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COLEGAO HERANGA CRISTA JOHN OWEN A mortificagado do pecado Um classico do século xvi Introdugao de J. |. Packer Tradugao Gordon Chown wa ©2002, de Christian Focus Publications Led. Introdugio © 2002, de J. 1. Packer ‘Titulo original: The mortification of sin, Vida edig&o publicada pela Christian Focus Publications, Epriona do grupo | (Geanies House, Fearn, Ross-shire, v20 Lrw Escécia, Zonnenvan | Gré-Bretanha) HanreCouuns |g ‘Tados os direitos em lingua porauguesa resereados por Bilieds 2) poyrona Vipa Rua Jalio de Castilhos, 280, Belenzinho cer. 03059-000 Sao Paula, SP_ ASSOCIAGAO BRASILEIRA Tel: 0 xx 11 6618 7000 br Eprrores CristAos Fax: Oxx 11 6618 7050 www.editoravida.com.br ‘CAMARA BRASILEIRA DO LIVRO, ASSOCIAGAO NACIONAL peLivrarias | ASs0clAGAo NACIONAL DE PROIBIDA & REPRODUGAO POR QUAISQUER MEIOS, TLivaARIAS EVANGgiicas | SALVOBM BREVES CITAGOES, COM INDICAGAO DA FONTE. Todas as citagées biblicas foram extrafdas da Nove Versdo Internacional (NVI), ©2001, publicada por Editora Vida, salvo indicagéo em contritio. Coordenagio editorial: Vera Villar Edigfo: Rosa Ferreira ¢ Liege Marucci Revisio: Josemar de Souza Pinto Capa: Marcelo Moscheta Diagramagao: Sonia Peticov Dados Internacionais de Catalogagio na Publieagao (cr) (CAmara Brasileira do Livro, sr, Brasil) ‘Owen, John ‘A mortificagio do pecado: Um clissico do século xvi — Intro- dugfio de J. Packer /John Owen; traduzido por Gordon Chown, —S80 Paulo : Editora Vide, 2005. ~ (Colegio heranga crista.) ‘Tilo original: The mortification of sn. Bibliogeafia sen 85-7367-795_3 1. Biblia. N.'T Romanos vin, 13 — Critica e interpretago 2. Conversio 3. Pecado Ensino biblico 4. Salvagio I, Packer, J. IL. Titulo. UL Série. 04-5005 cpp 241.3 Indices para catalogo sistematico: 1. Pecado: Ensino biblico: Doutrina crista 241.3 Sumario Introdugdo de J. 1. Packer A base de todo o argumento... Apresenta-se e confirma-se a principal assergao... O segundo princfpio geral... O ultimo principio... Proposta a intengo principal... Descrig&0 pormenorizada... Regras gerais... Proposta a segunda regra geral... Instrugdes especfficas... . A segunda diretriz especifica... . Proposta a terceira diretriz... . A oitava diretriz... . A nona diretriz... . A utilidade geral das diretrizes anteriores... 22 32 SBBSS 107 114 130 146 161 178 196 Introdugao Acredito que devo mais a John Owen do que a qualquer tedlogo do passado ou da atualidade, e devo mais a este livro sobre a mortificag&o do que a qual- quer outro de seus escritos. Deixe-me explicar. Converti-me — ou seja, cheguei ao Senhor Jesus Cristo com um compromisso decisivo, necessitado e Avido do perdao e da aceitagéo de Deus, consciente do amor redentor de Cristo por mim e de seu chamado pessoal a mim — no meu primeiro trimestre na univer- sidade, hA pouco mais de meio século. O grupo que me alimentava espiritualmente era de estilo fortemente pietista e nao me deixou divida alguma de que o mais importante como cristéio era a qualidade de meu an- dar com Deus — e nisso, naturalmente, tinham toda a razio. Eram, no entanto, um pouco elitistas: sustenta- vam que somente cristaéos evangélicos biblicos poderiam dizer algo que valesse a pena ouvir a respeito da vida crista. Os lideres nos incentivavam a pressupor que qualquer um considerado suficientemente ortodoxo para dirigir-se ao grupo a respeito desse tema teria de ser bom. Eu escutava com grande expectativa ¢ emo- fo os pregadores e os mestres que o grupo trazia toda semana, sem jamais duvidar de que eram os melhores mestres da Gra-Bretanha, talvez do mundo inteiro. Caf das nuvens. Hoje, fica em aberto se o que eu pensava ouvir era o que realmente comunicavam, mas a mim parecia que diziam o seguinte: “Existem dois tipos de cristdos, os de primeira e os de segunda classe — os ‘espitituais’ e os ‘carnais” (v. 1Co 3.1-3). Os primeiros conhecem paz e alegria duradouras, seguranga interior constan- te e vitéria continua sobre a tentagéo e o pecado de uma maneira que a segunda categoria nado experimen- ta. Os que desejam ser titeis a Deus precisam tornar- se “espirituais” nesse sentido. Sendo um adolescente solitdrio, nervoso e introvertido, cuja recém-descoberta seguranga da salvagao nao transformara, da noite para o dia, esse temperamento, tive de chegar A conclusio de que eu ainda nao era “espiritual”. Mas queria ser util a Deus. O que fazer, entao? SOLTE AS REDEAS E DEIXE DEUS AGIR Disseram-me que havia um segredo para elevar-se da carnalidade 4 espiritualidade, espelhado no princt- pio: “Solte as rédeas e deixe Deus agir”. Lembro-me nitidamente de um pastor radiante, num ptilpito de Oxford, reforgando esse principio. O segredo tinha a ver com alcangar a plenitude do Espirito. A pessoa plena do Espirito, dizia-se, deixa a cena da segunda metade de Romanos 7, passagem entendida (mal-en- tendida, diria eu agora) como uma andlise da derrota moral resultante da autoconfianga, e adentra Roma- nos 8, em que anda com confianca no Espirito e néo sofre semelhante derrota. O modo de encher-se do Espirito, conforme fui aprendendo, era o seguinte. Primeiro, 0 cristdio deveria negar-se a si mesmo. Je- sus nao exigia isso de seus discfpulos (Lc 9.23)? Sim, mas fica claro que se referia A negagdo do eu carnal — isto é, a obstinag4o, a autoconfianga arrogante, o egoismo e a egolatria, a sindrome adamica na nature- za humana, o padr&o egocéntrico de comportamento arraigado em aspiragdes e em atitudes contrdrias a Deus, atitudes cujo nome comum € pecado original. O que eu parecia escutar, porém, era um chamado a negacao do eu individual para que pudesse ser domina- do por Jesus Cristo de tal maneira que minha experién- cia presente de pensar e de desejar se tornasse algo diferente, uma experiéncia do proprio Cristo vivendo em mim, ativando e operando meus pensamentos e minha vontade. Dito dessa forma, isso parece mais uma férmula de possessao demonfaca do que o ministério do Cristo que em nés habita segundo o Novo Testa- mento. Mas naquela época eu nao sabia nada sobre possesso demonfaca, e o que acabei de expressar em palavras parecia ser 0 significado claro de “j4 nfo sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gl 2.20), se- gundo a exposigdo dos preletores aprovados, Cantava- mos 0 seguinte cantico: Quem me dera ser liberto de mim mesmo, querido Se- nhor, Quem me dera perder-me em ti; Quem me dera no ser mais eu Mas Cristo que vive em mim! Qualquer que fosse a intengdo do compositor, eu cantava esse cAntico com toda a sinceridade, de acor- do com o sentido que acabei de definir. O restante do segredo estava vinculado ao bindmio consagracdo e fé, Consagraco significava entrega to- tal da prépria vida, entregar cada parte do ser ao se- nhorio de Jesus. Mediante a consagracio, 0 individuo se esvaziaria de seu eu, € 0 vaso vazio se tornaria auto- maticamente cheio do Espirito, de modo que o poder de Cristo nele estaria pronto para o uso. Com a consa- gragdo, viria a fé, que se explicava em termos de con- fiar no Cristo que em nés habita em todo momento, nao sé para pensar e escolher em nés e por nds, mas também para lutar em nosso favor e pata tesistir A ten- 410 tagdo. Em vez de enfrentar a tentagao diretamente (que seria o caso de lutar com as prdprias forgas), de- vemos entregd-la a Cristo e confiar nele para vencé- la. Assim era a técnica da consagracio e fé conforme eu a entendia — magia bem poderosa, eu pensava, o precioso segredo do que se chamava vida vitoriosa. Mas o que aconteceu? Fiz uma raspagem em meu interior, figuradamente, para ter certeza de que mi- nha consagragiio era completa, e esforcei-me para “sol- tar as rédeas e deixar Deus agir” quando a tentag&o se fazia presente. Naquele tempo, nao sabia que Harry Ironside, pastor, durante certo perfodo, da Igreja Memorial de Moody, em Chicago, havia cafdo em com- pleto esgotamento mental por tentar alcangar um pa- drao de vida mais elevado, da mesma forma que eu tentava na ocasiao; nao teria ousado concluir, confor- me fiz mais tarde, que essa vida mais sublime, como se descreve, é fogo passageiro, uma irrealidade que nin- guém jamais conseguiu concretizar, e os que dio tes- temunho de sua experiéncia nesses termos na verdade, mesmo que de modo inconsciente, distorcem o que de fato ocorreu. Tudo 0 que eu sabia era que a experién- cia esperada n4o estava acontecendo. A técnica nao funcionava. Por qué? Ora, como essa doutrina decla- tava que tudo dependia da consagragio total, forgo- samente a culpa era minha. Portanto, deveria fazer 41 nova raspagem em meu interior para descobrir que sujeiras do ego n&o-consagrado ainda se escondiam em mim. Fiquei um tanto desvairado. Entdo (gracas a Deus!) 0 grupo recebeu como doa- ¢ao a biblioteca de um pastor idoso, na qual havia um conjunto de obras de Owen, praticamente completa. Escolhi algumas paginas do volume vi, meio a esmo, e li o que Owen escreveu a respeito da mortificagéo — e Deus usou 0 que esse antigo puritano escreveu trés séculos atrés para esclarecer meus pensamentos. UM GIGANTE PURITANO Owen 6, por consenso, 0 mais bem conceituado tedlogo puritano, e muitos o classificariam, ao lado de Joao Calvino e de Jonathan Edwards, como um dos trés maiores tedlogos reformados de todos os tempos. Nascido em 1616, entrou para o Queen's College, em Oxford, aos 12 anos de idade e completou seu mestrado em 1635 aos 19 anos de idade. Aos vinte ¢ poucos anos, a convicgao do pecado tumultuou-lhe tanto o espirito que, durante trés meses, raramente conseguiu pronun- ciar uma palavra coerente sobre qualquer assunto. Mas aos poucos aprendeu a confiar em Cristo e, assim, en- controu a paz. Em 1637, tornou-se pastor. Na década de 1640, foi capelao de Oliver Cromwell e, em 1651, veio a ser defo da Christ Church, a maior faculdade 12 de Oxford. Em 1652, recebeu 0 cargo adicional de vice- reitor da universidade, a qual passou a reorganizar com sucesso notavel. Depois de 1660, foi lider dos Inde- pendentes, nos anos amargos da perseguicgdo, até mot- rer em 1683. Era tedlogo reformado conservador de grande eru- digdo e oratéria. Seus pensamentos s4o semelhantes a colunas de uma catedral normanda e deixam a im- pressdo de grandeza extrema, exatamente por causa de sua simplicidade sélida. Escrevia para o tipo de lei- tor que, uma vez que levantasse uma questdo, nao conseguia descansar até tratdé-la em profundidade, acreditando que a cobertura e a apresentagfio exaus- tivas a partir de muitos pontos de vista ndo sao cansa- tivos, mas revigorantes. Seus livros foram justamente considerados um conjunto de sistemas teolégicos, cada um organizado em torno de um diferente foco. A ver- dade da Trindade — a histéria do Criador tritino que se tornou o Redentor tritino — sempre constitufa seu ponto de referéncia, e viver a vida cristé era sua preo- cupag&o constante. Owen personificava tudo quanto havia de mais nobre na devogio puritana. “A santidade dava um brilho divino a suas realizag6es”, disse seu colega mais jovem, David Clarkson, ao pregar no culto finebre de Owen. Como pregador, Owen submetia-se 4 prdépria 13 maxima de que “o homem s6 prega bem um sermao quando este é pregado em sua prépria alma”, e decla- rou: “Considero-me obrigado, pela consciéncia e pela honra, a nem sequer imaginar que consegui 0 conhe- cimento apropriado de algum artigo da verdade, mui- to menos de o tornar piblico, a nao ser que tenha, mediante o Espirito Santo, experimentado tanto seu sabor, no sentido espiritual, a ponto de dizer, de todo o coragao, com o salmista: ‘cri, e por isso falei”. Isso ex- plica a autoridade e a pericia com que Owen sonda as profundezas escuras do coragéo humano. “Passagens inteiras lampejam na mente do leitor, com um impacto que o faz sentir como se tivessem sido escritas somente para ele” (Andrew Thomson). O tratado sobre a mor- tificagdo € um exemplo notavel disso. SABEDORIA SOBRE A MORTIFICACAO O “discurso” de Owen, conforme ele o chamava, & uma coleténea — reescrita em forma de livro — de sermées pastorais sobre Romanos 8.13: “...se pelo Espi- rito fizerem morrer os atos do corpo, viverao” (mortifi- car € 0 mesmo que fazer morrer). Os sermées foram pregados em Oxford, e a obra foi publicada em 1656 (segunda edigéo, aumentada, em 1658). Diz-se que os romances de Jane Austen sero lidos primeiro pela quarta vez, o que significa que somente na quarta vez 14 as exceléncias especiais da estrutura equilibrada, da sAtira suave e do humor sutil da autora s4o fixadas na mente do leitor. Pode-se dizer o mesmo desses sermGes, pois somente pela leitura repetida seu poder e sua ung&o perscrutadores se fazem sentir. O tema que apre- sentam é © lado negativo da obra de Deus na santifi- cacao (ou seja, a renova¢do do caréter A imagem de Cristo). Os mestres reformados, a partir de Calvino, tém explicado a obra santificadora do Espirito Santo em termos positivos, de vivificagdo (virtudes que se desenvolvem), e negativos, de mortificagdo (matar os pecados), Conforme o que se expressa na Confissao de Westminster (13.1): Os que sao eficazmente chamados e regenerados tém um novo coragao e um novo espirito e sio, além disso, santificados, real e pessoalmente, pela virtude da morte e ressurreic¢ao de Cristo, por sua Palavra e por seu Espirito, que neles habita; o domfnio do pecado sobre 0 corpo é destruido, suas varias concupiscéncias cada vez mais enfraquecidas ¢ mottificadas, ¢ eles cada vez mais vivifi- cados e fortalecidos em todas as gragas salvadoras, para a pratica da verdadeira santidade, sem a qual ninguém vera o Senhor. A mortificagio € o assunto de Owen, decidido a explicar a teologia desse tema a partir das Escrituras 15 — isto é, a vontade, a sabedoria, a obra e os meios envolvidos — téo plenamente quanto conseguisse. Mas, para tornar seu tratado mais pratico e util possi- vel, aborda em seu texto a seguinte questo: Suponhamos que alguém seja cristéo verdadeiro, po- rém encontre dentro de si um pecado poderoso, que o faga cativo de sua lei pecaminosa, consuma-lhe 0 co- ragao com angtistia, confunda-lhe os pensamentos, en- fraquega a alma no tocante aos deveres da comunhao com Deus, perturbe-lhe a paz, quem sabe lhe macule a consciéncia e o exponha ao endurecimento mediante o engano do pecado. O que deve fazer esse individuo? Que procedimento adotar, e nele insistir, para a mortifi- cacao desse pecado, dessa concupiscéncia, perturbagao ou corrup¢ao? Em seguida, dispde o material como uma série de coisas a conhecer e de coisas a fazer, as quais, juntas, respondem a pergunta proposta. Comentei anteriormente que Owen salvou minha sanidade espiritual. Na verdade, acho, depois de cin- qiienta anos, que ele contribuiu mais do que qual- quer outra pessoa para fazer de mim um realista moral, espiritual e teolégico. Owen me perscrutou até as rafzes de meu ser, Ensinou-me a natureza do pecado, a ne- cessidade de lutar contra ele e 0 método para fazer 16 isso. Mostrou-me a importéncia dos pensamentos do coragéo em minha vida espiritual. Deixou-me clara a verdadeira natureza do ministério do Espirito Santo no crist’o, bem como a vitéria da fé. Mostrou-me como compreender a mim mesmo como cristao e de que for- ma viver diante de Deus humilde e sinceramente, sem fingir ser 0 que nfo sou nem néo ser o que sou. Com- provou cada argumento pela exegese biblica direta, explicando as implicagées experimentais dos textos didaticos e narrativos com precisao e profundidade tais que eu nao encontrara antes e raras vezes vi igualadas depois. O despertar decisivo de todas as percepcdes que jé recebi de Owen surgiu quando li pela primeira vez 0 que escreveu sobre a mortificagao. Essa pequena obra é uma mina de ouro espiritual. Nenhum elogio meu seria suficiente para recomenda-la. SINTONIZANDO Reconhego, porém, ao escrever isto, que alguns leitores acharao dificil sintonizar-se (por assim dizer) com as ondas de Owen, nao em tazdo de seu linguajar pomposo, com sua retérica fastidiosa e eventuais pala- vras estranhas, mas por causa das falhas de boa parte da educagao cristA de nossos dias presentes. Cabe aqui mencionar particularmente quatro dessas falhas. 17 Primeiro: a santidade de Deus € insuficientemente enfatizada. Nas Escrituras, e em Owen, a santidade do “Santo” € constantemente ressaltada. A santidade, chamada de o atributo acima de todos os atributos de Deus, é a qualidade que separa o Criador de suas cria- turas e que o faz diferente de ndés em nossa fraqueza; digno de nosso reverente temor e adoragéo em sua for- ca; alguém que visita nossa consciéncia com sua pre- senga, desmascarando e condenando o pecado dentro de nds. Hoje, com muita freqiiéncia, p6e-se a santi- dade de Deus em segundo plano; o resultado é que seu amor e sua misericérdia sdo sentimentalizados, e aca- bamos pensando nele em termos de um tio bondoso. Um dos efeitos desse irrealismo é tornar dificil a crenga de que o Deus santo dos escritores biblicos — dos profe- tas, dos salmistas, dos historiadores, dos apédstolos ¢ muito claramente do proprio Senhor Jesus Cristo — é 0 Deus verdadeiro com quem de fato precisamos tratar. Os puritanos acreditavam nisso, e é-nos necessario ajus- tar nossa mente para compreender a teologia de Owen. Segundo: a relevéncia do desejo motivador € insu- ficientemente enfatizada. Nas Escrituras, e em Owen, o desejo é 0 indicador de nosso corag4o, e a motivagao é 0 teste decisivo que mostra se as agdes sao boas ou mas. Se 0 coragao for mau, sem reveréncia, amor, pu- 18 reza, humildade e espirito doador, e se, além disso, es- tiver envenenado por soberba, ambicg4o egoista, inve- ja, concupiscéncia, édio, concupiscéncia sexual ou coisas semelhantes, nada do que o individuo realize serd certo aos olhos de Deus, conforme Jesus disse re- petidas vezes aos fariseus. Hoje, no entanto, como acontecia entre os fariseus, é comum a vida moral ser reduzida a uma pecinha de teatro, em que a represen- tagdo determinada e exigida é tudo, e nenhuma aten- g4o se dé & concupiscéncia, a firia e as hostilidades do corag&o, contanto que as pessoas fagam o que se acha que devem fazer. Entretanto, essa formalidade mediante a qual nos avaliamos no é 0 modo pelo qual Deus nos avalia: quando as Escrituras mandam o cris- téo mortificar o pecado, o significado nado é apenas que os maus habitos devem ser desfeitos, mas também que os desejos e impulsos pecaminosos precisam ser aniquilados —, e, nesse aspecto, Owen esté interessa- do em nos ajudar no decurso de seu livro. Se quiser- mos entender o argumento de Owen nessa questo, precisamos de um ajuste de perspectiva. Terceiro: a necessidade de exame de consciéncia é enfatizada de modo insuficiente. Nas Escrituras, e em Owen, ressalta-se que 0 coragiéo humano decaido é enganoso e que a ignorAncia a respeito do eu é perigo- 19 sa. Em conseqiiéncia, fazemos bom juizo de nosso co- racéo e de nossa vida, ao passo que Deus, que pers- cruta 0 corago, se desagrada de ambos. Numa era em que psicdlogos e psiquiatras atribuem tanta importan- cia as motivagées ocultas e nfo concretizadas, é por demais irénico que os crist&os se recusem téo catego- ricamente a reconhecer que eles e outros se deixem enredar por qualquer forma de auto-engano no con- ceito que tém de si préprios. Owen, um puritano rea- lista, sabe que estamos constantemente nos ludibriando ou sendo ludibriados no tocante a nossas verdadeiras atitudes ¢ a nossos propésitos, por isso insiste em que devemos vigiar e nos examinar A luz das Escrituras; sem isso, sequer saberemos que habitos de nosso co- tagdo precisam ser mortificados. Também, nessa ques- téo, € necessdrio um ajuste de nossa forma de pensar para entendermos como Owen nos examina. Quarto: o poder de Deus na transformacdo da vida nao recebe énfase suficiente. Nas Escrituras, e em Owen, a salvagio individual significa, literalmente, mudanga de coragéo, uma mudanga moral que cria rafzes no exercicio continuo de fé, esperanga e amor, no qual o poder da morte de Cristo liberta do dominio do desejo pecaminoso; também o poder do Espfrito Santo para induzir atitudes e agdes semelhantes as de 20 Cristo est4 sendo constantemente comprovado. Por mais errOnea que tenha sido a formula para a vida so- brenatural da qual Owen me libertou, era totalmente correta a expectativa de que os cristaos conheceriam a libertagao das paixées pecaminosas do coragfio me- diante a oragéo a Jesus. E triste — até escandaloso — que hoje se ouga tao pouco a respeito disso, ao pas- so que tanta coisa se diz a respeito do poder de Cristo e de seu Espfrito em varias outras formas do ministé- tio. Mas a verdadeira libertagéo das paixdes pecami- nosas € a béngAo para a qual Owen desejaria levar-nos, e ele nao duvida de que ela exista e de que possa ser obtida. “Ponha em pratica a fé em Cristo para a morti- ficagdo de seu pecado”, escreve. “Seu sangue é 0 ex- celente e poderoso remédio para as almas doentes do pecado. Viva assim e morrer4 vencedor. Sim, ainda viverd, mediante a boa providéncia de Deus, até ver a concupiscéncia morta a seus pés.” Nesse assunto tam- bém precisamos ajustar nosso interesse e nossa expec- tativa para nos beneficiar da orientagao de Owen. Leia com a disposigao de aprender a respeito do poder de seu Salvador, e 0 Espirito Santo o libertard da escraviddo dos desejos descontrolados. Que Deus con- ceda a todos nés corag4o para entender e aplicar as verdades que Owen expée aqui. J. I. Packer 24 A base de todo o argumento a seguir esta em Romanos 8.13. As palavras do apéstolo abrem a conexdo certeira entre a verdadeira mortificagdo e a salvagdo. A mortificagdo € trabalho do cristéo, sendo o Espirito sua causa eficaz principal. O que significa “o corpo” nas palavras do apéstolo. O que significam “os atos do corpo”. A vida: em que sentido ela esta comprometida com a prdtica desse dever. A fim de que a orientag&o aqui apresentada con- tribua para a continuidade da obra de mortificagado nos cristdos € seja ordenada e clara, devo assentar seus alicerces nas seguintes palavras do apéstolo Paulo (Rm 8.13): “... se pelo Espirito fizerem morrer os atos do cor- po, viverao” e reduzir tudo ao desenvolvimento da gran- de verdade do evangelho e dos mistérios nele contidos. Depois de recapitular a doutrina da justificagao pela f€ e do estado abengoado e a condig&o daqueles que, pela graga, dessas coisas sao participantes (Rm 8.1-3), o apéstolo passa a desenvolver seu argumento visando & maior santidade e 4 consolagao do cristéo. Dentre seus argumentos e motivagées para a santi- dade, o versiculo mencionado contém um pensamen- to que se baseia nos acontecimentos e efeitos contrarios & santidade e ao pecado: “... se vocés viverem de acor- do com a carne, morrerao...”. Uma vez que meu alvo e propésito nfo so, no presente, explicar o que é “viver de acordo com a carne” nem o que é “morrer”, nao oferecerei outra explicagdo além de que tais palavras estdo de acordo com o restante desse versiculo que tomamos como tema. Nas palavras designadas como fundamento As con- siderag6es seguintes, existe, em primeiro lugar, a pres- crigéo de um dever: “fagam morrer os atos do corpo”; em segundo lugar, sao declaradas as pessoas As quais 0 dever se dirige: “.,. se vocés [...] fizerem morrer...”; em terceiro lugar, h4 uma promessa ligada a esse dever: “..viverao”, em quarto lugar, a causa ou meio de rea- lizagdo desse dever, o Espirito: “... se vocés [...] pelo Espfrito...”; em quinto lugar, a condigdo da proposigao inteira, que contém o dever, os meios e a promessa: “.,. se pelo Espirito...”. Todavia, devemos observar a disposigéo das pala- vras na proposic¢éo inteira: 1) A primeira coisa que ocorre é a condicional “se”. As conjungées condicionais em proposigdes como essa podem denotar duas possibilidades: 23 a) A incerteza do evento ou do objeto prometidos em relagdo a quem o dever é direcionado. Isso ocorre quando a condigdo é absolutamente ne- cessaria e nfo depende de nada determinado por quem recebeu o preceito. Assim, dizemos: “se vivermos, faremos isso e aquilo”. No presen- te contexto, essa n&o pode ser a intengao da expressio condicional. Das pessoas a quem se dirigem essas palavras, diz-se no versfculo 1: “... ja nao hé condenagio para os que est&o em Cris- to Jesus” (Rm 8.1). b) A certeza da coeréncia e da conexfo que exis- tem entre coisas mencionadas, tais como um conselho dado a um enfermo: “se tomar deter- minado remédio, vai sarar”; nesse caso, 0 que se pretende expressar € unicamente a certeza da conexdo entre o remédio e a satide. Esse € 0 emprego do termo condicional aqui. A conexéo exata entre “fazer morter os atos do corpo” e “viver” € intrinseca nessa particula condicional. Uma vez esclarecida a ligagao e a coeréncia entre as coisas, como causa e efeito, meios e fim, a conexdo entre a mortificag&o e a vida nao é apenas de causa e efeito, pois “o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6.23), mas tam- bém de meios e fim: Deus determinou esses meios para 24 alcangar o fim que jA prometera gratuitamente. Os meios, embora necess4rios, sio devidamente subordi- nados a um fim gratuitamente prometido. E inconsis- tente a idéia de uma relagdo entre a concessio de um ptesente ¢ a busca de algum merecimento por parte de quem o recebe. A intengao, portanto, do fato de essa proposigéo ser condicional é que hd certa conexdo e coeréncia infalivel entre a mortificagdo verdadeira e a vida eterna. Se forem empregados esses meios, a finali- dade sera alcangada. Se realmente “fizer morrer”, vi- vera. Nisso se encontra a motivagao principal do dever prescrito e de sua pratica. 2) O fato seguinte que encontramos nessas pala- vras é a natureza das pessoas As quais esse dever é prescrito, expressa na palavra “vocés”: se “vocés [...] fizerem morrer”, ou seja, vocés, cristaos, para os quais “j4 no h4 condenagdo” (v. 1), vocés, que “nao esto sob o dominio da carne, mas do Espirito” (v. 9), vivifi- cados pelo Espirito de Cristo (v. 10,11), a vocés é dado esse dever, Ir impondo esse dever diretamente a qual- quer um é, com certeza, fruto da superstigao e do farisaismo que enchem o mundo, pr&tica de individu- os devotos que desconhecem 0 evangelho (Rm 10.3,4; Jo 15.5). Assim, o tipo de individuo descrito acima, aliado & prescrigao de um dever, constitui 0 alicerce 25 principal do argumento a seguir, que se baseia nesta tese ou proposi¢o: cristdos exemplares, com certeza li- bertos do poder condenatério do pecado, mesmo assim devem assumir o dever, durante toda a vida, de mortificar 0 poder do pecado que neles habita. 3) A causa eficaz e principal do cumprimento desse dever € 0 Espirito: “... se pelo Espirito...”, O Espirito aqui é o Espirito mencionado no versiculo 11, o Espirito de Cristo, 0 Espirito de Deus que em nds habita (v. 9), que nos dard vida (v. 11), o “Espfrito que os adota” (v. 15), o Espirito que “intercede por nds” (v. 26). Todos os demais meios de mortificagéo so vos; todas as ajudas nos deixam indefesos; imprescindivelmente, s6 © Espirito a realiza, Os homens, conforme subenten- de 0 apdstolo (Rm 9.30-32), podem tentar realizar essa obra segundo outros principios, por meios e ajudas que operam por outros sistemas, como sempre fizeram e fa- zem; mas (diz Paulo) essa é obra do Espirito; deve ser realizada somente por ele e nfo pode ser levada a efei- to por outro poder qualquer. A mortificagdo mediante as préprias forgas levada a efeito por meios inventados pelo préprio individuo, com o propésito de ser justo em si mesmo, é 0 cerne e a substAncia de toda a religiao falsa no mundo inteiro: e esse € 0 segundo principio de meu argumento seguinte. 26 4) Agora devemos comentar o dever propriamente dito: “fazer morret os atos do corpo”. Aqui pesquisaremos trés coisas: a) qual é o signifi- cado de “o corpo”; b) qual é 0 significado de “os atos do corpo”; c) qual é 0 significado de “fazer morrer” os atos do corpo. a) O corpo, no fim do versiculo, € 0 mesmo que carne no infcio: “... se vocés viverem de acordo com a carne, morrerao”, mas se “fizerem morrer os atos do corpo”, isto é, da carne, “viverao”. E a esse corpo que Paulo se refere, o tempo todo, com o nome de carne; isso fica claro quando leva adiante o contraste entre o Espirito e a car- ne nos versfculos anteriores e posteriores. O cor- po, portanto, é referido aqui como corrupgao e depravagéo de nossa natureza, da qual o corpo, em grande medida, é a sede e 0 instrumento; sendo que os préprios membros do corpo s4o es- cravos da maldade (Rm 6.19). Est4 em foco o pecado que habita interiormente, a carne cor- rompida, a concupiscéncia. Muitas explicagées, nas quais no vou insistir no presente momento, podem ser dadas para essa express4o figurada. O corpo, aqui, é igual a “velho homem” e a “cor- po do pecado” (Rm 6.6); ou pode, por outra fi- gura, expressar o individuo total, considerado 27 28 b) corrompido, e a sede das concupiscéncias e das paixdes desenfreadas. Os atos do corpo: a palavra “atos” denota prin- cipalmente agdes externas, “as obras da carne”, conforme so chamadas (Gl 5.19), que no texto sdo manifestas e passam a ser enumeradas. Em- bora somente os atos externos sejam considera- dos aqui, na inteng&o principal sdo suas causas mais intimas e préximas que estéo em jogo. O “machado deve ser aplicado A raiz da 4rvore”: os atos da carne devem ser mortificados em suas causas, das quais brotam. O apéstolo chama es- sas causas de atos, pois a estes tendem todas as concupiscéncias. Ainda que apenas concebidos e que nao déem em nada, sua intengdo é dar A luz 0 pecado consumado. Tanto no capitulo 7 quanto no inicio deste ca- pitulo, tratamos da concupiscéncia e do pecado que habitam no intimo como fonte e principio de todos os atos pecaminosos, sendo menciona- da aqui a destruigdéo que causam, nomeando- se os efeitos produzidos por eles. “Os atos do corpo” sdo semelhantes 4 “mentalidade da carne” (Rm 8.6) — uma figura de linguagem da mes- ma natureza que a anterior — ou a “carne, com as suas paixGes e os seus desejos” (GI 5.24), de Cc onde emergem os atos e frutos da carne, e nesse sentido € mencionado “o corpo” (v. 10): “... O corpo esta morto por causa do pecado...”. Mortificar ou, citando o original, “se pelo Espf- rito fizerem morrer” — expresso metaférica ti- rada do conceito de fazer morrer qualquer ser vivente. Matar um ser humano ou qualquer outro ser vivo é tirar o princ{pio de todas as for- gas, seu vigor e seu poder, de modo que ndo pos- sa agit, exercer nem produzir nenhum ato por conta prépria. E o que se da nesse caso. O peca- do que habita em nés € comparado com uma pessoa viva chamada de velho homem, com as préprias faculdades e propriedades, sabedoria, manhas, sutilezas e forgas. Este (diz 0 apdstolo) deve ser morto, executado, mortificado. Isto é, o poder, a vida, 0 vigor e as forgas que produzem esses efeitos devem ser removidos pelo Espirito. Sao, na verdade, notavel, definitiva e exemplar- mente mortificados e executados pela cruz de Cristo; portanto se diz que o velho homem foi crucificado com Cristo (Rm 6.6), e nds mesmos “morremos com Cristo” (v. 8). Isso, na realida- de, comega na regeneragéo (Rm 6.3-5), quando um princfpio contrério ao pecado é implantado em nosso coragdo para destruf-lo (Gl 5.17). Mas 29 toda essa obra deve ser levada adiante paulati- namente em diregao A perfeigio, durante todos os dias de nossa vida. Falaremos mais disso no decorrer de nosso argumento. A intengio do apédstolo ao prescrever o dever mencionado é que a mortificagdo do pecado que ainda permanece em nosso corpo mortal seja dever constante do cristo, a fim de que 0 peca- do nao tenha vida nem poder para produzir as obras ou atos do corpo. 5) A promessa para 0 cumprimento desse dever é a vida: “... viverio”. A vida prometida opde-se & ameaga da morte na frase anterior: “... se vocés viverem de acordo com a carne, morrerao...”, conceito que 0 apés- tolo expressa em outro texto: “Quem semeia para a sua carne, da carne colher4 destruigdo...” (Gl 6.8), a qual vem da parte de Deus. E possfvel que essa pala- yra nao se refira somente A vida eterna, mas também a vida espiricual em Cristo que temos nas atuais circuns- tAncias; nao que sua esséncia e realidade j& estejam sendo desfrutadas pelos crist&os, mas a alegria, a con- solagao e o vigor que trazem est%o. Diz 0 apéstolo em outro contexto: “Pois agora vivemos, visto que vocés est4o firmes no Senhor” (1Ts 3.8), isto é, agora minha vida me far4 bem, terei alegria e consolaga0 em minha 30 vida. Vocés “viverao”, teréo uma vida proveitosa, vi- gorosa, confortavel e espiritual, enquanto estiverem aqui, e obter&o a vida eterna no porvir. Tomando por certo o que foi dito anteriormente, no tocante 4 conex4o entre a mortificagéo e a vida eterna no sentido de serem o fim e os meios, acrescen- tarei somente, como segunda motivacao ao dever pres- crito, que 0 vigor, o poder e a consolagdo de nossa vida espiritual dependem da movtificagdéo dos atos da carne. 341 2 Apresenta-se e confirma-se a principal assergdo referente d necessidade de mortificagao. A mortificagdo é dever dos melhores cristéos (Cl 3.5; 1Co 9.27). O pecado estd sempre presente em nossa vida: ndo hé perfeicdo nesta vida (Fp 3.12; 1Co 13,12; 2Pe 3.18; GI5.17 etc.). A atividade do pecado permanece no cristo (Rm 7.23; Tg 4.5; Hb 12.1) com seus frutos e tendéncias. Toda concupiscéncia visa ao auge de sua categoria. O Espirito e a nova natureza nos sao dados para lutar contra o pecado que em nds habita (GI 5.17; 2Pe 1.4,5; Rm 7.23). O terrtvel problema de negligenciar a mortificagao (Ap 3.2; Hb 3.13). O primeiro principio do argumento inteiro é, portanto, confirmado. Lamenta-se a falta do cumprimento desse dever. Assentado esse alicerce, uma breve confirmacao das inferéncias fundamentais mencionadas acima levard a minha intengdo principal. A primeira é que os cristaos exemplares, libertos do poder condenador do pecado, ainda assim devem em- penhar-se, enquanto viverem, para mortificar o poder do pecado que neles habita. Diz o apéstolo: “Assim, fagam morrer tudo o que pertence A natureza terrena de vocés...” (Cl 3.5). A quem ele se dirige? Aos que ressuscitaram com Cristo (v. 1); que morreram com ele (v. 3); de quem Cristo era a vida e que se manifestariam com ele em gléria (v. 4). Mortifique-se, faga da mortificagéo seu empenho did- tio, ocupe-se sempre dela enquanto viver, n4o inter- tompa um sé dia essa obra; preocupe-se em matar 0 pecado, seno ele acabaré matando vocé. O fato de estar praticamente morto em Cristo e de ter sido vivi- ficado com ele nao é desculpa para evitar esse traba- lho. Nosso Salvador nos diz como o Pai lida com cada tamo que nele dé fruto, que € verdadeiro e vivo: “ele poda, para que dé mais fruto ainda” (Jo 15.2). Poda o tamo, e isso nao durante um ou dois dias, mas enquanto for um ramo deste mundo. O apéstolo conta qual era a pratica dele: “... esmurro o meu corpo e fago dele meu escravo” (1Co 9.27). Fago isso (diz ele) diariamente, é o trabalho de minha vida; ndo me omito dele, essa é minha tarefa. E se essa era a obra e tarefa de Paulo, tao incomparavelmente exaltado em graga, ilumina- ¢40, revelagdes, contentamento, privilégio, consola- gdes, muito acima da média dos cristéos, em que poderfamos fundamentar nossa isengdo dessa obra ¢ 33

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