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1. Objeto: a Lei n. 11.

671/08 regula a inclusão e a transferência dos presos para os


estabelecimentos penais federais de segurança máxima;
2. Competência Judicial: cabe ao juízo federal da seção ou subseção judiciária em
que estiver localizado o estabelecimento federal de segurança máxima a
competência para decidir sobre a inclusão de preso em presídio federal e, em a
admitindo, presidir os processos de execução penal e a fiscalização da prisão
cautelar dos presos ali recolhidos;
3. Quem vai para o presídio federal: presos condenados ou cautelares cuja
permanência em estabelecimentos comuns coloque em risco a segurança pública
ou do próprio preso;
4. Características da permanência de presos em presídio federal de segurança
máxima: é excepcional, deve ser decretada se houver risco à segurança pública
ou do próprio preso, caso permaneça em presídios comuns.
5. Duração da permanência em presídio federal de segurança máxima: à
semelhança do RDD, não pode durar mais de 360 dias, sendo, porém,
prorrogável, caso no juízo de origem renove-se o pedido de permanência,
demonstrada a persistência de perigo à ordem pública ou ao preso.
6. Admissão do preso no presídio federal: depende de decisão prévia e
fundamentada do Juízo federal do local do presídio, após receber os autos do
pedido, enviados pelo juízo responsável pela execução penal ou pela prisão
cautelar. Aceito o preso, quem passa a ficar responsável pela execução penal é o
juiz federal do local do presídio. Se o preso for cautelar, será deprecada a
fiscalização da prisão cautelar ao juiz federal do local do presídio,
permanecendo o juiz de origem competente para o processo e incidentes;
7. Legitimidade para o pedido de transferência: o pedido de transferência para o
presídio de segurança máxima será feito pelo MP, pelo próprio preso ou pela
autoridade administrativa ao juiz de origem. Esta, pelo que fala a lei, não pode
iniciar o processo de ofício.
8. Procedimento do pedido de transferência: será autuado o pedido, sendo
ouvidos no processo, quando não forem requerentes, o MP, a defesa e a
autoridade administrativa, em cinco dias. Posteriormente, é ouvido o
Departamento Penitenciário Federal - DEPEN, que poderá indicar o
estabelecimento federal mais adequado. A instrução dos autos do processo de
transferência será disciplinada em regulamento. Instruído o processo e tendo o
juiz de origem admitido a necessidade de transferência do preso, deve
encaminhar os autos ao juiz federal do local do presídio, que, se julgar
imprescindível adotar diligências complementares, ouvirá o MPF e a defesa, em
cinco dias, decidindo em seguida sobre a transferência.
9. Decisão que admite a transferência: a decisão que admitir o preso deve indicar
o período de permanência. Se o preso admitido for condenado, o juiz de origem
deve encaminhar, após a admissão, os autos da execução penal. Se o preso for
cautelar, basta a remessa de carta precatória, devidamente instruída.
10. Decisão que não admite o preso: se o juiz federal do local do presídio não
admitir a transferência, o juiz de origem pode suscitar conflito de competência
perante o Tribunal, que o apreciará em caráter prioritário. Se os juízes
envolvidos forem federais e forem ligados ao mesmo tribunal, quem resolve o
conflito é o TRF comum a ambos. Se, porém, forem juízes federais de regiões
diferentes, quem resolve é o STJ. De igual modo, sendo o juiz de origem da
Justiça Estadual, o STJ resolve o conflito, porque a ele compete decidir os
conflitos entre juízes vinculados a tribunais diversos (art. 105, I, “d” da CR/88).
A lei dispõe que o Tribunal, ao julgar os conflitos, deverá considerar que não é
possível um presídio federal de segurança máxima conter presos além do
número de vagas. Ou seja, mesmo preenchidos os demais requisitos, se o
presídio estiver lotado, não é possível a inclusão.
11. Transferência cautelar: ao receber os autos do pedido de transferência e antes
de decidir se a admite ou não, o juiz federal do local do presídio pode autorizar
sua imediata transferência, em caso de extrema necessidade. Ao final, pode
decidir pela sua permanência ou não no local.
12. Renovação do pedido de permanência de preso em presídio federal de
segurança máxima: passado o prazo de permanência, que é no máximo de 360
dias, deve ser renovado o pedido. Não o sendo até o dia imediatamente seguinte
ao seu término, automaticamente, o preso é devolvido para o juiz de origem, que
é obrigado a aceitá-lo no estabelecimento penal sob sua responsabilidade. Se,
porém, for feito o pedido, o preso permanece no presídio de segurança máxima,
até que o juiz federal decida. Sendo renovada a sua permanência, o prazo da
nova internação passa a contar do dia imediatamente posterior ao último da
permanência anterior. Ou seja, o tempo que o juiz federal leva para decidir sobre
a permanência do preso no presídio federal é contado no prazo do novo
internamento. Se a renovação for rejeitada, o juiz de origem pode suscitar o
conflito para o Tribunal, que o apreciará com prioridade. Enquanto o conflito é
decidido, o preso permanece no presídio federal.
13. Assistência jurídica dos presos em presídios federais de segurança máxima:
cabe à Defensoria Pública da União.
14. Comunicação da transferência à autoridade policial: se a transferência para o
presídio federal ocorrer antes do final do inquérito, a autoridade policial que o
preside deve ser comunicada da transferência.
15. Livro próprio de visitas judiciais e do MP: deve ser mantido no presídio de
segurança máxima livro próprio para as visitas do MP e do Juiz responsável.
16. Lotação: a lei estabelece que a lotação máxima do presídio federal de segurança
máxima não pode ser ultrapassada. E a ocupação será mantida em número
aquém ao máximo, ficando essas vagas reservadas aos casos urgentes.

CC 106137 / CE
CONFLITO DE COMPETENCIA
2009/0115560-0
Relator(a)
Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA (1128)
Órgão Julgador
S3 - TERCEIRA SEÇÃO
Data do Julgamento
09/12/2009
Data da Publicação/Fonte
DJe 03/11/2010
Ementa
PROCESSO PENAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CONFIGURAÇÃO. FURTO AO
BANCO CENTRAL. EXECUÇÃO PENAL. LOCAL DE CUMPRIMENTO DA PENA.
TRANSFERÊNCIA PARA PRESÍDIO DE SEGURANÇA MÁXIMA. RENOVAÇÃO DO PRAZO
DE PERMANÊNCIA. ART. 10, § 1º, DA LEI 11.671/08. POSSIBILIDADE.
NECESSIDADE DE FUNDADA MOTIVAÇÃO PELO JUÍZO DE ORIGEM. OCORRÊNCIA.
COMPETÊNCIA DO JUÍZO DO LOCAL DO CUMPRIMENTO DA REPRIMENDA PARA
ACOMPANHAMENTO DA EXECUÇÃO PENAL. PERSISTÊNCIA DOS MOTIVOS
ENSEJADORES DO PEDIDO DE TRANSFERÊNCIA. MANUTENÇÃO DO CUMPRIMENTO DA
PENA EM PRESÍDIO DE SEGURANÇA MÁXIMA. COMPETÊNCIA DO JUÍZO SUSCITADO
PARA APLICAR AS NORMAS DA EXECUÇÃO, COM A MANUTENÇÃO DOS RÉUS NO
PRESÍDIO DE SEGURANÇA MÁXIMA.
1. Quando as autoridades judiciárias não afirmam nem negam a sua
competência para julgar determinado caso, mas havendo efetivamente
uma discordância entre elas, não há um conflito nos moldes
tradicionais, mas pode configurar, na realidade, conflito.
2. Existe a possibilidade de renovação do prazo de permanência do
preso em presídio de segurança máxima, desde que cumpridos os
requisitos previstos no art. 10, § 1º, da Lei 11.671/08.
3. O Juízo de origem deve fundamentar o pedido de transferência dos
presos para o presídio de segurança máxima, consoante os arts. 3º e
4º da Lei 11.671/08.
4. Não obstante os direitos individuais garantidos aos presos, o
interesse em resguardar a coletividade por vezes se sobressai,
preponderando a necessidade de se primar pela segurança pública,
justificando a transferência ou a manutenção do preso em presídio de
segurança máxima, conforme previsto nos arts. 3º, 4º e 10 da Lei
11.671/08.
5. O acompanhamento da execução, quando da transferência de presos
para presídio de segurança máxima, cabe ao Juízo Federal competente
da localidade em que se situar referido estabelecimento, salvo na
hipótese de preso provisório, consoante o art. 4º, §§ 1º e 2º, da
Lei 11.671/08.
6. Conflito conhecido para determinar a permanência dos presos
ANTÔNIO EDIMAR BEZERRA e DAVI SILVANO DA SILVA no Presídio de
Segurança Máxima de Campo Grande/MS e, consequentemente, declarar
competente o Juízo Federal da 5ª Vara da Seção Judiciária do Estado
de Mato Grosso do Sul, ora suscitado, para acompanhar e aplicar as
normas referentes à execução penal.

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