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OS DEUSES E & oo lima no sicologia d ane | amores Mma ul inc dean Shinoda Bolen Colegao AMOR E PSIQUE O feminine. + Aborta- perda ¢ ronovapdo, Eva Patlis + A femniniidade consciente: Entravistas com Marion Woodman, Marion Woodman + A mulher modema em busca da alma: Guia Junguiana da mundo visfvel e do mundo invi- ‘ival, June Singer + A prositula sagrada, N,Q. Corbett + As dewsas 0 a maltiey, J. S. Bolen * A vigor andvide, Marion Woodman * Caminho para a iniciagfo teminina, 8: B. Perera © Dosiine, amor o dxtase, J. A. Santord » Os misidrios da muthor, Esthar Harding ‘© medo do leminino, E, Neumann + Varapdes soba ater muster J. Bonaventure O masculino + Abusca filica, J. Wyly + A radio recreta da jarcinagem, Jackson * Casirapdo e hina masculina, E. Manik * Curando a aima mascutina, G. Jackson * Falo, a sagrada imagem do masculino, € Monik + Hermes a saus files, R. L, Pedraza + Os mistérios da sala de estar, G. Jackson * Sob a sombra dle Satumo, J. Hollis + Os dauses e a hamem: Uma nova psicotogta da vida @ dos amores masculinos, Jean ‘Shinoda Bolen Psicologia e religiso + Agima colebra: Preparapde para e nova rel ldo, Lawrence W. Jatle + A doonga que somos nds, J. P. Dourley » Ajomada da alma, J. A. Santord * Biblia @ Psique, €. F. Eainger * Daus, sonhos @ revolagiio, M, Kelsey + Do iiconsciente a Deus, E. van dor Wirchel + Uma busca interior em Psicologia @ reiigido, 4, Hiller * Rastreando 0s Deuses, J. Hollis, Sonhos + Aprendendo com os sonhos, M.A ‘Galibach + Breve curso sobva os sonhos, A. Bosnak * Qs eonhos 0 eura da alma, JA. Saniord + Sonos de um paciente com AIDS, Ri Bosniak Sanhos @ gravidag, Wt. R. Galibach + Sonhos e nitual de cura, C, A. Maier Envethecimento + Apaszagem do meio, J. Hollis + Asoliddo, A. Storr + Avetha sabia, FL Weaver + Desperande na mela-idade, KA, Brehony + Enveihecer J. A, Pretat + Mela-idads 9 vida, A, Bormann + Menopausa, tempo de renascimenia, A. Mankowilz + O vaiho séblo, P. Middelkoop: Contos de fada @ histérlas mitolégicas + Aindividuagao nos contes dé fada, M.-L. von Franz * Ainterpretapdo dos contos de fada, M-L. von Franz + A sombra @ 0 mial nos contos ds fada, M.-L. von Franz * Galo, M-L, von Franz + O que conta 0 conto?, J, Bonaventure + O significada arquetipico de Gilgamesit, A. 8, Kluger © puer * Olivo do pues, J. Filliman + Puor astomus, MeL. won Franz Relacionamentos + Amar, trai, A. Carotenuto + Eros @ pathos, A. Carctenute + khcosto & amar humana, R, Stein + No sou mais a mulher com quam vood se casou, A. B. Filenz + ho caminha para as rulpelas, L. 8. Leonard + Os parcels inisivels, J.A. Sanford Sombra * Mal, 0 jado sambrio da raalidada, J, A. Santord * Os pantanais da alma, J, Hollis + Peicologit profunda e nova dia, E. Neumann Outros Ansiedade cultural, RL. Pedraza Alimanto a lransformagae, G. Jackson Conhecends a si mesmo, D, Sharp Gonscidincia soln, consciénaia hanay, Ml. Stein Medltapdes sobre os 22 arcanos maioras do tard, andnine No espelho de Psique, E. Newnann ‘O-caminho da transformant, €. Perrot O despartar ds seu fro, C. de Truchis Psicoterapia, M.-L, von Franz Psiquiatia junguiana, H, K, Fieez Alastveands os deuses, J. Hollis A terapia do jogo de arole: imagens que cu- fam a aima.a desenvolver a porsonaiidade, Rulh Ammann * Dioniso no exito: Sabre a repressao da emo- pao a do como, A. L.-Podraza + © projets Eden, James Hollis JEAN SHINODA BOLEN OS DEUSES EO HOMEM Uma nova psicologia da vida e dos amores masculinos PAULUS Dagos intemnacionais G2 Catalogagao na Publicagao (CIF) (Camara Braestelra do Livro, SP, Bras) : Bolen, Jean Shinada 3 deuses @ o homern : uma nova psicolagla da vida e dos amores masculinos {Joan Shinada Bolem ; [tradupiio Maria Silvia Maurie Netto). — Sao Paulo = Paulus, 2002. — (Armor @ Peique) Thule criginal: Gods in everyman = a naw psychology of men's lives & loves. Bibliograta, ISBN 85-343-1903-8 1, Arquitipo (Psicologia) 2, Hamens ~ Psicologia |. Titulo, Ul, Série, 01-8476 cDD-155.832 on 1. Arqudlipos : Psicologia maseulina 185 602 2. Homns : Psicologia 155.632 Colegdo AMOR E PSIQUE ditigida por De. Léon Bonaventure, Pa. {vo Stamioio, Dra, Marla Ele! Spaccaquercha Titulo original Gods io everyman: A new psychology of men’s lives & loves ©1989 by Jean Shinoda Bolen, USA Tradupso Maria Silvia Mouro Neto Capa Marcelo Campanha Revistio Iranildo B. Lopes Evitoragac eletrénica PAULUS, em New Century pts. Papel (Chamais Fine Dunas 7ogimn* Impressio e acabamento PAULUS: @ PAULUS - 2002 Rua Francisco Cruz, 229 ¢ 04117-081 Sao Paula (Brasil) Fax (11) 5879-3827 « Tol. (11) 6084-3066 eww paulus.com.br + editoris!® paulus.com.br ISBN 85-349-1903-8 INTRODUGAO A COLEGAO AMOR E PSIQUE Na busca de sua alma e do sentido de sua vida, o homem descobriu novos caminhos que o levam para a sua interioridade: o seu proprio espaco interior torna-se um lugar novo de experiéncia. Os viajantes destes cami- nhos nos revelam que somente o amor é capaz de gerar a alma, mas também o amor precisa de alma. Assim, em lugar de buscar causas, explicagées psicopatoldgicas as nossas feridas e aos nossos sofrimentos, precisamos, em primeiro lugar, amar a nossa alma, assim como ela é. Deste modo 6 que poderemos reconhecer que estas feri- das e estes sofrimentos nasceram de uma falta de amor. Por outro lado, revelam-nos que a alma se orienta para um centro pessoal e transpessoal, para a nossa unidadee a realizagdo de nossa totalidade. Assim a nossa propria vida carrega em si um sentido, o de restaurar a nossa unidade primeira. Finalmente, néo é 0 espiritual que aparece primei- ro, mas 0 psiquico, e depois o espiritual. E a partir do olhar do imo espiritual interior que a alma toma seu sen- tido, o que significa que a psicologia pode de novo esten- der a mfo para a teologia. Esta perspectiva psicolégica nova é fruto do esforgo para libertar a alma da dominagéo da psicopatologia, do espirito analitico e do psicologismo, para que volte a si 5 mesma, isua propria originalidade. Ela nasceu de refle- xdes durante a pratica psicoterapica, e esta comegando a renovar o modelo ¢ a finalidade da psicoterapia, & uma nova visdio do homem na gua existéncia cotidiana, do seu tempo, e dentro de seu contexto cultural, abrindo dimen- sdes diferentes de nossa existéncia para podermos reen- contrar a nossa alma. Mla poderd alimentar todos aque- les que sao sensiveis 4 necessidade de inserir mais alma em todas as atividades humanas. A finalidade da presente colegio é precisamente res- tituir a alma a si mesma e “ver aparecer uma geragio de sacerdotes capazes de entender novamente a linguagem da alma”, como C. G. Jung 0 desejava. Léon Bonaventure PREFACIO Como autora de As deusas e a mulher, fui muitas vezes interrogada a respeito dos deuses nos homens. Os homens que iam as minhas palestras sobre as deusas per- guntavam-me freqiientemente: “E quanto a nés?” Os deu- ses e o homem é, assim, uma conseqiiéncia natural do meu livro anterior. Mas minha profissao, o tempo histé- rico e (paradoxalmente) o fato de eu ser mulher também me incentivaram a realizar este trabalho sobre os arqué- tipos masculinos. Aoescrever este livro, sou mulher fazendo aquilo que as mulheres fizeram tradicionalmente pelos homens, ou seja, servir de intérpretes da vida intima de seus homens, porque estes, com freqiiéncia, compartilham com elas aquilo que em geral nao dizem uns aos outros. Muitos homens, por exemplo, escolhem mulheres psiquiatras por- que se sentem mais segures e acham mais facil conver- sar com uma mulher, Alguns dizem que querem evitar a sensacio de competitividade e as conseqiiéncias que te- mem surgir em si préprios, ou num terapeuta do sexo masculino. E, as vezes, uma mulher significativa pode desem- penhar papel importante como “portadora do sonho” na yida do homem bem-sucedido, como observou 0 psicdlogo Daniel Levinson em seu The Seasons ofa Man’s Life. Este 7 também é papel no qual uma analista junguinna pode serlancada. Na psicandlise, os homens falam de sua vida intima, e encontram seus pontos fracos e fortes, A medi- da que vaio se enxergando mais, vio me ensinando. Eu vejo quem é 0 homem sob a superficie, e chego a conheeer seus arquétipos e as dificuldades que ele pode ter ao ser quem 6 @ sentir-se auténtico. Levinson eacreven, Amulher especial é como o verdadeiro mentor: ua quali- dade especial reside em sua conexfie com o sonhe de jo vem. Ela ajuda a animar a parte do aer que contém o ao- nho. Ela facilita a entrada do joven ne munde adulto ea sua tentativa de realizar seu sonho. Em parte ela faz isso por meio de seus priprics esforges concretos como mes- tra, guia, anfitria, critica, madrinha. Num nivel psicold- fico mais profundo, ela o habilita a projetar nela sua pré- pria figura feminina intima a “anima”, como deacreveu Jung que gera e sustenta suas lutas herdicas,* Por varias razGes, a maioria dos homens sentem-se em geral mais verdadeiramente compreendidos pelas mulheres de que por outros homens, expondo-se mais para elas do que uns para os outros, Como afirma o AfcGill Report on Male Intimacy: Um homem em dez possul wm amigo com quem troca idéias aobre trabalho, dinheiro e casamento; apenas um em mais de vinte tem uma amizade com outro homem na qual re- yela seus sentimentos sobre si mesmo ou sua sexualida- de... O padrao mais comum da amizade masculina é 0 homem ter muitos “amigos”, cada um dos quaia sabe al- #uma coisa a respeite do ser publica do homem e, por con: seguinte, pouco a respeita de quem ele é, porém nenhum deles conhece mais do que 6 uma pequena parte do todo? McGill descobriu que, se um homem decide se expor, é provivel que seja para uma mulher, 4s vezes a prépria esposa, ou outra, Como muitas mulheres suspeitam, os homens tém muito mais probabilidade de manifestar seus 8 sentimentos, pensamentos c sonhos a elas do que a ou. troz homens. Da mesma forma, como observou Jean Baker Miller, em Toward a New Psychology of Wonven, sempre que exis- te um grupo superior ¢ um inferior (homens, mulheres; brancog, negros; patrées ricos, empregados pobres), o gru- po menos poderoso estuda o outro por uma questao de necessidade ¢ sabe mais a reapeito desse, do que viee- versa. Por causa disso, bem como por terem natureza mais voltada para importar-se com as pessoas, as mulheres foram desde sempre atentas observadoras dos homens,? Assim, Os deuses eo homem é uma psicologia dos ho- mens, vista por uma mulher que faz aquilo que as mulhe- res fazem ha tempos pelos homens com 03 quais se impor- tam: mostram-lhes aquilo que clas vaéem, e tomam consciéncia da neeessidade que eles sentem de mais sensi- bilidade 4 medida que descrevem os defeitos & os prable- mas masculinos, e conseiéncia da importéincia de valori- zarem suas qualidades positivas. A perspectiva deste livro éa de observadora solidaria, perspectiva que adquiri atra- vés de experiéneias tanto profissionais quanto pessoais. Sou psiquiatra e analista junguiana ¢ professora de psiquiatria cliniea na Universidade da California, em Sao Francisco, Atendo tanto homens como mulheres em mew consultério particular, ¢ sou mulher numa profissiio mas- culina repleta de mentores, amigos e colegas do sexo masculino, Por outre lade, fui mentora e preceptora de homens e mulheres. Além disso, fui “filha orgulho do papai®, a “queridinha do papai”, ¢ meu pai eentia orgulho do que eu fazia. Em razdo disso, achei mais facil que muitas mulheres sentir validade nessa cultura patriarcal, Durante dezenove anos fui também esposa, num relacionamento que tinha tanto raizes tradicionais como igualitdrias, Fiquei separada por trés anos eem seguida me divorcici. Sou mae de um filho 9 e uma filha, ambos nagcidos no comego dos anos 70, a década do movimento feminina, quando a questio dos esterettipos da controvérsia natureza x cultura — era amplamente debatida, UMA VISAO BINOCULAR DA PSICOLOGLA Em Os deuses ¢ o homem oferece-se uma “visdo binocular" da psicologia, uma visdo em profundidade que leva em conta, ao mesmo tempo, os polerosos arquétipos @o8 esteredtipos que requerem conformidade, no esforgo de compreender onde se situam nossos conflitos e como poderiamos melhor aleangar a plenitude, Essa perspectiva se desenvolveu a partir do meu trei- namento profissional e de minhas experiineias pessoais. Com o trabalho do consultério, desenvalyi a conseiénecia do que acontece no coragio ena mente dos homens e das mulheres, conheci a alegria que advém de se ter senga- gio de plenitude e integragio, quando aquilo que faze- mos é consistente com quem somos, Por outro lado, nosso corpa e nesses sonhos ¢ sintomas expressam conflitos @ dor, quando aquilo que é arquetipicamente verdadeiro 6 conscientemente negado e reprimido, O que sao esses arquétipos, ¢ a maneira como se expressam na vida do individuo, torna-se mais claro somente apds anos de tra- balha profundo em psicologia. Da mesma forma, é essencial o entendimento daqui- lo que o movimento das mulheres chamou de a “desper- tar da consciéncia’. Nas trés ditimas décadas, constata- mos como os esteredtipos podem distorcer e limitar o potencial humano, especificamente o das mulheres. Nes- se periodo, muitas mulheres tomaram consciéneia de como sua vida numa cultura patriarcal as toca pessoalmente, Os valores ¢ ag crencas de todaa as pessons sao moldados 10 pela cultura, que se reflete em noseas leis & costumes, atinge a forma eomo o poder é distribuido, ¢ como o valor eostatus sdo determinados, Numa sociedade patriarcal, as mulheres nado se saem bem. Mas os esteredtipos mas- culinos também exereem poder sobre os homens, limi- tando quem eles podem confortavelmente ser, ao recom- pensar algumas qualidades e repudiar outras. DEUSES E DEUSAS EM TODAS AS PESSOAS Quando falo a reapeito de deuges e homens, descu- bro que as mulheres muitas vees acham que existe um deus particular nelas também, da mesma forma coma descobri que, quando falava a respeito de deusas, os ho- mens podiam identificar uma parte de si mesmos com uma deuse especifica, Os deuses e as deusas represen- tam qualidades diferentes na psique humana, 0 pantedio de todas as divindades gregas, tanto as masculinas como as femininas, existe como arquétipo em todos nds, embo- ra os deuses peralmente sejarn os determinantes mais fortes e influentes da personalidade do homem, assim. como as deusas o so para as mulheres. Todo arqueétipo esti associado a certos dons e deter- minades problemas possiveis, “dados por um deus" ou “dados por uma deusa”. Reconhecer esses dinamismos torna menos provavel tanto a presungio como a autocen- sura. H, porque tudo o que fazemos e que emerge das nossas profundesas arquetipicas tem um significado para nég, o homem que sabe que deus ou deuses estado ativos nele, torna-se apte a fazer escolhas, sabendo que opgies ou rumos 6 provavel que Ihe sejam pessoalmente mais salisfatériog, Ler sobre os deuses torna-se fs vezes um meio de “reamembrar" partes amputadas (desmembradas) de nés 11 mesmos. Esse processo também pode ser facilitade pelos sonhos, recordagies e mitos atives cm nosso inconscien- te, Informar-se a respeito dos deuses diferentes nos ho- mens 6 importante também para as mulheres, muitas das quais fazem grande esforgo para procurar entender cos homens (geralmente determinado homem de cada vez), As mulheres psicologicamente despertas is vezes perce- bem que se envolvem, vexes @ veZed sepuidas, com um tipo particular de homem, ¢ percebem que realmente pre- cisam saber “quem” as atrai. Os dewses eo homem pode dizer-lhes que elas foram atraidas por um deus ou arque- tipo particular, numa série de homens, e que esse “deus” niio é compativel com suas expectativas, o que explica por que suas relacdes muitas vezes tém um final infeliz, ‘0 discernimento em relagio aos “deuses" proporcio- na a quem ceria meninos (especialmente miles solteiras) um meio para ver e avaliar “quem” séo seus filhos. O re- sultado logico 6 um pai ou mae sentindo-se mais compe: tente, porque entende o que provavelmente sera aquele filho, como o mundo provavelmente o tratard, quais po- derdo ser euas forgas e fraquezas, ¢ onde ele talvez preci- se de alguma ajuda, Tanto os homens quanto as mulheres precisam tam- hém enxergar seus pais com clareza, muitas vezes a fim de perdoar-lhes, ou ainda compreendé-los, Entender os densea e seus mitos pode fornecer uma imagem objetiva do pai. IE. porque existem também “deuges" nas mulheres, elas podem aperfeigoar seu autoconhecimento a partir do conhecimenta deles. O “Ahal" de momento da revelacdo pode ser de especial valia para a mulher que ji este fami- liarizada com as “deusas" e que, agora, descobre que de- terminade deus explica parte do seu préprio comporta- mento, Ela pode entender a satisfacdio que todos nds sentimos quando uma pega de um quebra-cabegas se en- 12 caixa com perfeico, especialmente quando essa é a pega que faltava, aquela que completa o quadro eda sentido & vida, Existem deuses e deusas em todas as pessoas. Por meio deles, pode-se captar pela introspecefio, aquele mo- mento em que alguma coisa que sabemos intuitivamen- te a nosso respeito se conecta com uma imagem nitida ae com palavras claras, Assim como ao olhar num espelho e ver noseos tracos pela primeira vez, esse lampejo de percepeao pode revelar aquilo a que os outros reagem em nds, expondo-nos de uma forma muito mais clara a nds mesmos. Escrevi este livro para todos os que querem enten- der melhor os meninos e os homens, ou que querem co- nhecer os arquétipos masculinos tanto nos homens como nas mulheres, ou deacobrir algo a reapeito de si mesmos @ suas relagies. Mm particular, eserevi pensando nog ho- mens que querem descobrir o deus interior, aqueles que me perguntaram “¢ quanto aos denses em todos on Ao- mens? E quanto a nds?" AGRADECIMENTOS Cada capitulo deste livro conta com a contribuigio de muitas pessoas que nao sao nominalmente citadas — pacientes, amigos, colegas, parentes, cada homem ou ga- rote importante de minha vida — que sendo quem sfio, exemplificaram certos aspectos do arquétipo de um deus, ou me ajudaram a entender o que é ser menine ou ho- mem nesta cultura patriareal, Ao longo dos anos, as mu+ heres me falaram dos homens de quem cram intimas, dando fis vexes a impressio de conhecé-los até meamo melhor que os préprios — especialmente aquele tipo de homem que ndo reflete sobre si. Significativas contribui- ¢des fizeram por homens que mergulharam fundo comi- fo na andlise junguiana, para descobrir sentimentos, his- Lirias, ¢ partes de si mesmos que eles no inicio ignoravam, que estavam fora de seu aleance, Portanto, a maioria das descrigdes compic-se de mui- tos homens que conheci nas mais variadas circunstincias, especialmente ao longo dos meus 25 anos de consultério psiquidtrico, Meu trabalho se desenrola dentro do terencs (santudrio", em prego) da confianca, da confidencialidade, da seguranga. Nele, o que era inconsciente ou nfo lembrado volta 4 tona com o tempo. Cada um dos homens que me con- fou sua psique ensinou-me mais acerca da psicologia dos ou- tros homens edas mulheres, incluindo eu mesma, Obrigada. 14 Ao longo deste texto usei figuras histdricas, colebri- dades, personagens ficticios, para deserever uma faeeta particular de um deus, Reeorri A imagem publica dessas pessoas e aos comentdrios que fizeram © que cito, mas nfio me vali de conhecimento pessoal ou profissional de- les. As pessoas reais geralmente acabam se mostrando mais e menos do que suas imagens exageradas pela ex- posigio ao publica, ‘Tanto este livra como As deusas e a mulher decorre- ram das descobertas e teorias de C. G, Jung. O trabalho que ele realizou sobre os arquéLipos do inconsciente cale- tive e sobre os tipos psicolégicos assentaram os alicerces do meu trabalho. A descrigao do complexo de Mdipo feita por Freud sugeriu o elo de ligagao entre os mitos gregos ¢ a psique, que, depois dele, o5 autores junguianos inveati- garam muito mais a fundo. A maior parte do que se es- ereveu sobre a psicologia arquetipica desde dung & publicada pela Spring Publications ea maioria dos tra- balhos passou pelas mios do editor James Hillman, A maioria dessas publicagies esta relacionada nas notas aos eapitulos. O trabalho de Murray Stein teve para mim importancia especial. 0 entendimento cada vez maior do que é a cultura patriarcal em que vivemos ¢ de como ela moldou os valo- res, as percepeies ¢, enfim, cada um de nds é um dos gran- dea temas deste livre, e esaa consciéneia cada vex mais apurada vem sendo construida por toda uma geragfio de ativistas, escritores e estudiosos aos quais agradeca, prin- cipalmente 4s mulheres desse contingente. No que diz res- peito 4 minha formagiio pessoal, sou especialmente grata a Gloria Steinem e 4 diretoria e funciondrias da Ms, Four: dation jor Women; a Jean Baker Miller, M.0., ¢ a Alexan- dra Symonds, M.D, assim camo fis mulheres que eompu- nham a forga-tarefa eos comités de mulheres da Aseociagto Americana de Psiquiatria, Anthea Francine, com quem 15

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