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DIREITO BANCARIO E OPERAGOES BANCARIAS sioaman coreugees ants Juliano José Parolo 1. Consideragées preliminares © Direito como ciéncia que norsia os homens vivendo em sociedade, tom por objetivo assegurara cada um o que é seu, segundo as sdbias palavras de Spinosa. ‘Sabemos qe 0 Dello, para fins ddticos, tem sido subdivicido em dois gran- des ramos: 0 Direito Pabiica eo DireltoPrivado. O primero procurando resguardar 0 Interesse direto eimediato de Estado eo segundo trapando normas de regulago dos interesses privados. Todas as pessoas mo dever de observar os valores socals © Coletvos impostos pelo Estado (O Direito se toma da a cla mais publicistico. © Estado interfere sempre e cada ‘vez mais nas retagdes entre os particulares, ustemente para cumprir sua fung&o. ‘Os grandes sub-rames do DretoPrivado passam a conterregras limitadoras {da predominancia do interesso particular. E 0 que tem ocorrido, preponderantemente, ‘20m 0 Drei Civile com 0 Direto Comercial ‘© Cécigo Comercial, que contém normas disciplinadoras das atvidades dos ‘comerciantes, das saciedades mercants @ outras, estabelece, no art. 119, que S80 ‘considerados banqueiras 0s comerciantes que t8m por profissdo habitual do Seu co- ‘merelo as operagbas chamadas de Banco. (© Cédigo Comercial surg ern 1850 (at 120), vale aqui este registro, jéprovia ‘que as operaptes de Banco sero decididas ejulgadas pelas regras gerais dos con- tratos estabelecidos neste Céigo, que forem aplicaveis Segundo anatureza de cada uma das transagGes que se operarem. “Tanto 0 comerciante individual como as sociedades mercantis praticam atos do ‘comércio, itermediagda, ou atos assim considerados por Isis especiais, com habituaidace,visando ivro. ‘Os Bancos sempre tiveram idéntica confguracéo. 106 [RuTO MEAN EOP NETS ‘Agem de acordo com sua fungo soctl, praca operagées habituais, exer com atividade econémica organizada, cujafnaldade 6 olucr. “Toda a atvdade mercantl ou empresarial, para usar de erminologia mals atval, ‘considera. luco como unica rao de ser das empreses, ¢ os bancos no dssentem disso. ‘A atvidade ompresarial tem suas ciretizes tracadas ndo s6 ne Codigo Comer- cial, como nas demais codiicages apontadas e em inimeras leis extravagantes (Dec. n* 3.708/18: sociedades por quotas de responsabilidace imitada; Lein® 6.404) 76, Lein® 8457/97 e modiicagdes: sociedades antnimas, e antas outras), inclusive no Codigo de Defesa do Consumidor. ‘Como dizia Orlando Gomes, os nagécios realizados pelos bancos, no exerci- co de sua atvicade mercant, chamam-se operagtes bancéas, sea fungéo 6 credticia (Contrates, Forense, 13 edigéo,p. 323) ‘Tarefa das mais espinhosas para os que atuam com as coisas de bancos & reunirtoda a egislaco bancaria apicavel [As operaghes bancérias s80 dinémicas no seu dia @ ca, ricas de contedido fético, Muitas vezes se chocam com regrasestiticas, de fe interpretago, redigidas ‘seme devido rigor técnico, Perde-se tempo edinheirocom o formalism exagerado, desnecessario até em ‘muitos casos, de nosso ordenamentojurldico, que, tradicional e conhecidamente, & rico de mudangas, sempre demoradas, © que tem acarretado entraves na intrumentalizagdo dos negécios dos bancos, chegando mesmo a emperré-lo. ‘Tendo 0s bancos atuacéo empresa, os operadores co direito devem, prime! ramente, buscar inspiaglo.n0 Cédigo Comercial, ena vastissima legistardo comple- ‘mentar que cisciplina o seu relacionamento com as pessoas de Diteto Publicoe as pariculares. ‘Supletivamente, raquo que ovetusto, mas sempre sdbio diploma imperial n8o consagrou, © Cécige Cilinaica-nas o camino no s6 da formatagéo, come também outras ragras de interpretagdo e demsis elementos indispensdveis & concretizag30 {os negocios Para poder uncionar no Pals, dependem os bancos daconcessio de autoriza- ‘¢80.do Banco Central do Brasi, como determina a Lei de Reforma Bancéian® 4.596) 64, at 10, nc, X, letra a, dal porque para a sua implantagao operacional também deve obedecerdispositvs consagrados no Ditto Adminstrtvo, ‘Quando 0 legislador estabeleceu como ilicitos penals certas atividades, tipfcando, vg, os crimes contra 0 SEN chamados de crimes do colarinhe branco previstos na Lei n® 7482/86, 0s dalevagem de dinhelro da Leln’ 9.613/98, as normas {e Direto Penaligualmente deverdo ser levadas em corta, ‘A ImposieSo do recolhimento de tibutos para certas operapbes bancaias & Luma prova inconteste também da incidéncia dos regulamenns prevstos no Codigo, “Tributério Nacional eno Direito Tribu, ‘Daa aR EOPERIEOES NOTTS A préptia Constiuigao Federal apresenta enorme gama de disposttvos que Interterem dretamente nes operagGes bancarias, cltando-s, dente tantos,o siglo de ‘correspondéncia, de dados, regraimposta pelo inciso Xl, do Art. 5%, todos, inclusive ‘20s bancos, Preve, mais, que o Sistema Financeiro Nacional sera devidamente regulamen- tado, por meio deel complementat. Enguanto isso ndo acontece, continua em pleno vigaa Lede Reforma Bancé- ria n? 4.595164, como vern reconhecendo 0s pretirios. Referida lel estabelece 0s direitos e 2s obrigagdes dos bancos, por melo de uma vastissima legslagao regula- ‘mentar, consubslanciada em resolugbes, ciculares, carta sculares expedis, prin- Cipaimente pelo Banco Central do Bras Como a atvidade bancaria 6 estatal, como vem dete:minado na Carta Magna, hha uma constante e cada vez maior preocupacdo das autoridades monetarias em Cuidar de perto do sistema bancéro,principalmente nos das atuals dado rsco da globalzarao. E pena que sempre se cogita de transformagées, como temos visto, de forma emptica, depos de acontecimentos kreversive's,prejuicais 20s nteresses de muitos, bbastando lembrar os casos dos paises emergent, 0 térmiro da banda cambial ‘Ao conjunto de prncipios e normas das relagbes jridicas entre 0s Dancos e ‘seus clientes, poderia, em sentido amplo, denominar-se Direite Bancério, o qual ‘segundo Waldo Buigarel, seriaum sub-ramo do Direto Comercial, dada a continua ‘especiaizacao das operagdes e sua expansdo e crescimerto com o aparecimento de ‘novas, com a consequente utlizago na vida comercial (Ccntratos Mercantis, Atlas, 1997, p. 579) © desenvolvimento econémico dos bancos tem side cada vez mais competit- vo. emvitude deinimerosfatores, Denise les poderiamas aponta ocrescimento da populagdo, 2 massiioagtio {os contratos, a desenfreada infommatizagso, o surgimontorpide de novas empresas bbancérias, ora se fundindo ou se associande entre si, ora bancos maiores adquiindo outros menores, transformando-se em conglomerados para enfrentar os desafios do rove mienio. ‘Toda essa panorémica esta exigirde todos uma msiorrefexto sobre alegie- lagdo pertinent, (Os bancos estéo dotados de instrumentos operacionais que necessitam, com Urgéncia ser reciclados. Suias operagées crediticias tim sido questionadas, anosso ver de maneira até inadequada, pos jamais se asisiuatantos incentives 20 calote, om todos os sogui- mentos da sociedade, sem excegéo, bastando lembrar a enstia consttucional, all ‘daimpeninorablidade do bem de familia, a quase derrocade do crédito rural, que feiz- mente ndo vingoul coma pretendiam os ruralistas, permanecendo o Banco do Brasil incdiume, na qualdade de lider de mercado nessas operaptes destinadas & pecudria e agriculture ‘SEpToRaSIRGEOreuaEeE NENA Mais recentemente, esto brolando algumas decisds uses undamenta- ddas no Pacto de San Joss, do qual o Brasil ¢ signal, e que fez edtar 0 decroto legislative? 27, d6265.82 estabelecendo que ringuém deve ser detid por dvdas, ressalvados os casos de inacimplemento de brigagoalmentar, “Tas decsbes, emoorandodeinivas, tim dado pelaimpossbidade da piso do depostaro infil ober dado em garantiadealerarSo cis dos franciomentos ‘Se por um ado o mundo avanga, os devedoes coninuam a ganhar mais espa- ¢9,aquitalveztenha sido esqueida, como sée aconiecer rest Pais, da magisval descoberta feta pelas autoridades econdmicas, verdade'ro ovo se Colombo, consubstancada na garanta da alenapo fducéiasurgida com 0 DLn® 811169, 0 que provocou faci acesso a todos na aquisiedo de bens de consumo durével,popu- larzando a compra pncipalmente de automoves, slugompar que servis para se esvaziar 0s patos loiades das montadoras, a mingua, na época, de csposido legal apropriaca, Certamente que olegisiode patio, ateno as aspragbes da comunidade, deve calar de novos intumeniosegasvisando acompantaro desenvolvimento, Os ban- cos, ada a posicbo que assumem na crulagéo econémica das riquezas, também dvem ter instruments capazes de possibtar oretorno secure daquilo que coloca ram no mercado, pessr da regraimplacavel de todos sofida se empresta mal, recu- gerard mal. fina, orisco core por conta do empreséro banque também. ‘Quanto aos senigasbancéres, ca pestazae qualidade esto sind onge do cesperedo, mais do que nunca ndo faltam, lartamente, scurss inflamantes até, daqueles que pretender num simples gesto, come o apertar de um botio alteraro horfso de atendimento do piblea dos bancas, 0 quo autonizedo previamente ape 1a pelo Banco Centra do Basi Sumuia 19 do ST). ‘Outros, come grande espace descortnado pelo Cédgo de Defesa do Consu- midor, querem que as agéncias bancéris disputem verdaderas coridas contra o tempo, exigindo-hes, deforma absurda, que cada pessoa seja stendida nesse ou raquele expago ce tempo. ‘ais assuniosconinvaro@ ser debates, dal porque es bancos deve proa.- rar melorar nao s6 seus instrumentals operecionas, bem como a prestacao de servos © termo banco, de orgem germénica (banc ou panc),signicava assento que ‘cava atrés do balcso no qual atuavam os cambistas © 08 emprestadores de dnhero segundo 0 professor Marcus Claudio Acquaviva (in Dilorério Jurdico Brashelo ‘Acquaviva, Ed, Jurcica Brasicira, 1095, p30} Hoje, pracamente, os bancos ém um procedimentoanlogo, embora melhor parelhados para agi com repdez cada vez male, oferecendotum eque de servigos mais sofstcados, dadas &s exigéncase forcas compettivas de mercado. "Nao demoraré muto eas agéncias bancaias sero tensformadas om pequ nos edutes, onde sero realeades apenas as transagSesimpossivels de serem fe- tas em outros locas. ‘RETO OTD CORSON CARTE ‘A agéncia virtual ja val se consttuindo em uma realidade, & exemplo do que ‘existe em outros paises. No Brasil, entretanto, os desafios nesse sont no 80 poucos, mas poderso ser superados se enfrentados com competénciae nica, Para comprovar iso basta lembrar alguns desses entraves, bastante conhec:- dos earraigados: * Os Bancos no conseguem acabar com a6 fas intermitentes, as quais mui- tos lentes acorrem diariaments,fazendo desses locals verdadeiros pontos de enconto, * Clientes ndo fazem a mudanea de paradigma, mantendo o seu comércio, Indastria, ou qualquer outro tipo de stividede usando sistemas obsoletos & utrapassados + Quase tudo faz pate da conhecida compensacao eletrnica, ‘A grande massa das obrigag6es tem seus vencimentos no inicio do més, 0 {que causa mires transtomos no tencimento Com o tempo essa situacdo ira certamente mebnorar por meio de novos siste- ‘mas de atendimento, com aimplantago da cobranca sem papel, com o desapareci- ‘mento, que vai ganhiando corpo, dosttulos de crédito de outros documentos, coma uilizago crescente do cartio magnético, com 0 dinhelro de pléstco, com outros ‘meios inovadores da nformtica. uese todos ja perceberam que Letra de Cambio, usada por poucos, quase ‘cau no esquecimento, o mesmo se verificando com a Nota Promiss6ria, ouvora de ‘grande ullidade, hoje servindo de garantia pessosl. Com relacSo as duplcatas, @ ‘maioria delas sequer so emiids fiicamente,prferindo o vendedor usar aduplicata ‘tual ou eseritural Os cheques préou pbs-datados server de garanta ouppara subs- tiuir as promissérias, pois mais égeis e melhor acetos, deteam até, em certos ca- 05, de ser ordem de pagamento a vista (Os bancos transacionam com sous clientes, disputam palmo.a palmo entre si ‘maior fatia do mercado, estabelecem acirada concorréncia, cada um procutando ofe- recer mais e melhar &cientla eao pico Fran Martins, a0 cudar das empresas bancérias, no seu conhecidelivro Con- tralos e Obrigagdes Mercantis (Forense, 1993, p. 484), assovera que os bancos tem or fnaidade a mobiizagdo do crédito, principalmente mediante o recebimento de depésites, de capitais de terceios, @ o empréstimo de importancias, em seu proprio nome, 208 que necessitam de capita, podendo praticaroutras operagdes afins e estas serdo sempre consideradas comercias. ‘© que os bancos fazem hai muito tempo & captar recursos junto a0 mercadoe repassé-los a0 interessados. [Esse 0 seu verdadero comérciolucrat. [Nao seria nem preciso enfatizar que olucro sera tanto maior quanto fora dife- renga alcancada entre o que paga aos investidores e o que recebe dos tomadoresde crédito, abatidas as despesas operecionais, naturaimente, 100 Giaromeie romper amclans +10 Portanto, ¢ lusdria, fora de propésito,descabida aaloaado daaueles que des- conhecendo essa realidade, insistern na tecla de que como os bancos pagam x na Ccaptacdo, deveriam cobrar 0 mesmo x nos empréstimos. “Tudo ne comércio banca funciona de conformidade com as lls de mercado, Impossiveis de serem revogadas. Autdpica limitagdo das taxas de uros dos bancos, como constou do Art. 182 das disposicbes transtrias da CF, $6 poderia ensejar ‘manifestagao de repo dos tribunals supeiores 20 proclamarem sua néo auto-apic (fo, tendo o Senado levado mais de ura década para reconhezertamanho equivoco. 2. Caracteristicas das operagées bancarias, ‘As operagSes bancéias so negdcios juridcos, verdaderos contratos, onde ‘existem as partes envolvidas, bancalclente, que chegando a um acordo de vontades, ‘um consenso, estabelecem entre si direitos e obrigagoes, ( contrato,didaticamente, pode serconsiderado mercant, que sendo sempre ‘oneroso, dferencia-se do contrato civ muitas vezes no oneroso. Ocontrato bancé- ro geralmente é oneroso, como os empréstimos de bens fungives, omituo.em geral podendo em cerios casos ser nao oneroso, quando outros faloresneleinerferem, (Os coniraios em geral séo hoje reguiados pelo Cédigo Civil, pelo Cédigo Co- mercial e também pelo Codigo de Detesa do Consumidor (CDC), Este dime trouxe regras eepecficas de defesa dos interesses dos consuridores, considerados wune- raves, hipossufcientes, assim chamados por Cesarino Jinor,ciante do fornecedor ‘ou do prestador de servos, sempre numa rolago de consumo. ‘©.CDC inovou sobremaneira os contratos ao cuidar da protege contratua, das lausuias abusivas, dos contratos de adesto. 'N&o pretendendsinicar discuss&o hoje muito erm moda sobre o tema se os bbancos esto ou nao sujeitos 8s regres do CDC, deixamos algumas questtes em aber a reflexo dos estudiosos: + as pessoas uridicas, sendo empresas, so vulnerdvels e podem se socorrer docDc? + omiutuo de inheire é relaco de consumo? + ocontrato de repasse de moeda estrangeira 6 protegido pele Cédigo de Defe- ssa do Consumidor? [As regrase disposiodes do Direito Civil para os contreos em geral sdo aplicd- veis a0s contratos comerciais, com as modiicagbes @ restigbes estabelecidas no (Cédigo Comercial (art, 121), © principio norteador dos contratos ¢ @ boa fé entre os contratantes, devendo- ‘selevar em conta, na sua interpretago, as regras relativas asnecessidades do crédi- to, a8 da equidade, a intendo das partes, 0s fins econémicos et ‘Ao lado desses principios, os contratos so regidos pelo principio de obrigstoriedade da avenga, também conhecido como pacta sunt servanda, ‘PRED oNEIND eorimgoe NEE E que as citusulas e conciebes estabelecidas na operagao ou contrato bancé- fio s80intangivei,signifcando que a avenca éiretratavel, 86 podendo ser alterada ‘mediante nove concurso de vontades Essa rigitez co contrato tem sido ultimamente abrandada pelo Judicial, que ‘vem coibindo os aousos pratcados pela parte mais forta do aust. ‘Admite-se, em certos casos, a aplicacSo da feoria da improvisdo, pincipal- ‘mente quando no momento da celebragao do contrato as partes néo padiam prever alterapo decorrente de evento extraordnario, “As partes contratanles deverso estar sempre num mesmo nivel quando fam tum contrato, ea sorte que rompidoo equifbrio exstente entre elas, aparteprejud ‘cada poderd pedir revistio de suas clsusulas e condiptes justamente para manter 0 ‘equilltro rompido. € a conhecida tora daimpreviséo, também chamada de clausula rebus sie stantious. ‘nosso ver tem sido deturpado o uso dessa fantastcatecria, quando devedo- res confessos vio a juizo para discutr nao. principal do dinheiro tomado, objeto de ‘contrato livremente sacramentado, mas apenas os acesstrios reatvos ajuros, mult ccontratuale outros encargos, sob o argumento de serem extorsivos, capitalizados, cexcessives, todavia, sem devido e necessério depésito do principal, esquecendo-se de que os encargos, como acessério seguem o principal ‘Sendo o contato bancério um atojuridco biatral as pares envolvidas dever ser capazes, estar representadas por si ou por representante legal de acordo com © ato consttuvo, para a declaragdo da vontade, ter objeto cto e forma prevsta oundo nallei (art 82 do CO), e conter as suas assinaturas e ade duas testemunhas mera- mente instrumenteras, CO contrato civ é contrato solene, formal, detalhado. No comércio bancério, pela rapidez dos negécios, as pessoas contratam, muitas vezes sem a prévia formalzagao do documento suporte, verbalmente, por telefone, fax, telex, Intemet etc, inclusive baseadas, em certos casos, nos usos © costumes. Algumas operagdes S80 feitas desta forma, posteiormente confirmadas pereserto (Os contvatos geralmente so impresses assinados em branco pelos clientes do banco, depois contabizados e formalizados, sendo preenchidos os seus vazios © Ccolhidas as demais assinaturas ‘A prevaléncia da iverdade de contrtare da igualdade das partes com opassar dos tempos fol perdendo sua razio de ser, oracas principalmente a intromissao do Estado nos negécis jurcicos pariculares na vida econdmica, 20 prbprio desequilrio da populagéo e & mudanga das técnicas de contratar com a massificago socal e@ despersonalizapSe dos envovidos. ‘Aintervengao estatal na economia do neg6cio judi contratual, diigismo ccontratual, ova redugdo daliberdade de contratar em benefice da ordem pablca, tem reforgado a protegdo contratual, Mecidas que visam coibir abusos decorrentes da dsigualdade econémica, contolarcertasaviades empresaries, regula produgaoe 1 ‘RTO RNRO reas aS 12 distrbuigao,enfim destacar a prevaléncia do interesse publco sobre particular, e8- ‘80 propiclando uma verdadeiraproiferagao dos contratos deadesdo. ‘Alguns consideram os contratos bancaros como contatos de adesto. Outros lentendem, 80 contro, plo fato de que o cliente tem a opto de escolher esta ou aque'ainsiuiedo de crédito, dferentemnente do que acorria com esse tipo de contra to, onde o contratantenele se engalava falta de alternatva. (© que caracterize o contrato de adesso propriamente do 6a circunstancia de que aquele 2 quem é proposto ndo pode deixar de conratar, porque tem necessidade de satistazer a um inleresse que, por outro lado, néo pode ser atendido, como acon tece, por exemplo, com os contratos de transporte até hoje. 'Nesse particular, embora admitidos pela doutna, contrmados pele Judicirio, nao hava nenhuma previsdo legal a respeito do contrato de adeséo, cujo conceito ppassou a existr com o advento do CDC, Lein®8.078/00, que no art. 54 estabelece ‘como sendo aquele contrato cujas clausules tenham sido ap‘ovadas pela autordede ccompetente ou estabelecios unlateralmente pelo fomecedor de produtos 04 827906, ‘sem que 0 consumios possa ciscui ou modifica substancialnente seu conteddo. ‘Dal porque devem serinterpretadostaiscontratos com maior critério de justia de razcablidade uma vez que o aderente nao teve a oportunidade de discutir os termos do negéciouridco,frmado geralmente em madelo impresso,limitando-se a dar sua adesto. Nos contratos de adesto nfo se exige prévia negociagéo ou confabulago en tre.0s contratantes, no se debate, nem se discute clausulas e condides, Ha neles um simples consenso, segundo normas de rgoresa “estandardizagdo’, ‘onde uma das pattes se submete as disposicbes da outa, CContratos de adesao sto 0s de cart de crédio, de assisténcia médica, de financiamento para aquisicso de bens etc Pia teoria tradicional do contrat, sendo 0 contrat, como vimos, um negécio Juridica, dependera do acordo de vontades. A proposta e a aoaitagao sao destinadas: ‘sempre a constulr uma relagojurdica de natureza patrimonlle também com eficdcla ‘obrigacional, porque a um dreto correspondera sempre uma obrigago e vice-versa “Tanto 0 Cocigo Comercial (arts. 121 a 139) como o Codigo Civil (ars. 1078 a 1093) trata das disposig6es gerais sobre contratos, culdando depois em outros dispositivos das suas diversas especies ‘Além destes dois radcionais ciplomas reguladores, cuja fusdo esta prevista 1no Projeto do Codigo Civil, no qual sero inserdos até os ttdos de crédito, objeto do leis © convenes especiais, os bancos concretizam suas operagbes servicas com ‘sua clientela observados os normativos do Banco Central doBrasil,aquem incumbe afiscalzacto das insttugSesfinancelras, por forca da mencionada Leir® 4.595164 em virtude dessa fiscalzagdo que os contratos bancarios, alguns servicos, Ccobrana de taifias, incidéncia de tributos, regras de boe ton ca bancériaee.,devem seguir rigorosemente a determinacdes legais do Banco Central do Bras, ede outras autoridades governamentas STO NCAR OATES TS 3. Conceito de operagao bancaria Poderiamos conceltuar as operagbes bancérias como sendo aquelas proprias dos bancos, so negécies juridcos peculiar, geralmente envolvendo crédito, real 2zadas com clientes pessoas uridicas ou fsicas, pablicas ou particulares, que visam lero, todas fetas em harmonia com alegislardo pertnente, om as determinapbes {do Conselno Monet Nacional, s0b afscalizagSo do Banco Central do Bras 4.Classificagdo (Osbancos s80 mobilzadores de crédito, assevera Fran Martins (9b p. ct). ‘Ager sempre, prossegue, como sujeltos das operagtes e do, contrat que realizam ~ sujitos ativos, quando desses contratos e opsragées resuita serem os bancos 0s credores; passivos quando se tornam devedores. De qualquer mado, pros- ‘segue aludido mestre, os bancos fazem atos de intermediago, procurando obter capita’ cisponiveis © os apicando, em seu proprio none, tendo sempre, nessa Intermediagao, 0 intuto de lacro, (b. cit,» 485) ‘Nota:se, portanto, que 0s bancos operam seus negécios de duas maneiras: atvae passivamente, ‘Assim, os bancos realizam operagées cue podem ser classfcadas em opera- {90es ativas, quando iguram como parte credora (emprésimos em geral) e em ope- rages passivas, quando nelas comparecem como devedores (conta corre, pou pang, CDB). ‘Além desses do's pos de operagdes, os bancos prestam servos @ seus Cilentes 20 pablico, por meio dos quais s80 remunerados (cofre de alugue, cobvan- 28, administragdo ce cateira etc), ‘Aquole mais bem aparelhado presta servigos mais répides, de qualidade mais baratos, aumentando a clentela, seu campo de alusgé, auferindo luero maior. 4.4 Operagdes bancérias (ativas) usuais (0s contratos mais comuns no comércio bancéro, onde os bancos figuram come CREDORES, sto Contrato de miituo, espécie do género empréstime, est dscipinado ne Cé- {igo Comercial (art. 247) eno Codigo Cii(art. 1.256) Carvalho de Mendonga entende coro mituo 0 conato mediante o qual una parte entrega a outra coisa funglveis, principalmente uma soma de dinner, tendo por escapo 0 empréstimi, com a abrigagao desta cima restitur-the outro tanto do mesmo genero, qualidade e quariidade *(Tratado de Direto Comercial Brasil, vol. Vi,2' pate, p. 318), ‘O banco desembolsa 2 cliente (pjuridica ou fsica) determinada quentia em dinheiro,aser paga no vencimento final ou em prestagdes (matuo parcelado), 0 prin- Clpal mais 0s encargosfnanceios incidentes (taxa, lOF, jus pré ou pds-ixados), 113 14 sro mAceeNz NOME (© métuo ouempréstimo & goralmentefrmado em instrumento particular, subs- corto pelas partes e por duas testemunhas (meramente instrumentaias), podendo ter

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