O Que Você Diz Depois de Dizer Olá - Eric Berne

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Dados.de Catalogagio na Publicagiio (CIP) Internacional (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Bere, Eric, 1910-1970. B4460 O que vocé diz depois de dizer old? : a psicologia do destino / Eric Berne ; tradugdo Rosa R. Krausz — Sao Paulo : Nobel, 1988. Bibliografia. ISBN 85-213-0554-0 1, Andlise transacional I. Titulo. CDD- 158.2 =616.89145, NLM-WM 460.6 Indices para catélogo sistemftico: 1, Andlise transacional : Psicologia aplicada 158.2 2. Andlise transacional : Técnicas tcrapéulicas : Medicina 616.89145 Coordenagio editorial Sotange Guerra Martins Equipe de produsie José Antonino de Andrade e Gislaine Maria da Silva Capa Maria Goretti Gerevine | Eric Berne, M. D. | O que vocé diz depois de dizer ola? A psicologia do destino Tradusto Rosa R, Krausz ‘Teaching member, instructor/supervisor da International Transactional Analysis Association Membro dideta, organizacional ¢ educacional da Unido Nacional dos Analisias Transacionais — Brasil Nobel Publicado originalmente sob o tulo What do you say after you say hello? © 1972 City National Bank, Beverly Hills, Calif6raia, Robin Way and Janice Way Farlinger. ® 1988 Livraria Nobel S.A. Direitos reservados para a Lingua portuguesa através de contrato com Random House, inc. Livraria' Nobel S.A. Departamento Editorial Rua Mario Anténia, 108 01222 Sio Paulo SP Fone (011) 257 2744 Administragdo/Vendas Rua da Balsa, 559 02910 Sdo Paulo SP Fone (011) 857 9444 Telex 1125327 ¥ proibida a reprodugao Nenhuma parte desta obra poderd ser reproduzida scm a permissdo por escrito dos cditores através de qualquer meio: xerox, fotocépin, fologréfico, fotomecanico, Tampouco poderd ser copiada ou transcrita, nem mesmo transmitida através de meios eletrénicos ou gravagées. Os infratores serfo punidos através da Lei 5,988, de 14 de dezeinbro de 1973, artigos 122-130. 7 PREFACIO A EDICAO BRASILEIRA E com enomme satisfagéo que escrevemos esta introdugao ao ultimo e mais importante trabalho de Eric Berne, tio esperado pelo pwblico brasileiro. O tema central, complexe ¢ desafiante, 6 a andlise do script, cuja teoria c aplicagéo sao da maior relevancia para a prética terapéutica, mas cujas implicagses se estendem aos aspectos educacionais, organizacio- nais, sécio-econémicos ¢ pol{ticos da sociedae contemporanea. Fiel aos princfpios que seguiu desde os seus primeiros escritos, Beme propée-se a utilizar uma linguagem acess{vel, tanto quanto possi- vel despojada de um jargéo técnico-especializado, com 0 objetivo de colocar sua teoria do comportamento humano & disposigéo nao sé do profissional especializado, como também de todos os que se interessam pelo assunto. Este posicionamento inovador ¢ por vezes revolucionrio, contririo A tradigéo acad@mica, talvez tenha sido responsdvel por muitas das criticas dirigidas & Andlise Transacional no transcorrer de seu desen- volvimento. A genialidade de Beme, entretanto, permitiré ao Icitor mais atento verificar a profundidade, o rigor cicntifico e a coeréncia interna dos conceitos apresentados, a metodologia prética ¢ potente, a marcante preocupagio com a ética profissional e, principalmente, o respeito de- monstrado para com o paciente, considerado como um ser humano, inte- gral, capaz de pensar, sentir, compreender e assumir responsabilidade pelo seu préprio bem-estar, participando ativamente de seu processo de mudanga. Neste sentido Eric Bere foi um pioneiro e sua coragem de desafiar © status quo alinda a uma sensibilidade apurada, contribuiu para o avan- go da compreenséo do comportamento bumano ¢ das immerses alternati- vas utilizedas para cada individuo construir o seu préprio destino. ‘Uma obra fascinante que abre novos caminhos, novas alternativas para a prética terapéutica, para a educagao, para a administragdo publica © privada c, principalmente, novas esperangas para individuos € socieda- des em busca da elevagiio da qualidade de vida. _ Temos certeza que 0 Ieitor cncontrara em sem-mimero de estimulos para repensar a visdo de si mesmo ¢ do mundo que © rodeia, pare fazer indagagécs ¢ procurar resposta a respeito de sua trajetéria de vida, & descortinar caminhos que permitam atingir a autonomia. Os profissionais especializados contanio, agora, com uma nova fonte de conhecimentos que certamente enriqueceré sua formagio « competénca técnica, alargando ainda mais 0 crescente interesse pela Rosa R. Krausz ‘Teaching member, instructor/supervisor da International Transactional Amalysis Association, Membro didata, organizacional ¢ educscional Unido Nacional dos Analistaz Transacionais — Brasil; mestre em Cién- cias Sociais ¢ doutor em Satide Publica pela Universidade de Sao Paulo. SSo Paulo, 6 de junho de 1988. SUMARIO Parte I - CONSIDERACOES GERAIS 1. Introdugio. eee A. O que voc8 diz depois de dizer O16? B. Como voeé diz O147. © Um exemplo.. Referencias . 2. Princfpios de andlise transacional................. eee A. Andlise estrutural. .. B. Anélise transacional. Notas ¢ referencias. Parte Il - PROGRAMACAO PARENTAL 3. O destino humano... A. Planos de vida B. No palco ¢ fora dele. C. Mitos e estérias de fadas. D. A espera do rigor mortis. E. O drama familiar... F. © destino humano. . G. Histérico......... Notas ¢ referencias 4. Influ@ncias pré-natais... 6... eee A. Introdugdo....... . B. Influ8ncias ancestrais. .. C. A cena da concepeio...... D. A ordem de nascimento........ 13 is me oo SSSR RB RPERESS E. Os seripts de nascimento F. Nomes e sobrenomes. Notas e referéncias 5, Desenvolvimentos precoces. A. Influéncias precoces. . B. Convicgdes e decisées C. Posigdes — os pronomes. D. Wencedores e perdedores E. A posigao tripla...... F. Posigdes - as predicados. GA sslegao do series. Referéncias...__. 6. Os anos maledveis..........-.02 0.202052 e cee ee eee A. A programagio parental. B. Pensando em marciano. C. O pequeno advogado D. O aparato do script. . Notas ¢ referéncias (Zp aparato do script... . 2.0.2. e eee eee O desfecho do script A injungdo........ A provocagdo...... O eletrodo. Enmbalagens e © coisas A prescrigo. ... Padrées parentais. O demSnio. Permissao . A liberagdo intema. O equipamento do scripr Aspiragées e conversas. Vencedores Todos tém um scripr O antiscript. - Sumdrio .. jotas © referencias. NOZRC AST mOmmOO DD Zz O fim da infancia Esquemas ¢ herdis. Disfarces onpps E. Jogos.. FRA persona : G. A cultura familiar. Notas e referéncias. 9. Adolescéncia.........60- 2-2 eee eee ee eee Passatempos. - Novos herdis. Sentimentos novos Reagées fisicas.... . : © quarto da frente e o quarto dos fundos. . Script e antiscript....- A imagem do muude Camisetas .......... Notas ereferéncias.......-.- PROMO Ow > 10, Maturidade ¢ morte........-..--- Maturidade .. A hipoteca Vicios . : © tiangulo dramético. Expectativa de vida... A velhice..,....- A cena da morte. . O riso de forca. . . A cena péstuma. . A lapide.... . © testamento.... Notas ¢ referéncias. . Parte Ill — 0 SCRIPT EM AGAO €)rivos GO SCIPS. ence teee ee eees A. Vencedores, nfio-vencedores € perdedores. B. O tempo do script.” ..- C. Sexo e script... . D. Tempo de relégio ¢ tempo ¢ de meta. Notag ¢ referéncias.. . AEH ROMBUO DD 12) Alguns scripts tlpicos.. 2... cc cee eee A. Chapeuzinho Cor-de-Rosa ou a crianga abandonada B_ Sfsifo ou 14 vou cu novamente. wee C. A pequena senhorita Muffet ou vous nao me assusta, beens 135 171 171 172 174 176 177 i78 178 180 182 D. Velhos soldados nunca morrem ou quem precisa de mim?. . E. Omatador de dragées on papai sabe melhor ....... wees F. Sigmund ou se nao puder fazer de um jeito, experimente de OUMO... el . + wae G. Florence ou ajude. H. Scripts trdgicos.... - Notas e referencias... ... 13. Cinderela.... 2... : A. O passado de Cinderela. . B. A estéria de Cinderela C. Scripts entrelacados. D. Cinderela na vida real tees E. Depois que o baile terminou. F. Contos de fada e pessoas. reais Notas ¢ referéncias............ A. O rosto maledvel...... B. O seifem movimentasao. C. Fascinagao e imprinting. D. O cheiro inodoro. . “ E. A tensSo antecipada e a ressaca. F. © pequeno fascista. . G. O esquizofrénico corajoso. H. O boneco do ventrfloqua. . Mais sobre o dem6nio. . A pessoa real... . Notas e referéncias, .. sn @ A transmissio do script A. A matriz do script... B.A parada familiar... . C. Transmissao cultural. . D. A influéncia dos avés, E. O excesso de scripr. . F. G. H A combinagio de diretivas do i. Sumario... 2.2... |. A responsabilidade dos pais. Notas e referéncias Parte IV ~ O SCRIPT NA PRATICA CLENICA 16. As fases preliminares............- veces se eben eee 184 185 186 187 188 190 19] 191 192 193 195 197 198 201 201 204 210 213 219 245 MUOD> Notas ¢ referencias. 17. pon p> Aeron 18. A. B, CQ “D. EB. EF G. Notas ¢ referéncias. . 19. A. B. G Db. Notas e referéncias. 20. A. B. c. . O sinal do script . Mudangas de script. . Notas e referéncias..... . Clooney . Jan e Bill O terapeuta como mfgico A preparagio...... O “paciente profissional”’ O paciente como pessoa. Os sinais do script... 00.000 c cee e eee cee O componente fisiolégico Como ouvir....... Sinais vocais bdsicos. A escolha das palavras. A transagao da forca. Tipos de protesto A estéria de sua O script no tratamento..... Dee eee eee e tence ee O papel do terapeuta. A dosagem do jogo. . Motivos para terapia. O script do terapeuta Prevendo o resultado A antitese do script. A intervengio decisiva .. 6.0... eee ee eee eee As trithas comuns finais Vozes na cabeca. A dinfmica da permissio....2.....02 000 cece cence Curando pacientes e fazendo progresso ..........---65 Est6rias de és casos... 2. ee ee eee Vitor. . 301 303 303 308 309 Parte V— UMA ABORDAGEM CIENTIFICA DA TEORIA DO SCRIPT 21. Objegdes a teoria do script.: 6.2... eee eee Objegoes espirituais Objegdes filos6ficas. . Objecées racionais Objegces doutrinérias. ObjegGes empiricas. . . Objegées evolutivas. . Objegées clinicas. Notas e referéncias...... OmboOm> 22. Problemas metodolégicos. A. Mapa e teritério....... B. A grelha conceitual C. Dados empiricos e dados sistemsticos . Notas e referéncias 23, Inventirio de verificagio do script... 2.6. cee cee eee A. Definigdo de um script... B. Como verificar um script. : C. Introdugao ao inventario de verificagao do script. D. Inventério de verificagéo do script. . E, Um inventério de verificagio. condensado. F, Inventdrio de verificagao terapéutica . Nolas e referéncias,............... APENDICE O que vocé diz depois de dizer O14? Glossfrio.. 2.22... : 315 315 321 {NDICE DE ILUSTRAQOES Fig, LA — Diagrama estrutural da personalidade - Fig. 1B — Diagrams estrutural informal. .... . Fig. tC — Diagrams estrutural de segunda ordem. . Fig. ID - Aspectos descritivos da personalidade : Fig. 2A — Uma transagio complementar PC-CP. Fig. 2B — Diagrama de relacionamento mostrando as nove possibilidades de transagdes complementares. Big. 3A — Uma transagao cruzada tipo I AA-CP Uma transagao cruzada tipo Il AA-PC. Uma transac&o angular bem-sucedida (AAFACQ) (CA). cece eee cece eee Uma transagéo duplex (AA-AA) (CC-CC). Arvore genealégica de uma famflia com script — os Ables Um jovem alcodlatra. Um vencedor que trabalba duro. Autonomia iluséria. Verdadeira autonomia. © tidngulo dramético. : Uma viagem do PAC através da psique- Uma matriz do script em branco.... Um desfile de familia....-...- Transmissfo cultural. . . Transmissdo dos avés. . . Transagso de parmissio....... Matriz do script de Clooney... . Estrutura psicolégica da crianga. Fung6es descritivas da crianga. . 108 113 134 134 159 229 231 232 13 & x \ APRESENTACAO Este livro € uma continuagfo direta de meus trabalhos anteriores sobre @ abordagem transacional e delineia novos desenvolvimentos do pensamenty ¢ da prética que se deram nos tiltimes cinco anos, em parti- cular o répido avango na andlise do script. : Durante este perfodo houve um aumento considerdvel no ntimero de analistas transacionais treinados. Estes tém testado as teorias consa- gradas em vérios cimpos diferentes, incluso indiistrias, instituigées pe- nais, educagio e polftica, como também numa varicdade de situagoes elfpicas. Muitos deles estfio oferecendo contribuigées préprias originais, como mencionado no texto e-nas notas de rodapé. Este trabalho pretende ser, em primeiro lugar, um manual avangado de psicoterapia e og profissionais de outras formagées nic deveriam en- contrer dificuldade em traduzir para o seu proprio jargho os relatos bre- ves e simples da andlise transecional. & provével que alguns leigos tam- bém o lero e por este motivo procurei tomné-lo acess{vel a eles. Podera demandar reflexSo, mas espero que nfo seja necessério decifré-lo. A psicoterapia convencional utiliza geralmente trés dialetos dife- renteg: terapeuta-temipeuta, terapeuta-pacicnte ¢ paciente-paciente, que diferem entre si da mesma forma como o-mandarim do: Cantones ou 0 grego antigo’ do grego moderno. A experiéncia mostra que ao ¢liminar fanto quanto possfvel estas diferengas em favor de uma kua-ye ou Lfmgua franca de inglés bdsico, estarémos expandindo a “‘comunicagho" que muitos terapéutas cortejam ardehtemente (e acabam por deixar esperando ao pé do altar, como diz o ditado popular), Procurei evitar a moda tho difundida entre as ciéncias sociais, comportamentais ¢ psiquiftricas de mascarar a incerteza com a redundAncia, a improcisao com a prolixidade, uma pratica que teve suas origens na Faculdade de Medicina da Univer- sidade de Paris, no século XTV. : Isto ocasionou denéncias de “‘popularizacho” ¢ “‘supersimplifica- ga termos que lembram acusag6cs de ‘‘cosmopolitisme burgués’” ou de “‘distorgiio capitalista’”” do velho Comité Central. Dada a opgao entre © hermético e o explicito, entre a excessiva complicagio ¢ a simplicida- de, optei por junter-me ao “povo"’, utilizando ocasionalmente palavras diffceis como uma espécie de hamburguer para distrair os cies de guiarda dos académicos, enquanto entro sorrateiramente pela porta dos fundos para dizer olf 20s meus amigos. No seré possfvel agradecer a todos que contribufram para o de- senvolvimento da andlise transacional, uma vez que hoje s&o milhares. Os que melhor conhego sio os membros didatas da Associagao Interna: cional de Anélise Transacional e os membros do Seminério de Anfilise Transacional de Sho Francisco, que freqtiento regularmente todas as se- mana’. Dentre os que tém estado mais ativamente cnvolvidos com @ anfilise do script incluem-se Carl Bonner, Melvin Boyce, Michael Breen, 15 Viola Callaghan, Hedges Capers, Leonard Campos, William Collins, Jo- seph Concannon, Patricia Crossman, John Dusay, Mary Edwards, Fran- kin Ernst, Kenneth Everts, Robert Goulding, Martin Groder, Gordon Haiber, Thomas Harris, James Horewitz, Muriel James, Pat Jarvis, Ste- phen Karpman, David Kupfer, Pamela Levin, Jack Lindheimer, Paul macCormick, Jay Nichols, Margareth Northcott, Edward Olivier, W. Ray Poindexter, Solon Samuels, Myra Schapps, Jacqui Schiff, Zclig Selin- ger, Clauder Steiner, James Yates and Robert Zechnic. Além disso desejo agradecer 2 minha secretéria de Sao Francisco, Pamela Blum, por manter o semingrio funcionando serenamente e con- tibuir com suas idéias. Também agradego As: suas sucessoras Blaine Wark e Arden Rose e, particularmente, & minha secretéria em Carmel, Sra. Mary N. Williams, cuja responsabilidade, destreza e dedicaglio fo- ram vitais para a existéncia deste manuscrito que passou por toda um processo de. rascunhos e corregées. Meu filho de quinze anos, Terence, auxiliou-me diligentemente a conferir e bibliografia e as ilustiagGes, bem como outros detalhes do manuscrito e minha filha, Elen Calcaterra, leu-o e fez valiosas sugestées. Finalmente, desejo agradecer aos meus pacien- tes por seu espfrito esportivo e sua abertura, e por penmitirem que eu safsse de férias para poder pensar. Agradégo, também, aos. milhées de leitores em quinze Linguas que me encorajaram pelo seu interesse por, um ou mais dos meus livros. Seméantica Como nos meus outros livros, ele poderd referir-se 20 ser humuno de qualquer dos sexos, enquanto e/a ser4 utilizado quando penso que uma detesminada afirmagio se aplica mais As mulheres do que 20s ho- mens. As vezes ele poderd ser usado a bem da simplicidade gramatical, para diferenciar’o terapeuta (masculino) do paciente. Espero que estes artificios sintéticos préticos no sejam mel interpretados pelas mulheres emancipadas. significa que tenho uma convicgfo razoavelmente firme a respeito de algo, com base em experiéncia clinica prépria ou de outros. Parece ser ou aparenta ser significa que estou & espera de mais teste- munhos antes de aceitar firmemente. O relato de casos foi extrafdo de minha propria experiéncia e das que foram apresentadas em semingrios ¢ sessdes de supervisdo. Alguns sfio combinagées ¢ todos foram protegi- dos pare cvitar 0 seu reconhecimento, embora os incidentes e didlogos significativos tenham sido fielmente relatados. Eric Berne 16 Parte I CONSIDERAGOES GERAIS 1, Introdugio A. O que vocé diz depois de dizer ola? Esta pergunta infantil, aparentemente tio canhestra € despida de profundidade que se espera da investigagao cientffica, contém, na reali- dade, todas as questées bfisicas da vida humana e todos os problemas fundamentais das ciéncias sociais. K a pergunta que os bebés se ‘“‘fa- zem", que leva as criangas a aceitarem respostas corrompidas quando. fazem esta indagagio, que os adolescentes ‘discutem entre si € com os seus conselheiros, sobre a qual os velhos e sfbios fildsofos escrevem li- yros sem nunca encontrar @ resposta. Ela coutém a questéo primeira da psicologia social, o porqué as pessoas falam umas com as outras, ¢, tam- ‘bém, a questo primeira da psiquiatria social, por que as pessoas gostam de que se goste delas? Sua resposta é semeihante Aquela das perguntas feitas pelos Quatro Cavaleiros do Apocalipse: guerra ou paz? fome ou fartura? pestiléncia on saide? morte ou vida. Nao é de admirar que pou- cas pessoas encontram a resposta no decorrer de sua vide, pois a maioria passa por ela s¢m jamais encontrar a resposta para a questo que a pre- cede: Como vocé diz ol4? B_ Como vocé diz O14? Este € 0 segredo do Budismo, do Cristianismo, do Judafsmo, do Platonismo, do Atefsmo ¢, sobretudo, do Humanismo. O famoso “som de uma s6 mo batendo palmas” no Zen é o som de uma pessoa dizendo OM4 para outra, como também o da Regra de Ouro, seja qual for a biblia em que isto esta escrito. Dizer Ol4-corretamente é ver a outra pessoa, ter consciéncia delh como um fen6meno, acontecer para 0 outro e estar pronto para que 0 outro acontega para voce. Talvez. pessoas que mais possuem esta habilidade sejam os ilhévs de Fidji, pois uma das raras jéias do mundo € o genufno sorriso fidjiano, Comega de forma lenta, iluminando todo 0 rosto, ¢ 14 permane- ce o tempo suficiente para ser claramente reconhecido e reconhecer cla- ramente, empalidecendo com uma lentiddo secreta A medida que desapa- rece. S6 compardvel, em outros lugares, aos sorrisos da mie pura ¢ do bebS ao saudarem-se um 20 outro ¢ também nos pafses ocidentais, por certos tipos de personalidades abertas”. Este livro discuite quatro questées: Como vocé diz Ola? Come res- ® Por estranho que pareca, na minha experitocia tnis sorrisos afo mais freqdentes em moyas de Tongos cxbelos negros, na faixa dos vinte anos do idade. 19 ponde com um O14? O que diz vocé depois de dizer O47, e, principal- mente, a triste perguntaé: O que estao fazendo as pessoas em vez de dizer Ola? Estas interrogages serfo respondidas de forma breve aqui. A ex- it Plicagao das respostas ocupard o resto deste texto de psiquiatria, que € : dirigido primeiramente para o terapeuta, em segundo iugar aos seus pa- i cientes A medida que se curam e, em terceiro, @ qualquer pessoa que queira ouvir. 1) Para dizer Ol4 a primeira coisa serd livrar-se do refugo que se acumulou em sua cabega desde que vocé chegou & casa da ma- temidade. EntSo reconheceré que este Old em particular nfo voltara jamais a acontecer. Poderg levar anos para aprender co- mo se faz isto. 2) Para responder com um Ol4 vocé se livra de todo 0 refugo que est4 em sua cabeca e vé que bi alguém parado ou passando por voc@, esperando seu Ol4 de resposta. Poderé levar anos para aprender a fazé-lo. 3) Depois de dizer O14, vocé se livra de todo 0 refugo que est4 voltando A sua cabega, de toda a ressaca dos sentimentos que sentiu e das tenses antecipadas dos problemas nos quais pla- neja envolver-se. Entio voc8 ficard sem palavras e no teré na- da a dizer. Apés alguns anos de prética poder pensar em algo que vaiha a pena ser dito. 4) Este livro rata principalmente de refugo: as coisas que as pes- soas fazem umas As outras em vez de dizer Old. Foi escrito es- perando que os que possuem treinamento ¢ talento para tais coi- Sas possam ajudar a si préprios e aos outros a reconhecer o que eu chamo (no sentido filosdfico) de “refugo”, uma vez que o primeiro problema com que n0s defrontamos ao responder as outras és questées é diferenciar o que é refugo e o que nfio é. A lingua falada pelas pessoas que estdo aprendendo a dizer Olé chama-se “‘marciano” ¢ distingue-se da linguagem terrfquea cotidiana que, como demonstra a histéria desde os scus primér- ! dios no-Egito e na Babilénia até a atualidade, tem levado a guerras, fome, epidemias e morte, ocasionando nos sobrevi- ventes um certo grau de confusio mental. Espera-se que 2 longo prazo o marciano, adequadamente aprendido e ensinado, ajude @ erradicar estas pragas, Marciano é, para ilustrar, a Mingua dos : sonhos que mostram as coisas como realmente sao. C. Um exemplo : Para ilustrar o possfvel valor desta abordagem, consideramos um : paciente moribundo, isto é, um paciente com uma doenge incurivel e i com tempo limitado de vida. Mort, um homem de trinta anos portador de : uma forma de cAncer incurfvel (no atual cstigio de conhecimentos) mas 20 de desenvolvimento lento, tinha na pior das hipdteses dois anos de vida e na melhor, cinco. Sua queixa psiquidirica eram os tiques que consis- fiam em balangar a cabega ou sacudir os pés por razGes que desconhecia. Na terapia de grupo ele Jogo encontrou a explicagao: estava repre- sentando seus temores por detrés de uma parede continua de miisica que passava por sua mente ¢ os Gques eram a forma de manter-se m0 ritmo desta. Através de cuidadosa observagSo verificou-que que era desta for- ma @ do o inverso, isto é, nfo era a misica que se mantinha no ritmo dos tiques, mas sim os movimentos corporais que acompanhavam o ritmo da misica mental. Neste momento todos, inclusive Mon, perceberam que se a misica fosse eliminada pela psicoterapia, um vasto reservatério de apreensfio se- ria liberado. As conseqiéncias disto era imprevistveis a néo ser que seus temores fossem substitufdos por emogées mais agraddveis. O que fazer? Logo tomou-se claro que todos os jnembros do grupo sabiam que, aoais cedo ou mais tarde, iriam morrer € que.todos possuiam sentimentos relacionados a este fato, que éstavam sendo reprimidos de vérias manei- ras. Da mesma forma como sucedia a Mort, o tempo e o esforgo que dis- pendiam encobrindo estes sentimentos eram como pagamentos para su- ‘bornar a morte, que os impedia de desfrutar plenamente da vida. Sendo este o caso, poderiam viver mais vinte ou cinqlenta anos, enquanto para Mort restavam apenas entre dois e cinco anos: Assim foi definide que ndo era a duragdo da vida, mas sim a qualidade desta que era importante: nfo foi um descoberta surpreendente on nova, mas reali- zada de uma forma mais contundente do que £ comum:por causa da pre- senga de uma pessoa que estava morrendo, e que por isso mesmo teve um efeito profundo em todos, Os outros membros (que entendiam a linguagem marciana e a ensi- Param a Mort, que @ aprendeu com satisfagaio) concordaram que viver significava coisas simples como ver as drvores, ouvir o canto dos passa- rinhos ¢-dizer O14 &5 pessoas: experiéncias de percepgao ¢ espontanci- dade sem drama ou hipocrisia, mas com reserva ¢ decoro. Concordaram: também que para realizar estas coisas, todos oles, inclusive Mort, teriam de enfréntar com firmeza.o refugo que tinham na cabega. Quando perce- beram que a situagéo dele, de uma certa maneira, n4o era muito mais tdgica que a sua propria, a tristeza e a timidez causada pela presenga de Mort desapareceu. Podiam agora estar alegres com ele e vice-versa. Mort € Os outros podiam tratar-se como iguais. Podiam ser rigorosos com 0 re- fugo dele porque agora Mort conhecia o valor da dureza e o-porqué de- Jes estarem sendo duros com ele. Em compensagio ele teria o privilégio de ser igualmente severo com o refugo dos outros. Mort devolveu sua carteirinha de canceroso em vigor e reassumiu o seu titulo de membro da espécie humana, embora todos, inclusive ele, tivessem consciéncia de que a sua condi¢g&o era mais grave do que a dos demais.' Esta situagdo ilustra mais claramente do que a,maioria-das outras, 0 phatos ¢ a profundidade do problema do O14 que, no caso de Mort, 21 passou por trés est4gios. Quando ele ingressou no grupo os demais n&o sabiam que ele era um homem condenndo. De infcio dirigiam-se a ele da maneira que era usual naquele grupo. As formas de abord4-lo eram ¢sta- belecidas pela educagiio que cada um dos membros havia recebido - a maneira como os pais haviam ensinada a cumprimentar as pessoas, as modificagGes aprendidas posteriormente ¢ um certo respeito e franqueza préprios da psicoterapia. Mort, sendo um novato, respondia da mesma forma como faria em qualquer outro lugar, fingindo ser ambicioso, um jovem americano vigoroso como seus pais gostariam que ele fosse. Mas quando contou, na terceira sesséo, que era um homem condenado, os outros sentiram-se confusos e trafdos. Comegaram a questionar-se se te- riam dito algo que os fizesse parecer mai perante si préprios ou diante de Matt e, especialmente, aos olhos do terapeuta. Pareciam zangados com ambos pelo fato de nao terem sido informados antes, quase como se ti- vessem sido engamados por eles. De fato haviam dito Old a Mort de uma forma padronizada, sem perceber com quem estavam falando. Agora que sabiam que ele era um ser especial, desejavam poder voltar atrds e reco- megar tratando-o diferentemente. Assim recomegaram. Em vez de falar de forma direta, como faziam antes, dirigiam-se a ele suave e cuidadosamente, como se dissessem: "Veja como me esforgo para dar atengao A sua tragédia?”. Ninguém queria arriscar agora a sua boa imagem falando abertamente com um mo- ribundo. Isto era injusto, pois dava a Mort uma posigao de superiorida- de. Ninguém ousava rir muito ou alto na sua presenga. Isto foi comigido quando .solucionou-se o problema do que Mort poderia fazer. Entio a tensao desapareceu e eles puderam retroceder e recomecar pela terceira vez, conversando com ele como um membro da mea humana, sem restri- Ges. Assim os trés estégios foram representados pelo Ol4 superficial, depois o Old tenso e simpitico e, finalmente, o Olé descontrafdo ¢ real. Zo nado pode dizer Olé a Mort antes de saber quem ele 6, ¢ isto poder4 mudar toda semana, ou mesmo toda hora. Cada vez que ela o en- comtra, fica sabendp um pouco mais sobre ele ¢ necessita dizer-lhe um Old ligeiramente diferente se quiser acompanhar o aprofundamento da amizade. Mas, uma vez que ela nunca poder saber tudo sobre ele, nem antecifar todas as mudangas, jamais diré um Old perfeito, apenas se aproximar4 mais e mais disto. D. O aperto de mao Muitos pacientes, quando vao ao psiquiatra pela primeira vez, apresentam-se ¢ estendémi“a mio ao serem convidados a entrar n0 con- sultério. Na verdade alguns psiquiaras estendem a mo primeiro. Tenho uma politica diferente no que se refere ao aperto de mio. “Se o paciente oferece sua info cordialmente, aperto-a para nao parceer rude, porém de. mancira neutra, pois fico em dtivida sobre o porqué de sua cordialida- mR de. Se ele o faz de uma forma que apenas indica que est4 cumprindo uma regra de boas manciras, retribuo o curmprimento de modo a nos en- tendermos. Este ritual agraddvel nao interfere com o trabalho a ser feito. Se o paciente estende a mfo indicando que esté desesperado, entio a apertarei firme ¢ apoiadoramente para que ele saiba que entendi sua ne- cessidade. A maneira como entro na sala de espera, & expressio do meu rosto e a posigdo dos meus bracos serao indicadores suficientemente cla- ros para os novatos que esta amenidade serd omitida, a nio ser que cles jnsistam nela. Isto é feito para indicar, ¢ em geral indica, que partilha- moa ambos de um propésito mais sério do que provar que somos boas pessoas ou trocar cortesias. Basicamente nao aperto a sua mo porque no 0s conhego ¢ nao espero que apertem a minha porque nZo me co- nhecem. Além disto, algumas pessoas que consultam psiquiatras faze objegSes 20 contato tisico e € uma demonstracao de cortesia cvitar yue isto acontega. CO fim da entrevista & diferente, pois neste momento eu sei bastante a respeito do paciente e ele sabe algumas coisas sobre mim. Assim, faga questo de apertar sua méo ao sair, pois agora conhego-o suficiente para fazé-lo de maneira apropriada. Este aperto de m4o significa algo muito importante para ele; ou seja, que eu 0 aceito™ mesmo depois de ele ter relatado todas as coisas “mAs” a seu proprio respeito. Se ele necessitar de apoio, meu aperto de mao ser& apoiador, se ele necessitar de afirma- cdo da sua masculinidade, meu sperto de mio a reafirmard. Isto nao é uma estratégia cuidadosamente planejada para seduzir o pacientes. B um reconhecimento espontineo, oferecide livremente a alguém que agora conhego, apés uma conversa de uma hora sobre suas preocupagdes mais fntimas. Entretanto, se ele mentiu maliciosamente, ¢ nfo em fundio de um constrangimento natural, ou tentou explorar-me ou intimidar-me, nao apertarei a sua mao para que saiba que teré de comportar-se diferente- mente se desejar que eu esteja do seu lado. Com mulheres 6 um pouco diverso. Se necessitar de um sinal pal- pavel de accitagao, apertarei sua mio de forma a atender as suas neces- sidades. Se (como j& saberei a esta altura) ela se retrai no contato com homens, direi adevs de forma apropriada sem apertar-lhe a mio. Este uil- timo caso ilustra clarnmente a razéo de nao apertar a mao ao cumpri- mentar. Se o fizer de infcio, antes de saber com quem estou trocando um aperto de mio, poderei estar despertando sua repugnancia. Na verdade, terei invadido sua privacidade e a desrespeitado antes da entrevista, for- gando-a, em nome da boa educacio, ¢ contra sua inclinagdo, a tocar-me © permitir que eu 2 tocasse, apesar de isto scr apenas uma cortesia. * \\Aceitaglo” nko 6 empregada aqui no seu sentido mal definido ou sentimental. Significa, e2- pecificamento, quo estou disporto a passar algum tempo com cle, Isto envolve um compromisso que poders significar, em alguns casos, um ou mais anos de pacitncia, esforgo, altos e baixos e Jovantar-ve cedo pela manhi. 23 Nos grupos de terapia sigo a mesma oricntagao. N&o digo Olé ao entrar, pois nao vi as pessoas durante uma semana e¢ por isso no sei a quem estou dizendo Olé. Este cumprimento leve ¢ cordial poderé ser bastante imadequado & luz do que possa ter acontecido neste intervalo de tempo. Mas faco absoluta questio de dizer Até Logo a cada um dos par- ticipantes ao fim da sesso, porque entao sei para quem o estou dizendo ¢ como fazé-Io cm cada um dos casos. Por exempio, suponhamos que a mae de uma das mulheres tenha falecido no intervalo das sessées. Um ‘Olé jovial pareceria inadequado: Ela poder4 perdoar-me, mas nao have- Tia necessidade de criar tensio. Ao término da sesso saberei dizer Até Logo a ela na sua afligao. E. Amigos Socialmente € diferente, pois os amigos sao para dar carfcias. Com cles Olé ¢ Até Logo variam de um aperto de mo espontfinco #té um grande abrago, dependendo da expectativa ou necessidade. As vezes se~ 14 uma gozagfo ou brincadeira para.evitar um envolvimento maior, um “sorriso quando vocé diz isto”. Mas bé algo na vida que é mais certo do quc os impostos ¢ tio seguro quanto, a morte: quanto mais cedo vocé fi- zex novos amigos, mais depressa terd velbos amigos. F_ A teoria Isto € tudo no que se refere a Olé ¢ Até Logo. O que acomtece no intervalo cabe no quadro de referéncia de unia teoria especifica de per- sonalidade ¢ dinfmica de grupo que é, também, um método terapéutico conhecide como anélise transacional. Pare apreciar o que se segue serd necessério compreender primeiro os princfpios desta abordagem. Referéncias 1, As Vantagens de retornar a vida em vez de esperar pela morte so demonstra- das em: 1) “Terminal Cancer Ward: Patients Build Atmosphere of Dignity”. Journal of the American Medical Association, 208:1289, maio/26, 1969. 2) Klagsbrun, S.C. Cancer Emotions, and Nurses.” Stonmary of Scientific Proce- edings. 122nd. Annual Meeting, American Psychiatric Association, Washing- ton, D.C., 1969. 2. Princfpios de nndlise transacional Os princfpios da anflise transacional foram apresentados anterior- mente em v4rias ocasides. A descrigio mais detalhada pode ser encon- trada no trabalho do autor denominado Andlise Transacional em Psico- terapia,’, Sua aplicag&o & dinfmica de grupo est4 delineada em Estruture ¢ Dinfmica das Organizag6es e Grupos?. Sua utilizaga0 na andlise dos jogos € deserita em Os Jogos da Vida?. A aplicagao & pritica clinica é encontrada em Principios do Tratamento de Grupo’, ¢ um resumo da teoria € apresentado de uma forma acess{vel ao grande ptiblico em Guia de Psiquiatria ¢ Psicandilise para Lagos’, Por isso faremos apenas uma breve revisdo para os leitores que nao tém acesso imediato a estes trabalhos. A. Andlise estracural C interesse bfsico da andlise transacional é o estugo dos estados de €g0, que sao sistemas coerentes de pensamento ¢ sentimento manifesta- dos por padrées de: comportamento correspondentes. Cada ser humano apresenta trés Gipos de estados de ego: 1) Os que se derivam das figuras parentais, coloquialmente deno- minado o Pai. Néste estado a pessoa sente, age, fala e reage como um-dos seus progenitores fazia quando cla era pequena. Este estado de cgo é ativo na educagio dos préprios filhos, por exemplo. Mesmo quando o individuo nao est4 exteriorizando este estado de ego, o seu comportamento € por ele influenciado za forma de “‘influ€ncia parental” desempenhando gs fungdes de uma consciéncia. 2) © estado de ego no qual a pessoa analisa seu meio ambiente objetivamente, calculando suas possibilidades e¢ probabilidades com base em experiéncias passadas, é chamado de Adulto ou estado de ego Adulto. Este funciona como um computador. 3) Cada ser humano carrega dentro de si um menininho ou uma menininha que sente, pensa, age, fala e reage de forma seme- Ihante A que fazia quando ele ou ela eram criangas. Este estado de ego 6 chamado de Crianca. A Crianga nao é vista como “infantil” ou “‘imatura”’, que sio pala- vras Parentais, mas sim como semelhante a uma crianga, © que significa como uma crianga de uma certa idade, que poderd ser algo em torno de dois e cinco’ anos de idade em circunstancias normais. E importan- te que o individuo entenda sua Crianga, nao s6 porque ela o acompa- nhard por toda a vide, mas também por ser @ parte mais valiosa da sua personalidade. 2s A Figura 1A representa a diagrama completé da personalidade de quaiquer ser humano, abrangendo tudo que este possa sentir, pensar, di- zer ou fazer (sua forma abrevieda mais conveniente é apresentada na Figura 1B). S © "on Fig. 1A ~ Diagrama Fig. 1B —- Diagrama Fig. 1C — Diagrama ‘estrutural da estrutoral informal estrutural de personalidade segunda ordem Uma anélise mais detalhada nao produz novos estados de ego, mas sim subdivisGes dentro dos estados bésicos. Assim, € evidente que um estudo cuidadoso ira revelar dois componentes Parentais na maioria dos casos. Um oriundo do pai e 0 outro da mfe. No estado de ego Crianga revelaré os componentes Pai, Adulto ¢ Crianga que j4 14 estavam quando a Crianga foi fixada, como pode ser verificado através da observagao das eriangas reais, Esta andlise de segunda ordem est4 representnda na-Figura IC. A separagdo de um padrao de sentimento-e-comportamento de outro ao diagnosticar os estados de ego 6 denominado andlise estrutural . No texto, os estados de ego serdo denominados Pai (P), Adulto (A} ¢ Crian- gz (C) com letras maitisculas, enquanto pai, adulto e crianga, com letras mindsculas, indicarSo pessoas reais. , Enconuaremos também termos descritivos que sfo auto-explicati- vos ou serdo esclarecidos como Pai Natural ou Protetor ¢ Pai Critico ou Controlador, além da Crianga Natural, Adaptada e Rebelde. Enquan- 26

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