontade do que o reino inorginico, 0 animal & um grau maior de sua expresso do que o vegetal, € 0 serhumano € a sua mais alta expressdo. Do mesmo modo, a vontade nao precisa de todos os individuos de uma mesma espécie para se manifestar intelramen- te por esta especie; bastaria apenas um. Como diz Schopenhauer: “ela manites- ta-se to bem e tanto em um carvatho como em um milhdo de carvalhos.”. A vontade apresenta-se una c indivisivel em cada ser, do mais simples ao mais complexo; una ¢ indivisivel em cada canto do universo. Ora, sendo entéo a mesma vontade una e indivisivel em cada sere em cada fendmeno, bastaria, para apreender- mos a esséneia de todo o universo, nos determos apenas a um Unico objeto. E sobre iss que Schopenhauer reflete nestas belas palavras: “tentou-se, de diversas manciras, fazer compreender 4 inteligéncia de cada um a imensidao do mundo, © viu-se nisso um preterto para consideragdes edificantes, como, por exemplo, sobre a pequenez relativa da terra ¢ do homem, ¢, por outro lado, sobre a grandeca da inteligéncia desse ‘mesmo homemt tao fraco e tdo miserd- vvel que pode conhecer, apreender ¢ me- dir mesmo essa imensiddo do mundo; € outras reflexies deste género. Tudo isto estd muito bem: mas, para mim que considero a grandeza do mundo, © importante de tudo isso € que 0 Ser ‘em si do qual 0 mundo ¢ 0 fendmeno qualquer gue ele possa ser ~ ndo pode ser dividido, retalhado assim no espago ilimitado, mas que toda esta extensao infinita apenas pertence ao seu fené- ‘meno, ¢ que ele proprio estd totalmente presente em cada objeto da natureza, em cada ser vivo. Também ndo se perde nada se nos limitarmos a um tinico ob- eto, © néo € necessario, para adguirir 4@ verdadeira sabedoria, medir todo 0 universo, ou, 0 que seria mais racional, percorré-lo pessoalmente; vale muis es- tudar um sé objeto, com a intengao de aprender a conhecé-lo e apreender-the perfeitamente a verdadcira esséncia.” Sobre qual objeto, ent2o, determos xossa atentdo para apreendermos esse ser-em-si do mundo, a esséncia de todo © universo, a coisa-em-si que Scho- penhauer nos apresenta como sendo a O homem percebe que seu corpo e sua vontade s40 uma ea mesma coisa; percebe que todo ato voluntario corresponde a uma ago corporal — tal correspondéncia se da sempre e, infalivelmente vontade? Se ela esta presente una ¢ in- divisivel em tudo, haveria algum ponto do universo que nos serviria de acesso facil a ela? Segundo o filésofo alemao, hd uma via de acesso direto & esséncia do mundo a qual ndo poderia estar mais “perto’ de vocé. Na verdade, vocé jé tem conhecimento da vontade, da coisa-e1 si, justamente por aquilo que Ihe é m: imediato: seu priprio corpo, Nosso filésofo defende que ¢ um erro partirmos ‘de fora’ para encontrar ‘mos a significagdo tio procurada deste ‘mundo; para tanto, 0 homem deveria ‘mergulhar com atengéo em si mesmo. Para Schopenhauer, seria impossivel para o homem encontrar a significagéo do mundo se ele fosse apenas “uma ca- bega de anjo alado, sem corpo’. ee ee ee ee ee en antenna SOE ee TE ete een nr eens ee eee cane eT re een es en een ee eae ier representacéo, Livre EORIA i concepeaa do, Mund, ela touhena ae icon) tudo! ove ‘de ima peracid qhe cao sobe' grande cola we “Edo'péssimisrno © da hurianidade. E o- deseo de Infnia dreta para seu compatriot Fredric Nias, Schoperhaver defend gue & cum ero parts ‘de fort ar encontramos 2 sinifcag to proarada deste minds, Desa mantra. 0 hone deveria merguhar com atengio téncla de um corpo € a condigéo ne- cesséria do conbecimento. Voltando-se a si, 0 homem depara-se com 0 objeto que The é mais imediato: seu corpo. E. juntamente com seu corpo, o homem descobre aquilo que constitui a sua es. séncia intima, a forga interior do seu ser, 0 que ha de mais imediato em sua imediata- mente conbecido por cada um, isto é a sua vontade. 0 homem percebe que seu corpo ¢ sua Vontade sto uma € a mesma coi- conseiéncia, aquele princi sa; percebe.que todo ato voluntario corresponde a uma ago corporal - tal correspondéncia se da sempre e, infali- velwente, diz Schopenhauer, As ages da vontade e do corpo nao estao liga das por causalidade, Istoré, 08 movi- rmentos do corpo nao sao efeitos de atos voluntarios que seriam sta causa: todo qualquer ato da vontade ¢ ao mesmo tempo uma agao corporal. Do mesmo modo, qualquer agao externa exercida sobre 9 corpo € uma ago exercida di retamente sobre a vontade: quando The vvai contra, tem-se dor; quando tal ago é favorivel 8 vontade, tem-se prazer ou bem-estar. Enfim, para Schopenhauer, corpo € vontade sio idénticos: uma e a mesma coisa. O corpo inteito ¢ para ele 2 vontade objetivada, isto é, tornada perceptivel, © corpo préprio &, assim, algo pe- culiar no mundo. 0 homem tem um duplo conbecimento de seu corpo: por um lado, percebe-o como um objeto como 95 outros, fendmeno no espace € no tempo, como representagdo, par tanto; por outro lado, 0 corpo é tido de uma maneira tio Unica que nio pode ser comparada a nenhuma outra experitncia que se tenha no mundo; 0 corpo € conheeido como vortade. 0 corpo proprio é assim peculiar por ser 0 tinico objeto imediatamente conbeci- do pelo homem como representagdo ¢ como vontade ao mesma tempo. 0 ho- mem nio tem esta mesma experiéneia dos outros objetos do mundo como a {que tem de seu proprio corpo. Os ou- {ros objetos sdo-Ihe conhecidos apenas ‘como representagoes, 0 conhecimento que homem tem da identidade entre seu corpo ¢ a von- tade é 0 mais imediato de seus conhe- cimentos, constitu uma verdade de uum «nero especial. 0 conhecimento do corpo como representagdo € como vor: tade nao é uma verdade l6gica, nem em. pirica, nem metafisica: é¢ verdade filo- séfica por exceléncia. Esta verdade, este duplo conhecimento a respeito do corpo proprio, serviré ao homem de chave para ‘penetrar na esséncia de todos os outros corpos, de todos os chjetos e fendmenos que ndo séo experienciados por ele como sendo seu préprio corpo. Julgando tais, objetos ¢ fenémenos por analogia com nosso proprio corpo, tomamo-os como sendo semelhantes a0 nosso corpo en quanto também sio representagées. Ese quisermos atribuir existéncia e realida~ deat tomar-thes como sendo também vonta~ fendmenos ¢ objetos, devemos de, expressbes dela, exatamente como nosso proprio corpo o &. E esta reflexio aque faz Schopenhauer: “com gfito, que outra especie de eristéncia ou de rea- Hidade poderiamos atribuir, ao mundo dos corpos? Onde tomar os elemenios ‘com que a comporiamos? Fora? Fora da vontade © da representagdo, nao pode- mos pensar nada. Se queremos atribuir ‘a maior reatidade ao mundo dos corpos, {que percebemos imediatamente na nossa representagao, dar-the-emos aquela que, 40s olhos de cada um de nds, fem 0 nos- eles s0 préprio corpo, visto que é para todos 0 que existe de mais real. Mas se analt~ samos a realidade desse corpo e dessas ‘agbes, sé encontramos nele ~ além de que cle € a nossa representagto ~ 0 faro de que ele 6a nossa voniade: dai decorre toda a sua realidade. Nao podemos, por consegiiéncia, encontrar outra realidade para colocar no mundo dos corpos. Se ele deve ser qualquer coisa mais do que 4 nossa representacdo, devemos dizer ‘que fora da representagao, isto é,em si mesmo e pela sua esséncia, ele deve ser 0 que encontramos imediatamente em ns sob esse nome de vontade” © homem entéo, pela reflexdo, en contra nos outros corpos a mesma vontade una ¢ indivisivel que encontra imediatemente em si mesmo. Através o duplo conhecimento que tem sobre seu proprio corpo, @ saber, como re presentacio e como vontade, © homem pode penetrar na esséncia de toda a natureza, com suas forgas e seus seres Ele agora pode reconhecer em tudo a mesma esséncla que Ihe é tdo intima: a vontade. Reconhecendo que a esséncia dele ¢ de todo o universo € @ mesma, una e indivitivel, pode enfim enunciar com plena consciéncia 0 que outrora talvez Ibe tenha causado grande re- pulsa ou estranhamento: "O mundo & 2 minha vontade." . resentagdo eg de janes; Contrapoctn, 2001. ade Schopenhiier, Dis’ 30 demesne aren tetas ivi fe So Pala. 78 ? dec Nas 199. SP: opt FEY UP 200: Foe tans a0 epee, Shc : 0 bamem percbe gue seu corpo ez wotade fo uma cede gut ‘orvespande 2 uma ago corpora. sta corresposdaca se da sempre «, inalvmente, dz Schper fac BRORECORIER Uma filosofia pessimista { la negacao da vontade de viver | | : Aos argumentos | otimistas da | filosofia racionalista LF cristd sobre o | predominio do bem, Schopenhauer opde POR FLAARION CALOEIRA RAMOS a simples presenga [A FILOSOFIA DE SCHOPENHAUER apresenta-se Como uma tentativa do mal, capaz de interpretagao do fato da existéncia tigica do homem. No de reduzir a nada sistema do filésofo, a vontade € nao apenas a saiz metafisica ; as aspiracbes do mundo como também a fonte de todos 0s sofrimentos, E de felicidade € cega, irracional ¢ sem finalidade. A felicidade e © prazer sio considerados meramente negativos, pois residem em momen- ts transit6rios de satisfacio do querer, seguidos de imediato por novas soficitagoes do querer insaciével. A vida humana 6 assim descrita como um péndulo que oscila constantemen- te entre a dor ~ incapacidade de satisfazer o querer ~ © © tédio, quando o querer no encontra objeto de satisfacdo. Ao homem s6 restaria entao buscar uma saida nos momentos de siléncio da vontade, na contemplac3o objetiva do Belo natural © artistico e na experiéncia mistica do desapego: 0 nirvana das filosofias ¢ religibes da facia. Y Tal descrigio aparentemente simples \ no deve nos ocular que © pessimis- \ mmo de Schopenhauer ¢ a desciglo tagica da existencia que © fiésofo oferece S20 fruto de uma reflexto ética profunda, Tal cflexio est4 na base | gun metafsica e da criiea que cle faz a toda tradigdo racionalista da filosotia, O pessimismo serd assim uma reagio a falas consolos que a tradigao filossfica crista legou ao Ocidente O “ANIMAL METAFISICO” Segundo Schopenhauer, a Hosof Tevou iteirimente a séro 0. problema _go.mral¢ 2 tears de Leibeiz, segundo @ dual este € 0 melhor dos mundos possivels, seta 0 apice dessa maneia de Densat, © mal € coneebido pela flosofia acionalita Gist como algo menos, wn Icio pars a porfeigio do mundo. © ffoque penimisa procura, por sua Ve chiar mento pus-o-citerineme vel € inusificvel toa fabula meiafsc poset ComapeTS O otimismo, diz 0 autor, nao € somente tm absurdo, mas aparece tambsm como “rm modo de pensimento pervers, co ino uma profunda fonia sobre os fivets sofrimentos da humaridade”. Conta o cisico azgumento da inefe- ida oi Je Sur compen: pelo bem maior si “enh a ate Comparannos soma de todas as alegrias postreis que unt homem pode dei far com aquela de todos os sfrimertos fapazes Ge ating lo, vemos que para a felidade um limite; para o safirmento, Imio, Mas a ciscussio sobee a proporsie fo bem « do mal no rund € peta, pois o mat iio pode ser apazdo, ou ompensado por um bem simaliaeo ov postrog “Com eft, ainda que mihares tvessem vido a feliidade ena voli, 2 angitin © @ agonia moral de um 96 imivduo nfo senam supaimidas; €mtev temestar presente nao deer meus St rmernos pussados Se heaesse 00 raundo 100 vezes nienos sofemeato do que Ge fato, ainda assim 3 simples exténcio do na sora sufiente para fndaraquela verdade, que se expresa de diversas for 24 MENTE, CEREHRO € MILOSOFIA A musa da filosofia leva uma foice nas mios: um pensar rigoroso seria impossivel sem. o sofrimento e a morte ras, ainda que de forma sempre indizet, 2 sber, que ns temos muito menos a feliciar que a nos alormentar sobre a cexiséneia do mundo, ~ que 0 no ser de tua existncia sera preferivel~ que € algo (que, no fundo, no deveria ser Mas. expeséncia da negatividade fe da dor 6, pum. tal mundo,.a fonte. da sdenclo, sem a qual esse Por ser 0 sinico animal racial na Face 2 Tera, 0 homer, é umbém 6 ssico aque se espanta com @ propria exsi- Gi, ESS expanco, que tome o-homem je, ia medida om que ae sere necessidade de tima explicasio pata Bla condigio, surge principalmente Comn’a conseienia da’ mone, de que a Vortade de vive! Se tn comsciene primeira vez: “8 more € proprimmenlé © feni inter, oa mused Filosofia © Sificlmente se toa losofade STEMI te", Com a razia, @ homem em certeza desu morte, 26, Contririo G68 animals 3 ique vivern nen terno presente. Mas a testa ezio tall dar un ComsSIa, 20 9 hhomem, € est € a cilgem das metafiscas & consoladoras, que surgem principalmente 3 como uma tentauva de_consolar 0 ho- 8 mem da ceteaa de sa tone, De acordo 5 Perera toad ‘CASPAR OAMID FRIEDRICH, Muiner xe por-do-sol, (pom a capacidacke do individuo de lidar com idéias abstrtas, essas metalisieas se vider em filosoia e religito. Esta Doferece um consolo 3 questio do sentido ch existéncis, mas. o homem euito nio se satisfaz com suas explicagdes micas € alegsticas procura uma solucdo puss mente racional esi Guesers ustiFicacaio pa vipa A esposta. 20 enigeit oferecido pe: Ja morte 2 flosofa -€ construc por Schopenhauer a partir de sua Metafviea da vontade, que se baseia, por sus vex, fa teoria da distinglo kantiane ene fe DOmiene € coisa em si. Sendo a vontade a prSpna coisa em si, 0 undo intima, 9 fessencal do Universo, enguanto 1 vila © mundo visivel, o ferémeno, & apenas © espetho dessa mesita vont, Vi dove ser como a companteic insepard. vel dz vontade. Onde hover vontade, g haves vida. Se esta € essencil 4 cote em si, ela Rao pode ser aletada pela more: somente os fenémenes, ist ¢o individvos, podem estar submersion so hascimento ¢ & morte. Do ponto de vista dla Vontade, 9s dividuos 880 metas apa FEncias, 0 que permanece &a especie, © manifestagao da idea ern século XI A conlemplagée do bel Ubertatemporariamente da Urania ds vontade A morte nite atinge, cess Forma, neat a vontace, @ ser em si de todas ts coins Rem as especies, as innigens tampon tose, mas apenas inckvids Ela 56 tinge aquile que consti ae cond 5868 sbjeticas Ue apreeissio do suit, que esti a comscienett Eo destin cimemto des conseigneis que fustfics © temor di mom: © «je om AeSNE, mone, € de Fito desapnigio do inl duo, © que ett proclams frincantente ser © como 0 intlvithvo & a propria vontade de viver em) unt obpeivanh tod a stiz nataneza existe contra moe fe. Schopenhuver compart « esxperiéncia fa pecda de coescignets x0 sone. Pars o autor, do sono profundo a more, além de que a pussagem se fiz por vezes insensivelmente, con nes esos de con Bekmento, « diferenga, enquante cura 0 Sono, € absoluuamente nenbuma. “A mor te @ um sono em que a inlvidualiclace & esquecice tudo mais clesperta de now, xt anes, pernianeven acordudo” Pasa quem remiete 2 identidale de sia pesos certeza umet aniguilugicr abso do nada € voles par © mack, pots rico © que um dix comecs tem de termlnar, into é possivel a inomabidide # quem um dlix mascot Mas 1 intengao principal de Schopenhauer, com esct tori, parece sera de condlzit 0 letor so tessipego da suber lo suite, por miso da tese tht primazia ch Vontide sola « intetecto, "Nis pala fu entietanto, encontra-se propriantente tle, 90 sents a chemi: 9 insior dos eqivoces, coma sem mis Feconheceri quem fiver presente © c Fedido do nosso segundo livio lle 0. Stunclo como vosnede e cone representa fio} # a disingao ti eferyadh entre a par tes voliuia & cognowente do nosso se Segundo a maneizs que eu compreentt aquela pulivra, posso dizer. ‘A morte & o mee inteto fim, ou também: ‘Do mesmo mode que sou tina pare Gio infinitamen "@ pequena do mundo, assim também lose meu fendmena pest! & unin pare qualmeee pequena de mew ser vert deiro Mas © Eu ¢ © pomto obseuro na conscigncia, como na cetina & justamente © ponto de entrada do nervo éiica que € cexgo, como 0 preprio cézebro ¢ toakmen. te insensivel, 0 corpo solar & cbse € 0 tlhe tude v8, menos a si mesmo” Bassin que 9 mecaisica di vont feive como consold: 0 homtiéa pode. pets o, pelo Conhecinento mis cbietivo fque eke pode aleanear, elevarse sean do FENSAOORES DA ALMA € DAS PaIKOEs Principio de individhacao, furar 0 vvéu de Mala, ¢ ver que a inwividua- dade € um mero Fenbmeno, © que, fportinio, 2 mone no atinge seu fadeico, Assim, permanece © er Gf 8 rxocedo pelo fim de um ferémeno temporal e conserva sem- pple aguels existncia, 4 qual nio se Aplicam 35 nogees de comeso, fim © dvragio. Ta ‘TOMkcer_nd pode © aviag.naqulo vvontade, ¢ nio.-como.se-acreiton ra tradigio do racionalisme, cso, na cconsciéscia, ov na alma imortal. Q conso- Jo gue se tem com exe dovsrina 130 se dove a qualquer conbessio «var zenioo qe uksapasse 0 mr, ensceeaca Dlguma, € a propia vide que justia infidel de sas sifesacoes A avid da vontade, co- sro unt impulse conscters, €© que pemanece, no uma ala ime, O Proprio inteleco no passa de uma das figure que a voriace se manifesa FELICIDADE NEGATIVA. Essa toria consoladora da mort, bases ca no desapege & nocao de "eu", dé rings cas, flosofas orienta,” poe a ero et fen eaifvafivensesSoeuss BREEN, ce top te Tsun cconsolur © homem da firitude de sue individualidade, Mas se a vida esta ga rantida, ctemamenie ¥ Vontade devise, também estara garaniida a companhia de mnilhares de soffamet “Afigmar essa vida ¢ afirmar lade de viver, que consiste num impulso inconsciente ‘pela existencia. No reino animal vemos a infinita diversidade de formas, as modifieaghes incessartes 3s, ‘qusis elas se submetem para se apropriar do meio, também a are inimitavel igualmente perfeita cm todos os indivi duos que preside a sua estruuura € 0 seu mecaniemo, a inesgotivel quantidade de forca que empregam, tudo isso em favor da conservaglo de suas respectivas es “catalfrvneR: fget i aunce i ne Cestumes de Jacques Legrand, ‘heate 10 naividuo ore, Soepécle @etema pécies, Considerando 0 zelo infa- vel das formipgas € a industiosa snividade das abelhas, entre outras mmanifestagtes da "sabedoria da Natureza”, nao podemos deixar de nos perguntar pela finalidade de tanto esforco € de tanta arte. Mas rio vemos mais que 1 satsfagio da fome e do insuino sexual, © talvez alguns curtos- momentos de bemestar “Se se considera de uma pane, a engenhosidade inexprimvel do empreendimenc, «a riqueza indizivel dos meios e, de out, ‘pobreza do resultado perseguido ¢ ob- ‘ido, ent cemos de admitir que a vida 6 um negécio cujos Lucros na cobrem, ‘nem de Tonge, as gastos. A vida do homem ambém no se presenta como uma dadiva, mas sim como uma terefa, como uma divide da qual devemos nds livrar No todo ou em detalhe, © que vemos no & sen3o rmiséria universal, fadiga sem wéyua, atividades forgadas, luas sem fir, mas a Finslidade de sido 80 consiste apenas com assegurar durante um curto espago cde tempo # existéncia de individuos efé- eros © acormentados. A alegria do ho- mem € apenas una felicidade negative, © RELOGIO HUMANO Para Schopenhauer, 0 dio,” dentro, 60 cusoda vlads e vcursde suavida 6 apenas Machoth Alo 5, ona na na qualidade de parte major parte dos homens. € una. um sono curto qual Shakespeare faz 0 integramte da vida condenaia espera ola e preacupant, uma a mzis do infnto espito rotagonistaafirmar que @ 0 sofrimento que é ada. marcha fiuboante através das, ‘da Natureza da obstinada vida 6 “uma histéria contada homem, constitu a revelaglo. quatro idades da via, alba vorade de ives 6 apenas mais" por um iota, chela de som e ta incapacidade que este morte, na companhia de uma wa imagem fuck, que a.- fir, signficando nada” fenconra para dar un sentido priissdo de pensamenlos.__brncar ea exboga om sua tla s ‘ua existéncia, Uma vex ‘vals. Eos assemofham-se a infiita,o espago eo tmpo, © assegurada, do sabemos regis que sfo mortadese —emapenas um momenta que -PAULCETAM Donen ‘oque fazer dela,nom om. funcionam sem saber por qué; comparado cam compara abet) a9hanem ‘que a empregar. cada vezque um hamem é aqulo 6 fimo, dobsa 9 COFflésofo compara entéo - —goradoe nasce oreligio da exist ecepais€ ‘ser humano a umrelégio _vidahumana énovamente—_apagads, para dar que segue estupldamente moa para repetirmais lugar aoutras” © curso do tempo. uma ve Ses names ‘0 pessimismo “Ena verdad inacretévet a exirbihns, frase portrase, _—_dessasiniagons ‘quanto insignificant ¢ vaio de medida pr medida, com {ortes faz lembrar sentido, visto defora, eestpida vaiagSes insinifcantes.Cada urna passagem ceitrefetid, apreendido de indvidun cada rosto humane famosa de nO @ FLOSOELA courgaomacucsk eta see ‘SoWG, TELA de Francisco de Gaya . 1800, Para Schopenhauer, a morte & wm sono om que a indvidualidade& esauecida| 4 alegria de se ver le de desejos ©, as- sim, evitar 08 aborecimentes. Enquanto dominado pela vortade, ele conhece apenas a oxcilagio entre 0 tédio ¢ a dor ComParxao Seo homem que afinna a vida deve se reconhecer nessa vontale de viver uni versil que nunca more, ele também se reconhiece em todo ser que solve, Esse sentimerto € a compnixio, fundameno | de todo agir moral, que consiste no re- ceonhecimento de que todes ads sorn08 0 mesino ser. F 2 conipaixao que nos faz econhecer a injustica cometida quando alguém neg a vontade do outro, subene- tendo-o 2 algum tipo de coercao. # tam: bbém efa que nos impulsiona a ajudar 0 proxim, sem exigir nada em troca, Mas € precisamente esse reconhecimento no ‘outo que termina por condurit 0 aban- dono da vontade; porque os fendimenos fem que esta se apresenta se stuamn ti 2 deciddamente no estado do sofrimento, gue quem estende a si pebpria pow todos les, mio pase contaaar ascim queven do; seria como alguém que, compando twdos os tales da loteria, necessaria- Fmente solteria grande prejuizo. A afi: nag30 da vontade pressupoe limitages 85 da vonscigncia de si quanto 20 proorio § individuo e joga com a posstbilidade de. 3 Wircso de vida favorivel pela mio do |g as0. Jé aquele que nega 2 vontade 0 Effar porque torncu sua a mistris de todo 5.6 mundo, © dai, no pode mats afirmar RT REE Aalegria do homem é apenas felicidade negativa aalegria de se ver livre do turbithao de desejos insaciaveis e, assim, evitar 0 sofrimente sua vontade, esse mondo que tem dante dos olos. Quem chege a0 conhecimen 'o da nulidade ¢ da amongusa cba vids senie-se inelinada a negasao da vontade Tal ato € possfvel quando nos eokocanios no tugar de todos os indwidues que sofrem, quanto deisamas &: fozcr wars distingao egoista entre nosso proprio Eu 2 0 das outros, quando consideramos nao 56 as dares reais como ite mesino as simplesmente possiveis, e quantlo fazemos nossas as miséras do muro Ineo, Aquele que atioge tat ests ‘conhecimento do mando mao pode, se- sguodo Schopenhauer, deivar de met x vontacle de viver: “Ele percehe © conic to das coisas, ele conhece sie exstncta, © ele VE que ela consiste em win peneeer se e's Ta jeonstante, emt um estar ester, ean wr Cconflite.ingimo © sutamnenter cantine SE putes onde nib, 2 Rumapcide © om sinus sufreores, eum mane ge tle suparece. E mits, sale ser 0 toc tio de Pevto quanto pare p egos a sus pepe essen fo muindo, poder ele, por atos iacessin LIBERTACAU Ns BETEZA Setn levar em ennsidenicito 0 softimente, dos individuas, aqueles que atinmane Yontadle encontcin) seapre novos mot vos part 9 querer. O conhecimente dor todo pode, enueuinto, represeentir wn ipuaiguamento da vonwie, © 08 ao cam de exereer set ponder de imicae sobre a6 agdes, Por ise, surge apens nsanifest o da vonuicle leiea hibertlale wer deserere dois momentos Schopent essa liberagte: aa contempiagin de winteressaida das idgits ma estetiew © ra uperacio asvitiea dee mules que « A satisfy que euntemplie onsiste nut aleatin de exereer o coahecimenta de mod int tivo e independiente dt vont © génio aatstien € 0 clara alk de muir 0, engquinto observa como expect 0 expeticulo qiw The oferevid. bilae em aoe: tridvridas em ages de. compo. A esperiiness i bute sttotien iinenter immediate do x de estar sh pace obs Gubslidade, tr Toga clo tempo eb mh ‘completo cs persomnaliacte ede sus a du wuncdo, & 9 a nate A haymonia oh cobpeess ques 0 ole sakes 8 contempligo, por exemple, na 2o sentimento da bele ontacle rencezs, nos ev Cele incvido suspect sa xe corms pane suey lo conkeciner Tine ds cbore eo tempo" Lina autrs etapa Exemplos de siuagées em que Jo sublime pad vi 19M Sio 35» de os herzorte diniado, pradans fion, deseries, mir Ceimpest. objtos adquirern wan ci 12 vorpe de Wor aba est SiMECIO PIERRE ALEXANDRE Ge WILE, 0s etimos tomentosa 0590: Simrda,1784. A dor BeEL; 3 as.de Hamiet, ee ie ome pas eect a mento de resign wile nie pose que se dao na cena ads mmiséna e 0s softime leva 4 ecusa da vontade de viver redengio of ores da vida, 9 momento f ae eee de te ver" € verdade; “mas ser & bem (uta coisa". Assim, 0 conhecimento ta ‘dentidade do qu epeao-do conjure lis coisis, de sua essencin, © de que ela consste mum sofamento continuo ¢ sent finale. conduzeia © omen a mais alto grau de.conseiéncia moral ‘940 da vortade de, viver. ‘Dori voniade deslipa-ce da vida: ela eaveme Ke diante de seus prazcres, nos quais cla reconhece uma afinmaglo da vise © homem chegs 80 estado de abnege fo Volunttia, ce resignacaa, de cata Verdadeira © de estagnagdo absolits do querer A sua voniade dobm-se, ele ft ‘0 afitma a Sua_esséncia, repreventad 19 Gipallio. do Tendmeno, ele a nega, A esse hom ra Schopenhauer, A paz de espfrito vem com a rentincia ao mundo e a todas as suas solicitacdes, como fizeram os ascetas e os misticos compreendeu tudo, ji nao basta amar os Sitros- como ST prio, fiver para eS 6 que firla por si mésmor “Nase cle uin desgosio canta a esséncia, de que seu proprio Fendmeno € a expres. S30, conta a yonuade de vives, contra & essfncia © 0 micleo daquilo que é um undo repleto de doves" A verdadeira redengio.se dara entto fa rennin quietsta 30 mundo a tock as suas solictacées, na mortficagio, dos instinct a i vontade, [Nessa se lcaicaria tims pa mais proc 8 que todos os tesourcs da razio, uma na absoluta do espinto, "uma see nidade émperurbivel, tal como Rafael © gio pintaram sa figura de seus san 8 165". O ascot ou santo que relia com & pletimchte a nevsdo oa rontade de vier 3 a expressio viva dessa negngio que no wa mentecerebio.com.be ‘UDA petra de Oden Redn, 1804 Un guia para 0 ‘entanto, constitu a tnica possibilidade de redeng’o, O sutidio:néo € um cumin’ adéqiado, pois aquele que se maa, em vez de negar sia vontade, a afizma de modo violento, E precisimente porque nfo pode deixar de querer, © ni accita 4 impossibilidade de realizagio de sua vontade, que o homem comet suicidio, A vontade afirma-se no suictio pela pre ria supressio do seu fendmeno, porque Jno pode afiemar-se de outro modo. O hhomem que poe fim 30s sets dias leva 2 iolencia a0 auge e acaba apenas com a llusdo da individuasio, mas n20 coment 8 vontade. Somente 0. conhecimento po- de supeimir a vor Sclsperhiiier faz assim, clogio. cas, Wines ests do ascetime, da carkiade. ~# dh casidade, enti, vitudes negate a vida, Com essa fegigio total todo aninbo de vida proposte per Schopenhauer secmenio posi, mas to 3s ao, Aqui @'flosofia se cla € € pio" pare -o > pene ‘oda essa MosSta que ke base mr , devenda a decssio consciente ser tomada como um desejo ou aspiragi0, ‘A virnda schopenhaueriana 6, segum- do Ernst Cassirer, “a inversio da ordem habitual das idias, estabelecida na Hlosofia de Descartes" Tal inversio tem seus precussores em Locke e Leibniz, hos quais a nacta de inquietude adqut ce uma importineia decisiva para exph ear os movimentos do querer. Atinge seu fpice em Schopenhauer, que faz da vontude 0 lugar da decifiacio do enigma do munde. A vontade € pois admitida camo um elemento nto cons ciente no aparato psiquico, incapar, de cconhecer. Ao postular como essencial 0 ‘queves viver, a racionalidade perde seu poder absoluto sobre si mesma e sobre (6 mundo, deixando entrever algo. outro que s¢ Ihe contrapoe, O "eu quero" toma o lugar do “ew penso” cartesiano, 34 ENTE. CEREBRO € FILOSOFIA A consciéncia no homem compée-se de duas partes distintas: 0 intelecta, ou 0 sujeito que conhece e a vontade, aquilo que pode ser conhecido abrindo espaca para a admisst0 de usm “impensado’, como diz Foucault. Se 2 vontade € nao-consciente, ela pode ser até certo ponto coneada, 0 que caust de imediato um estanha mero, fi que 2 coisa em si é para ser lum x desconhecido, Ai surge a saida de Schopensauer para o impasse: vontade, coisa cm si, jamais pode ser conhecida come a s8 as representagdes; ela no festi-no tempo, nem no espayo, € nie pode pois ser um objeto para o conhe Cimento, Conhecer a vontade so pode darse pela representagio da qual reizou fo nome, a vondade humana, ow methor, os atos de compo. A atividade do sujeito que quer tem de pressupor pelo menos, (9 tempo como sucesso, sem 0 que rnenhuma mudanga € pensivel, © assim a vortade, 20 se manifestar dretamente ‘no compo, nas € dada diretamente no tempo, Esse saber, que 0 corpo trag em seus ates, carrega consigo um limite que © a dimensta temporal ~ 0 tempo € 0 ‘ikimo véu de Maia a ocultar o que jt no € mais para nds, aquilo sobre © que ino se pode nem pensar, nem falar, Esta a metalisca imaneate, que, numa volta 1 Kant, apesar do estanho desvio que ‘permite um certo conhecimento da von: tade, probe as visbes tanscendentes. ‘A conseiéncia no homem campiese de duas partes disinus, 0 intelecto ou (© suet que conhece © 2 vontade, 0 {que pode ser conhecido. Uma imagem que dustea essa relagao € a da planta, tem que a reiz seria 2 vonlade e a corola, © ostensivo, © intelecto, 0 caule que as ‘ne seria 0 "eu", identicde inexphicavet centre ambos, © querer sendo sempre mesmo, 9 que astingue entre si as con iéneias € a maior ou menor extensio do wow mentecerebro com.be 50, WASHINGTON J © BERET caLLEcON-evstocK orca 20 oon fntelecto, Todos os animais querem bem- | yezes vtorioso, o que sc da excaiphe esac, vida © proctiaglo, ¢, embora 56 0 | hhomem pense e julgue, aqueles também | ‘tm represenagtes, € dhazo que apenas | Intukivas, no sendo capares de abstra- (20. © querer € pois comum a0 homer € 20 ptlipo © ’0 abisma entre o homem © oanimal surge da diferenga intelectual’ No homem & que a capacidade de cepre- sentagio atinge seu maior vigor, sendo ele capaz de representagies intitivas também abstratas, apesar da forwa das aixtes. Sua merce esté sempre ceupada ‘com pensamentos, € o intclecto, embor socundirio, pode chegar até 0 primeira lugar, ai tem sua génese 0 ero fonda- mental dos filisofes que atbuem Sempre 2 primazia a0 pensamento ou a alma, isto 6,2 vida espirinual. Schopentiauer objeta 42 essa concepgio a0 perguntar como se ‘explicaria eno que 08 animals inferiores tenham uma vontade to forte, ligada a um minimo de representagdes;_anesmo no homem, 56 nos indivuos mito Bem dotados € que 0 intelecto pode ser por OFIO pas LENERANGAS rite | GUY PEARCE » Caria Mods mn con define Annis, hstapher Nolen, 200: rptura tf dt emia wre mentecerebo.com.br mente no caso do genio. Ora, zdmiie uma conscénca partda, que abiga em si ese lado obscuro das paixbes e das emo- ges, quire uma importincia capital, 20) tar da razio 0 papel predeminarte, e atebuilo a0 compo e a suas tendéndas ¢ | [ needa, CONVERGENCIAS No capitulo de © mundo como vomtade e como representagdo em que s80 anali- sada as relagSes entre intelecto € von. tade, encontrames wagos das posteriores descoberas de Freud, Tais vislumbres, ‘embora denotem uma proximidade entre (os dois pensadores, ndo basam para cdetectar uma influéncia, apesar das mui- tas mengees de Freud 2 Schopenhauer, no correr de sa obra. Allis, o funtdador psicandlise nega de mancira explt ‘ita essa influéncia, afirmando ter ido Schopenhauer tardiamente, 20 mesmo tempo que admie 2 antecipagao deste no que Se refere 3 teoxia do recalque, Essa explicagéo vem corroborar a separagio enireintelecto e vontade @ a predominéncia desta dita no ‘rocesso psiquica, Marcando também o dominio de um strato inconsciente eda {orga dos impuilsos na psique humana, Freud segue um ‘eaminho convergente ao de Schopentiauer, embora ambos ‘enham visadas diversas: ‘Schopenhauer busca explicar ‘0 mundo e Freud, médica, volta-se para a clinica e para a cura de seus pacientes. No entanto, mesmo se pensarmos ‘os pontas de partia Aiterentes de cada um dele, constatamos que recorrem a tum predominio incontestavel dos imaulsos e aetos, que sb difcimente sdo domados pela destreza da razéo. Serene, SDA ALMA E Bas PAIKOES 35 i No caso do recalque, o contet- do mdoconsciente seria formado por Fepresentagies indesejiveis, que teriam sido expulsas da consciéncia pelo que- ev-viver, Mas, na qualidade de nao cconscientes, poderiam set ainda cha- madas de represeatagtes? Para Freud, © inconsciente como sistema conteria 5 ‘representantes das pulsées", que Fificlmente equivaleriam as tepresenta- is0es em Schopenhauer. Ao pensar num Inconsciente shopenhaveriano, este $6 ppoderia' ser equivaleate & propria pul: io, ao impulso do quererviver camo stividade cega, incapaz de receber um fesatuto representative, o qual pres- suporia sempre, como pélo de conhe- mento, 0 sujeto. Assim, no sistema Inconsciente, expeste por Freud no texto Aprimazia da vontade permite a distingao entre 0 motivo aparente e o real das ages 0 inconsciente, desacam-se suas dimen ses pica e dinamica. Embora em Schopenhauer hala passagens ¢ avituas influéncias entre intelecto © vontade, ambos caracterizamse pela sua nitida separaglo, 0 que vai possiblitar deser- ‘bes dos fenémenos psicobigicos e vitals caracteristicos de cada estato, © fildsofo admite, em primeiro lugas, ‘que o intelecto possa por em movimento 4 vontade, mas que 2 transformagio do BEBE CHORANDO. A vontade surge prota «arabada no rectm-nascido 36 MENTE, CEREBRO & FILOSOFIA elemento intelectual em voliivo passe de imediato despercebida, dada a rapi- dez com que se di. As fepresentagbes, do intelecto também podem produzir cesados emocionais, mas mesmo af € a vontade que comands. Pois o intelecto, 20 fomecer motives para a vontade, permanece alheio 2s suas decsdes. A fesinténcie a certas repcesentagdes ou sucessoes de pensamentas cabe afinal & vontade, que, percebendo pelo intelecto 1s prejuizos que poderiam ocasionar 20 organism, faz com que este se desvie delas. © fat0 de o inteleco se manter ‘muitas Yezes eszarho As decisdes da Yovitade prctiz sunresa 20 tomarmos” ons 5 desejos inconscientes _ que se realm podem causar alegiia, acompanhada de uma cera vorgoaha de termos desejado algo incompativel com boa imagem que tinhamos de née mesos. A primazia da voniade pert” a distingio eniie”© motivo’ aparente © © eal chs agtes, fundamental também para psicandlise. A saber, se nas flo- sofias que colocam o intelecto no centro dz nossa natuteza, de onde emanam a3 resolugdes, nfo € possivel disinguir os motives das agbes, sendo 0 incelectal que decide sobre’o valor moral, nas flosofias que separam as duas insiancias, como a de Schopenhauer, o intelecto ‘36 conscgue penetrar na “oficina secre ta" das resolugdes da vontade, mesmo que possa famecer motives para ea ‘LIQOES DA EXPERIENCIA Schopenhauer enkio elenca fatos da cexperigncia que confirma 2 separ so entre inelecto e vonade. Assim, a Fadiga do intelecto © 0 carter incansé vel da vontade; a atividade origindsia da vontade ¢ 2 invelectus, desivada e forcada; sc a vontade surge pronta © acabadh no recémnascido, 0 itelecto ricle desenvolve-se lentamente, A preci- pitagio mostra a presteza da vontade € sed cariterincansivel: a vontade como lemento executivo deverta aguardar a delberagio do intelecto, mas, devido 2 Tentidao deste slime, s¢ adianta levan- do-nos a agées irreflctidas. A vontade com suas moses poe obsticulos 20 fexercicio das fungoes intelectuas: 0 & pavor paralisa ou leva a agdes absurdas, © wow mentecercbro.com.br

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