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(d) CoMPErENCIA EsTRAT © 0 uso de dicionarios, ferramenta importante para o proceso de construgiio da autonomia do estudante. Observe-se que 0 professor precisa ajudar os alunos a aprenderem a manusear um dicionitio, orientando-os acerca das informagoes que esse livro de referencia traz sobre os itens lexicais. Além disso, ele precisa alerté-los a res- peito da inexisténcia de sinénimos perfeitos e da importancia de se atentar para as restrigdes selecionais ou de coocorténcia. © O uso de gramaticas normativas. Nesse caso, o professor precisa alertar o estudante para as falhas conceituais dessas gramaticas. O capitulo 6 tratar deste ponto. © Estratégias nfo verbais, como mimica e¢ desenho, e estratégias verbais, como a perifrase ¢ 0 uso de palavras semelhantes. Essas estratégias de compensagio servem para situagdes em que falte vo- cabulirio ou alguma estrutura gramatical ao estudante. Fica claro, portanto, que, diante do fato de todos os brasileiros saberem portugués, na pritica pedagégica, o professor tem por objetivo primordial aju- dar seus alunos a desenvolverem sua competéncia comunicativa para que eles aprendam a se comportar de forma linguisticamente a m interagio sociocultural diversas, principalmente por meio ta. Isso significa que o professor ajuda os alunos aco variados ¢ a se tornarem conscientes de que a lingua nfo tra, ¢ que ela gira em torno de textos. Assim, no importantes relativas ao ensino da leitura do ponto 5 coisas que todo profes WV Introdugéo 1m 2005, a0 final de uma pulestra realizada erm Salvador sobre a situagio do turismo internacional, Caio Luiz de Carvalho, ministry do Reporte © Turismo do governo Fernando Henrique Cardoso, ouvin a seguinte pergunta de wma estudante: — Professor, qual a principal caracteristica que umn turismoélogo deve ter para ser bem~sucedide como consulter na area de turismo? Respondeu o ex-ministro: — Saber redigir em portugues. A resposta de Caio de Carvalho, além de ter causado surpresa a muitas pessoas na plateia, que esperavamn ouvir alguma caracteristica profissional mais especifica,é bastante provoeadora, Ela revela a importincia de se domi- nar a lingua portuguena na produgio textual, dominio estreitamente vincu- lado a competéncia de leitura. Percebe-se ai a precedéncia do conhecimento ot eda habilidade de se usar esse conhecimento em relagio a outras competéncias Area de consultoria turistica. Indo além, pode-se in- tuitivamente afirmar que 0 dominio da leitura , principalmente, o dominio - da escrita slo competéncias para a maioria das atividades profis- sionais no mundo contemporineo, A resposta do ministro revela a impor- 4 Hingua portuguesa para a sociedade brasileira marcada por eventos de letramento, ou seja, por i e envolvem a leitura ¢ a escrita, Podemos citar situagdes qu : ‘ he sree e recados, a anotagio do fia © ex bilhetes ¢ s ido no boteco, Assim, “Tho, aescrita de vara de out poster » panfletos, legendas de programas © com, om fo! artazes, C s jornais, revistas e livros, Stas, - Nio por acaso, 0 ensino de portugués tem sido 0 alvo de Tefleiseg L sec ects ao Tongo das tmas cinco décadas. Desde os anos gp discutido a pritica docente © 0 fracasso, OU 0 pouco sucesso, dos ae - = brasileiros no que diz respeito Aleitura e 4 producao de textos, Fatores difee, ciy tes foram apontados como os responsiivels, ou cosresponséveis, or a tic coro suposto déficit cultural das minorias ¢ das camadas pobres da optic, S a falta de estrutura adequada nas escolas, o despreparo tedrico dos Professores, a A teoria do déficit cultural é preconceituosa ¢ reducionista. De acordy de com essa teoria, a aprendizagem por parte dos estudantes pode ser difeal- ee tada ou até mesmo impossibilitada por sua etnia, dialeto ou cultura. Moody e (2008) lembra que a teoria do déficit cultural He tu enfoca a cultura da pobreza e, estabelecendo como norma a cultura da classe mé- dia branca, sustenta que a cultura da pobreza € deficiente quando se trata de pro- ‘eras atitudes, experiéncias valores necessdrios para ser bem-sucedido na escola. 4 Om, um professor que acredita na teoria do déficit cultural tem grande ct Petatidade de levar estudantes pobres ¢ estudantes pertencentes a grupos eS ad cata indios, por exemplo,a terem um desempenho a # de aprendizagem, a por cue a@ priori que eles terao ae oe - ee onal nao ha como eomparat culturas “ee p 8¢ adote uma Ppostura She oe wee « Prejudicial para o processe de a oe Ae Hy Seriamente a teorig do déficit ‘a i ieee a ale i ea utural como causa do fracasso €s a E eevee neg it fila de esratura das esas Em ent de suas ete discussao sobre o fracasso doses" a oh ¥en MAO hé como ie de leitura e de escrita. Se F Ai ‘Mpenho dos estudante Considerar aestrutura um fator ta 10 $€U Proceso de apre *-Afinal, como um professor pode f x Tdizagem se no tem. acesso a Fecutse>* ie ON fotocépias, papel, retroprojetor, computador e, principalmente, livros? Ha.ca- s0s, niio raros,de escolas em que no hé carteiras suficientes para acomodar os alunos na sala, tendo alguns deles de ficar em pé durante as aulas. Situagdes desse tipo dificultam 0 trabalho do professor e 0 aprendizado dos estudantes. A falta de estrutura das escolas piblicas angustia professores ¢ alunos ¢ é um fator complicador para o bom andamento das aulas de qualquer dis- ciplina, nao sé de portugués. Entretanto, quando pensamos nas escolas par~ ticulares, surge uma questo bastante interessante: se elas possuem toda a estrutura necessaria, como recursos audiovisuais, salas climatizadas, carteiras confortiveis, computadores e bibliotecas, por que scus alunos também nao atingem niveis significativamente mais elevados de competéncia de lcitura ¢ de escrita? E verdade que esses alunos conseguem ser aprovados nos exames vestibulares das grandes universidades ptblicas, pois so mais bem treinados para isso. Contudo, suas competéncias de leitura ¢ de escrita si0 motivo de reclamacao por parte de muitos professores universitirios que lecionam em turmas iniciais, independentemente do curso. ‘A resposta & pergunta pelo insucesso dos estudantes brasileiros em termos de leitura ¢ de escrita reside na falta de estrutura das escolas, no despreparo teérico dos professores, resultado da formasio inadequada nos cursos de letras, e da pouca atengao dispensada a educacio pelas autoridades governamentais brasileiras, que faz com que 05 professores sejam mal remu- nerados ¢ indevidamente preparados para 0 ensino. Nao abordaremos aqui a questo da falta de estrutura nas escolas. Embora contribua para gerar uma angustia que tira a energia de muitos professores de portugués das escolas publicas, ela nao se insere no escopo deste livro, que é exatamente discutir questdes tedricas relativas ao ensino de portugués, para ¢ possam fazer provocagées e sugestdes que contribuam para reflexio do professor sobre sua pritica pedagégica. A questio da maneira como: Jetra buem para a ma formacio dos professores de por cialmente, em alguns momentos. O que motivou a elaboragao deste ivro te, resultado de um projeto de pesquisa re Feira de Santana, intitulado “O ensino p tatagio da existéncia de uma grande di SS os tedicos sobre o ensino de porte, es Fit i a do ensino fundamental © do ening a Se peck styervo bem simples: analisargramaticas ony ot euk pegs ou Beside portugues € de gramitica Para detectay g . prof elivros F008 professores de portugués de forma clara direta,a fin avel ainda previss 1 ancin. Inevitavelmente, a pesquisa rumou para a leit, de diminait ay abs ravto de alingua 86 ter sua existéncia materialing, ° part a escrita, Lica que fazer os estudantes estudarem Sramaticg w textos. Isso imp! aon por meio de sonsideragao 0 papel que as estruuras gramaticais m no so 4, Fag aS forma de textos falados escritos, € contraintuitivo, ; Um elemento que contribui para aproximar professores de Portugués, pe « redrivos sio as oficinas de aperfeigoamento promovidas pe. F las secretarias de educagio estaduais € municipais. Essas oficinas podem ge : stituir em ferramentas importantes para os professores terem acesso q ‘ conhecimentos construidos pela linguistica aplicada que possam servir de : norte para suas aulas. Afinal, a formagio de docentes é algo que precisa ser pensado e realizado com cuidado. Tive a oportunidade de mediar oficinas de aperfeigoamento promo- vidas pela Secretaria de Educagao do Estado da Bahia para professores de 2 portugués de escolas piiblicas estaduais. © contato que tive com 118 eur a sistas nessas oficinas me ajudou a perceber com mais clareza as angustizs e ae inquietagdes que afligem os professores. Esse contato me ajudou tambéma ay perceber que conceitos tedricos fundamentais para o ensino de portugués ainda nao foram incorporados 3 pritica pedagégica da grande maioria dos 4 professores brasileiros de lingua materna. a E ai que entra um segundo elemento que pode contribuir para encuttat i a distincia mencionada acima: um livro escrito para professores de portl= guts, tanto para os professores em formacao, ou seja, os estudantes de letras, 1 quanito para os professores que jé estao em sala de aula, E um livro escrito para professores de portugués deve ser objetivo, conciso e claro, ¢ fazer um Ponte entre teorias linguisticas e a pratica docente. a ne E nts “speriéncia que tive durante as oficinas serviu para eu C0! 7 um ae i ; ae ae fandamental para oensino ¢o vinculo entre prions feo le conhecimento das teorias subjacentes pritica pedagogic® ; Cosas ave 1000 I . (3) Ue ToDa Proresson o¢ ponrugués precisa sagER| Luciano Amaral =”

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