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smiorizote Sintose sobre os periodos da Filosofia groga: Os fdsofos da natureza, Sécrates e Plato ~ Marlena Chaul. ~Teriérios de Filosofia Territorios de Filosofia Sintese sobre os periodos da Filosofia grega: Os fildsofos da natureza, Socrates e Plataéo — Marilena Chaui. 14 de julho de 201320 de maio de 2014 * Aurora Baéta Os periodos da Filosofia grega. Marilena Chaui. A Filosofia ter, no correr dos séculos, um conjunto de preocupacées, indagacGes e interesses que Ihe vieram de seu nascimento na Grécia. Assim, antes de vermos que campos sio esses, examinemos brevemente os contetidos que a Filosofia possuia na Grécia, Para isso, devemos, primeiro, conhecer os periodos principais da Filosofia grega, pois tais periodos definiram os campos da investigacao filoséfica na Antiguidade. A histéria da Grécia costuma ser dividida pelos historiadores em quatro grandes fases ou épocas: 1. ada Grécia homérica, correspondente aos 400 anos narrados pelo poeta Homero, em seus dois grandes poemas, Iliada e Odisséia; 2. ada Grécia arcaica ou dos sete sdbios, do século VII ao século V antes de Cristo, quando os gregos criam cidades como Atenas, Esparta, Tebas, Megara, Samos, etc., e predomina a economia urbana, baseada no artesanato e no comércio; 3. ada Grécia classica, nos séculos V e IV antes de Cristo, quando a democracia se desenvolve, a vida intelectual e artistica entra no apogeu e Atenas domina a Grécia com seu império comercial ¢ militar; 4, ¢, finalmente, a época helenistica, a partir do final do século IV antes de Cristo, quando a Grécia passa para 0 poderio do império de Alexandre da Macedénia, e, depois, para as maos do Império Romano, terminando a histéria de sua existéncia independente. Os perfodos da Filosofia nao correspondem exatamente a essas épocas, jé que ela nao existe na Grécia homérica e sé aparece nos meados da Grécia arcaica. Entretanto, 0 apogeu da Filosofia acontece durante o apogeu da cultura e da sociedade gregas; portanto, durante a Grécia classica. Os quatro grandes periodos da Filosofia grega, nos quais seu contetido muda e se enriquece, sao: 1. Perfodo pré-socratico ou cosmolégico, do final do século VII ao final do século V a.C,, quando a Filosofia se ocupa fundamentalmente com a origem do mundo e as causas das transformacées na Natureza. 2. Periodo socratico ou antropoldgico, do final do século V e todo o século IV a.C., quando a Filosofia investiga as questoes humanas, isto é, a ética, a politica e as técnicas (em grego, antropos nitps:terrtorosdefosofia wordpress.con/2013/07/14/sinlose-sobre-os-periodos-da-flosofia.groga-osflosofos-da-natureza-socrales-e-plataol 1/7 1710772018 _Sintese sabre os perodos 6a Flosofa grog: Os fésofos da natureza, Sécrates ¢ Plato Marlena Chau, - Terris de Filosofia quer dizer homem; por isso o periodo recebeu o nome de antropolégico).. 3. Periodo sistematico, do final do século IV ao final do século Il a.C., quando a Filosofia busca reunir e sistematizar tudo quanto foi pensado sobre a cosmologia e a antropologia, interessando- se sobretudo em mostrar que tudo pode ser objeto do conhecimento filoséfico, desde que as leis do pensamento e de suas demonstragGes estejam firmemente estabelecidas para oferecer os critérios da verdade e da ciéncia. 4, Periodo helenistico ou greco-romano, do final do século IIT a.C. até o século VI depois de Cristo. Nesse longo periodo, que jé alcanca Roma e 0 pensamento dos primeiros Padres da Igreja, a Filosofia se ocupa sobretudo com as questdes da ética, do conhecimento humano e das relacdes entre o homem e a Natureza e de ambos com Deus. Filosofia Grega Pode-se perceber que os dois primeiros perfodos da Filosofia grega tém como referéncia 0 filésofo Sécrates de Atenas, donde a divisao em Filosofia présocratica e socratica. Periodo pré-socratico ou cosmolégico Os principais filésofos pré-socraticos foram: * fildsofos da Escola Jénica: Tales de Mileto, Anaximenes de Mileto, Anaximandro de Mileto e Herdclito de Efeso; * filésofos da Escola Italica: Pitagoras de Samos, Filolau de Crotona e Arquitas de Tarento; * fildsofos da Escola Eleata: Parménides de Eléia e Zendo de Eléia; * fildsofos da Escola da Pluralidade: Empédocles de Agrigento, Anaxagoras de Clazémena, Leucipo de Abdera e Demécrito de Abdera. As principais caracteristicas da cosmologia sao: uma explicacao racional e sistematica sobre a origem, ordem e transformacao da Natureza, da qual os seres humanos fazem parte, de modo que, ao explicar a Natureza, a Filosofia também explica a origem e as mudancas dos seres humanos. — Afirma que nao existe criagdo do munda, isto é, nega que o mundo tenha surgido do nada (como é © caso, por exemplo, na religiao judaico-crista, na qual Deus cria o mundo do nada). Por isso diz: “Nada vem do nada e nada volta ao nada”. Isto significa: a) que o mundo, ou a Natureza, é eterno; b) que no mundo, ou na Natureza, tudo se transforma em outra coisa sem jamais desaparecer, embora a forma particular que uma coisa possua desapareca com ela, mas ndo sua matéria ~O fundo eterno, perene, imortal, de onde tudo nasce e para onde tudo volta é invisivel para os olhos do corpo e visivel somente para 0 olho do espirito, isto ¢, para o pensamento. ~O fundo eterno, perene, imortal e imperecivel de onde tudo brota e para onde tudo retorna ¢ 0 elemento primordial da Natureza e chama-se physis (em grego, physis vem de um verbo que significa fazer surgir, fazer brotar, fazer nascer, produzir). A physis é a Natureza eterna e em perene transformagao. —Afirma que, embora a physis (0 elemento primordial eterno) seja imperecivel, ela da origem a todos 0s seres infinitamente variados e diferentes do mundo, seres que, ao contrario do principio gerador, so pereciveis ou mortais. nitps:terrtoriosdefosofia wordpress.con/2013/07/14/sinlse-sobre-os-periodos-da-flosofia.groga-os-flosofos-da-natureza-socrates-e-plataol 217 1710772018 _Sintese sabre os perodos 6a Flosofa grog: Os fésofos da natureza, Sécrates ¢ Plato Marlena Chau, - Terris de Filosofia — Afirma que todos os seres, além de serem gerados e de serem mortais, sio seres em continua transformagao, mudando de qualidade (por exemplo, o branco amarelece, acinzenta, enegrece; 0 negro acinzenta, embranquece; o novo envelhece; o quente esfria; o frio esquenta; o seco fica timido; 0 imido seca; o dia se torna noite; a noite se torna dia; a primavera cede lugar ao verao, que cede lugar a0 outono, que cede lugar ao inverno; o saudavel adoece; o doente se cura; a crianga cresce; a érvore vem da semente e produz sementes, etc.) e mudando de quantidade (0 pequeno cresce e fica grande; © grande diminui e fica pequeno; o longe fica perto se eu for até ele, ou se as coisas distantes chegarem até mim, um rio aumenta de volume na cheia e diminui na seca, etc.). Portanto o mundo esta em mudanga continua, sem por isso perder sua forma, sua ordem e sua estabilidade. ‘A mudanga -nascer, morrer, mudar de qualidade ou de quantidade ~ chama-se movimento e 0 mundo esté em movimento permanente. O movimento do mundo chama-se devir e o devir segue leis rigorosas que o pensamento conhece. issas leis so as que mostram que toda mudanga é passagem de um estado ao seu contrario: dia~ noite, claro-escuro, quente-frio, seco-timido, novo-velho, pequeno-grande, bom-mau, cheio-vazio, um-muitos, etc, ¢ também no sentido inverso, noite-dia, escuro-claro, frio-quente, muitos-um, etc. O devir é, portanto, a passagem continua de uma coisa ao seu estado contrario e essa passagem nao é caética, mas obedece a leis determinadas pela physis ou pelo principio fundamental do mundo. Os diferentes fildsofos escolheram diferentes physis, isto é, cada fildsofo encontrou motivos e razées para dizer qual era o principio eterno e imutavel que esté na origem da Natureza e de suas transformagées. Assim, Tales dizia que o principio era a gua ou o imido; Anaximandro considerava que era o ilimitado sem qualidades definidas; Anaximenes, que era o ar ou 0 frio; Herdclito afirmou que era o fogo; Leucipo e Demécrito disseram que eram os dtomos. E assim por diante Periodo socratico ou antropolégico Com o desenvolvimento das cidades, do comércio, do artesanato e das artes militares, Atenas tornou- se 0 centro da vida social, politica e cultural da Grécia, vivendo seu periodo de esplendor, conhecido como 0 Século de Péricles. Ea época de maior florescimento da democracia. A democracia grega possuia, entre outras, duas caracteristicas de grande importancia para o futuro da Filosofia. Em primeiro lugar, a democracia afirmava a igualdade de todos os homens adultos perante as leis e 0 direito de todos de participar diretamente do governo da cidade, da polis. Em segundo lugar, e como conseqiiéncia, a democracia, sendo direta e nao por eleigao de representantes, garantia a todos a participacao no governo, e os que dele participavam tinham o direito de exprimir, discutir e defender em piblico suas opinides sobre as decisdes que a cidade deveria tomar. Surgia, assim, a figura politica do cidadao. (Nota: Devemos observar que estavam excluidos da cidadania o que os gregos chamavam de dependentes: mulheres, escravos, criangas ¢ velhos. Também estavam excluidos os estrangeiros.) Ora, para conseguir que a sua opinido fosse aceita nas assembléias, o cidadao precisava saber falar e ser capaz de persuadir. Com isso, uma mudanga profunda vai ocorrer na educagao grega. Quando nao havia democracia, mas dominavam as familias aristocraticas, senhoras das terras, 0 poder Ihes pertencia, Essas familias, valendo-se dos dois grandes poetas gregos, Homero e Hesfodo, criaram um padrao de educacao, proprio dos aristocratas. Esse padrao afirmava que o homem ideal ou perfeito era nitps:fterrtorosdefosofia wordpress.con/2013/07/14/sinlse-sobre-os-periodos-da-flosofia.groga-osflosofos-da-natureza-socrales-e-plataol IT smiorizote Sintose sobre os periodos da Filosofia groga: Os fdsofos da natureza, Sécrates e Plato ~ Marlena Chaul. ~Teriérios de Filosofia © guerreiro belo e bom. Belo: seu corpo era formado pela gindstica, pela danca e pelos jogos de guerra, imitando os herdis da guerra de Tréia (Aquiles, Heitor, Ajax, Ulisses). Bom: seu espirito era formado escutando Homero e Hesiodo, aprendendo as virtudes admiradas pelos deuses e praticadas pelos herdis, a principal delas sendo a coragem diante da morte, na guerra. A virtude era a Arele (exceléncia e superioridade), prépria dos melhores, os aristoi. Quando, porém, a democracia se instala eo poder vai sendo retirado dos aristocratas, esse ideal educativo ou pedagégico também vai sendo substituido por outro. O ideal da educagao do Século de Péricles é a formagao do cidadao. A Arete é a virtude civica Ora, qual é 0 momento em que o cidadao mais aparece e mais exerce sua cidadania? Quando opina, discute, delibera e vota nas assembleias. Assim, a nova educagao estabelece como padrao ideal a formagao do bom orador, isto é, aquele que saiba falar em publico e persuadir os outros na politica. Para dar aos jovens essa educacao, substituindo a educagao antiga dos poetas, surgiram, na Grécia, os sofistas, que sao os primeiros filésofos do perfodo socratico. Os sofistas mais importantes foram: Protégoras de Abdera, Gérgias de Leontini e Isécrates de Atenas. Que diziam e faziam os sofistas? Diziam que os ensinamentos dos filésofos cosmologistas estavam repletos de erros e contradigées e que nao tinham utilidade para a vida da polis. Apresentavam-se como mestres de oratéria ou de retérica, afirmando ser possivel ensinar aos jovens tal arte para que fossem bons cidadao: Que arte era esta? A arte da persuasao. Os sofistas ensinavam técnicas de persuasdo para os jovens, que aprendiam a defender a posigéo ou opiniao A, depois a posigao ou opiniao contraria, nao-A, de modo que, numa assembléia, soubessem ter fortes argumentos a favor ou contra uma opiniao e ganhassem a discussao. O filésofo Sécrates, considerado o patrono da Filosofia, rebelou-se contra os sofistas, dizendo que ndo cram filésofos, pois nao tinham amor pela sabedoria nem respeito pela verdade, defendendo qualquer idéia, se isso fosse vantajoso. Corrompiam o espirito dos jovens, pois faziam o erro e a mentira valer tanto quanto a verdade. Como homem de seu tempo, Sécrates concordava com os sofistas em um ponto: por um lado, a educagao antiga do guerreiro belo e bom jé nao atendia is exigéncias da sociedade grega, e, por outro lado, os filésofos cosmologistas defendiam idéias tao contrarias entre si que também ndo eram uma fonte segura para o conhecimento verdadeiro. (Nota: Historicamente, ha dificuldade para conhecer 0 pensamento dos grandes sofistas porque nao possuimos seus textos. Restaram fragmentos apenas. Por isso, nés os conhecemos pelo que deles disseram seus adversérios — Platao, Xenofonte, Aristételes -e nao temos como saber se estes foram justos com aqueles. Os historiadores mais recentes consideram os sofistas verdadeiros representantes do espirito democratico, isto é, da pluralidade conflituosa de opinides ¢ interesses, enquanto seus adversarios seriam partidarios de uma politica aristocratica, na qual somente algumas opiniGes ¢ interesses teriam o direito para valer para o restante da sociedade.) Discordando dos antigos poetas, dos antigos fildsofos e dos sofistas, o que propunha Sécrates? Propunha que, antes de querer conhecer a Natureza e antes de querer persuadir os outros, cada um deveria, primeiro e antes de tudo, conhecer-se a si mesmo. A expressao “conhece-te a ti mesmo” que estava gravada no pértico do templo de Apolo, patrono grego da sabedoria, tornou-se a divisa de Socrates. nitps:fterrtoriosdefosofia wordpress.con/2013/07/14/sinlose-sobre-os-periodos-da-flosofia.groga-os-flosofos-da-natureza-socrates-e-plataol 4/7 1710772018 _Sintese sabre os perodos 6a Flosofa grog: Os fésofos da natureza, Sécrates ¢ Plato Marlena Chau, - Terris de Filosofia Por fazer do autoconhecimento ou do conhecimento que os homens tém de si mesmos a condigo de todos os outros conhecimentos verdadeiros, é que se diz que o periodo socratico é antropolégico, isto 6, voltado para o conhecimento do homem, particularmente de seu espirito e de sua capacidade para conhecer a verdade. O retrato que a histéria da Filosofia possui de Sécrates foi tragado por seu mais importante aluno e discipulo, o filésofo ateniense Platao. Que retrato Platao nos deixa de seu mestre, Sécrates? O de um homem que andava pelas ruas ¢ pracas de Atenas, pelo mercado e pela assembléia indagando a cada um: “Vocé sabe 0 que ¢ isso que vocé est dizendo?”, “Vocé sabe 0 que é isso em que vocé acredita?”, “"Vocé acha que esta conhecendo realmente aquilo em que acredita, aquilo em que esta pensando, aquilo que esta dizendo?”, “Vocé diz”, falava Sécrates, “que a coragem é importante, mas: o que é a coragem? Vocé acredita que a justica ¢ importante, mas: o que é a justica? Vocé diz que ama as coisas e as pessoas belas, mas o que é a beleza? Vocé cré que seus amigos séo a melhor coisa que vocé tem, mas: 0 que é a amizade?” Sécrates fazia perguntas sobre as idéias, sobre os valores nos quais os gregos acreditavam e que julgavam conhecer. Suas perguntas deixavam os interlocutores embaracados, irritados, curiosos, pois, quando tentavam responder ao célebre “o que é?”, descobriam, surpresos, que nao sabiam responder ¢ que nunca tinham pensado em suas crengas, seus valores e suas idéias Mas 0 pior nao era isso. O pior é que as pessoas esperavam que Sécrates respondesse por elas ou para clas, que soubesse as respostas as perguntas, como os sofistas pareciam saber, mas Sécrates, para desconcerto geral, dizia: “Eu também nao sei, por isso estou perguntando”. Donde a famosa expresso atribuida a ele: “Sei que nada sei”. A consciéncia da propria ignorancia é 0 comego da Filosofia. © que procurava Sécrates? Procurava a definigéo daquilo que uma coisa, uma idéia, um valor é verdadeiramente. Procurava a esséncia verdadeira da coisa, da idéia, do valor. Procurava o conceito endo a mera opinido que temos de nés mesmos, das coisas, das idéias e dos valores, Qual a diferenga entre uma opinigo e um conceito? A opiniao varia de pessoa para pessoa, de lugar para lugar, de época para época. E instavel, mutdvel, depende de cada um, de seus gostos e preferéncias. O conceito, ao contrario, é uma verdade intemporal, universal e necessaria que 0 pensamento descobre, mostrando que é a esséncia universal, intemporal e necessaria de alguma coisa, Por isso, Sécrates nao perguntava se tal ou qual coisa era bela -pois nossa opiniao sobre ela pode variar -e sim: O que é a beleza? Qual é a esséncia ou 0 conceito do belo? Do justo? Do amor? Da amizade? Sécrates perguntava: Que razées rigorosas vocé possui para dizer o que diz e para pensar o que pensa? Qual é fundamento racional daquilo que vocé fala e pensa? Ora, as perguntas de Sécrates se referiam a idéias, valores, praticas e comportamentos que os atenienses julgavam certos e verdadeiros em si mesmos e por si mesmos. Ao fazer suas perguntas suscitar dtividas, Sécrates os fazia pensar ndo s6 sobre si mesmos, mas também sobre a polis. Aquilo que parecia evidente acabava sendo percebido como duvidoso ¢ incerto. Sabemos que os poderosos tém medo do pensamento, pois o poder é mais forte se ninguém pensar, se todo mundo aceitar as coisas como elas s4o, ou melhor, como nos dizem e nos fazem acreditar que elas sao. Para os poderosos de Atenas, Sécrates tornara-se um perigo, pois fazia a juventude pensar. nitps:terrtorosdeftosofia wordpress.con/2013/07/14/sinlse-sobre-os-periodos-da-flosofia.groga-os-flosofos-da-natureza-socrales-e-plataol 8/7 1710772018 _Sintese sabre os perodos 6a Flosofa grog: Os fésofos da natureza, Sécrates ¢ Plato Marlena Chau, - Terris de Filosofia Por isso, eles o acusaram de desrespeitar os deuses, corromper os jovens e violar as leis. Levado perante a assembléia, Sécrates nao se defendeu e foi condenado a tomar um veneno ~ a cicuta—e obrigado a suicidar-se. Por que Sécrates nao se defendeu? “Porque”, dizia ele, “se eu me defender, estarei aceitando as acusagées, e eu ndo as aceito, Se eu me defender, o que os juizes vao exigir de mim? Que eu pare de filosofar. Mas eu prefiro a morte a ter que renunciar & Filosofia”. Ojulgamento e a morte de Sécrates so narrados por Platéo numa obra intitulada Apologia de Sécrates, isto é, a defesa de Sécrates, feita por seus discipulos, contra Atenas. Sécrates nunca escreveu. O que sabemos de seus pensamentos encontra-se nas obras de seus varios discipulos, e Platao foi o mais importante deles. Se reunirmos 0 que esse fildsofo escreveu sobre os sofistas e sobre Sécrates, além da exposigio de suas préprias ideias, poderemos apresentar como caracteristicas gerais do periodo socratico: —A Filosofia se volta para as questes humanas no plano da acao, dos comportamentos, das ideias, das crengas, dos valores e, portanto, se preocupa com as questdes morais e politicas. —O ponto de partida da Filosofia é a confianca no pensamento ou no homem como um ser racional, capaz de conhecer-se a si mesmo e, portanto, capaz de reflexao. Reflexao ¢ a volta que o pensamento faz sobre si mesmo para conhecer-se; é a consciéncia conhecendo-se a si mesma como capacidade para conhecer as coisas, alcangando o conceito ou a esséncia delas. —Como se trata de conhecer a capacidade de conhecimento do homem, a preocupagio se volta para estabelecer procedimentos que nos garantam que encontramos a verdade, isto 6, 0 pensamento deve oferecer a si mesmo caminhos préprios, critérios préprios e meios préprios para saber o que ¢ 0 verdadeiro e como alcangé-lo em tudo o que investiguemos —A Filosofia esta voltada para a definigao das virtudes morais e das virtudes politicas, tendo como objeto central de suas investigacdes a moral e a politica, isto 6, as ideias e praticas que norteiam os comportamentos dos seres humanos tanto como individuos quanto como cidadaos. —Cabe a Filosofia, portanto, encontrar a defini¢ao, o conceito ou a esséncia dessas virtudes, para além da variedade das opiniées, para além da multiplicidade das opinides contrarias e diferentes. As perguntas filoséficas se referem, assim, a valores como a justica, a coragem, a amizade, a piedade, o amor, a beleza, a temperanga, a prudéncia, etc., que constituem os ideais do sdbio e do verdadeiro cidadao. —E feita, pela primeira vez, uma separacio radical entre, de um lado a opiniao ¢ as imagens das coisas, trazidas pelos nossos érgaos dos sentidos, nossos habitos, pelas tradigées, pelos interesses, e, de outro lado, as ideias. As ideias se referem a esséncia intima, invisivel, verdadeira das coisas e 6 podem ser alcangadas pelo pensamento puro, que afasta os dados sensoriais, os habitos recebidos, os preconceitos, as opinides. —A reflexao ¢ 0 trabalho do pensamento so tomados como uma purificagao intelectual, que permite ao espirito humano conhecer a verdade invisivel, imutavel, universal e necesséria. —A opiniao, as percepsies ¢ imagens sensoriais sio consideradas falsas, mentirosas, mutaveis, inconsistentes, contraditérias, devendo ser abandonadas para que o pensamento siga seu caminho préprio no conhecimento verdadeiro. nitps:fterrtoriosdefosofia wordpress.con/2013/07/14/sinlse-sobre-os-periodos-da-flosofia.groga-os-flosofos-da-natureza-socrates-e-plataol 6/7 1710772018 _Sintese sabre os perodos 6a Flosofa grog: Os fésofos da natureza, Sécrates ¢ Plato Marlena Chau, - Terris de Filosofia —A diferenga entre os sofistas, de um lado, e Sécrates e Platdo, de outro, é dada pelo fato de que os sofistas aceitam a validade das opinides e das percepsSes sensoriais e trabalham com elas para produzir argumentos de persuasao, enquanto Sécrates e Platao consideram as opinides e as percepgGes sensoriais, ou imagens das coisas, como fonte de erro, mentira e falsidade, formas imperfeitas do conhecimento que nunca alcangam a verdade plena da realidad. 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