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Consetho Editorial de Educagio sé Cerchi Fusart ‘Marcos Antonio Lorie ‘Marcos Cezar de Freitas Mart Andes Pedro Goergen ‘Terezinha Azerido Rios Valdemar Sgussardi Vitor Henrique Para Dados Internacionais de Catalogao na Publicado (CP) (Cémara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Freitas, Marcos Cezar de Historia socal da educacio no Basi (1926-1996) ‘Marcos Cezar de Freitas, Nauritane de Souza Biccae ‘Sto Paulo : Cortez, 2009. — (Biblioteca basis de histrio da educacao brasileira; v.3) Bibtiograta, ISBN 978-85-249.1484.3 1. Educasio — orait— Historia 2, Educagdo — Brasil — 1926-1996 |. Biccas, Maurlane de Sons. I Titulo. tl, Série. 0.01092 C00-370.981 Indices para catélogo sistematico: 4. Basi: Educacso : Historia 370.981 ESTey da HISTORIA enue CAO 1 TNS malady dria social da educagao irasil (1926-1996) iy marcos cezar de frei TatMe|eBcyel ey 4208 9) (010-13) Geshe contradicao. Somou-se a esse esforco 0 reconhecimento da im cia de obter espacosfisicos adequados, material pedagégico consi brinquedos proprios e livros, muitos livros. Esse é um capitulo bastante especial na histéria social da 80, no Brasil. A incorporacao do direito a educacao na forma ‘se expressou na Constituicdo de 1988, depois no Estatuto da C € do Adolescente e, mais tarde, na Lei de Diretrizes e Bases da cacao de 1996, pode ser considerada fruto da articulacao e mol <0 de movimentos como 0 MLPC de Belo Horizonte, que se muitos movimentos de igrejas e a aco de muitas outras organi; do governamentais espalhadas pelo pais que inscreveram a dos direitos sociais de criancas pobres no centro de seus compl SOs mais consistentes, Independentemente de suas contradi¢ées, exemplos como MLPC sao importantes também porque representaram o oposto di que 0s “projetos da ditadura” representaram. Como ator politico MLPC* nao foi uma expressao local de um Projeto Casulo, por exe Ao contrario, nunca expressou compromisso com 0 descaso, tam} com a direcao fortemente desmobitizadora que a LBA imprimiu as aces. No coracao de Belo Horizonte, a educacao infantil expressou, a luta de seus protagonistas, o quanitu a historia social da educacao, Brasil, nao se resume narrativa dos atos oficiais, & crénica dos g Previstos nos prognésticos das falas ensaiadas nos salées de onde otha para 0 povo com receio ou com desdém. “4+ Um estudio recente etastanteinovador sobre tema pode vito em Oia Sita, 2008, al Constituinte, ‘outubro de 1988. IRA 7 Consideragoes finais: da iemon para a democracia a LDB de 1996 tia a Assembleia Nacio- i 87 fol instalada em Brasilia a at ae origem & atual Constituicao, promulgada em q sem duvida, um dos icones: daquele Essa “Carta Magna” tornou-se, a mento; tempo que queria ser 0 fim de um ciclo ten momento; taneamente, 0 marco inicial de uma se a conn chao salpica : Tempo de correr sobre um eae ki a militar que durou de 1964 a 1985 a si fundas na sociedade brasileira. Cortou, calou, silen A, aa P 'A acho corrosiva da ditadura foi profunda rata ae \do mastiga Ao que o Estado agiganta 2 ee ASN ditadura cortou, calou, silenciou @ matou aca timento de parte da sociedade bras rocesso de suderizagso governo fardado. ‘contou tamhém com o consent i rum {que agiu ou silenciou de modo a plasmar um P! pee a e da lei, uma ditadura por sua ja nao é clusive Is democracia nao € obra ext & ee i ee filha bastarda de um Estado distante da an ne ie oa demonstra as varias camadas da socieda du as outras. naa pcre ‘0s governos militares se sustentaram, a despe i -fim de estragos {pio se manifestou, um sem éncia que desde o principl f el paren sobre 0 pais, e a educacao, de forma ge i oe _ asl to por decisdes que repercutem negativamente preco alto mago de nossa complexa sociedade. Na década de 1980 aquele cendrio sombrio caminhava solucdo. Desde as eleicdes municipais de 1977, 0 esgarcamento de sustentagao da ditadura ficou evidente. O resultado das estaduais de 1982 também confirmou que um novo tempo gestacao e, como frisou Cunha (1991), a expressao “transi democracia” tornou-se irrevogavelmente a matriz dos di cos naquela década de superacéo. Gradualmente, algumas poucas experiéncias que ampli dialogo entre governantes e governados se projetavam e trazi © repertério da politica o tema da “democracia participativa”.! As eleicdes estaduais de 1982 abriram caminho para Ges regionais, especialmente em ‘Sao Paulo, Rio de Janeiro e Gerais, que foram marcadas pela apropriacio, cada qual a sua do léxico da participacdo comunitaria, Os tambores da mobilizacao comecavam a rufar novamente. © movimento que \utou pelo restabelecimento de eleicdes di Para Presidente da Republica, perenizado como “campanha das tas” ou, simplesmente, “diretas ja”, é um marco a ser lembrado. Em 2 de marco de 1983, 0 Deputado Dante de Oliveira apre uma proposta de emenda constitucional, que restabelecia as elek diretas para Presidente. Essa proposta foi votada e derrotada em 25 de abril de 1984, tudo, entre o momento no qual a pruposta fo! formalizada e o moms to no qual foi formalmente derrotada um ruidoso e contagiante movi mento permeou quase todo o Brasil. Apartir do primeiro comicio de mMobilizacao, feitona Praga Charles Miller, na cidade de Sao Paulo, em 27 de novembro de 1983, até a noite da yotacao, um “mar de gente” inundou comicios e mobilizacdes que, Passo a passo, demonstravam que o tempo da ditadura estava com os dias contados. Ficava cada vez mais visivel que os setores que empres- Seo ba Sxemples os municipios de Boa Esperanga, no Epi Santo; Lges, em Santa Catarina e Praccaba en So Pao “H2 que se organizaram para 4 obrigacoes: se articulava nao sor para ncios de entio, em situagao ncios ao arbitrio estavam, i eet Jaco Aqueles que demonstravam que & eet m rel ran epee . 7 “ E sci thar a tp i ja” solidou i a aaron ‘Ao ao direciona: : bie religiosas uma nova percepcao em relacas , social va pe to das estratégias da movilizacac ii ja mer ava no horizonte a Ji - ae que se instalou em fevereiro de ae a " Pics a historia social da educaca0 no ont a ae a i finatizava a i ue praticamente Ce ae ce Jitucionalidade subjacente ao pr be tantes porque a inst See awed io ds Lt (mre defender sus potas devs eae educagao. oe es ewe ‘um tempo de mobitizagao que des comicios e passeatas projetadas do povo. Esse tempo de prea tamacao de principias basilares eivindicagao por mais © sncionada Assembleia Nacional i tava {sso significa que est mente em grant reocupar as ruas com o vozer!o sproduria na proc! é toy jo também se aul k Bact e da cidadania marcados pela melhores 001% acipios proclamados em carts Mantes ana A defesa de principi i esentaram para ‘tos coletivos que se apreser Said cessenciais na ago do Estado. des € assembleias foi o de ntivesse oferecida na instituigoes estatais na nes ides como fundamentals para que nos cont como a escola publica, se mant yoz e visibilidade defender os fundar 0 objetivo que pautou exigir que a educacao caracteristicas entendi ae iit coe eee particulares € bh ae a Teens de Educagao (ANDE), 0 ce eee weieiee (CEDES) ¢ a Associagdo Nacional ental Gaia ‘em Educaco (ANPED) propuseram ¢ organ ann ae See cen reivindicagées que, a0 termo, mento» Lunsideradot ess centenas de reuni 343 repertorio de diagnésticas e prognésticos encaminhado 4 Assemble ional Constituinte relacionado a situa¢ao da educacao piiblica no p Tais eventos ficaram conhecidos como Conferéncias Nacio Educacao que até o momento da promulgacao da Constituicao fo convocadas em quatro ocasiées: em 1980, na cidade de Sao Paulo; 41982, na cidade de Belo Horizonte; em 1984, na cidade de Niteréi € 1986, na cidade de Goidnia. ‘As conferéncias geraram documentos que nos servem de bali sobre os temas que ofereciam condicdes de convergéncia entre ato diferentes no espectro politico de entao. Entre tais documentos, aCarta de Goiania tem valor paradigmati para nossa percepsao a respeito do que se estabilizava como conte ul a ser defendido junto aos parlamentares constituintes. Dediquemos-nos um pouco a Carta de Goiania. Essa Carta denunciou o estado de precariedade material a qi estavam submetidos mais da metade dos brasileiros. Recuperou 0s Mn meros que demonstravam a notéria pretericao das criancas e adoles- centes pobres em relacdo aos bens essenciais das cidades e da zona rural, Um quadro crénico foi revelado e sintetizado na dentincia sobre fa falta de qualidade na educacao publica que o Estado oferecia e na distribuicdo irregular e insuficiente de escolas piblicas pelo pais. (Os niimeros da evasdo, da repetencia € do analfabetismo ofere- ciam as linhas para o alinhavo de vinte e um principios exigidos para o novo texto constitucional e que podem ser, assim, resumidos: stra socal da even no Bras (1926-1996) Vencidas as etapas de instalacao e definicao da dindmica de tra- balno da Constituinte e definidas as regras para o encaminhamento de emendas populares, a Assembleia Nacional Constituinte tornou-se © espaco centripeto das forcas que se organizaram para empreencier suas estratégias de pressao (Cun, 1991, pp: 430-36). Feta etecas Os principios da Carta de Goidnia, por exemplo, se robi na forma como foram assumidos pelo Forum de Educacao na tuinte em Defesa do Ensino Piblico e Gratuito. A base de sustentacao desse Forum era ampla e conectada é expressivo niimero de corporagées dedicadas a def ca, Podemos citar: a No mesmo cenério, 0 universo educacional relacionado as confessionais ganhou nova projecéo 4 medida que se articulou base nos seguintes grupos de convergéncia: Histéria social da educacto ne Basi (1926 ‘A Federacao Nacional dos Estabelecimentos de Ensino — FENEN — ‘agregava com alguns parceiros ocasionais os interesses dos estabeleci- mentos privados de ensino. s conflitos entre interesses piblicos e privados mais uma vez se ‘exacerbaram. Foram reeditados questionamentos a respeito do “quao publico” seria o agir do Estado e retomadas as formulacées que pro- punham considerar a natureza publica de algumas institui¢oes nao estatais, ‘A sociedade brasileira deixou ecoar no seu amago 0 alarido das reivindicacdes populares e, a0 mesmo tempo, 0 inchaco das grandes ‘cidades revelava aspectos perversos de uma realidade cujos problemas quotidianos comprovavam uma certa sedimentacao do convivio com a desigualdade, uma vez que pujanca € precariedade se estabeleciem lado a lado. Com variacées intensas, de regido para regiao, de cidade para ci- dade, de bairro para bairro e até de rua para rua, a luta por escolas e por servicos pibblicos de qualidade tornava perceptivel 0 fato de que em alguns lugares, especialmente n’algumas zonas periféricas das grandes cidades, 0 acesso a tais direitos ja era realidade, mas tratava- -se de uma realidade sujeita a impressionantes niveis de improvisa¢ao, deterioracao e, por conseguinte, de desvalorizagao social. Desde as eleigdes cstaduais de 1982, algumas iniciativas levadas a efeito em Estados como Sao Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais com- provavam que o dia a dia nas escolas apresentava problemas tao singu- lares que, em certo sentido, as questdes de governanca das escolas € as politicas de reorganizaao dos espagos e do trabalho docente ti- inham demandas que nao seriam solucionadas apenas com novas leis, ainda que muitos se batessem por leis mais consistentes. ‘A questo da falta de homogeneidade entre as criancas e adoles- centes que se tomiavam alunos das redes publicas de ensino reapresen- tou-se mais uma vez como tema-chave nos debates educacionais, demonstrando a forca e longevidade dessa questao na historia da edu- cacao brasileira. © momento que encaminhava a superacao da ditadura favor enfrentamento dessas antigas questdes com dinémicas inovadoras ‘aomesmo tempo, favorecia a recuperacao de estratégias anteri ensaiadas em outros contextos. q Um exemplo dessa situacdo pode ser reconhecido no Rio Janeiro. La, 0 governo de Leonel Brizola abriu espago para que Ribeiro articulasse a criagao dos Centros Integrados de Educacio blica, 0s CIEPs, que projetavam a oferta de escola em tempo in para os alunos mais pobres da cidade, indicando, inclusive, que Processo seria multiplicado até atingir a totalidade dos alunos al didos pelo poder publico. Anunciava-se também a retomada, no. de Janeiro, do projeto “escolas-parque” que Anisio Teixeira pr ra quando Secretirio de Educacao e Saiide na Bahia, na gestao 1 1951, mas que resultara concretamente na criacao do Centro Ed cional Carneiro Ribeiro, implantado no bairro da Liberdade salvador, Narrar 0s processos de continuidade e, especialmente, de continuidade nos projetos que alimentaram a interlocucao entre protagonistas do dia a dia escolar e as autoridades educacionais municipios e dos Estados 6 uma demanda que, par si s4, exige mill res de paginas. Nossa intencAo ao citar aqui alguns poucos exem| € a de apenas lembrar que as mobilizagdes que concentraram seu foco na Assembleia Nacional Constituinte projetavam a consolidagao de direitos sociais no contetido do mais abrangente instrumento nor= mativo do pais enquanto, no ambito de cada Estado, reestruturacées as mais diversas ja estavam em andamento. Em Sao Paulo, 0 governo de Franco Montoro, eleito em 1982, reto- mou os temas da participacao e da descentralizagio e os projetou como instrumentos de governo, inclusive na ambito da educacao. No que tocava a estrutura de escolarizacao a ser oferecida, 0 primeiro Secretario de Educagao do governo Montoro, Paulo de Tarso eta sci da hn (1926-1996) nou Santos, que trabathou com o President deterrn| i jro grau incorporasse 0 que oensino de primeiro grat e ‘Apés dois anos a Secretaria de Educagao ol assurnicla por Paul Renato Souza que conciuiu a implantagao do cielo _ e ae tancou um novo estatuto do magistério. Em 1986 ele betes Ee José Aristodemo Pinotti que acolheu em sua gestao 0 mele a planta¢ao' do Programa de Formagao Integral da a ia ie Bae tinha por objetivo implantar um regime de tempo integrals cola até a diltima série do 1° grau. : FIC abarcou um niimero pouc' 8 a a mente a dimensio ampla dos nimeros do an ae Paulo. J&/em relagdo ao ciclo basico, parte expressiva dos rep! ‘magistério manifestou desconforto diante da lim! itacao dos ex- i i ssconforto dian tes do magisterio mar Jo, questao essa pedientes de reprovacao, qu e nice repercussao na imprensa. Chegariamos a0 final do sécule XX oe stilidade, mas bem estabelecido entre diagnéstico embebido de ho: ; tre os Fe vvariados setores da sociedade brasileira: uma escola que nao re é sina. ova é uma escola que nao ens! if aca relacSo 20 cenario que se apresentava um POucO ae Constituinte, Rio de Janeiro e Sao Paulo s4o.aperas dois exemPI0S, i inicio so exemplos bastante representativos de um process que teve ini sntaa e, de certa forma, néo foi mais interrompido e que fez das 3 beta a érios de ensato permanente, jis de educacao laboratérios , Sei mas com vulnerabilidade a0 ati- ‘com avangos e retrocessos pontuais, i it dirigentes locais. aloe palates pelos coletivos do magistério nas esfe- subsi¢iaram com densidade a pauta que 0 Férum de Educacao em Defesa do Ensino Publico e Gratuito ead junto 2os parlamentares que escreveram a nova nee oa pauta essa que ja estava conectada 20s principios da Carta de ; como dissemos. representativo de escolas, ras municipal e estadual 2 shes un ico cto de os anos 2 Occ sho tomo O novo texto constitucional, quando foi promulgado em 05. tubro de 1988, trouxe expressivos ganhos politicos em termos nhecimento da extenséo dos direitos sociais, com repercussio no campo da educacao. Vejamos a sintese a segui istéria socal da educacto no Bras (1926-1996) po ponto de vista do ordenamento Juridica essa nav? Carta Magna vr no campo dos direitos socials © 0 “Wgar” da educacao foi uma \s inovacbes. ‘artigo 205 €cristalio. A educagso & mencionada como “direito todos ¢ dever do Estado e da famtia”. ‘© artigo 208 merece uma atencao especial Por espethar diversas andas da sociedade brasileira, debatidas desde 28 décadas de 1970 ‘geo, Destacamos a primeira novidade que figura 1 inciso 1, que fica o dever do Estado para com o ensino obrigatoo fundamen I destacando aqueles que “néo tiveram acesso nA idade propria”. Teea ecpectficacdo corrige as legislasbes criadas no década de 1960 que restringiam a gratuidade © @ oprigatoriedade apenas para a faiva etaria de 7 a0s 14 anos. Pela primeira ver a educacao de pessoas Jovens e adultas passou a ser considerada como parte da educacao basica. Quando 0 inciso Il tratou, ainda que de forma demasiado aberta, do atendimento especiatizado a ser oferecido 205 portadores de eficiéncia na rede regular de ensino abriu ‘caminho para que ess2 questéo ensejasse, alguns anos depots, varias alteracdes e mudancas Sretivadas na promulgacao da LDB n. 9.394/96, que sera comentada logo mais. Immportante: 0 inciso IV destaca o “atendimento eh creche e pré- vescola is criangas de zero 2 seis ans de tdade”. ASST como corre som a educacBo de pessoas jovers o adultas, ocorreu wie extensio do Ghroito & educacao a essa faixa etéria, passando finalmente a ser con siderada parte da educacao basica- Foun extensao de direito significou uma mudanéa definitiva na forma de. conceber as creches eas Pie esealasy instituicdes até entao consideradas néo educativas, mas apenas de assisténcia social. Tra- vessia- S moferta de ensino naturno regular, adequado as condigoes de cada um”, apresentado no inciso Vi, € um dispositive também relevan- tea medida que, pelo menos no espirito da Let, vislumbrava-se assegu 323 rar ao jovem adulto tr ii eee rabalhador a possibilidade de retornar e freq O inciso VII trata do “atendimento ao educando, no ensino ful mental, através de programas suplementares de material didatico colar, transporte, alimentacao e assisténcia a side”. Lembremos Nos textos anteriores, quando mencionada essa questo era rei simplesmente a assisténcia ao estudante. “7 x Os paragrafos 1°, 2° e 3° do artigo 208 da Constituicao Feder definem um rol de obrigacées com o qual o Poder Pablico deve se rometer a fim de oferecer educagao de qualidade a todcs os seus dadaos. Tais definicdes consolidam um processo que na Introdugao de te livro mereceu alguns comentarios de nossa parte. a Chamavamos atencao para 0 fato de que a identificacao ent espera piiblica e esfera estatal é uma construgio histérica © nai inexorabilidade pronta desde sempre e caracteristica da Rey bi Constituicao Federal de 1988 consolidou o processo que (ae Piiblica a escola do Estado na condicao inequivoca de direito. Toda que esse dieito foi negigenciado, desmerecido ou mesmo exercido forma precaria e incompleta, deparamo-nos com aquilo que, ao inici chamavamos de desvalorizacao social. : " oe ae cee eety : conquista de direitos sociais no mista ortt se iinprescindivet, aqui, Cidades e do campo. Sem esse vigiar, muitos de nossos ganhos se dey a ciam na forma que adquirem conforme o estrato que dele se Saal ‘ ___ Mas, & justamente porque nossa sociedade vive um permanente Jogo de valorizagao e desvalorizacao entre pares que a Constituicao de 1988 deve ser celebrada pelo que garantiu ¢ também pelo que suscitou nna sequéncia de sua promulgacao. Nao somente para a historia social da educacao, mas também pa- ra a historia social da infancia e da juventude os passos seguintes ee caram caminhos mais seguros e cuidadosos ra com ie lescentes do pais. fs enon. de eventos interacionais, voltadas para o cia, com especial desta Unidas. como 0 EI UNICEF em 1990, foi facititada pel Constituicao de 1988, nos s¢ que embasavam a Declaraca otra soc do edveartone Brat (19261996) i ativamente i decada de 1980 0 Brasil participava mals vst awe tema da protegao a infan- que para os que eram promovidos pelas Nagoes inados em eventos a ratificacao de preceitos assit I No caso do Brasil, Ce ar, Cupula pela Crianca, sco Mun tt aterior ncororao mete da tae action 227, A 2D 10 dos Direitos da Crianca, de 1959. “ya.em 1987 havia sido instaureda em nosso paisa Comisséo Ne nal da Criangae a Constituinte, instituida por uma portaria intern terial e composta por representantes 2 sociedade civil organizada. i fesa da Crianga é ‘em todo o pais os Faruns de De' n sequéncia foram criados cee te, decorrentes da Frente Perla i ie Sate ida Crianga. Os artigos em prot dos direitos das ee fe dos adolescentes que figuram na Consttuicao refletem © a “4 tempreendido por esses grupos que era mais do que ee a sao, eram instancias de articulacso entre vvozes que Se PI lefesa da infancia. : : ie Cae ina Constituicao, de dispositives diretamente | Loe nados a seguranca fisica, emocional, intelectual e moral na i r asejou een cbrtn seid, FS COPE © oficializar © re Crianca e do Adulescente (ECA), através 42 Lei n. 8.069, de 13de j os ee formulacdo contou com uma intensa ¢ ampla participas#o ~ so do governo mas de instituigoes vitals PATE que o ECA se tormsse Pastoral do Menor, a Pastoral da Crienga, © realidade como a ee aa i Nacional dos Menin« Brasil, a OAB, 0 Movimento : maitgs movimentos organizads em igrelas ¢ ras universidades de va apitais. es Be SECA revogou a Lei n. 6.697/1979, conhecida como Codigo de Menores de 1979, e instituiu o principio de protecao integral, a conhece a crianca e 0 adolescente» Antes de tudo, como cidadai sujeitos de Direito. Dessa nova situacao juridica resultaram aces cujos ceriam no transcorrer da década de 1990. Em 1991, por criado 0 Consetho Nacional dos Direitos da Crianca e do (Conanda, Lei n. 8.242) que tinha por objetivo impulsionar a i a0 do ECA em todo o pais. ytamos- de 1988, aprese com a Constituigao ‘estamos Assim oon ees diretamente relacionados a0 que sintese mentando nestas considera‘ Em 1993, a Lei n. 8.642 criou o Programa Nacional de Integral a Crianca e Adolescente (Pronaica), para articular e agdes de apoio a crianca e adolescente, sob a coordenacao do rio da Educacao.? Nao se pode perder de vista, porém, a sociedade concret a qual estamos tecendo nossas andlises. A presenga de novos € Plares instrumentos juridicos de protecdo a inféncia, mais do nalizar esmero e cuidado para os setores mais vulneraveis do indicava a necessidade premente de defender a crianca e 0 cente expostos a situagdes dramaticas, especialmente no quoti das grandes cidades. Nao deixemos aqui de recordar as vitimas da “chacina Candelaria”. Na noite de 23 de jutho de 1993, criancas, adolescentes e dores de rua que dormiam nas imediacdes da igreja da Candelaria, Rio de Janeiro, foram violentamente atacados numa operacio “exterminio”. Das 72 pessoas atacadas, a maioria criancas, 8 sobreviveram. © ECAe a Candelaria sangrando sao duas faces da mesma socie- dade. Seria muito pior, sem diivida, se esse quotidiano de massacres nao dispusesse de escudos como o ECA para atenuar 0s efeitos de nossos desatinos. A atencao que o ECA teve para com os direitos educacionats da crianca e do adolescente € o exemplo mais significativo a ser men: cionado. 3, £m janeiro de 1995, 0 governo extnguu a lentelsta e ssstenclita Lego Brasileira de Assia BA. Em seu Luar fi mplantado © Conseho éa Comunidade Sldari, com sno de roadarar sete campo soca. 326 CO ECApode ser considerado um dos mais expressivos resultados da grande mobitizagao desercadeada pela Consttuinte de 1988. (0) Estatuto tornou-se uma grande conquista da década de 1990, especialmente no campo da educacao das camades populares porque, mesmo sem vincular-se diretamente ao campo da Legisiaga0 ‘educacio- hal, tocou aspectos até ento considerados dsplicentements como te- mas da assisténcia social. Proclamou sem meias palavras que a ‘educacao de criancas e ado- le

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