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SCRIPTA LITERATURA Revista do Programa de Pés-graduacado em Letras e do Cespuc Organizada por Marcio Serelle Melania Silva de Aguiar Terezinha Taborda Moreira ISSN 1516-4039 ‘SCRIPTA Belo Horizonte 21 p. 1-280 2° sem. 2007 “Sempr’ andarei por voss’ ome”: a vassalagem de amor na lirica trovadoresca Radil Cesar Gouveia Fernandes" Resumo A Iirica trovadoresca dos séculos XII ¢ XIII representa 0 amor de modo até entao desconhecido e que iria influenciar profundamente a literatura moderna. Neste artigo pretendemos demonstrar em que medida o assim chamado “amor cortés” é descrito pelos trovadores como forma de relacionamento anéloga a relagao vassélica caracte- ristica da Europa feudal Palaveas-chave: Litica galego-portuguesa; Lirica provengal; Amor cor- tés; Vassalagem, antigo dos trovadores conhecidos (1071-1126), 0 autor declara experi- mentar os sentinentos de um namorado perfeito, completamente apai- xonado e submisso. Este homem poderoso, cujos dominios excediam aos do préprio rei de Franca, na canio “Mout jauzens me preac en amar”, por exem- plo, assume a posigio de um humilde vassalo, submetendo-se docilmente a to- dos os caprichos da mulher amada: N as poucas poesias que nos chegaram de Guilhem IX da Aquiténia, o mais Sim vol mi dons s'amor donar, pres sry del penv’e del grazir e del celar e del blandir e de sos plazers dir e far e de sos pretz tener en car e de son laus enavantir$ {Texto recebido em maio/2007 ¢ liberado para publicagio em junho/2007, * Doutor em Literatura Poreuguesa pela USE " "Se minha dona seu amor quiser proporcionar-me, sabereirecebé-lo ¢ testemunhar mink gratidio; saberei guardar segredo,trxzer-Ihe carfcas, nio freer nada senio por seu prazer; saberei apreciar © seu valor ¢ apregoat seus louvores” (SPINA, 1991, p. 101-103) SCRIPTA Bob Howone eT A 21 pea Pama SC Rail Cesar Gouvela Fernandes No entanto, 25 noticias conhecidas sobre a vida do poeta nao confirmam a imagem do amante timido e fiel eriada em seus poemas: os bidgrafos retratam Guithem como homem inescrupuloso, que foi alvo de diversas excomunhdes io apenas por desrespeitar direitos eclesiésticos, mas também gracas a seu en- yolvimento escandaloso com diversas amantes. Ainda assim, é em sua obra que se vislumbram os primeiros elementos do que posteriormente a critica chamaria de “amor cortés”, que caracteriza toda a poesia dos trovadores que se lhe segui- ram (cf, FERNANDES, 20012). Tendo surgido primeiramente na lirica provencal, o tema do amor cortés rapi- damente influenciou poetas de diversas outras regiGes da Europa, inclusive da Peninsula Ibética.? Os trovadores occitanicos chamavam-no de fin’amors ~ ex- pressio em que 0 adjetivo fin, de acordo com Jean Charles Payen (1978, p. 153), traduz ao mesmo tempo as nogées de perfeigao, do lat. finis, ¢ fidelidade, do lat. fidus ~ e, menos freqiientemente, verai'amors (“verdadeiro amor”) e bon'amors (“bom amor"). Trata-se, pois, de uma maneira especial de amar, mais elevada e nobre, que seria apandgio de poucos. Enfim, como nota André Capetio no final do séc. XT1, 0 verdadeito amor deveria ser em tudo oposto ao que ele chama pe- jorativamente de amore rusticorum, o amor dos camponeses (2000, p. 206-208). De acordo com esta nova maneira de retratar 0 relacionamento amoroso, a mulher, nis adiante, na cangio citada, Guilhem da Aquitania declara estar cheio de paor (medo) dela. Em suma, a dama é retratada como sendo uma espécie de suserana de seu humilde namorado, que assume o papel de vassalo. De fato, na lirica occi- tanica a superioridade feminina é marcada pela forma de tratamento midons, re- sultado da contracio da expressio latina meus dominus, que carrega conotagao feudo-vassflica evidente. Os trovadores galego-portugueses também chamavam a. amada de mia senbor, embora seja preciso notar que no portugués arcaico, se- ‘nor, como todas a8 formas terminadas em or, ndo apresentava flexio de género. sna de todos os louvores do amante, figura como a soberana absoluta; ‘Assim, 0 térmo senor neste caso é feminino (como demonstra, de resto, 0 pro- nome mia que o antecede), diferentemente da expressio provencal midons, que significa literalmente “meu senhor”. ‘De qualquer modo, também na lirica galego-portuguesa a senbor, representa- dacomo moral e socialmente superior a0 poeta, mantém com ele relacionamen- to andlogo 8 relagio de vassalagem. Afonso Eanes do Coton declara-o expressa- 7 Ermbora a evtea normalment se efraaliviea provenal”, a regiio onde esta nova poesia surgi era reais ampla que aProvenga, abrangendo véia provinis do sul trancs cujosdialetos eram similares { costumam ser designados por ling dae, em opasigto aos falares do norse da Franca, a ingua a, {4s qual provémo frances moderna: Os poetas do Languedoc (edo em ques falavaa lingua doc) por isso também chamados de occtinicos, soo roubadows 08 da Franga Setentrional,queeseevia em lingua dot, ado chamados de trowodres (Cl. RIQUER, 1992, p. 9-It; SPINA, 1991, p. 17-23) 222 ‘Sempr’ andare) por vos’ ome”: a vassalagem de amor na lirica wovadoresca mente, perguntando-se “(e) que queria) eu melhor/ de seer seu vassalo/ e ela mba senhor?”? O trovador portugués Fernao Garcia Esgaravunha deixa-o ainda mais claro sio refrio, escrito em francés, de uma cantiga sua: dizer-vus quer’ eu iia ren seifor que senpre ben guige: ar sachaz veroyamen que ie soy vou ome lige, (A 126; B 241) ‘A fim de professar seu amor e fidelidade, Esgaravunha emprega um termo ju= ridico, “homem ligio” (ome lige), utilizado na Franga do século XII para designar co vassalo. Quase cem anos antes, Bernart de Ventadorn ja declararaa sua dama al~ go semelhante: “qu’eu sui sos om liges, on que m’esteya” (“Pues soy su hombre ligio dondequiera que esté”, na tradugio de RIQUER, 1992, p. 83). © paralelismo entre a vassalagem feudal ¢ a amorosa é mais explicito na can- ¢4o “Lai on hom muller’e reve”, de Guilhem de Bergueda: Etivai lai sis plate, ¢ no, qu'en mi non a dreit ni razo ‘mas cum ser, si Diews mi perdo, ‘pus mos mas dins los vostres tine ede vos servir no.m retinc Dones, pus en mi non aren miew, faita ne cum pros dona del siete. Vostres suy ses autr’ochaiz0, per la bona fe qu’ie.us covine..t Mais uma vez 0 trovador se prostra diante da dona (do lat. domina) como cria- tura inferior; aqui, no entanto, a nogio de vassalagem amorosa é reforgada pela referéncia a0 rito da immixtio manum no quarto verso. Desde os tempos carolin- gios, durance a ceriménia na qual se selava a contrato feudal, “o vassalo, geral- mente ajoelhado, cabeca descoberta e sem armas, perante o seu senhor, coloca as suas méos juntas nas mos do senhor, que as fecha sobre as do vassalo” (GAN- SHOE, 1976, p. 100); com isso, simbolizava-se sua entrega incondicional ao suse- rano ea protegio que dele esperava em troca. A seguir, havia o juramento de fi- delidade (do lat. fides, £6), a que Bergueda alude no iltimo verso da estrofe. 778971. As cantgas galego-portuguesas si citadas de acordo com a liso da Lira profana galego- portuguesa, de Mercedes Brea (1996). Entre parénteses, indicamos sua posigio nos Cancioneiros da ‘Ajuda (A) € da Biblioteca Nacional (2) + *Tréallf,sios place, o no [iré, sino os place), porque en mf no hay derecho ni razén sino como en un ve (qo Duos perdona), pues ate ie mnes dentro de hs wostan no me soto deer Yiros, Ast, pues, ya que en mi no hay nada mio, haced de mf como noble dama eon lo que es suy Soy vuestto sin tingtin pretexco, por la buena fe que os promett..” (RIQUER, 1992, p. 79-81). 223 SGRIPTA. Belo Horzonie, «10s 21,p. 220 Rad Cesar Gouveia Fernandes Embora concorde que o amor cortés se caracteriza pela transferéncia de con- ceitos préprios do contrato vassélico para a érbita do relacionamento amoroso, Paul Ourliac alerta para a necessidade de matizar a comparagio entre a fir'amors ea homenagem feudal. Uma vez que na Franca meridional os vinculos vassilicos se apresentam de forma mais frouxa do que no norte, 0 autor acredita que as re- feréncias 4 vassalidade na poesia occitanica sio apenas simbélicas. Observando que muitas vezes “'amant se met en posture non de vassal, mais de serf” — como faz Bergueda, que se compara. si mesmo a um servo, “sers”, no terceiro verso do trecho citado , 0 autor conelui: “si le cérémonial courtois s'inspire de rits féo- dawx, l'imita-tion demeure, on le voit, assez libre et Vinterprétation des gestes ou de formules doit toujours étre prudente” (1965; p. 163-164). ¢ qualquer modo a aproximagio justfica-se, pois na Idade Média os campos das relagdes amorosas ¢ dos contratos sociais nao eram dissociados como em nossos dias. O vinculo que unia vassalo ¢ senhor ultrapassava a formalidade de uum ato juridico; & este o significado do beijo que, 20 final da ceriménia de home- nagem, selava a unio dos dois homens para sempre. Jacques Le Goff observa mesmo que 0 osciilum vassilico deveria ser um beijo na boca, e portanto um ges to ritual mituo (1980, p. 332). A fidelidade que o vassalo dedicava ao senhor era sem reservas ¢ sem limites: ela foi exaltada desde a época carolingia como o mais nobre dos sentimentos. Lewis cita um antigo poema inglés em que o vassalo, dis- tante de seu senhor, “imagina na sua fantasia abracare beijar 0 seu senhor e colo- car em seu colo a cabega e as méos, como nos dias passados”. Com efeito, com- pleta estudioso, o vassalo ama ¢ reverencia 0 suserano com uma intensidade que hoje se aceita apenas para o amor sexual (1959, p. 10). Por isso, como nota Frappier, “la présence de termes juridiques empruntés au droit féodal dans le vocabulaire de lamour courtois n’a done rien de surpren- tant” (1959, p. 142). Guilhem de Bergueda, na cangao supracitada, diz por exemn- plo que deixou coma amada seu coragio e seu corpo como feudo: “e lais vos. cor el cors per few”. - ‘Também nos reinos de Castela e Portugal, onde o feudalismo nio chegou a se estruturar de forma rigida, valores e termos relativos aos contratos vassélicos im- pregnaram profundamente a mentalidade social e deixaram importantes vestigi- 8 na linguagem, sobretudo no que tange 20 ambito das relagdes interpessoais, conforme notou José Mattoso. No vocabulério utilizado pelos trovadores ibéri- cos se vislumbram diversos termos de conotagio feudo-vassélica, a comegat pe- las expresses utilizadas pelos proprios poetas para identificar os géneros das composigées: segundo Mattoso (1993), 224 rin tise Tn ip aa os sentidos vassilicos de amor e amigo dio uma ressonancia diferente da que hoje se auribui as cantigas designadas justamente por estes termos. Nio se trata apenas (...) de uma relagio sentimental ou passional, mas de uma atitude de benevoléncia, de uma disposigao para conceder dons e favores ou para prestar servigos, como um verdadeiro compromisso de fidelidade baseado na promessa ou no juramento. Como & evidente, ‘0 modelo institucional desta relacio 6a homenagem feudal. (p. 162-163) “Uma cantiga de amigo de D. Dinis (B 583) demonstra a imporeancia de com- preender o vocabulétio técnico do feudalismo para ler os trovadores:* ‘Amigo fals’ e desleal! que prol ade vos trabalhar em mha merce cobrar? ca tanto 0 trouxestes mal que nom ei de vos bem fazer, pero m’ eu quizesse poder. Vos trouxestes o preit’ assi come quen nom é sabedor de bem nem de prez nem d’ amor; porem creede por mi que non ein. [¥6s] caestes em tal cajom gue sol conselho nom vos seis a ja vos eu desemparei cem guisa, se Deus mi perdom, que non éi.. ‘Trata-se de uma moga sanhuda (irada) que censura seu amigo por ter violado 0 preito firmado entre eles. © termo preito provém da linguagem juridica e designa genericamente um pacto ou acordo; no caso desta cantiga, o preito indica um compromisso qualquer assumido (endo cumprido) pelo namorado. A expressio juridica fazer “preyt’ e menage”, que se refere ao ritual da homenagem vassilica ou a um juraniento solene, aparece niima cantiga de Pero Mafaldo (B 383) indi- cando 0 compromisso de estar presente & entrevista previamente marcada entre os amantes. . Sendo que o namorado descumpriu 0 trato, ou preito, a amiga diz que ele caiu “em cajom” na terceira estrofe: cajom (ou também ocajon), outro termo original- mente juridico, significa “desastres descrédito; acidente, dano; dissabor, aborre- cimento; infelicidade, desacerto”. A palavra provém da mesma raiz latina (ocea- *Os comentirios sobre esta cantiga seguem em linhas gerais 0 exposto por José Maztoso (1995, p. 161). Paraaisuso sobre signed dos eos glgo portuguese, atmos dos vob rios de Manuel Rodrigues Lapa (1995) Carolina Michaélis de Vasconcelos (1990). 228 [SCRIPTA, Bel Hoveonte, w 11, n 21, p 22-233, 2° sem 2007 Rail Cesar Gouveia Fernandes sio) do correspondence provengal odhaizo, que comparece na cangio j& Iembrada de Bergueda, onde significa “motivo alegado, pretexto” em disputajuridica (RI- QUER, 1992, p. 80). “Tendo de alguma forma rompido a {6 devida A moga, 0 amante é acusado de “fale desleal”, que si0 as piores acusagbes imputiveisaalguém de acordo coma cnentalidade feudal, em que 08 valores ligados @ fidelidade sio o eixo estruturan- tedos contratos sociais. A causa do erro éa falta de prez do trovador: por esta pa~ Iavra, que fazia parte do vocabulério da, aludia-se genericamente 20 “prego, Va- Ion métito, gloria” de alguém, ou sua “fama, reputagio”. O prez € ainda uma das aqvalidades mais louvadas da dana, como em certacantiga de Prio Gomes Chari- nho (A 254). Conseqiientemente, © contrato vassélico perde validade ¢ a dama nio mais deve o conselho, amercee e o bem fazer, que constituiam as ob. decorrentes da homenagem e que, em termos institucionas, significavam o ampa- 10, aajuda e a protegio devidas ao vassalo (MATTOSO, 1993, p. 153). Gracas 20 enquadramento feudo-vassélico do relacionamento amoroso, no gages do senhor yoeabulirio cortés dos trovadores destacam-se os termos servir e servigo, como se vé nesta cantiga galego-portuguesa de autoria desconhecida (A 276): Se tanto de vos poss’ aver que vos non pes, sempr’ andatei por voss’ om’, & servir-vos-ci. Na éptica do amor cortés, o homem (ome, vassalo) “serve" a mulher amada,¢ servis” torna-se sinénimo de amar. O servigo amoroso define os deveres do amante e estabelece as margens no interior das quais suas ages so consideradas justas e aceitéveis: como vassalo diante do suserano, ao amante cortés cumpre vvbedecera uma série de preceitos para ser aprovado e correspondido pela senor. Desa forma, afin'amors nao se confunde com o amor natural ou espontineo} a0 contrario, esta’arte de amar se baseia no refinamento dos costumes ¢ na obser- vancia a regras precisas que distinguem o amor cortés de formas tidas como me nos nobres de amat, A moderagio dos sentimentos e a obedincia sio, portanto, virrudes exigidas para que o amante se conforme ao complexo cédigo amoroso dos trovadores, Tal paciéncia e disciplina do desejo so expressas pelo conceito de mesura (prow. mezura, do lat. mensura, “moderagio”), freqdentemente lem- brado na poesia oceitinica e galego-portuguess. “Mezura signifie vivre, modés- tie, contrdle de soi, équilibre des sentiments et de la raison”, diz Jean Frappiers “on pourrait dire que mezura est la vie de chaque individu ce que cortezia est lavie en commun” (1959, p. 139). O amante cortés deveria assumir um compor- tamento razofiel com relagéo 4 dama, como nota Marcabrus 2260 ——_ azar time np em TSCRIPTA Blo Haruo, Us w 20, p. 221-253, 2 sen. 2007 cmp andarci por vos" me”: a vassalagem de amor na lirica trovadoresea De Cortesia, is pot vanar Qui ben sap Mesur'esgardar; E qui tot vol auzir quant es, Ni tot cant ve cuid? amassar, Del tot Pes ops a mesurar O js non sera trop contes.* A nogio de mesura indica, pois, que o sentimento amoroso é condicionado pelo uso da razio; “ensi covient il ke cil ki velt amer maintiengne sens et raison et mesure”, declara 0 autor andnimo de um pequeno tratado sobre o amor redigido no século XIII (ed. LANGFORS, 1930, p. 369, § 5). Na lirica galego-portugue- sa, 0s trovadores mulitas vezes apelavam para a mesiira da senhor, indicando com isso a sua benevoléncia ¢ piedade, como nesta cantiga de Paio Soares de Taveirds (B 145): Poren, senhor, co[u}simento seria ‘e mesura grand’ — assy Deus m’ ampar! — de mi fazerdes vés ben algun dia, pois tanto mal me fazedes levar Cousimento, termo aparentado ao conceito de mesura, significa “procedimen- to criterioso, juizo”, ou “consentimento, dom, graca, boa vontade”, e segundo Xosé Filgueira Valverde (1991, p. 197) € proveniente do termo juridico latino causimentum. © conjunto de regras que norteavam o comportamento do amante é exposto ras cantigas dos préprios trovadores. Para amar, o pretendente deveria em pri- meiro lugar ser fiel e seu amor constante. O amor cortés prevé a exclusividade dos amantes ¢ a traigdo é violentamente censurada, pois, como diz André Cape- Kao (2000), “o verdadeiro amante nfo deseja estat em outros bracos que nao se- jam os de sua amante” (p. 261). E 0 que declara Bernart de Ventadorn em “Lo tems vai e ven e vire”: Ai bon’amors encobida, cors be fail, delgatze plas, frescha chara colorida, cui Déus formet ab sas mas! Tore tems v0s ai dezirade, que res autra no m'agrada. Autr'amor no valh nien!” "De Courtoisie peut se vanter celui qui sai bien garder Mesure. A celui qui veutentendke tout ce qui est et pense amasser tout ce quil voi, il est nécessaite de réduire 'excBs en tout, ou bien il ne sera jamie bien courtois® (apud SCHNELL, 1989, p. 113-114), 7 “Ay, buen amor eodiciado, euerpo bien hecho, esbelto y terso, fresea cara colorida que Diés forms con sus manos! Siempre os he deseado, y ninguna otra me gusta. Otro amor no quiero” (RIQUER, 1992, p. 358) 227 SCRIPTA, Reo Horizonte, wT mI, p 221-33, Raél Cesar Gouveia Fernandes Em ambito galego-portugués é também comum o trovador declarar que ama asenhor mais do que a si pr6prio ou a qualquer outra coisa (“amar mais ca si nen al"), O euidado amorsso ¢ tirinico e deve absorver completamente 0 enamora- do, como declara Joao Baveca numa cantiga sua (B 1.107): “E non cuydo, senbor/ se non en como parecedes ben,/ des'y en como averey de vds ben”. ‘Além disso, o amante cortés deveria ser obediente aos desejos da senbor ¢ nunca faltar 8s promessas feitas a ela. Na lirica galego-portuguesa, este preceito diz espeito sobretudo & necessidade de 0 trovador nio deixar de comparecer aos encontros marcados e, em caso de viagem, nao se demorar além do combinado. Una cantiga de amor de D. Dinis, por exemplo, descreve a angéstia do namora- do que faltou a0 prazo acertado e ni sabe que salve (desculpa) apresentar & amada (B 529). O tema também surge nas cantigas de amigo: Joao Lopes de Ulhoa retrata aafligio de uma jovem por causa da demora de seu amigo: “Ca preit’avia comigo (..) Ejdopraz’é passado” (B 696); por isso, ela se pergunta “se out’ amior 4 sigo” (B 700). © atraso € duramente repreendido nesta composicio de Rul Queimado (B 714): Quando meu amigo souber aque m’ assanhei por el tardar tam muito, quand’ agui chegar ce que Ih’ ev falar non quiser, muito tered que baratow ‘mal, por que tan muito tardou. Nas cortes, como em qualquer circulo fechado, decerto haveria bajuladores, invejosos ¢ maledicentes de toda 4 espécie (0s lanzengiers a que os trovadores provencais se referem e que na lirica galego-portuguesa as vezes surgem com 0 epfteto de miseradores), que poderiam fazer comentarios indiseretos com o in- tuito de macular a reputagio da dama; daf a necessidade de manter 0 relaciona~ mento amoroso em segredo também fazer parte das obrigagbes que o poeta de- via respeitar: ‘Como forma de evitat as inconvenientes intromissées alheias, os trovadores occitinicos recorriam a pritica de se referir & amada utilizando um pseudénimo poético, osenhal,aludindo a caracterfsticas fisicas ow morais da dama, Jaufré Rudel, por exemplo, refere-se @ Bon Guiren ("Bom Apoio”); Bertran de Born se dirigea Bels Senber (“Belo Senhor”); Peire Rogier reclama de Tore-n’Avetz T Alem dos lanaengiors, 0s wovadores provengais referem-se algumas vezes 3 figura do mart gilés (ou aoe ee aac sexes peo carter adserin quo relaionamento morose sete por vezes na lirica oveitinica, No caso galego-portugues, 2s teleréncias a0 marido da dama sfo muito acy courgem sobvetudo em cantigas satiriess, o que parece apontar para o fato de que, em Ambito {Burico, o smor cortés nfo assumit feigio predominantemente adulerins, como teria ocorrido mx range Sebre o assunto, ef Fetnandes, 2001b. Uma abordagem inovadora acerca do preceito do se- rede de amor nalrieagalego-portuguesa foi recentementeproposta por Yara Fraeschi Vieira (2008) 228 © ————— an Bio ores Ton Tp BV ow DOT ‘SERIPTA elo Horio, 1Ts Bl, p 221-253, 2° sem. 2007 pr” andari por voss" ome"; a vassalagem de amor na lica twovadoresca (“Injusta me sois”); a variedade & enorme.’ Jéa lirica galego-portuguesa, com sua notével concisio vocabular ¢ economia de recursos, nao acolheu esta pritica, apesar de os trovadores ibéricos terem cultivado a discrigao quanto @ identidade da senhor. Um deles, Pero Garcia Burgalés, encontrou maneira original de extra~ vasar seus sentimentos, mantendo as aparéncias: num ciclo de trés cantigas (A. 104-106; B 212-214), o trovador castelhano nomeia trés diferentes mulheres (foa~ na, Sancha ¢ Maria), dizendo ser uma delas a que amava. O resultado, de resto previstvel, foi desastroso, conforme atesta o proprio poeta: “[mtia serbor] nunca imi ar quis veer des aquel dia”. Mais ortodoxos sio D. Dinis, que declara amar “o mais encoberto/ que eu poss[o}” (B 52a), ¢ 0 jogral Joao Servando: “con pavor que ey @? alguen,/ non ous’ eu dizer por quen/ mi ven quanto mal mi ven” (B 1.074) ‘A infracio a algum destes requisitos era severamente castigada pela dama, que podia até rejeitar 0 servigo do trovador em virtude de alguma falta sua. Gragas & atenta vigilincia da senbor, sempre pronta a punir qualquer deslize, © amante vi- via constantemente temeroso e deveria sempre medir com cuidado seus atos ¢ palavras a fim de nao incorrer na sanba da amada: isto é, em suma, a mesuera. ja referido tratado de André Capelio presenta uma sintese dos conccitos telativos ao amor, reunindo elementos que na obra dos trovadores se encontram dispersos. Os principais rasgos da vassalagem amorosa - fidelidade, constancia, obediéncia aos desejos da dama e o segredo de sua identidade— encontram-se nas cduas passagens em que o Capelio apresenta o que ele chama ora de “amoris prae- cepta®, ora de “regulis amoris”. Na ptimeira delas sio enumerados os doze “pre- ceitos do amor”: 1. Foge da avareza como de flagelo funesto ¢ abraca o que Ihe for contrério. II. Man- tém-te casto para aquela que amas, II], Nao ventes destruir 0 amor de uma mulher «que esteja perfeitamente unida a outro, IV. Nao busques o amor de nenbuma mulher ue o sentimento natural de vergonha te empeca de desposar. V. Lembra-te de evitar absolutamente a mentira. VI. Evita contar a varios confidentes 0 segredo do teu amor. VII. Qbedecendo em tudo as ordens das senhoras, esforca-te sempre por per- tencer & cavalaria do Amor. VIII, Dando e recebendo os prazeres do amor, cuida de sempre respeitar 0 pudor. IX, Nio sejas maldizente. X. Nao traias os segredos dos amantes. XI, Em qualquer circunstancia, mosera-te polido e cortés. XII. Ao te entre~ gares aos prazeres do amor, nao excedas o desejo de tua amante. (2000, p. 98-99)" 7 Respectivamente Riquer (1992, p 156, 701 ¢271).O senhal muitas vezes também designavs o prd= prio trovador, seu jogral ou mesmo outras personagens aludidas na composigio, como res ou se= nhores poderosos. Por esse motivo, Riquer acredia set “poco probable que su origen se encuentre nos nombres fingidos, metricamente equivalentes, que los neotroi latinos emypleaban para dis lac el nombre de sus enamoradas", como por exemplo a famosa Lésbia de Catulo (1992, p. 96) 1 Além das nogbesjé expostas, Andcéalude aalgumas outras que nio sé encontcani na lirica galego- portuguesa, comoa generosidade ou lagueza (preceito 1), nome dado pelos trovadores occitinicos SAP Eble a pare CD Rail Cesar Gouveia Fernandes O servigo amoroso comportava um penoso percurso antes de oamante alcan- gar 0 prémio da correspondéncia afetiva da amada. Os trovadores provengais costumavatn distinguir quatro etapas na vassalagem amorosa, cada uma delas cor- respondente a certo grau de intimidade entre 0 amante e a dama, Esta distingio também foi conhecida na Peninsula Ibérica, embora nem todos os termos utili- zados pata designar cada um dos estigios estejam registrados nos cancioneiros galego-portugueses. Num primeiro momento, o pretendente admira o objeto amado a distancia e deseja apenas ser notado; na falta de coragem de declarat seu amor consome seu tempo em evidar sobre qual seria reacio dela quando chegar ‘© momento de confessar seus sentimentos. Martim Moxa dé bom exemplo do primeiro grau da vassalagem amorosa em uma cantiga de amor (B 891), ainda que sem utilizar 0 termo provencalfenhedor (imido); temeroso em se dirigir direta- mente a senhor, o poeta espera ser compreendido através de seu canto: Mays tanto sey, se podesse seer: se viss’ ela o men coregon tan bem com el ela, dever-ss'ya doer @ ele de min, poi-lo vss’ e por éx samy eu etrob” e punk? en-na servir: {que entenda, poys meu cantar opr, (0 gite non posso nen Ih? onso a dizer © segundo grau da vassalagem amorosa na lirica provengal 6 0 do precador. Agora, o amante ja manifesta sua pena damaee suplicar sua compaixo, mas sem ter recebido ainda permissio explicita para cortejé-la. Por isso, o preesdor ainda nao pode considerar-se seu namorado ou entendedor. f 0 caso de Rui Gomes Freire (B49): Pois en d? atal ventura, mia senbor, contra vos 800 que non i poder de falar con vosqu’, e vos entender non queredes que vus quer’ eu melhor de quantas cousas no mundo son: senhor fremosa, mui de coragon prazeria morre; Rui Gomes utiliza 0 verbo entender no sentido de “ser amante, pretendente de alguém” para designar a terceia etapa do relacionamento amoroso. «esta virtude oposta a avareza e prépria dos nobres (ct, Erich KOEHLER, 1964, p. 29), Martin de ‘Riquer (1992, p. 89-90) chama a atengio sobre uma série de outras nocbes freqientes na lies pro- vengal e que, comtudo, néo possuem paralelo nos cancioneiros galego-portugueses, tis como 0 en- senbanen (uleara, boa educagio") esolatz (que signifiava "conversagao agradivel, prazer”) 2300 arn item Ta tp a emp’ andar por vos’ ome: a vassalagem de amor na rea trovadoreea O tiltimo estégio do servigo amoroso € 0 do drut (ptg. drudo). “Este sltimo termo indicaya que a dona aceitava ¢ correspondia as homenagens do trovador, constitufa-o seu vassalo, recebia o seu juramento de fidelidade e, como graga, lhe concedia um beijo, um anel ou outro qualquer objeto, como penhor de alianga” (LAPA, 1966, p. 140). O drut é, portanto, o verdadeiro amante da dona, como fi- ca claro em um trecho de uma cangio de Guilhem da Aquitania (“Ab la dolehor del temps novel”): Enquer me membra d'un mati (que nos fezem de guerra fi ¢ que.m donet wn don tan gran: sa dyudari’ e son anel. Enquer me lais Dieus viure tan quaia mas mans soz son maritel!" Chegado a este ponto, 0 trovador era considerado merecedor do galardon, a recompensa tio desejada. Diferentemente do que ocorre nas cangoes provensais, no entanto, as cantigas de amor nio desenvolvem o tema do amor correspondido ¢, por isso, na lirica galego-portuguesa o termo drudo é empregado apenas em composigGes satiticas, onde ganha o significado de “amante carnal” ¢ uma cono- tagio pejorativa, como numa sftira de Pero da Ponte contra certo Pedro Agudo, traido pela esposa: “vossa mulher d bon drudo,/ baroncinbo mut velido” (B 639). ‘A casuistica do amor cortés, como vimos, se constrdi em oposigao a outras formas de amar e se propde como modelo ético do amante verdadeiros por isso, a idéia de que necessatio aprender a amar est sempre subjacente 4 obra dos trovadores. Diz.o poema andnimo LArbre d’Amours, do século XIII (apud LAN- GFORS, 1930, p. 374-378): Jejinge et moxstre par raison ‘Ke ja ne doit amer nus bom Se ilne et anchois d’emors Tous les engiens et les trestors O conceito de fin'amors, com efeito, se fundamenta no ideal de educagto pana amar, Antes de aceitar a homenagem do trovador e consentir que ele se torne seu dhudo, a dama deve testar as qualidades do pretendente e preparé-lo para tomar par-te na “corte do Amor”: esta éa fungio da vassalagem amorosa. O pretenden- 1 =Riin me acuerdo de una mafana en que dimos fin ala guerra, y que me otorg6 una gran dav amor y st anllo, alt Dios me deje vivir hasta que ponga las manos bajo su manco!", “AZ la dalchor Sets ng 1924 (RIQUER, 1999 13). 0 cer dar, dead de dt, fe fwxido por “amor”. am RSI eT Rail Cesar Gouvela Fernandes te deve aprender acima de tudo que amar finamen nio significa dar livre curso aos impetos naturais ¢ que o supremo obsticulo ao verdadeiro amor é a obsessio pelo prazer’ La ferame atteindva ce but [Péducation de Psimant) (..) ne se livrant, proportionelle- ‘men aux mérits de Paint, que par degrés et selon le proces prévu:.spei datio, osculi exhibitio, amplexus fruitio, cotius personae concessio; quant a Phomme, i! devra se plier souplement a cette sapientia de sa dame, en toute domination de ses désis, se sgarder a son égard dans les rapports de vassal dsuzerain, cultivant la crainte d’offensen (est-a-die de transgresser les rgles gion lui impose. (ZUMTHOR, 1943, p. 183) A senhor devers, portanto, rejeitar 0 amante que nio controle seus impulsos ¢, da mesma forma, é aconselhivel que os homens evitem cortejar mulheres que cedam demasiado rapidamente seu amor. Esta classe de mulheres é inconstante e incapaz de fidelidade, pois, como nota nao sem ironia André Capelio, “em vio desejarés fazer-te amar, a nfo ser que te saibas suficientemente vigoroso nas obras de Venus para chegat a satisfazer seu apetite sexual, 0 que seria mais dificil do que secar oceanos” (2000, p. 205), Com razio notou um estudioso portugués que “o amor cortés € 0 sentimento disciplinado pela mesura, de acordo com o di- zr do pocta: ‘cortezia non es als mas mezura”™ (PIMPAO, 1947, p. 190), ou seja, “a cortesia nada mais é que a mesa”. Abstract ‘Troubadours’ lyric between the 12 and 13" centuries creates anew. conception of love, which would exert great influence on modesn li- terature. The present article intends to show in which measure trou- badour poetry drew an analogy between the so-called “courtly love” and vassalage liaison typical of feudal Europe. Key words: Galician-porcuguese lyric; Occitan lyrics Courtly loves Vassalage. Referéncias ANDRE Capelio, Tratado do amor cortés. Sio Paulo: Martins Fontes, 2000. BREA, Mercedes (Coord.). Lirica profana galego-portuguesa. Santiago de Compos- : Centro Ramén Pifeiro/Xunta de Galicia, 1996, 2v. FERNANDES, Rail C. Gouveia. Amér e cortesia na literatura medieval, Notandum, Sio Paulo, 7, p. 63-68, 2001 FERNANDES, Radl C. Gouveia. Casamento e adultério na lirica galego-portuguesa In: ENCONTRO INTERNACIONAL DE ESTUDOS MEDIEVAIS, III, 1999, Uer} (Rio de Janeiro}. Atas... 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