O Triunfo Da Misercordia

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COLECAO SALESIANA = SERIE ASCETICA N.° 6 —_—_——Eorrv _— _SERIE_ASCETICA_N.° 6 O TRIUNEO DA MISERICORDIA Pe. A. M. J. LHERMITTE, $.D.B. Traducao do Pe. Faustino Bellotti Autorizada pelo Autor para a LES. Revisio € Orientacio do Reo. Pe. Luiz Marcigaglia, $.D.B. LIVRARIA EDITORA SALESIANA — LES Largo Coracio de Jesus, 140 — Sto Paulo Publicado no site http://www leiturascatolicas.com/ “Senhor, Fazei que brilhe diante de nds a Tux de Vossas misericérdiast” (Eel 36, 1) NIHIL OBSTAT Seti Panli, 16-68-1956 Mons. Lafayete,— Censor DEDICATORIA Ao coracéio inefdvelmente Miseri¢ordioso de Jesus, Dedico estas humildes paginas Como Tributo de ardente amor e de Profunda e fiet gratiddo! IMPRIMA-SE. $40 Paulo, 18 de Junho de 19° Pe, A. M. J. Lusaurrre, SDB. + Paulo Rolim Loureiro — B. Av é e eral “Vieux-Héverlé, 25 de Margo de 1950 (festa da Anunciagao) Publicado no site ht www Jeiturascatolicas.com/ CARTA-PREFACIO DO FALECIDO ILUSTRE CARDEAL MERCIER, ARCEBISPO DE MALINAS na primeira edisio Arcebispado de Malinas. Carissimo Sr. Padre, Nao podeis ficar surpreendido se vos digo que li o ~ yosso opiiseulo com emocio. ‘Vossa palavra comunicativa; as muiltiplas provas “que alegais do Amor de Nosso Senhor para com os que _ cairam, por grande que seja a sua queda, desde que dese- jam reerguer-se, sao decisivas. Poderé. haver motivo de maravilhar-se? Entre todos ‘os atributos de Deus nao é a misericérdia que mais faz ssplandecer a sua Onipoténela? Nao 6 a Igreja que can- ta, no décimo domingo depois do Pentecostes: “Deus, qui omnipotentiam tuam parcendo maxime, et mise- ‘rendo manifestam; multiplica super nos misericordiam tam?” (1) Eu me uno a vés ¢ a todos os meus colegas no sacer- para pedir que nenhum de nés ndo desespere nun- da divina miseriedrdia, mas que todos colaborem para seu triunfo. ‘ Vosso muito dedicado no Sagrado Coragao de Jesus, Desweraro José, Canprar Mexcrsn. Festa de N. S. do Rosario, 1922. (1) © Dens, que particularmente perdoando-nos ¢ tendo ‘eompaisdo dos pecadores, demonsteais a vossa Onipoténeia, espa- Mai em abundancia sdbre nds vossas misericdrdias. 40 DESTA OBRA. OBRAS DE DOM BOSCO Direcko GERaL Turim — Via Cottolengo, 32 8 DE OUTUBRO DE 1950 Carissimo Pe. Lhermitte, Recebi e muito apreciei a oferta do teu belo volume jicado As miserieérdias do S. Coracdo de Jesus ‘As paginas da obra transbordam daquele sentimen- Ge plena confianca na Bondade Divina, que abre as mas horizontes serenos. Envio-te os meus calorosos parabéns e peco a Deus e concede a0 teu livro um vasto raio de aco benéfica. Desde este nosso amado Santuario, mando-te de do uma béncdo especial de N. 8. Auxiliadora e de 0 Joao Bosco. Reza pelo teu muito dedieado em J. e M. (a) Pe. Pedro Ricaldone L/OSSERVATORE ROMANO, O GRANDE JOR- NAL DO VATICANO, DO DIA 29 DE SETEMBRO DE 1951, ASSIM SE REFERIU A ESTA OBRA NUM ARTIGO NOTAVEL, DO QUAL TRANSCRE- VEMOS AS PASSAGENS ESSENCIAIS: 'No decurso destas 200 paginas, cheias de frescor e de vida, o autor que possui, perfeito e profundamente, o seu assunto, 0 apresenta a seus leitores como um tema de total atualidade e depois o desenvolve numa argu- mentacio clara e limpida, que faz logo ressaltar téda a. sua importancia, ‘Trata-se entretanto do problema dos problemas: Deus considerado em relacéo ao homem pecador, cujo procedimento chega, por vezes, a formar um Inextrici- vel emaranhado de pecados sébre pecados. Na primeira e na segunda parte do sen livro, 0 Reverendo Padre trata pormenorizadamente o aspecto te6rico do seu argumento. %& assim que, por um solid eneadeamento de provas, apresentadas com simplicidade, leva 0 leitor a tocar a yerdade com a mio e a abando- nar-se inteiramente, sem nenhuma reserva & confianca em Deus. Na tereeira parte, 0 autor, passando a priitica, de- monstra uma técnica segura, precisa e que convence de modo irresistivel. A verdade esti no seu espirito, da mes- ma forma que o florete esta na mao de um mestre de esgrima, Procura as objecées até no limiar da morte, persegue-as até o além-timulo e, finalmente, as ani- quila, uma vez que 0 homem, embora a ponto de exaspe- Yar e por mais pesadas que sejam suas dividas, se aban- done totalmente, sem restri¢ées, mas cheio de arrepen- dimento, & miserieérdia de Deus! # pois com muita razdo que o ilustre Cardeal Mercier, de santa meméria, éle mesmo grande mestre da doutrine e do pensamento, apreciando altamente a presente obra, escrevia ao seu autor: “As miltiplas pro- vas que vés apresentais do amor de Nosso Senhor para com aquéles que cairam e desejam se levantar, por mais profunda que seja a queda, sao decisivas! Dest'arte, éste livro, sem a menor ditvida, reconforta, faz renascer a esperanca e encaminha seguramente a alma para uma doce e inabalivel certeza. Enfim, éle tende a levar 0 homem a Deus, fazendo-the apreciar, no seu justo valor, tanto as coisas do tempo como as rea- lidades eternas”. OR ANTELOQUIO Os jansenistas — j4 condenados pela Igreja desde 1642 — esforcaram-se em colocar a Deus tao alto e tao longe dos homens, que o tornaram qua- se inacessivel para um grande nimero de almas! Com efeito, apresentaram-no como um Juiz tao Severo, um Justiceiro t&o rigoroso, um Deus tao terrivel, numa palavra, que éles desviaram do Me- thor e mais Terno dos pais 0 coracdo dos filhos, espalharam o espanto na alma dos pecadores! Como conseqiiéncia: disto, viu-se que, ainda os me- nos culpados dos filhos de Eva nao se aproxima- tam mais de Deus, sendo tremendo, nfo ousando mais pronunciar sequer 0 seu nome, Entretanto, se os andtemas da Igreja golpea- ram mortalmente os erros detestaveis de Jansénio, éstes nao deixaram todavia de contaminar seu cami- nho! Nao se encontram ainda, com efeito, aqui ¢ acola, almas aterrorizadas a tal ponto, que ousam Apenas levantar os olhos para 0 céu e perguntam 4 si mesmas, com a mais cruel das ansiedades, se silo ainda capazes de perdio? 14 O_TRIUNFO DA MISERICORDIA Ora éste livro tem dois fins principais: a) Levantar as almas cafdas, inspirando- Thes uma confianga ilimitada na onipoténcia de Deus unida & sua infinita miseric6rdia. b) Impedir que as almas peradoras, ame- drontadas pelo seu abatimento e suas continuas recaidas, se entreguem ao desespero; atirar-se a frente delas, barrar-Ihes 0 caminho fatal, fazendo resplandecer a seus olhos o Sol reluzente da divi- na misericérdia. Um Esconuo Qur Drve Ser Evirapo Na soleira déste luminoso e benfazejo oasis que se chama O Campo da Confianca, onde se dilatam e reconfortam as almas, empenhamo-nos em de- clarar que aqui nao se trata absolutamente de uma confianga qualquer, confianca temerdria, confianca & moda protestante, enunciada por Lu- tero: “Peca quanto quiseres, mas cré’mais = = Pecea fortiter, sed crede fortius!” Tal confianga leva direitinho ao abismo. Por- que ela nega a necessidade das boas obras, mesmo da peniténcia! A confianga de que nés entedemos falar aqui © _TRIUNFO DA _MISERIGORDIA 15 6 timicamente a confianga que tem por base o ar- rependimento e o bom propésito. Nestas condigées, nenhuma barreira ao per- dao divino! A CoNFIANGA A confianga, assim como o amor de que ela ¢ tributaria faz a felicidade dos homens. Quanto maior é a confianga, mais aumenta a felicidade. Véde as criancas com relagfio 4 sua mae. Envoltas em seus bracos e apertadas contra seu coracéo ‘| confianea delas é total e sua felicidade também. Por que estas criancas tém em sua mie esta vonfianca sem reservas? Porque, sendo inocentes, pensam que o poder dela esté em proporeiio do seu mor. Quanto ao resto, por estranho que isto pa- tega numa idade tao tenra, sua confianca é razod- Wel. As criangas dizem dentro de si, embora nao descubram a Yazao profunda de sua argumenta- glo: “Mamae quer muito bem a seu Joaozinho, & wa Teresinha e mamae é toda-poderosa, Portanto ©) nfo tenho nada que recear”. E por isso, a crian- 4 € feliz, completamente feliz. Mas deve a sua fe- licidade inicamente a sua inocéncia, porque a rea- lidade @ muito diferente. Agora, se é verdade que ms maes nunca deixam de amar os seus filhos, 16 © TRIUNFO DA MISERIGORDIA porque assim as fez o Criador, o poder delas nao tem, infelizmente, senio um alcance muito re- lativo. Nao € assim que acontece com relacéio a Deus, Deus nos ama infinitamente e seu poder é in- finito! Por isso é que, e mais que as criancas com relac&o a suas mes devemos ter nEle Uma con- fianga plena e total. (1) Nos bem 0 sabemos: que se trata da nossa felicidade. Nada € tao importante para um filho, para um amigo, como o poder confiar plenamente e sem reserva alguma em seu pai, em seu amigo, Esta confianea € a garantia de sua seguranca presente ©, para o futuro, ela Ihe descobre os lurizoutes mais vastos e mais ricos de esperanca. % 0 descan- 0 completo. Mas, ai! como é rara no mundo esta confianca! Entretanto, mais rara ainda é a confianca que todos os homens deveriam ter para com Deus! Em lugar disto, eis o receio, o medo e quase a inquietagao. Por que? Porque os homens nfo conhecem a Deus. Sio Joao Batista, falando de Jesus, que ainda (1) Se vés nfo vos tornardes como eriancas, ndo entrareis no reino dos céus, (Mat. XVIII, 3). OQ TRIUNFO DA _MISERIGORDIA ta nao se tinha manifestado, dizia aos Judeus: “Ha entre vos, Alguéik que vos nao conheceis!” (1) Mais do que os Judeus, porque nés estamos, pela nossa educagio inundados das luzes do Evan- gelho, merecemos a repreensio que Joao Batista thes dirigia. Para nés com efeito, Jesus ficou numa certa medida, “o Deus desconhecido” que Sao Paulo quis, um dia, ir anunciar aos Atenienses. ‘Tendo-se pois apresentado diante dos Juizes do Areépago, o intrépido Apéstolo, abrasado do zélo de Deus e das almas, thes disse: “Atenienses, vejo que y6s, sob todos.os pontos de vista, sois mais religio- s0s do que os outros povos. Pois, percorrendo vossa cidade, encontrei um altar dedicado “ao Deus des- conhecido”. Ora, o que vés adorais, sem conhecer, eu vos venho anunciar (’). Conhece-se a resposta da augusta assembléia. Porque anunciando-lhes Jesus Cristo, Paulo thes falara, incidentemente, da ressurreigaéo dos mortos que éles nfo admitiam, éstes magnatas or- fulhosos, zombaram do missionario audaz e Ihe dis- #eram chacoteando e interrompendo a conferéncia: “fst bem, esta bem, nés te ouviremos uma outra vez”. (1) Medius autem vestrum stetit quem vos nescitis (Jo I, 26). (2) (At XVII, 22 ss). 18 @_TRIUNFO.DA_ MISERICORDIA * Tal nao serd vossa atitude, leitores amigos diante do esforgo que nés vamos tentar para vos fazer conhecer melhor Aquéle que merece, por tan- tos titulos, vosso amor e vossa confianca, e que récompensa, vos fara saborear, como nunca o experimentastes, a felicidade de O servir! (*), A. —L. (1) Gustate et videto quoniam suavis est Dominus (SI 83). PROLOGO. 0 apélo misericordioso de Deus aos Pecadores: ‘ai, e repete estas palavras do lado do norte e dize: olta, infiel Israel, diz Jeova; nao te quero mostrar um rosto severo, eu sou misericordioso, dis Jeova , eu nao guardo minha célera para sempre. nte reconhece tua falta, que foste infiel a Jeova, teu Deus” (Jeremias, III, 12-13). Venhamos e discutamos juntamente: Se vossos pecados forem como o carmim, 'Tornar-se-A0 alvos como a neve; Se forem vermelhos como a purpura ‘Tornar-se-40 como a 1a! (is I, 18). _ Dize a éles: Eu vivo, diz Jeova, e nao quero a do impio, mas desejo que 0 malvado deixe 0 eaminho e viva. Voltai, deixai os vossos maus nhos! E porque haveis de morrer, casa de ? (Ez XXXII, 11). PRIMEIRA PARTE Sagrado Coragdo de Jesus no Evangelho, ‘A bondade misericordiosa do Coragfio de Jesus splandece em todo o Evangelho! Entretanto, 0 Nos eram impostos alguns limites, escolhe- os, no Livro Sagrado, apenas as péginas nas is os Evangelistas quiseram pér mais especial- nte em relévo éste consolador atributo de nosso ina Salvador. Publicado uo site http://www leiturascatolicas.com/ CAPITULO PRIMEIRO Jesus manifesta ao mundo a misericérdia de divino Coragao durante sua vida publica. — Procepimento pr Jesus Para Com os Pusti- CANOS E OS PECADORES EM GERAL Quando se den a vocagin de Sdéo Mateus, o slicano, os Evangelistas Sao Marcos e Séo Lucas entam em clara luz a misericérida de seu Mestre. Depois de ter contado, com poucas palavras, ato, ambos acrescentam, com efeito, que o “ano de ontem, o qual, entaio se chamava |, resolveu celebrar seu adeus ao mundo e sua no Colégio Apostélico dando um grande juete em honra de Jesus (1). A éle convidaria ‘0s empregados do fisco, seus antigos colegas, © fim, sem divida, de proporcionar-lhes a sa- : “Et fecit ei convivium magnum Levi in 24 O_TRIUNFO DA MISERICORDIA tisfaco e a vantagem de ver mais de perto o gran- de Profeta e talvez também com a intengao secreta de vé-los impressionados com o encanto irresistivel de seu olhar e de sua palavra? Foi assim que, na casa do seu novo escolhido, Jesus se viu rodeado de um grande numero de pu- blicanos e pessoas de ma vida como o declaram expressamente os dois Evangelistas (+). Pois os Escribas e Fariseus estavam forte- mente admirados! Estranho espetdculo, com efei- to para éstes homens dominados pelo orgulho a ambicéo e a dureza, ver éste pretendido Profeta admitir tais pessoas entre os seus ouvintes e mes- mo consentir em se assentar & sua mesa! (2), (1) Mare, If, 15: “Et factum est, cum accumberet in domo illius, multi publicani et poceatores simul discumbebant cum Jesu ct-discipulis eius; erant autem multi qui et sequebantur eum”, Lue. V, 29: “Et erat turba multa publicanorum et aliorum qui ‘cum illis erant discumbentes". (2) Os Fariscus ¢ seus Escribas nunca teriam aceitado se- reni os convidados de um Publicano, Mas, sem estar entre os con- vivas de Levi, como os disefpulos de Jesus, era-thes todavia pos- sivel ser testemunhas da cena que os sindpticos nos ‘apresentam. Sabe-se, com efeito, que os costumes da Palestina, naquela época, pernitiam ficilmente entrar numa sala de festim e de ld sair como simples curiosos. Notamos entretanto que ontros exegetas pensam. que 08 Fariseus no teriam nem mesmo aceitado de entrar na casa de um Publicano e éles explicam que a interpelacio foi feita, sem divida, do exterior da casa”. (Marchal, Evangelho segundo Sao Lucas, Paris, 1935, p. 80). oO ‘RIUNFO_DA_MISERICORDIA 25 Entao, sem que éles suspeitassem nem de longe, que iam dar um elogiiente testemunho da man- sidéo e da misericordia de Jesus, decidiram pro- testar enérgicamente contra tais procedimentos. Foi por isto que, depois do banquete, como se acharam 4 beira do Lago (‘) com os discipulos de Jesus, disseram-lhes “Que idéias tem ent&o vosso Mestre, que chega até a beber e comer com os pu- blicanos e pecadores?” (*). Jesus ouviu esta repreensfio e respondeu Ble mesmo, amarrando com uma palavra ao pelourinho © orgulho de seus inimigos odientos e ciumentos: “NGo s&io aquéles que est&o s&os, Ihes disse, que precisam de médico, mas os doentes!” Depois ferescentou esta declaracéo solene, que na suces- Silo dos séculos, ia alegrar todos os pecadores que desejavam sinceramente erguer-se, dissipar seus medos e reforcar sua esperanga no perdao divino: “Bu nao vim chamar os justos 4 peniténeia, mas ‘08 pecadores” (5). Quanto ao resto, nfio é-a tiniea vex que os Evan- gelistas mencionam a multidéo dos pecadores que (1) Lago de Tiberiade nos arredores do qual Mateus exercia w fungdes de Publicano, isto ¢ de cobrador dos impostos. (2) Quare cum publicanis et peccatoribus manducat ¢ bibit Wuigister vester? (Mat. IX, 11). (3) “Non veni vocare iustos, sed peccatores ad poenitentiam” (Lue V, 32). 26 © TRIUNFO_DA_MISERICORDIA se compraziam em rodear a Jesus, Avidos como es- tavam de ouvir sua palavra vital, Durante 0 terceiro ano da pregacéo do Sal vador, pregando sua segunda missio ria Peréia, Sao Lucas assinala um acontecimento semelhante @0 que acabamos de relatar e o refere como se se tratasse de um hAbito constante de Jesus como de uma coisa que se passa ordinariamente: “Os publicanos e os pecadores se aproximam de Jesus para ouvi-lo. E os Fariseus e os Escribas murmurayam di- zendo: Este homem acolhe os pecadores e come com éles” (4). Jesus respondeu a intervencSo dos Fariscus contando ao povo que o ouvia as parabolas da ovelha e da dracma perdidas € do filho prodigo, de que falaremos mais adiante, : Este ensinamento de Jesus, que tinha por fim por em evidéncia a misericérdia de Deus, era des- tinado principalmente aos publicanos e aos peca- dores de todos os graus que compunham a maior parte de seu auditério. * Assim, a presenga desta categoria de ouvintes das pregacées de Jesus prova bem que a miseri- cérdia devia ser um dos assuntos favoritos do Sal- vador. Pois era isto com certeza que atraia a Ele (1) Lue Xv, 1-2. pela sua volta. © TRIUNFO DA MISERICORDIA 27 esta gente de ma vida téo vituperada pelos escri- bas e fariseus, mas que se mostravam, por isso, desejosos de erguer-se de sua abjecio. s Em todo caso, o que esta fora de qualquer dit vida € que as palavras e 0 procedimento miseri- cordioso do Salvador, deviam, na sucessio das ldades ¢ até o fim dos séculos, esclarecer as mul- tiddes de almas desviadas, reanimar sua confianga, fortalecé-las e ergué-las pelo arrependimento, o amor e a generosidade, & imitacio de Madalena, de Sao Pedro e de tantos outros, até os cimos esplen- dorosos da. perfeicao. . um — O Finuo Propico Eis aqui, em primeiro lugar, a comovente pa- rabola do Filho prédigo (‘) na qual o Coragdo de Jesus se revela a nés com todo o esplendor do seu ‘amor misericordioso para com os maiores culpados Aqui, com efeito, Jesus nos conta que, apesar do inqualificvel procedimento do Prodigo, seu pai nfio deixa de o amar, de pensar néle, de suspirar Assim, cada dia, A primeira luz da aurora, Oste terno pai sobe ao monte vizinho para perscru- tar o horizonte. (1) Lue Xv, 11-82.

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