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08/06/2021 POF js viewer ENTREVISTA NARRATIVA COM ESPECIALISTA‘ APORTES METODOLOGICOS E EXEMPLIFICACAO Wivian Weller * Sinara Pollom Zardo ** RESUMO Este artigo analisa o aporte metodolégico da entrevista narrativa ¢ da entrevista com especialistas, e sua contribuigao para a pesquisa qualitativa em Edueacto, Apresenta, inicialmente, algumas reflexdes em tomo da Fenomenologia Social de Alfred Schittz e sua relagao com a pesquisa qualitativa. Em segtida, sao discutidos 6s procedimentos da entrevista narrativa desenvolvidos por Fritz Schtitze, bem como aspectos metodolgicos da entrevista com especialistas apontados por Michael Meuset e Ulrike Nagel. Na parte final do artigo, apresentam-se resultados de uma pesquisa realizada com base em entrevistas narrativas com gestores educacionais responsaveis pela implementagao de politicas de inclusio nos sistemas de ensino.Os resultados deste estudo apontam que a utilizagao de entrevistas narrativas com especialistas em pesquisas qualitativas em Educaeao possui uma dimensdo cientifica e politica, nna medida em que permite 0 aprofundamento teérico sobre a trajetéria biogrifica e profissional dos gestores e a relagfo desta com os pressupostos que orientam stias ages na efetivacao de politicas educacionais, Palavras-chave: Pesquisa qualitativa em Educagio, Fenomenologia Social Entrevistas narrativas. Entrevistas com especialistas,Politicas piblicas em Educago. ABSTRACT NARRATIVE INTERVIEWS WITH EXPERT! REFLECTIONS AND EXAMPLES METHODOLOGICAL This article analyzes the methodological approach of the narrative interview and interviews with experts as well as the contribution of these methods to qualitative research in Education. The first section briefly examines the social phenomenology of Alfred Schiitz and his contribution to qualitative research. The next section discusses the procedures of the narrative interview developed by Fritz Scliitze as well as the * Doutara em Sociologia pela Universidade Livre de Berlim. Professoca Adjunta do Departamento de Teoria ¢ Fundamestos a Universidade de Brasilia Un). Professora do Programa de Pés-Grasuacao da Faculdade de Educaeao da UnB. Bolsista de produtividade em pesquisa do CNP9, Pés-douterado a Stanford University (EUA). Coordena o grupo de pesquisa Gerapdes ¢ huventude da Faculdade de Educapio/UnB (GERAJU). Editora de Linhas Criticas ~ Revista da Faculdade de Educagao da ‘UaB. Enderero para comrespondencia: Faculdade de Educagio ~ UaB. Campus Universitario Darey Ribeiro ~ Faculdade de Eiducagao « Asa Norte - Brasilia-DF. CEP: 70910-900. wivian@unb.br ** Doutora em Educasdo pela Universidade de Braslis(UnB). Professora Visitante do Departamento de Teoria e Fundamentos dda Faculdade de Educagio da UnB. Professora pesquisadora do grupo de pesquisa Geragies Juventude da Faculdade de Ede caga0/UnB (GERAIU), Endereso para comtespondéncia: Faculdade de Educapao — UB. Campus Universitario Darcy Ribeizo + Faculdade de Educagio - Asa Norte - Braslia-DF. CEP: 70910-900, sinarazardo@gmailcom Revista da FAEEBA™Educapo e Conterporancdade, Salvador, v 22,n. 40, p. 131-143 jl dz. 2013 131 hitps:tww.revistas.uneb.brfindex phplfaeeba/aticelview/7444/4807 ane 08/06/2021 POF js viewer Encevsta naratva com especialstas’apoias metodolgics e exemplfearSo methodological aspects of interviews with experts as highlighted by Michael Meuser ‘and Ulrike Nagel. In the final section, there is a presentation of examples of aresearch, project based on natrative interviews with educational managers, who are responsible for inclusion policies in the educational system. The findings of this study suggest that (qualitative research in Education through narrative interviews with experts presents 1 scientific and a political dimension. This kind of research enables the theoretical reflection on the biographical and professional trajectory of the managers and its relation to the assumptions that guide their actions for effective policies in education. Keywords: Qualitative research in education. Social phenomenology. Narrative interviews. Interviews with experts, Public policies in education. Notas introdutorias: a contribuicao da Fenomenologia Social de Alfred Schiitz para a compreensao de narrativas e seus significados A crescente utilizagdo das narrativas nas pesquisas de cunho sociolégico tem como justi- ficativa a necessidade de compreender a relagao entre individuo e estrutura e 0 esquema conceitual coustruido de maneia significativa pelos sujeitos 0 relatarem stias experiéncias e trajetétias. Esta petspectiva difere das interpretagdes arbitrérias ‘que isolam as trajetérias biograficas singulares dos eventos sociais em sua complexidade, Busca-se por meio do estudo de narrativas esclarecer como deterninadas agdes sto projetadas, executadas e retrospectivamente acessadas pelos individuos, e, ainda, compreender os motivos que 0 levaram a estas agdes JOVCHELOVITCH: BAUER, 2008: EMBREE. 2011), Os estudos de Alfied Schatz (1974) — autor inspirado na filosofia husserliana e na sociologia weberiana que buscot estabelecer as bases de uma Fenomenologia Social voltada para o “mundo da vida” (Lebenswelt) e para a interpretacdo das experigncias cotidianas (NATANSON, 1974) contribniram de forma significativa para a fan- damentacio tedrica e epistemologica da pesquisa ‘qualitativa, bem como para a construgao de mé- todos de anélise voltados para a compreensto das diversas realidades sociais por meio do estudo de natrativas. A preocupagao central desse autor con- siste em compreender 0 sentido do mundo da vida cotidiana, a forma como as pessoas interagem no dia a dia, Desta forma, segundo Natanson (1974, p. 15), Schiitz desenvolveu uma “fenomenologia da atitude natural”, © entendimento da realidade social pelo viés da teoria schttziana se da pela tentativa de com- pteender 0 “mundo do senso comum”, ot seja, 0 mundo intersubjetivo que o individuo experimenta eo cenfrio da ago social. Assim. considera-se que cada ser humano se situa na vida de uma manei- 1a especifica, denominada “situacdo biografica” (NATANSON, 1974, p. 17). Ao considerar que individuos interpretam o mundo a partir de uma dada perspectiva, de determinados interesses. motivagdes, desejos, entre outros, a realidade nao pode ser concebida sob o principio de validade universal. Dessa forma, o sentido subjetivo que tem uma ago para o ator & tmico e individual porque se origina de uma situagao biografica tinica € particular. Com isso, 0 modo como o senso c xauun se apresenta depende das experiéncias que os individuos constroem no curso de sta existéncia concreta, Segundo Natanson (1974, p. 17): “Mi situacién biogrifica define mi modo de ubicar el escenario de la accién, interpretar sus posibilidades y enfrentar sus desafios”. Outra condigao a ser compreendida para expli- car as possibilidades do mundo do senso comum se refere ao“estoque de conhecimentos” que o sujeito tem a mao’. Essa acumulacao de conhecimento, nas diferentes fases da vida permite ao sujeito atuar de forma diferenciada na sua existéncia. possibilitando que utilize técnicas e estratézias para compreender ou controlar sta existéncia, Portanto, a analise do mundo do senso commum tem origem {Essa aplicapdo se refere & expresso “conceimiento mano’ cunt por Schutz (1974), 192 FRovsta da FAEEBA Eéucayo © Conterporaneiade, Salvador, v.22, n. 40, p. 131-443, jtldor. 2013 hitps:tww.revistas.uneb.brfindex phplfaeeba/aticelview/7444/4807 ane 08/06/2021 social e o conhecimento somente se manifesta de forma interdependente da situagao exclusiva que 0 individuo ocupa no mundo. Na perspectiva da Fenomenologia Social, a realidade do senso commm também se define pelas ‘coordenadas da matriz social, ot seja, pelas delimi- tages da experiéncia pessoal, que se relacionam de forma direta com o espaco eo tempo subjetivo, o que determina a exclusividade de como os sujeitos artam e definem o mundo, Natanson (1974), referindo-se aos estudos de Schittz, afirma que somente sera possivel conhecer a intersubjetividade a pattir de trés elementos: a) a minha posigao em relagao a0 outro, levando em consideracio o fato de que ainda que eu ‘ocupasse o Ingar ou o espago fisico do outro, eu nio teria a mesma condigdo, uma vez que as interstibje- tividades sao diferenciadas: b) 0 conhecimento do ‘outro, ot sea, o reconhecimento e a experimentago do outro como se fosse eu: c) o reconhecimento do ‘outro que viveu antes da minha época, de alguém qne vive na mesma época que eu vivo ou de alguém ‘que viverd depois da minha morte ‘Compreender o mundo do senso comum é compreender a ago social e de acordo com Na- tanson (1974), a ago social & a conduta humana projetada pelo ator de forma autoconsciente. Por ato, entende-se a agdo ja realizada. O centro da questo é compreender o sentido que a ago tem para o ator a interpretagaio subjetiva do sentido, ou, ainda, a maneira concreta como os seres humanos interpretam, na vida didria, sua propria conduta a conduta dos demais. Toda acdo esti relacionada com a realidade social: assim, compreender as ‘miltiplas realidades sociais requer o exercicio de apreensio da realidade eminente. Entende-se por realidade eminente o mundo do fazer, o mundo do senso comum e da vida difria, Nessa perspectiva, situa-se o individuo como corpo, como algo que opera fisicamente no mundo e encontra resistén- cia tanto em seus semelhantes quanto nas coisas. Portanto, inserir-se no mundo significa também co- mmunicar-se nele, ¢ como a commnicagao pressupde intersubjetividade, esta sustenta a realidade social. No entendimento de Schtitz (1979), os proce- dimentos metodolégicos elaborados nas ciéncias sociais para captar a realidade constituem uma importante ferramenta para a compreensio dos principios gerais que governam o couhecimento hitps:tww.revistas.uneb.brfindex phplfaeeba/aticelview/7444/4807 POF js viewer ian Wale: Sinara Peo Zarso Imumano. Nesta perspectiva: “El investigador so- cial tiene por tarea reconstruir el modo en que los hombres interpretan, en la vida diaria, su proprio mundo” (NATANSON, 1974, p. 32). O desafio consiste em elaborar recursos metodolégicos para alcangat tm conhecimento objetivo e verificavel de ‘uma estrutura subjetiva. Para desvendar o mundo social, Schititz (1974) recomenda atentar para trés postulados: a) a coeréncia légica, para garantic a validade objetiva dos objetos de pensamento cons- truidos pelos especialistas em ciéncias sociais: b) a interpretagao subjetiva, que se refere a garantia da possibilidade de referir todos os tipos de acao Inumana ou set resultado ao sentido subjetive que tal ago ow resultado de uma agdo tem para o ator: ©) a adequagdo, que se refere a compatibilidade das construgdes cientificas com as experiéncias de senso comm da realidade social. Sob este prisma, a fenomenologia social de Altied Schiitz representa ‘um importante aporte para o estudo de narrativas, na medida em que instiga o pesquisador a desvelar ‘o sentido que o ator atribui ao seu proprio ato. Este tipo de interpretacao mantém relagao intrinseca com a subjetividade do ser humano e comesponde a elementos de sta situagao biografica, de seu contexto de vida A entrevista narrativa segundo Fritz Schitze A relevancia das entrevistas narrativas na pesquisa qualitativa importa na contribuigao que este instrumento fomece para a compreensao das estruturas processuais dos cursos de vida ou traje- totias dos sujeitos pesquisados (SCHUTZE, 2011). © ato de rememorar ¢ a narragio da experiéncia vivenciada de forma sequencial permitem acessar as perspectivas particulares de sujeitos de forma natural. Riemann ¢ Schiitze (1991), ao trabalharem © conceito de “trajetéria”, fazem referéncia aos estudos de Anselm Strauss, um dos fundadores da ‘Teoria Fundamentada, que contribuin na elaboracao na compreensao da trajetéria como organizagao sequencial de processos que podem ser conhecidos e analisados a partir da perspeetiva de diferentes participantes, em eventos piblicos ou pessoais. A grande contribuigao de Strauss, quanto a0 conceito FAEEBA Educapo © Conterporancidade, Salvador, v 22,n. 49, p. 131-143 jd. 2013 133 ane 08/06/2021 POF js viewer Encevsta naratva com especialstas’apoias metodolgics e exemplfearSo de trajetéria, & avangar no sentido da articulagao entre fendmenos sociais e subjetivos, superando a lacuna da abordagem realizada pelos autores do In- teracionismo Simbolico e da Escola de Chicago, em eral permitindo entender a trajetétia dos sujeitos ‘como um fendmeno biogrifico, Nessa perspectiva, os fendmenos sociolégicos so decorrentes de ‘uma trama de complexidades ~ envolvendo con- tingéncias e situagdes nem sempre controlaveis . ‘que precisam ser analisados de forma processtal com base em dados qualitativos, para que possam set compreendidos. Uma das contribuigdes mais importantes sobre 0 uso de narrativas na pesquisa ‘qualitativa foi realizada por Fritz Schtitze. A andlise de narrativas esté diretamente associada a um tipo especifico de entrevista, também desenvolvido por Schititze e denominado como “entrevista narrativa” (SCHUTZE, 2011; JOVCHELOVITCH; BAUER, 2008). © autor empregou essa técnica de coleta de dads pela primeira vez em um projeto de pesquisa qne buscava analisar as mudangas coletivas em uma comnunidade que passou por um processo de reestruturagao administrativa nos anos 1970, cujo foco estava voltado, sobretudo, para as agdes dos atores politicos locais (SCHUTZE, 1977). Em outra pesquisa, 0 autor realizou infimeras entre- vistas narrativas com cidadios alemaes € norte- -ameticanos nascidos entre 1915 e 1925, com 0 intuito de analisar os impactos da segunda guerra mundial em sens cursos de vida, especialmente as implicagdes biograficas para soldados que vive- ram a experiéneia da guerra (SCHUTZE 1992a, 1992b), Outro campo, no qual também aprimorou a técnica de entrevista e a anilise de natrativas esta relacionado ao servigo de aconselhamento ou orientagao vocacional. Durante mnitos anos (1980 1993), Schtitze foi professor do Departamento de Servigo Social da Universidade de Kassel, 0 que © levou niio s6 a investigar a praxis e 0 campo de atuagao desses profissionais, mas também a inserir «a pesquisa biografica no processo de formagao de assistentes sociais e no servigo de aconselliamento profissional ou de orientagao vocacional (SCHUT- ZE, 1994: KUSTER, 2005) Acntrevista natrativa, como proposta por Schiit- ze (2011), compreende etapas ordenadas. dentre as quais podemse destacar trés etapas principais. Todas as entrevistas deverao iniciar com uma pergunta narrativa orientada autobiograficamente, formulada de forma a abordar toda a trajetéria de vida do sujeito pesquisado, ou parte da histéria de vida, a depender do interesse e do objeto de estudo do pesquisador. Nessa primeira etapa, a producao dda natrativa nao podera ser interrompida: a insergao de novo questionamento somente poderd ser rea- lizada apés a indicagao de uma coda narrativa®. A segunda etapa da entrevista narrativa é dedicada 4 exploragao do potencial narrativo dos temas trans- versais ¢ fragmentos narrativos expostos de forma resumida na primeira parte da entrevista, Apds a explanacao do informante, o pesqisador poder intervir de forma a auxiliar na complementagao. Nesses casos, Schtitze (2011, p. 212) sugere a utilizagao de expresses como: “Sim, ¢, entao, nao consegiti acompanhar o restante. Sera que poderia, a partir deste ponto, contar mais uma vez?”. Por fim, aterceira etapa da entrevista natrativa objetiva a descrigao abstrata de situagdes, percursos e con- textos que se repetem. Nesta etapa incentivam-se respostas argumentativas as perguntas do tipo “por qué?”, ou seja, perguntas que instiguem o infor mante a verbalizar explicagdes subjetivas sobre eventos de sua trajetoria Evidencia-se, nessa proposta de constrigio andlise de narrativas, a relacdo entre experiéncia e Jinguagem, pois a natragao das experiéncias biogr’ ficas e da trajetoria cotidiana é a forma de linguagem que mais se aproxima das situagdes que foram significativas para os informantes que as narraram. Deacordo com Weller (2009. p. 5), a entrevista nar- rativa foi criada com intuito de“... compreender os contextos em que essas biografias foram construidas € 05 fatores que produzem mudangas e motivam as ages dos portadores da biografia” Entrevistas com especialistas: consideracées metodolégicas Entrevistas com especialistas é um procedimen- to bastante utilizado nas pesquisas em Educacao, sobretudo nos estudos sobre avaliagto de politicas educacionais nos quais se realizam entrevistas com 2 Schatze GOH, p. 222) exempliica a coda naatva a partir da blizasto polo informanta das seguntes expresses: “eno, era ‘8:0, no muso, mas mesmo ass” Tass expresidien sadam © ‘echamento de uma dein 134 FRovsta da FAEEBA Eéucayo © Conterporaneiade, Salvador, v.22, n. 40, p. 131-443, jtldor. 2013 hitps:tww.revistas.uneb.brfindex phplfaeeba/aticelview/7444/4807 ane 08/06/2021 POF js viewer ian Wale: Sinara Peo Zarso gestores em nivel municipal, estadual ou nacional: mn pesquisas com dirigentes escolares, professo- res e outros especialistas na area. A técnica mais utilizada nessas pesquisas costuma ser a entrevista semiestrunurada com um roteiro de questdes pré- -definidas pelo pesquisador, que pode orientar-se de forma rigida ow mais flexivel, permitindo que © entrevistado aborde outros temas para além das questdes elaboradas previamente. Ainda que se trate de um procedimento bastante utilizado, carece de maiores reflexdes ¢ anilises do ponto de vista metodologico. Nesse sentido, apresentaremos nesta segao as contribuicdes de Meuser e Nagel (1991, 2009) sobre © processo de elaboragio e anilise de entrevistas com especialistas, Essas reflexdes resultam da experigncia de ambos os autores na condugao de pesquisas com especialistas. Definindo quem é especialista “em que” e “para que” Meuser e Nagel (1991) destacam que € co- mum definitmos autoridades pertencentes aos campos da politica, economia, justiga, academia’ universidades, organizacdes diversas, assiin como professores, diretores de sindicatos ¢ outros tipos de organizagbes, como especialistas. Essas autori- dades — segundo os autores — podem ser definidas como “elites fincionais”, ainda que o termo possa gerar algum estranhamento quando aplicado, por exemplo, a presidentes de sindicatos, assistentes sociais, diretores ou professores da rede pitblica de ensino, Os autores apresentam uma defini¢ao ‘um potco distinta, argtimentando que especialistas so as pessoas que attam no campo delimitado da pesquisa, Nesses casos, a atribuicdo “especialista” € concedida, em primeira linha, de acordo com 0 interesse ot objetivo do estudo em questo e nao necessariamente em razio do cargo ocupado pelo entrevistado, De acordo com essa concepgio, 0 especialista passa a obter um “status relacional” (MEUSER: NAGEL, 1991, p. 443), Segundo Meuser ¢ Nagel (1991), podemos de- finir como especialistas: a) aqueles que de alguma forma sao responséveis pela concepsao, implemen- taco e controle de wm programa: b) aqueles que posstiem tum acesso privilegiado a informagdes sobre grupos, conselhos administrativos e sobre hitps:tww.revistas.uneb.brfindex phplfaeeba/aticelview/7444/4807 processos de decisao. Os autores aconsetham nao entrevistar somente aqueles especialistas que ‘ocupam os principais cargos (primeiro escalio). mas também, e principalmente, aqueles que se encontram em niveis intermedidrios no Ambito da gestio de uma instituigio. Muitas vezes, esses especialistas que ocupam cargos intermediirios so ‘05 que esto em condigdes de fornecer informagdes mais detalhadas sobre as estruturas intemas da ‘organizagao e sobre os seus acontecimentos. Nas entrevistas com especialistas o entrevistado deve ser visto como representante de uma organizagao ‘on instituigao, on seja, como representante de uma estrutura que tem poder de tomar decisdes, deli- berar e resolver problemas. Portanto, nfo devem ser dirigidas questdes relativas a vida pessoal do especialista ou questoes que remetem a tum estilo individual de gestao, Em outras palavras, a fala do especialista nao deve ser interpretada como fruto de sua opiniao individual, mas como um discurso ‘que reproduz opinides, decisdes e deliberagoes da estruttra ou do conselho que ele representa Conhecimento do especialista ¢ 0 papel do entre- vistado na pesquisa ‘Meuser e Nagel (1991) destacam ainda que, no contexto de uma pesquisa, a entrevista com um especialista pode assumir uma posicto central ou secundaria, de acordo com orecorte realizado pelo pesquisador, © instrumento ocupa uma posi¢ao secundaria em pesquisas nas quais a entrevista com ‘um especialista adquire um cardter exploratério, ou seja, quando é realizada com o objetivo de se obter informagdes adicionais sobre o campo da pesquisa. A entrevista asstime wma posigao central quando os entrevistados constituem o alvo da pesquisa como, por exemplo: a) quando eles mesmos 820 0 objeto da pesquisa: b) quando representam tim gru- po importante que ira fornecer importantes dados para a pesquisa, nfo s6 informacdes de contetido. ‘mas também sobre aspectos relativos ao contexto, como, por exemplo, sobre a implementagto de um determinado programa e as tomadas de decisdes MEUSER: NAGEL, 1991). 1 Pesquisas aa quai ss ntevists martes sspscilns cuparam umpopel cena fram devenvolada, entre ores, por Ore (2008) Zarde (2012), FAEEBA Educapo © Conterporancidade, Salvador, v 22,n. 49, p. 131-143 jd. 2013 198 sine 08/06/2021 POF js viewer Encevsta naratva com especialstas’apoias metodolgics e exemplfearSo A entrevista com especialistas constitu uma fonte de informagoes, entre outras. Pode ser utili- zaca em conjunto com outras entevistas realizadas com 0 piblico alvo — em combinagao com entrevis- tas natrativas, grupos de discussto ou grupos focais =. ow como complemento a observagio direta, andlise de documentos ou outras fontes Algumas observacdes sobre a conducio de en- Irevistas com especialistas Embora 0 procedimento denominado como entrevista aberta” represente um modelo utilizado com sucesso em diferentes pesquisas, os autores argumentam que. no caso das entrevistas com especialistas, a elaboragao prévia de um roteiro semiestruturado com questdes que apresentem uma ‘consisténcia légica, demonstrando afinidade e domi- nio do tema por parte do pesquisador sem constitu, ‘no entanto, nma““camisa de forga” apresentaram os melhores resultados nas pesquisas conduzidas por eles, Mas ainda que o pesquisador tenia preparado um roteiro, esmdado o tema com profundidade e buscado informar-se sobre os especialistas que ir entrevistar, nao existe garantia de que todas as entrevistas ocorrerdo dentro do formato esperado. Meuser ¢ Nagel (1991) narram algumas situagdes ‘comas quais 0 pesquisador poderd se defrontar, que serio apresentadas a seguir em forma de parafrase: a) o especialista bloqueia a entrevista: esta situa- edo pode ocorter quando o entrevistado nao ‘um especialista no tema, por exemplo, por 180 mais encontrar-se exercendo a fungao ou, ainda, ‘quando o mesmo se recusa a discutiro tema em. ‘um contexto formal e diante de un gravador: ) 0 especialista envolve 0 pesquisador a entre- vista ¢ faz dele também um especialista: esta postura possui um cardter pejorativo, on seja. 0 entrevistado deixa transparecer que o tema da pesquisa nfo é de seu interesse e utiliza 0 pre- texto da entrevista para falar de outros assuntos ‘ou problemas que estao ocorrendo no ambito de sua gestao: ©) 0 especialista muda de papel: trata-se de uma posicto em que o entrevistado, em algums mo- tmentos, emite opiniées como especialista e, em otros, como pessoa privada. O pesquisador nao ‘tem como interferir nessa dinamica; sugere-se no levar em consideragao essas partes da en- trevista no momento da anilise: «))_ especialista inverte os papéis e passa a fazer perguntas ao pesquisador: tal situagao pode ‘acorrer em casos em que o especialista passa a ‘questionar 0 pesquisador sobre os objetivos de sua pesquisa, sobre o departamentovuniversida- dea qual esta vinculado ete.: €)_oespeciatista esta mais interessado em uma es- pécie detroca de ideias como entrevistador: S80 casos em que 0 especialista parte do principio ide que existe uma reciprocidade de perspectivas enitie ambos © o pesquisador € transformado em coespecialista. Nesses casos, os autores sugerem uma abertura do discurso, ou seja, ‘uma condugdo menos estruturada da entrevista, ‘que permite um direcionamento e detalhamento dos objetivos da pesquisa e sta relagao com 0 contexto em que se encontra o especialista: 1) o-especialista transforma a entrevista em uma especie (de “reforiea”: ocomre em situagdes nas quais o entrevistado discore sobre 0 couheci- ‘mento que possui sobre determinado assunto em forma de diseurso ou palesta Com base nas observagdes acima, torna-se evidente a necessidade de preparo e competéncia para a condugio de entrevistas com especialistas. ‘Mauser e Nagel (2009) afirmam que em outros contextos 0 pesquisador adquire mais informagoes dos entrevistados quando demonstra nao conhecer ‘ou dominar 0 assunto, No entanto, essa estratégia no funciona nas entrevistas com especialistas, pois passaria a impressto de que o pesquisador é incom petente, Outros aspectos, como sexo e idade do pesquisador, também sao fatores que precisam ser considerados, a depender do tema da pesquisa e do perfil dos especialistas que se pretende entrevistar: Entrevista narrativa com especialistas: um estudo com gestores de Secretarias Estaduais de Educacao* Sobre a pesquisa e critérios para a selecao dos entrevistados 43 Nesta parte sero apresentados dados da pesquisa de doutrado sealizaca por Siar Pollom Zardo sob crenaggo de Wivan Welle, ‘ns Progra de Pos Genduagao om Esieagso da Unveridnds d= ‘Basia. elo mse de carateresserdrealizada uma epresertaglo scita,Para maoresinformagses ver ZARDO (2012). 198 FRovsta da FAEEBA Eéucayo © Conterporaneiade, Salvador, v.22, n. 40, p. 131-443, jtldor. 2013 hitps:tww.revistas.uneb.brfindex phplfaeeba/aticelview/7444/4807 ane 08/06/2021 POF js viewer ian Wale: Sinara Peo Zarso A pesquisa “Direito eduicagao: a incasao de alunos com deficiéncia no ensino médio e a orga- nizagao dos sistemas de ensino” (ZARDO, 2012) teve como objetivo analisar os processos de gestao dos sistemas de ensino das Unidades Federativas brasileiras com a finalidade de realizar a inclu- sao escolar de jovens com deficiéncia no ensino médio, considerando a expansio da idade escolar obrigatéria até os 17 anos, conforme a Emenda Constitucional n° 59, de 11 de novembro de 2009, a expansdo da oferta do ensino médio como etapa obrigatéria da formagio. Snbsidiada pelos referenciais da Fenomeno- logia Social de Alfred Schititz, pela proposta da ‘entrevista narrativa desenvolvida por Fritz Schtitze, bem como pelas reflexdes sobre entrevistas com especialistas desenvolvidas por Meuser e Nagel realizou-se uma pesquisa com os gestores das secretariais estaduais de Educacdo responsaveis pela implementagao da politica de inclusdo nos sistemas de ensino, Foram sujeitos da pesquisa 05 gestores dos estados de Sao Paulo, Goids, Parand ‘Tocantins e Maranhao. O convite para participagao da pesquisa foi encaminhiado aos secretirios de Estado da Educagao, tendo eles indicado os ges- tores responsiveis pela érea da educagdo especial para conceder a entrevista. As entrevistas foram realizadas presencialmente, em local reservado. geralmente nas secretarias de Estado da Educagao ‘ou em érgios vinculados em cada estado. A construgao do corpus de pesquisa orientou-se pela identificacio do estado de cada uma das cinco regides geogrificas brasileiras que apresentava maior indice percentual de matricula de ahmos com deficigncia no ensino médio, de 15 a 24 anos, no periodo de realizacao da pesquisa. Para tanto. realizou-se o calculo do percentual de jovens com deficiéncia, entre 15 ¢ 24 anos, matriculados no ensino médio — conforme dados do Censo Escolar MEC/INEP (BRASIL, 2009) — em relagao & popu- aco com deficiéncia, de 15 a 24 anos, conforme ‘Censo Populacional do IBGE (INSTITUTO BRA- SILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISITCA 2000). Com isso, obtiveram-se os indicadores de inchustio dos jovens com deficiéneia no ensino médio em cada wma das unidades federativas € identificou-se aquela com maior indice de matri- culas em cada regido geogrétfica brasileira. hitps:tww.revistas.uneb.brfindex phplfaeeba/aticelview/7444/4807 Entrevistas narrativas com gestores Tratando-se do processo de realizacto de pes- quisas que utilizam entrevistas narrativas como instrumento de coleta de dados, Strauss e Corbin (2008) destacam que a selecao dos informantes deve ser guiada pelo principio da amostragem tedrica, Segundo os autores, a amostragem teérica fomece um ponto de partida para a coleta dos da- dos, ou seja, seu objetivo é promover a obtencao de dadios de forma a ajuidar ou auxiliar o pesquisador aexplicar suas categorias, orientando o desenvol- ‘vimento conceitual eteorico da pesquisa, Portanto, nessa perspectiva, o desenvolvimento de teorias se dé a partir da pesquisa baseada em dados, que necessariamente demandam de anélises compara- tivas entre a teoria gerada pelos dados e as teorias adicionais j4 estabelecidas. Esse processo permite identificar o leque de possibilidades de investigagao de diferentes processos biogrificos no campo da pesquisa. No caso de realizagao de entrevistas narrativas, Apple (2005) sugere a utilizagao de procedimentos éticos no contato com as instituigdes pesquisadas Considerando essa orientagaio, solicitou-se autori- zagao para o desenvolvimento da pesquisa com os assessores dos gestores das secretarias de Estado da Educagao. © contato com antecedéncia e os esclarecimentos acerca dos procedimentos metodo- ogicos e objetivos da pesquisa foram fundamentais e evitaram constrangimentos no momento em que se realizaram as entrevistas. Para a realizagao das centrevistas narrativas, organizou-se um tépico-gttia, conforme orientagdes de Weller (2006). 0 tépico- guia no consiste em um roteiro fixo a ser seguido enio é apresentado ao entrevistado: compde-se de perguntas amplas que objetivam gerar narrativas e que buscam estimular a participagiio do sujeito da pesquisa. A estrutura da entrevista narrativa foi ‘organizada em blocos tematicos, compostos por pergunta inicial e perguntas sobre a organizagao do sistema de ensino, a incluso de jovens com deficigncia nas escolas de ensino médio, a acessi- bilidade e 0s servigos e recursos especializados e os desafios para a inchisto escolar (ZARDO, 2012). A realizagdo de entrevistas narrativas em vez de entrevistas semiestruturadas permitiu evoluir no campo de anzlise sobre os processos de gestio das FAEEBA Educapo © Conterporancidade, Salvador, v 22,n. 49, p. 131-143 jd. 2013 197 me 08/06/2021 POF js viewer Encevsta naratva com especialstas’apoias metodolgics e exemplfearSo unidades federativas brasileiras, pois favoreceu a interpretagio do fazer organizacional com relacso 4 implementagao da politica de inelusao a partir das posigées ocupadas nas respectivas secretarias estaduais, bem como das experiéncias e trajetdrias dos sujeitos executores das ages. Portanto, pode-se afirmar que as entrevistas natrativas possibilitaram ampliagdio da compreenstio dos contextos pesqui- sados, 1a medida em que permitiram a inserga0 em. diversas situagdes do trabalho cotidiano e 0 con- tato com os atores sociais, favorecendo a reflexio DEVER” que sero detalhados a seguir “Educagao inclusiva como DIREITO”, a) Educagao inclusiva como DEVER Aeducagao inclusiva na perspectiva do dever — ‘dentificada nas narrativas dos gestores dos estados de Tocantins¢ e Maranhao” —remete ao cumprimen- to da norma juridica telativa a0 diteito A Educagao e ‘a0 proprio papel do Estado, Tem como fundamento ‘ tratamiento igualitirio dos seres humanos median- tebrica sobre os eventos e as agdes realizadas para a efetivagao das politicas piblicas educacionais. Educagdo inelusiva como DEVER ¢ como DI- REITO: anétise dos quadros de referéncia que orientam as priticas dos gestores te 0 juizo pritico do direito. Buscando obter infor- ‘mages sobre a concepeao de educacdo inelusiva no estado de Tocantins, a entrevistadora realiza uma pergunta sobre o processo de inclusao de estudantes com deficiéncia nas escolas estaduais. A resposta apresentada é elaborada a partir da perspectiva da posigao do estado, configurando, por assim dizer, ‘uma postura institucional: Seguindo os passos do Método Documentirio (WELLER, 2005: NOHL, 2010), da-se inicio a andlise detalhada da narragao inicial (primeira etapa da entrevista, segundo a proposta de Fritz Schiivze). segntida das passagens que apresentam informagoes significativas sobre a trajetéria do individuo e das ‘passagens relacionadas ao tema da pesquisa. Apos anélise formulada e refletida de uma primeira entrevista’, procede-se com a anflise de uma nova entrevista de forma semelhante. No entanto, essa segunda entrevista ja sera analisada em comparago ‘com a primeira, e assim sucessivamente. No contexto da teoria fundamentada, 0 princi- pio da comparagao constante tem como objetivo a construgao de categorias que emergem da empiria yy e que, por assim dizer, sto refinadas até atingir-se um nivel de saturagao delas (STRAUSS; COR- 'Y: Como que € vista aqui no estado a questao da incluso de alunos com deficiéncia nas escolas? TO: 0 estado trabalha né de forma é:: realmente a desenvolver todos os projetos né todos os progra- mas que Ihe sto no caso atribuidos né a gente tenta desenvolver tenta executar atualmente né todas as politicas que sao pertinentes né a gente segue real- ‘mente as orientagdes do Ministério e busca também ing é recursos né para que a gente realize um trabalho condizente para que tenha realmente um trabalho de qualidade né envolvendo todos os alunos com deficigncia e fazendo realmente a inclusio deles né na escola A funco executiva do estado é destacada tanto que se refere ao desenvolvimento de politicas especificas na érea da educagao especial, quanto na BIN, 2008: CHARMAZ, 2009). Para o Método Documentirio, a comparagao constante entre casos homélogos e casos distintos objetiva a construcao de tipos, porém distintos dos tipos ideais da teoria ‘weberiana (BOHNSACK, 2011: WELLER, 2011), No caso da pesquisa em tela, foi possivelidentificar dois tipos de orientagao presentes nas narrativas dos gestores estaduais e que so constitutivos na forma como estes buscam implementar as potiticas de inclusio em seus estados. Os tipos de orientagao identificados foram “Educagao inclusiva como 5 Sobre os passos detnidos como anise Formulada e relied, ver ‘Weller (2005), Bohnsacke Weller (2012); Zardo 2012), ‘imo de captar recursos para o desenvolvimento dde um trabalho de qualidade. A sfirmaclo “a gen- te segue realmente as orientagdes do Ministerio” 6 Eaizevsareaizada em dezemtro de 2010, Dados de strvietada: ‘eco femini, sD anos oranda am Pedapopia covnaspacializa emPeicopedagogiaeEucagto Especial Amana rea da Educate ‘ni 10 anos, desenvolvendofimgées de docente nes anos fins do sino fundamental ena estimnlagdo precoce, staan tmbém na ‘coordenagto pedagbeice de escola especial vncalada A APAE, no Interior do estado 7 Entrevista eliznda om dezomfro de 2010, Dados da entrevista: ‘exo femnino, $6 anor, graduado ent Flos, po graduagio eat "Eheayo Especial, &época,mestrando em Eaucagto. tna na dea da Educayio hd 16 anos, dasonvolvende fangdes como docente do fnsino masioe ds ansno spar» dacetssinereats do Nico e Ativdades pare Alunos com Alas HabidadesSuperdotato (NAAH) do Marah, 198 FRovsta da FAEEBA Eéucayo © Conterporaneiade, Salvador, v.22, n. 40, p. 131-443, jtldor. 2013 hitps:tww.revistas.uneb.brfindex phplfaeeba/aticelview/7444/4807 ane 08/06/2021 POF js viewer ian Wale: Sinara Peo Zarso remete para tima avaliagao de que o trabalho de- senvolvido pelo estado esta coerente com a politica proposta em émbito federal, dando a entender que 0 dever do estado esti cumprido em relagao a im- plementagao da politica de inciusao. O fato de o estado seguir as orientagdes do MEC é considerado pela informante como um fator determinant da ‘qualidade de educagao e da efetividade da inclusao de alunos com deficiéncia na escola. No caso da gestora do estado do Maranhio, a0 ser questionada sobre 0 modelo de educagdo es- pecial, relata a proposta que norteia a organizagao do sistema de ensino e as diretrizes da Secretaria de Estado: ‘Vocé poderia falar um pouco sobre o modelo de ‘educagao especial que ¢ adotado aqui no estado? ‘MA: (3) O modelo? Y: (2) Qual a proposta de educagio especial do estado? MA: Eu ate ja fui questionada assim se a gente 1140 tiuha uma politica do estado do Maranhio ¢ por que ‘se seguia 0 Ministério da Educagao entao se existe um nortear é 0 trabalho do préprio Ministério da Educagio ¢a orientagdo que a gente recebe do Mi- nistério entao a gente procura seguir essa orientagao amas a gente se VE na situagao de ter que conviver ¢ solucionar alguns problemas que ainda esti dis- tantes dessa condi¢do do proprio Ministério e dai a questao é que o estado nfo tem wa politica né cle segtea politica federal Para responder a pergunta, a gestora faz referén- cia a um evento passado, no qual foi questionada sobre a politica do estado, Essa referéncia pode ser compreendida tanto como elemento introdutério da argumentagao, como uma tentativa de adequar os termos da pergunta, na tentativa de firmar uma posigfo. A gestora afirma que a proposta de educa- ‘40 especial desenvolvida no estado esta orientada pelo Ministétio da Educago e, em virtude da ade- sf a esta politica, 0 estado mio desenvolven uma politica propria nesta érea. Ainda que o Estado do ‘Maranhao siga as normativas do MEC para a orga- nizagao do sistema de ensino, existe distanciamento entre 0 que postulam tais documentos federais & a atual organizacdo do sistema estadual, indicando desafios a serem enfrentados. O dever de garantir 0 direito A educagao aos alunos com deficigneia se ccumpre na perspectiva da orientagao federal. afim de alcangar o cumprimento integral dos prineipios legais, atingindo, nessa perspectiva, o éxito na implementagio da politica de educagao inclusiva, ‘A anilise comparativa revelou que as concep- ‘g0e5 de educagio inclusiva de ambas as gestoras estiiorelacionadas & érea especifica da educacio es- pecial es necessidades especificas do pitblico-alvo desta modalidade de ensino. A agao organizativa dos sistemas de ensino estaduais é formulada na perspectiva do dever, ou seja, no sentido de atender aasmomnativas vigentes e, em consequéncia, cumprir © papel do estado federativo. bb) Educagao inclusiva como DIREITO A educagio inclusiva, na perspectiva do di- reito, & configurada como um tipo de orientagao identificada a partir da lgica do reconhecimento € da proterio dos direitos humanos. Refere-se a0s direitos fimdamentais e ao papel do Estado Demo- titico de Direito de garantir a dignidade da pessoa fmumana, na sua individualidade. Destacam-se os informantes dos estados de Séo Paulo’, Goiis? e Parand!*, que em suas narrativas apresentaram elementos vinculados a essa perspectiva. ‘Motivada pelo desejo de compreender o pro- cesso de inclusdo no sistema de ensino paulista, a entrevistadora langa uma pergunta sobre a forma como a Secretaria de Estado de So Paulo apoia a inclnsao nas escolas’ 1 Fnirevistarslzads em noverabro de 2010, Dados da informants: ‘exo masculinn, 63 anos, sexo masculine, Rachael et Teolopa, Ligenctura em Filosofia eHistia. Tua na dea da educagso bi 32 anos, tendo desenvovido fangdes como professor efstivo nos ‘nosis densi finders asin tion ceeds Historia como assistentetéenco de oficinapedagdgica, Est vinulado & Secretaria de Estado da Educardo de Sao Paulo ha 10 anos. ‘9 Entrevista eliza tm nove d 2010, Dados do inmate “44 anos, sexo masculine, Bacharel em Fost Telogi, Lingua Portuguesae Direta, Mestre em Ciacies 6a Relist. Desde 1988, {professor eftvo da rede entadoal de exsino,atuando emo do- benta|ace anos Sais do ana fndamental. 9 ana aio no ‘ensino superior A tajesiria de vida do enze nado Emarcoda pela ‘ulitinea em Dirtos Humanos, fondo auado como coordanadar {So Movimonta Necsonl de Duetos manos no stad de Gai 10 Eatevistaelizada em dezemfro de 2010. Dada: so fminno, ‘dade nfo informada. Graduada cm Direito com especilins30 pels Esole Superior do Ministino Piblico. Em 198, ngresou ‘a Secretaria de Estado da Educaco do Paran, 20 Departamento de Educoggo Especial. A trajetira da gestora é demarcade pola stage nas ireas juridica © Educayo, tendo participado de di- ‘rss process de slaborspo de lpislagses do etado, Posen vineul com o movimento das Associa de Pats e Alunos dos Excepcionais (APAE), Revista da FAEEBA™Educapo e Conterporancdade, Salvador, v 22,n. 40, p. 131-143 jl dz. 2013 138 hitps:tww.revistas.uneb.brfindex phplfaeeba/aticelview/7444/4807 ane 08/06/2021 POF js viewer Encevsta naratva com especialstas’apoias metodolgics e exemplfearSo ‘Y: E em relacao as escolas, como € que esti esse processo de inchisto? SP: Bom primeira coisa que a gente tem trabalhado ‘muito pra entender as pessoas assim quando fala assim sia incluso eto a gente Vai ds Vezes visitar escola ou a gente ouve a fala do pessoal da escola por exemplo olha en tenho trés alunos de incluso quer dizer entao espera ai que os outros sao de exclusao? Ne enfio tem que ficar bem claro para eles no perderem 0 foco dessa coisa da educaczo inclusiva que educasao inclusiva € pra todos né {que todos tm que estar incluidos entto sé que a incluso desses alunos com deficiéncia ¢ diferente da inclusao dos outros porque é precise algumas coisas diferentes ou ¢ preciso mais do um lapis a caneta e 0 papel as vezes precisa de uma lupa precisa nfo sei de uma maquina Braille precisa de ‘um computador né no aluno com deficiéneia fisica ‘ou paralisia cerebral ete. © informante constr6i sua explicagao sobre a educagaio inclusiva a partir da exemplificagaio de casos de visita as escolas e de discursos dos profis- sionais da Educagao que se referem aos anos com deficiéncia como “alunos de incluso”, Em seguida, questiona se os demais alunos, aqueles que nao posstiem deficigncia, seriam “alunos de exclusaio” A intengio do entrevistado, ao demarcar essas duas categorias, pode ser compreendida pela necessidade de explicitar que a concepgao de educagao inclusi- vaniio se refere somente participagao de alunos com deficigncia nos processos de escolarizagao do ensino regular, mas & possibilidade de parti- cipagtio de todos os ahinos, independentemente de suas caracteristicas, Segundo o informante, a inclusdo escolar é para todos, porém. o que difere no caso dos estudantes com deficiéncia é que sua participagao nos processos de aprendizagem requer materiais para além dos tradicionalmente utiliza- dos na escola, escolhidos conforme a necessidade educacional especifica desses alunos. A entrevista narrativa realizada com orepresen- tante do estado de Goids revela que ha consenso do sistema de ensino estadual quanto participagtio dos alunos com deficiéncia nos processos educacio- nais. Apds essa afirmagao, destaca: “[...] entao nds indo temos problemas de acesso, nds temos proble~ ma de permanéneia”. Ou seja, 0 desafio refere-se A promogao de condigdes de permanéncia desses alunos, ot seja. A criagdo de condigbes efetivas de participagao e aprendizagem. Ao expor sobre a ‘organizacao e os processos de gestdo da Secretaria de Estado, o informante relata: GO: [..] entdo () na verdade agora que a gente ccomega a falar nao esse aqui é o setor de incluso dda Secretaria ¢ esse no inicio quando en comecei a responder essa questao aqui eu estava falanda disso esse € um problema como transformar a discussio da inclusio como eixo central da acao educativa da Secretaria de Educagao né Porque esse tem que ser o eixo central ro::do o resto tem que entrar aqui quer dizer vocé esta querendo fazer uma escola pra todos se voce esta quetendo fazer escola pra todos todos sio todes Anarrativa do entrevistado remete a universali- dade do acesso 4 educacao e A equidade, expressos na fala: “se vocé esti querendo fazer escola pra todos, todos sto todos”, que faz referéncia a demo- ctatizagao da escola piblica para todas as pessoas, independentemente de suas diferengas. Com base na interpretagdo da narrativa do informante, a perspectiva do direito se afirma pelo consenso da esti de que os alunos da educagao especial fazem parte do sistema de ensino como um todo, de que © desafio de garantir a permanéncia de todos na escola demanda a atuagao da secretaria e de que o eixo dos processos organizacionais de Educagao deve ser a eduicagao inclusiva, a fim de garantir 0 direito de todos a Educagao, or sua vez, a informante do estado do Parana demarcou sua concepgio de educagao inclusiva de forma atrelada a sta vinculago com o movimento das APAEs, Segundo a gestora, as transformagdes no contexto da organizacdo da educagio especial no sistema de ensino brasileiro eram absolutamente necessitias, no entanto ela questiona a forma e 0 ritmo com o qual o MEC tem orientado o processo. Apés essa exposigo, complementa sua concepgaio, conforme segue PR: [..] entdo por iso penso que 0 processo de in clusdo éele importa em alsuns momentos historicos com muptutas mas quando nds radicalizanios nao deixamos aqueles que apresentam uma especifici- dace nmita intensa uma necessidade muito intensa espagos especialmente preparados pro seu processo de aprendizagem nos em nome da maioria sacrifi- ‘cams tama minoria (.) 140 FRovsta da FAEEBA Eéucayo © Conterporaneiade, Salvador, v.22, n. 40, p. 131-443, jtldor. 2013 hitps:tww.revistas.uneb.brfindex phplfaeeba/aticelview/7444/4807 sone 08/06/2021 POF js viewer ian Wale: Sinara Peo Zarso Em sta opinifo, o processo de inclnsao deman- da romper com priticas excludentes que histori- camente vitimaram essa poptlagao. No entanto, a gestora adverte que a radicaliza¢ao pode sacrificar ‘uma minoria ao afirmar: “nds. em nome da maioria, sacrificamos uma minoria”. A adverténcia se refere 0 fato de que a defesa pelo principio da inclusto radical, de que todos os alunos com deficiéncia deverao ser escolarizados na escola comum, sem considerar stias especificidades de aprendizagem, poder gerar mecanismos de exclusio no interior da escola, além de comprometer 0 processo de aprendizagem. A gestora defende que os processos educacionais especificos devem ser pensados para contemplat as diferentes especificidades humanas, no intuito de inchuir a todos. Em sintese, 0 entendimento do informant do estado de Goitis de que a educago inclusiva deve se constituir como eixo central da agao educativa 6 ratificado quando afizma que & consenso o direito de acesso aos estudantes com deficiéncia, © que 0 desafio consiste na permanéncia desse alumado no sistema de ensino. Ja a informante do Parana ‘demarca sua concepeto a partir do questionamento ‘quanto & forma como a politica de incluso vem sendo implementada no pais. Por fim. o informan- te do estado de Sao Paulo também parila dessa orientagio ao defender que a educagio inclusiva no pode perder seu foco. que consiste no direito de todos A Educacio ena promocaio da acessibilidade s trés gestores compreendem as pessoas com deficigucia como sujeitos de direitos, e, em conse- ‘quéncia, assiumiem a postura institucional de defesa ¢ garantia da Educacao como direito humano Consideragées finais © processo de anélise das concepgdes de edu- cacao inciusiva apresentadas pelos informantes permitin a construgao de dois tipos de orientacao: a educagao inclusiva como direito e a educagao inclusiva como dever. E interessante destacar que a definigao desses tipos de concepgao tem relagao infrinseca com a trajetéria profissional dos infor- ‘mantes. Sao 05 elementos constitutivos da trajetstia biogrifico-profissional dos sujeitos da pesquisa que definem tanto a forma de aproximaso com a dea da educagio especial, quanto a concepgio sobre a condigao da pessoa com deficigncia, interferindo di- retamente na elaboragao de agdes para a implemer tacao da politica de inchsao nos sistemas de ensino, ‘Metodologicamente, ¢ importante destacar que arealizacio de entrevistas narrativas com especia- listas demanda postura ética e exige cuidados por parte do pesquisador na estruturagao do instrumen- to de pesquisa, de forma a provocar os informantes a elaborarem as narracdes que permitam a identifi- cagao de pontos de referéncia para a reconstmucao as orientagdes de conduta dos profissionais. Essa pratica na pesquisa qualitativa em Educagao con- tribui para o estudo em profundidade da relacdo existente entre as visdes de mundo dos individuos @ stias atuagbes profissionais em processos orga- nizacionais nas instituigdes. Nessa perspectiva, destaca-se as contribuigdes domeétodo documentario, que foi auxiliar na tarefa de desvelar as concepebes dos gestores sobre a de- ficiéncia e a politica publica de inclusao e a forma ‘como estas visdes de mundo infiuenciam na imple- mentagdo do direito & Educacdo desses estudantes no ensino médio. Esse conjunto de fatores permitiu evoluir no campo de anzlise sobre os processos de gestio das unidades federativas brasileiras, pois favorecen a interpretagao do fazer organizacional a partir da perspectiva dos sujeitos produtores da agao, Portanto, pode-se afimar que a utilizagao do método documentirio e de entrevistas narrativas em pesquisas qualitativas em Educacao possuem uma dimensao politica, na medida em que possibilitam a0 pesquisador a insergao em diversos contextos & ‘© contato com os atores sociais, permitindo a refle- xo teérica sobre os eventos e as agdes cotidianas realizadas para a efetivagtio das politicas piiblicas eduicacionais, REFERENCIAS, APPEL, Michael. La entrevista autobiografica narrativa: fandamentos tedricos y la praxis del analisis mostrada a partir del estidio de caso sobre el cambio cultural de fos Otomies en Mexico. Forum Qualitative Sozialforschung/ Forum Qualitative Soctal Research [On-line Journal]. v. 6... 2005. Disponivel em: . 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