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Aula 09
ESTADO
O chamado Estado oriental representado principalmente por Índia, Pérsia, Egito, China
e Israel traz-nos todos a concepção de Estado Teocrático, alterando-se apenas a
graduação e espécie de teocracia.
Apesar de na China antiga, a filosofia não tratar da instituição Estado, seus filósofos
muitos se preocupavam com a arte da governação e os deveres de quem governa. Kong-
Fu-Tseu (Confúcio), e Meng-Tseu (Mêncio) dois dos principais filósofos chineses,
consideravam a política uma arte e que deveria ser aplicada dentro de forte preceitos
morais.
O príncipe é “Filho do Céu”, mas não é Deus, e seu poder não é um direito e sim um
dever, o dever de buscar a felicidade do povo. Caso não cumpra essa obrigação o rei
pode ser destituído do poder. Confúcio escreveu: “O mandamento do céu que deu poder
a um homem não lho conferiu para sempre”. Para Confúcio a legitimidade do poder
repousa no consentimento do povo: “Obtém a afeição do povo e terás o império; perde a
afeição do povo e perderás o império”. Mêncio afirmava: “O céu vê mas vê pelos olhos
do povo, o céu ouve, mas ouve pelos ouvidos do povo”. Vemos então que os chineses
chegaram as mesmas ideias sobre o poder e a sua formação que os escritores ocidentais,
contudo mil anos antes que estes.
No Egito faraó era o próprio deus, sua vontade e preceitos eram soberanos, contudo
com o passar do tempo, o poder do faraó foi sendo reduzido pelo poder de outros
deuses, que a serviço do clero egípcio minavam os poderes do faraó tornando-o com o
passar do tempo limitado a vontade dos sacerdotes, enfraquecido pelo poder sacerdotal,
surge no Egito então a figura dos líderes provinciais, que detinham tanto poder quanto
faraó em suas regiões, constituindo assim uma poderosa organização feudal.
No Estado Hebreu também uma teocracia os poderes do rei eram limitados pela lei
divina de Iavé, bem como pela doze tribos, que não permitiam ao rei se afastar do
determinado pela lei divina.
O Estado grego como já vimos, retratado como berço da democracia, na verdade sequer
era um Estado como na concepção atual, a Grécia era formada por polis e cada uma
dessas polis, era absolutamente independente e tinha uma forma de governo diferente,
Atenas como vimos apesar de ser tida como mãe da democracia, na verdade não
passava de uma oligarquia, onde o poder estava concentrado na mão de uma minoria
privilegiada e mais de metade da população era composta por escravos. Esparta a
segunda maior polis da Grécia antiga, era uma monarquia despótica em que o rei
detinha todo o poder e subjugava uma população também maioritariamente formada por
escravos. Nessas Cidades-estado, o poder político, a economia, as leis e o direito se
confundiam. E, o Estado era a sua própria religião, o indivíduo não era importante e não
possuía qualquer liberdade, a família inexistia, só existia o próprio Estado, na pessoa do
seu Deus a quem todos deviam devoção, um exemplo disso é a condenação de Socrates
acusado de negar os deuses de Atenas.
Inicialmente o Estado romano em nada se difere do grego, contudo com o passar dos
séculos e o seu normal crescimento deixa de ser um pequeno Estado para se tornar um
Império, e na própria concepção filosófica em Roma a família é o coração do Estado, o
direito, leis e política estão absolutamente divididos, e o cidadão romano vê-se
possuidor de direitos bem delineados, a religião também possui grande importância no
Estado romano, mas aqui funciona como elemento de coesão nacional.
Assim que conquistado um novo povo o seu deus era trazido para Roma onde poderia
ser adorado, e dessa forma mantêm-se esse novo território e população ligados também
religiosamente ao império.
E, nos séculos X e XI, e principalmente a partir do século XI, que foi uma nova
expressão da centralização do poder, com a preeminência do papado sobre o governo
temporal. São características fundamentais do Estado medieval: Forma monárquica de
governo; Supremacia do direito natural; Confusão entre os direitos público e privado;
Descentralização feudal; e Submissão do Estado ao poder espiritual representado pela
Igreja Romana, ou seja, a igreja intermediava as relações do indivíduo com Deus e com
o Estado, o próprio positivismo legal dependia do entendimento de que a lei não feria os
princípios defendidos pela Igreja.
Através da insatisfação popular a este chamado Estado mínimo, que surge na Europa o
chamado Estado Social, ou Estado do Bem-estar social, ou seja, o Estado tinha como
obrigação ir mais além do que garantir a vida, a liberdade e a propriedade, deveria
também responsabilizar-se pela educação, saúde, lazer, emprego, ou seja pelo próprio
bem-estar do cidadão.
Esse pensamento, que inicialmente parece-nos, como hoje já é, claro, deu origem a
diversos movimentos, e surgem daí o Totalitarismo, o Comunismo, o Nazismo, o
Fascismo, todos prometendo resolver os problemas sociais que assolavam a Europa e de
fato quase a lançaram de novo no período de trevas da idade média.