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Capítulo: AS TRANSFORMACAO DE IM SERINGAL

1. Aspectos introdutórios
Segundo relatos de moradores a comunidade Wilson Pinheiro II surgiu no período de vendas de
terras no Estado do Acre para pecuaristas com sua forca desagregadora na tentativa de
desarticular o extrativismo vegetal da borracha e da castanha tradicional da região, para implantar
uma produção voltada para a pecuária.

De acordo com a professora e atual presidente da associação Márcia Moura, a ocupação das
colocações era feita a partir de contratos:
“Segundo relatos de moradores mais antigos, a ocupação era feita através
da autorização dos proprietários dos seringais Carmem e Fazenda Porvir, era feita através de
contrato que durava mais ou menos um ano”.

O seringal na qual a comunidade esta inserida também foi vendido aos pecuaristas e a partir de
então os empates começaram a acontecer naquela localidade, como em tantas outras que tinha
como mediadores Francisco Mendes Filho (Chico Mendes) e Wilson Pinheiro que tinham plena
consciência da importância da preservação da floresta.
O senhor Severino da Silva Brito foi um dos participantes dos empates:
“E eu andei participando de uns deles e agente era muito preocupado na questão e de ter a
sobrevivência não daquele dia, mais daquele dia pra frente e eu também fui escolhido para ser
suplente da delegacia sindical mesmo sem muito experiência mais...”
Alguns moradores da própria comunidade participaram dos empates com o objetivo de
defender seus direitos de viver uma vida digna na floresta, defender os direitos através dos
empates, era garantir a sobrevivência não apenas daqueles dias, mais que fosse possível criar
organizações e estratégias dentro das comunidades em que os moradores pudesse continuar
retirando a produção da borracha e da castanha sem destruir a floresta.
Aos poucos os moradores foram se conscientizando que somente conseguiriam alcançar seus
ideais se estivessem unidos e então começaram a agrupa-se no núcleo do evangelho na
Assossiacao Santa Rosa.
Para o Sr. Antonio Costa, a comunidade surgiu por uma necessidade:
“Bem, eu acho que essa comunidade surgiu por uma necessidade, porque antes a
gente se reunia na Assossiacao Santa Rosa ai la não deu certo ai deu a idéia de mudar pra ca, se
eu não me engano foi em 1998 mais ou menos essa data”.
Após dois anos, devido a distancia das colocações ate o local dos cultos religiosos, os
moradores decidiram realizar suas próprias reuniões e a partir daí passaram a se organizar para
criar uma assossiacao e no dia 29/04/1998 fundaram a então assossiacao, tendo como primeiro
presidente o Sr. Severino da Silva Brito. A assossiacao recebeu este nome em homenagem ao
presidente do sindicato o seringalista Wilson Pinheiro assassinado no dia 21/07/1980, sua morte
foi planejada por fazendeiros do Município de Brasiléia e Xapuri.
Relatos de moradores mostram que antes da formação da comunidade tudo era difícil:
“Antes da criação da comunidade cada pessoa trabalhava pra si mesmo não existia um
trabalho coletivo e era muito difícil, ate mesmo a questão da limpeza de varador. Com a criação
da comunidade essa questão foi solucionada começamos a se juntar e formar adjuntos para
limpeza de varador,para facilitar o deslocamento das pessoas de uma casa pra outra (Antonio
Costa)”.
Uma das reivindicações dos moradores na época era a abertura do ramal:
“Nos tivemos a idéia de falar com o prefeito na
época era o primeiro mandato do Aldemir
“ Lopes, que não mediu esforços e mandou
fazer o ramal ate aqui, o Aldemir Lopes,ele
ajudou muito aqui na nossa comunidade.
(Severino S. Brito, morador da colocação Boa
Água)”.
A pesquisa com fontes orais resgata pó sua vez a memória de sujeitos muitas vezes
esquecidos pelas fontes históricas oficiais, Verena Alberti.

“Antes da formação da comunidade como relata o Sr.


Joaquim tudo era muito difícil:

Bom, agora as dificuldades foram muitas,


porque inclusive eu mesmo la onde eu moro
a minha produção era puxada toda para a beira do rio nas costas era castanha, borracha,
arroz tudo era puxado nas costas e de la era levado de barco para Brasiléia ou Xapui”.

Para o Sr. João de Oliveira, uma das dificuldades antes da formação da comunidade era a
falta de ramais:
“ Não tinha ramal, andava era no
Varador e era 7 horas de pe ate a cidade
A gente tinha que sai de casa 3 horas da
Madrugada, para que a gente não pegasse
Tanto sol e então era difícil e melhorou”.

Percebe-se que a pesquisa em fontes orais nos proporciona muito alem daquilo que buscamos
analisar, ela nos permite conhecer as experiências e modo de vida de diferentes sujeitos sociais,
conforme menciona Veren Alberti.
O atendimento na área da saúde e na educação era muito variado, menciona Antonio Costa:
“ As pessoas somente recebia as vacinas, a secretaria de saúde colocava
o aviso na radio e as pessoas se reuniam em uma casa e recebia o atendimento, casos de doenças
as pessoas teriam que se deslocar ate o Município de Brasiléia para receber o devido atendimento
e isso era bastante difícil, pois não havia ramais era apenas varadouros feitos pelos próprios
moradores”.
Quanto a educação a comunidade era atendida em uma escola de 1 a 4 serie do ensino na
comunidade Santa Rosa, a mesma ficava muito distante por essa razão os alunos tinha muita
dificuldade em freqüentá-la.

“Somente após a formação da Assossiacao foi que os moradores das Reservas reivindicaram
da Secretaria de Educação juntamente com a Amopreb, a construção de escolas dentro das
Reservas Extrativista Chico Mendes foi nesse contexto que a comunidade foi contemplada com a
Escola Jose Joaquim Meireles que atende alunos de 1 a 4 serie do ensino fundamental e também
a EJA (Educação de Jovens e Adultos), para os moradores,a construção da escola foi a
concretização de um sonho e um grande passo para o futuro (Severino S. Brito)”.
Hoje os moradores reivindicam a implantação de um programa que atenda alunos de 5 a 8
serie e de 2 grau na comunidade.
“ A educação acontece, mas so ate a
4 serie então ainda resta muita coisa a
Fazer (Antonio Costa, morador)”.

“Os alunos que terminam a 4 serie não tem como da continuidade aos estudos e acabam
tendo que parar ou ir para a casa de parente na cidade(Joaquim,morador)”.

‘“Os que vão estudar fora, dificilmente retornam para morar na comunidade (Severino
S. Brito, ex presidente da Assossiacao Wilson Pinheiro)”.
O apoio da IMBRAPA foi fundamental na organização da produção:
‘Com o apoio da Imbrapa começamos a trabalhar com a castanha que se
chamava castanhar para melhorar a qualidade do produto que e um produto que na época tem
valor e vende mais rápido e então a seringa da mais trabalho... precisa de mais tempo e o valor e
menor (Severino S Brito)”.
Para os moradores, uma das melhorias que falta na comunidade e a energia elétrica:
“ O que falta aqui na comunidade e a energia para que a pessoa possa ter sua geladeira,
sua televisão e outros tudo isso precisa ”(Severino).

Veremos agora, a realidade recente da comunidade através de um documento produzido em 2008


com nome de “Diagnóstico Comunitário” elaborado pelo Conselho Nacional do Seringueiro –
CNS.
REALIDADE ECONÔMICA
O núcleo familiar básico encontrado na comunidade e na sua grande maioria constituído entre 3 a
5 pessoas categorizada por gênero, num total de 89pessoas, a população apresenta quantidades
equilibrada entre homens e mulheres. A maioria da população encontra-se na faixa etária
compreendida entre 20 e 56 anos.Todas as crianças com idade escolar freqüentam regularmente a
escola e todos os moradores já passaram pela escola, observando um numero satisfatório
daqueles que concluíram a 4 serie do ensino fundamental. Entretanto há na comunidade um
contingente considerável daqueles que não deram continuidade aos estudos devido a oferta na
comunidade limitar-se a 4 serie.
REALIDADE SOCIAL

*A ocupação das famílias e exclusivamente na unidade produtiva no extrativismo de castanha,


açaí e látex, no cultivo de espécie agrícola anuais para subsistência e na criação de animais de
pequeno e médio porte e de gado bovino. Para algumas famílias os repasse de programa sociais
(Bolsa Família) são decisivo na composição da renda.
REALIDADE CULTURAL
Observa-se que a base cultural da comunidade, seus hábitos, seus costumes e tradições retratam
fielmente a estrutura da formação da identidade seringueira, arraigada a influencia do catolicismo
e de populações indígenas da região Amazônica, embora mais recentemente passa por um rápido
processo de incorporação de elementos da sociedade urbano-industrial,tais como diversidade
religiosa, vestuário e bens de consumo.

2.2 Relatos de experiência vivida

“A constituição da comunidade da nossa comunidade se deu na segunda metade da década de 90,


as famílias de nossa comunidade sãos oriundas de outros seringais e chegaram no inicio da
década de 90.
A ocupação das colocações segundo relatos de moradores mais antigos, era feita a partir da
autorização dos proprietários dos seringais Carmem e Fazenda Porvir, era feito através de
contrato que durava um ano sendo no ano seguinte obrigadas a transferir-se para outra colocação,
segundo determinações dos proprietários. Após a criação das reservas as pessoas passaram a
reduzir a rotatividade das colocações e iniciou-se um processo de aproximação dos moradores,
esse processo se deu através da participação do núcleo evangelho. A longa caminhada das
colocações ate os locais dos cultos religiosos aliados a atuação do projeto Resex na formação do
núcleo de base estimulou a realização de reuniões próprias, então a comunidade decidiu realizar
suas próprias reuniões. Tendo sua fundação no dia 29/04/1998 onde foi escolhido seu primeiro
representante o Sr. Severino da Silva Brito o (Silva). Após a criação desse núcleo de base e ...que
era o núcleo de base do Seringal Porvir cuja sua principal ação tinha sido a mobilização
dos moradores para a reabertura de varadouros ele se transformou em Assossiacao
Agroextrativista Wilson Pinheiro II. A nossa comunidade fica cerca de 24 km do
perímetro urbano do município de Brasiléia, e apresenta duas alternativas para se chegar ,
através de barco numa viagem de mais ou menos 7 horas descendo o Rio Acre, a segunda
através de ramais com entrada no km 05 da Br317. O ramal apresenta condições razoável
de trafegabilidade.
Quanto a educação a comunidade e contemplada com uma escola que atende alunos de
1 a 4 serie e também educação de jovens e adultos, na saúde a comunidade e atendida com
programa de saúde preventiva, através de um Agente Comunitário de Saúde esse atendimento e
precário em casos de emergência a alternativa e o deslocamento as unidades de saúde em
Brasiléia, o principal problema de saúde na comunidade e gripe, principalmente em idosos e
crianças”(Márcia Moura, professora e atual presidente da assossiacao).

“ Eu praticamente nasci aqui, mas eu me afastei um pouco porque quando eu nasci,aqui era
colocação de seringa ai meu pai me deu e foi morar na rua, ai eu voltei e nunca mais me afastei
aqui da redondeza.Eu acho que essa comunidade surgiu por uma necessidade porque antes agente
se reunia na comunidade Santa Rosa ai la não deu certo ai deu a idéia de mudar pra ca. Se eu não
me engano foi em 1998 mais ou menos essa data. Antes da formação da comunidade as pessoas
se reuniam apenas no núcleo do evangelho e ai através do movimento foi que surgiu a idéia de
comunidade, antes era so um núcleo de base e através desse núcleo, as pessoas foram juntando
forcas para conseguir melhorar. Antes da criação da comunidade, cada pessoa trabalhava para si
mesmo e não existia um trabalho coletivo e era muito difícil ate mesmo a questão de limpeza de
varadouros, com a criação da comunidade essa questão foi solucionada, começamos a se juntar e
formar adjuntos para limpeza de varadouro para facilitar o deslocamento das pessoas de uma casa
para outra.
O Silva, foi quem nos ajudou na organização, ele foi o primeiro presidente da Assossiacao,
e ainda hoje ele não e mais o presidente, porem atua nesse local e nunca mais se afastou. A
Amoreb, também nos ajudou na parte da organização e aquela comunidade que conseguiu
entender o que era uma Reserva Extrativista, essas pessoas conseguiram se desenvolver muito, o
governo investiu juntamente com a prefeitura.
Na educação... escola era muito difícil, tinha uma na comunidade Santa Rosa e era muito
distante daqui, a escola daqui só foi feita depois da criação da comunidade, a educação acontece
mas so ate a 4 serie, então resta muita coisa a fazer. Na Assossiacao, precisa melhorar a parte de
assistência técnica, partindo da Prefeitura, Estado e outros órgãos competente, os ramais precisa
ter melhores condições, pois o mesmo encontra-se em condições precárias” (Antonio Costa,
morador).

“Meu nome e João de Oliveira, morador da Colocação Morada Nova, eu quando cheguei aqui, eu
nem por onde não sabia eu vinha não tinha varador, vim pelo Zé Morais, por ai dando volta com
muita dificulidade e entao melhorou cem por cento com a abertura do ramal e tambem não tinha
escola e nos reunimos na Assossiacao do Virgulino ai deu certo e nos mudamos pra ca e hoje
tamos aqui nessa comunidade e ate aqui nos tamos indo. Quando eu cheguei aqui era assim, as
colocações era de sabitada ai foi comprando uma pessoa, comprando outra e hoje ta todo mundo
colocado.
Antes da criação da comunidade a pessoa se reunia através do futebol. A pra nos era difícil ate
porque não tinha ramal, nos andava era no varador, era 7 horas de pe ate a cidade, e não
agüentava o so e tinha que sai de madrugada duas hora, três horas, duas horas, pra chegar aqui na
mata pra pegar sombra pra poder ir pra casa e então melhorou ne. Pra mim a gestão de hoje ta
muito mais melhor do que a passada eu não sei ne mas so uma coisa a dizer os nosso político,
eles são muito assim parados eles não dão muito atenção pra nos aqui da zona rural. Com a
criação das Reservas a vida das pessoas ficou assim mais ou menos... eu não queria ser
fazendeiro, mais queria ter o gadim da gente uma vaca leiteira e bom agente ter. Rapaz antes da
criação da comunidade a saúde era muito difícil, na educação deveria ser bem melhor, precisava
ter uma escola boa ne, de 2o pelo menos ate a 7a serie, pois e muito problemático pra nos pai de
família que coloca os filhos pra estudar na cidade, pois eles não querem mais voltar e se tivesse
aula aqui eles estudavam, trabalhavam e ajudava a gente e estavam em casa.
Para os moradores o maior benefício com a criação das Reservas Extrativistas foi o credito
habitação eu acho, pois agente morava em uma casinha de palha pois a produção da gente era
pouca e agente não tinha condições de de fazer uma casa boa e o credito habitação ajudou muito.
No meio de transporte, rapaz nos é mal atendido porque só tem um caminhão”.

“Bom eu moro no Seringal Porvir, na Colocação Boa Água, o meu nome e Severino da Silva
Brito , moro aqui na Boa Água 14 anos, nasci em 56, nasci no Porvir Novo que hoje não e mais
seringal e colônia e depois eu passei pra área extrativista que e o Porvir Velho. Com 18 anos e ai
eu comecei minha vida particular morando em uma colocação que se chama Cerejeira, então
toquei minha vida la na cerejeira por muitos anos, depois foi quando os seringueiros começaram
a dar um programa de venda de terra Estado do Acre, quando o seringal que nos mora foi tudo
vendido aos pecuaristas a ai começou a revolução nos empates, naquele tempo que tinha Chico
Mendes, Wilson Pinheiro e outros seringalistas que também tinham pontos de vista muito
organizado em nome das mudanças climáticas, uma mudança em que o extrativista, o seringueiro
pudesse esta morando dentro das Reservas mais tendo direito tendo sua condição de vida. Eu
andei participando de alguns empates, agente era muito preocupado em relação de ter a
sobrevivência não daqueles dias que agente não sabia que estava certo, mais daquele dia pra
frente, a tendência era criar uma forma dentro das comunidades uma organização que pudesse
permanecer com a floresta em pe, com a produção da borracha, castanha que era a tradição das
pessoas que morava aqui não existia a idéia de comunidade, existia as delegacias sindical então
através de reuniões passamos a ter organizações e eu comecei logo a representa a comunidade
como suplente da delegacia sindical, mesmo sem experiência mais...E quando a comunidade foi
formada eu fui representante da mesma, através de um adjunto tivemos a idéia de falar com o
prefeito que na época era o Aldemir Lopes no seu segundo mandato, ele não mediu esforços e
nos ajudou mandando abrir o ramal ate aqui, o Aldemir Lopes ajudou muito aqui na nossa
comunidade. Hoje temos na comunidade vários benefícios como a peladeira de arroz, que pela o
arroz as quinta –feiras, temos a escola, o que falta e energia elétrica para que os moradores
possam ter sua geladeira, sua televisão um conforto melhor também falta uma escola de segundo
grau, pois e muito difícil para quem termina a quarta serie ter que ir para cidade ou então tem que
ficar parado e os que vão para a cidade não querem mais voltar para a comunidade.

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