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A historia, ciéncia e ficcGo! “Ficcdes” A semelhanga de “ciéncia”, seu termo correlato — “ficgio” — € uma palavra perigosa. Por ter procurado, em outro artigo,” definir seu estatuto, limitar-me-ei a sublinhar, neste texto, a titulo de nota preliminar, quatro funcionamentos possiveis da ficgdo no discurso do historiador. 1. Ficgéo e histéria. A historiografia ocidental se bate contra a ficcao; entre a histéria e as historias, essa guerra intestina remonta a épocas bem recuadas. Trata-se de uma querela familiar que, de saida, fixa posigdes. Entretanto, por sua luta contra a fabulagdo genealdgica, contra os mitos ¢ as lendas da meméria coletiva ou contra as derivas da circulagio oral, a historiografia cria um distanciamento em relacao ao dizer e ao crer comuns, além de se instalar precisamente nessa diferenca que a credencia como erudita ao distingui-la do discurso ordinario. Nio porque ela diga a verdade. O historiador nunca teve se- melhante pretensio. De preferéncia, com o aparato da critica dos documentos, 0 erudito retira o erro das “fabulas”: ao diagnosticar © que é falso, ele ganha terreno em relagio a estas. Na linguagem recebida como admissivel, ele escava a posigao que acaba atribuin- do 4 sua disciplina, como se — instalado no meio de narratividades 83. CE, neste livro, & Llustoire, science et fiction” in DE CERTEAU, Le Genre humain, 1983. Ct historia textual deste capitulo, p. 37-38 DE CERTEAU, ECH, 1984a (Cf. “La fiction de histoire”, p. 312-358) ‘ENTREE ® PSICANAUSE: Histo € le uma sociedade (tudo 0 que ela Telatg se empenhasse em rechagar 9 que que é verdadeiro; ou como se ele duzir a verdade pela identificac4o do erro. Se, m algo de negativo, OU — para tomar emprestado mais apropriado —um trabalho da “falsifica- sta, no elemento de uma cultura, a ficeio mbinadas 4 col Roce { mesma, 19 a construir © ficadas € jatou para S nao tant estratil ou rel é falso € go conseguisse PTO! trabalho consistina €} a Popper um termo ma jo”. Desse ponto de vi gio : éoquea historiografia in territorio proprio. 2. Ficgao e realidade. No plano tanto dos procedimentos de andli- se (exame € comparacao dos documentos), quanto das interpretacées (produtos da operacio), 0 discurso técnico capaz de determinar os erros caracteristicos d em nome do real. Ao estabelecer, de acordo com seus proprios critérios, 0 gesto que separa os dois discursos — cientifico e de ficcio -, a historiografia adquire seu crédito de uma relagado com 6 real, porque seu contririo est4 colocado sob o signo do falso. stitui como erroneo, obtendo assim um la ficcdo autoriza-se, por Isso mesmo, a falar Essa determinacio reciproca encontra-se alhures, apesar de se servir de outros recursos e de outras pretensdes; ela implica uma dupla defasagem que consiste, por um lado, em fazer com que 0 cee ener 20 demonstrar um erro e, ao ne tempo, em ee me a enine do falso. Ela pressupde, portanto, “ako” deuce fei ee ssim, outrora, ao argumentar contr repetirse, inclusive na hie na existéncia de algo verdadeiro. Ao mento é simples: 20 com, ‘oniografia contemporanea, 0 procedi- dear com a9 a omPrONAE 05 eros, @ discuso leva 2 coms ilegtimo, o procedimente farce ie Pest de ser logicament! (“fait marcher”), Desde enti fea! marche” e “leva na convers* real, enquanto 9 discu; 0, a ficcdo é transferida para o lado do STO esti afetado pelo prieeenicamente armado para designar ° “gio suplementar de representar 0 rel 0s debates entre “Ji trar essa . teratura” © histér: €8sa divisio, ¢ historia permitiriam facilmente ilu enc ciéncia, enc 4 ia. Ontra-se també, Or uma re. © teols Viray os © teolégico) ae volta bastante logica, 2 fics” D NO car Mpo da cid i decifra a ord, i ciencia, Ao discurso (metafisice ©M dos seres ¢ as vontades de s¢¥ uradora de modernidade tomou © uma lenta revolugao mst autor, Tugar das eseritas capazes de instaurar coeréncias a parar das quais yenha a produzir-se wma ordem, um progresso ¢ uma historia as corsas, €Ssas Deshyadas de sua fungao epifintea de representar ormais dio lugar, em suas a cenarios cuja linguagens t aplicagoes, pertinéneta se re xprimem, mas ao que, specie de suposta fere nao mais ao que eles ¢ por seu intermédio, se torna possivel. Eis uma nova © ticgdo: artefato cientifi “The faz falta, mas pelo que ela permite mente. E “fico” nao o que bate a fotografia do desembarque lunar, mas ©, ela nao se julga pelo real que, fazer e transformar o que o prevé € © organiza. A historiografia utiliza também as fiegdes desse Upo quando ela constroi sistemas de correlagoes entre unidades definidas como distintas € estaveis; quando, no espa¢o de um passado, ela faz funcionar hipéteses e regras cientificas presentes €, assum, produz modelos diferentes de sociedade; ou quando, mais explicitamente, como no caso da econometria histérica, ela anal de hipéteses infactiveis (por exemplo: 0 que t io nos EUA se nao tivesse ocorrido a Guerra de Secessio? oriador nao lisa as consequéncias eria ocorrido com a escravida Cf. ANDREANO, 1977, p. 258ss.). No entanto, 0 his deixa de alimentar desconfian¢a em relagio a essa ficgdo que se usando-a de “destruir” a historiografia: aspecto ado pelos debates sobre a econometria. Tal em tornou cientifica, ac perfeitamente demonstr: resisténcia pode ainda fazer apelo ao aparato que, a0 apoiar-~ “fatos”, revela erros. Mas, ainda mais, ela baseia-se na relagao que o discurso do historiador, supostamente, mantém com o real; na ficcio, incluindo esta, 0 historiador combate uma falta de referen- uma ruptura do acasalamente, cial, uma lesio do discurso “realis pressuposto por ele, entre as palavras € as Cotsas. 4. A ficgao ¢ 0 “limpo”. A ficgao é, por ulumo, acus. ser um discurso univoco ou, dito por outras palavras, to, ela lida com uma ada de nao de carecer de “himpeza” [“propreté”| cientifica, Com ete estratificagdo de sentido, relata uma coisa pata exprimir outra, NT. No onygn. ue a aguticar “proprio” (ef, mats adiante nor 36, Cap HHL, po 101) em uma linguagem da qual extrai, indefinig, ase : configur tido que nio podem ser circunscritos, « AMEN, Nem eg sfeitos de sen : 2 € ente do que se passa. com uma lingy lados. Diferenten try, _ Hagen, amtig, ee ipio univoca ela nado tem espago Proprio, [repre 1", Movimenta-se, imperceptivel, no Campo 4, o saber nao encontra luga cal Fla 6 “metatort " Nessas cireunstancas, onsiste em analis-la de maneira Ar sey, outro, “ur , a re sett esf0rco ¢ reduzi-|, 0 traduzi-la em elementos estavels € combindveis. Desse Ponte, vista, a ficgdo lesa uma regra de cientificidade: € a feitic ira g o saber se empenha em fixar e classificar, a0 exorcizéla en .., laboratorios. Ela j4 ndo traz, aqui, o sinal do falso, do irreal, ne do artefato, mas designa uma deriva semantica. E a sereia da qua o historiador deve defender-se, a exemplo de Ulisses amarryi no mastro. De fato, apesar do quiproqué de seus estatutos sucessivos o1 simultineos, a fic¢io — sob suas modalidades miticas, literiria, cientificas ou metaféricas — é um discurso que da forma [“informe’| ao real, sem qualquer pretensio de representé-lo ou ser crede ciado por ele. Deste modo, ela opGe-se, fundamentalmente. uma historiografia que se articula sempre a partir da ambigio ce dizer 0 real — e, portanto, a partir da impossibilidade de assum plenamente sua perda, Essa ambi¢ao parece a presenga ¢ a for de algo de original; ela vem de longe, 4 semelhanga de uma ce? Primitiva, cuja permanéncia opaca continuasse determinando disci e : ciplina. De qualquer modo, ela permanece essencial, co!” tuindo, portan: 7 to, 0 centro obscuro de algumas consideragoes CU gostaria : me a ‘= introduzir a respeito do intercambio entre ¢!"* a0 ao. ar ape: é i : . he abordar apenas estas trés pistas de reflexio: 1.0% Produzido pela historiograf InsUtUiCa¢ S40 dos historiadores; 2. 6 aparato cientifico — por eS" i se emmitica~ possui igualmen Sonador; 3, ao vislumbr, constitui, também, o legenstat™ 4 informat jo no trib te aspectos de ticgie ne U © produz 1 ata relagio do discurso col! ae Mternadamente, com uma instituigi? Pe XK den! todologia ¢ lentifica —, & possivel cons MI COMG y i oe Hua mistura de ciencia 5, ones ar en © de Hegtoy 1 que se ESe rentoduz 6 tempo Avastona, cttcia € noch O legendario da instituigGo De maneira geral, qualquer narrativa que relate “o-que-se- passa (UO qUe Se passou) institul algo de real, na medida em que se considera como a representagio de uma realidade (do passado). Ela baseia sua autoridade no fato de se fazer passar pela testemunha do que ¢, ou do que foi; cla seduz ¢ se impée através dos aconteci- mentos dos quais pretende ser a intérprete, por exemplo, as Gltimas horas de R. Nixon na Casa Branca, ou a economia capitalista das haciendas mexicanas. De fato, qualquer autoridade alicerga-se no real de que, supostamente, ela é a declaragio; é sempre em nome de algo de real que se consegue “a adesio” dos crentes e que estes sio produzidos. A historiografia adquire esse poder enquanto ela apresenta ¢ interpreta “fatos”, O que o leitor poderia contrapor ao discurso que lhe diz o que é (ou foi)? Ele tem de consentir lei que se enuncia em termos de acontecimentos. No entanto, o “real” representado nao corresponde ao real que determina sua producio. Ele esconde, por tris da figuracio de um passado, o presente que o organiza. Formulado sem rodeios, o problema é o seguinte: a encenagio de uma efetividade (do pas- sado), ou seja, o proprio discurso historiografico, oculta o sistema social e técnico que a produz, isto é, a instituigdo profissional. A operagio em causa parece ser empreendida com bastante astiicia: 0 discurso torna-se crivel em nome da realidade que, supostamente, ele representa, mas essa aparéncia autorizada serve, precisamente, para camuflar a pratica que a determina realmente. A representa¢io disfarca a praxis que a organiza. 1. O discurso e a/da instituigao, A historiografia erudita nao escapa 4s condicionantes das estruturas socioecondmicas que determinam as representagdes de uma sociedade. Certamente, a0 isolar-se, um circulo especializado tentou subtrair a produgio dessa historiogratia 4 politizacao ¢ a comercializagio das narrativas que nos relatam, nossa atualidade. Essa retirada — que assume a forma seja burocratica (um i et TU segmento do Estado) ou corporativista (uma protissio) Pe rit (um passado), a selegao de um a separagao de objetos mais anugos 1 ca agdes controliveis material mais raro (arquivos) ¢ a definigao de oper: 49 jssdo (tecnicas). Mas tudo se passa como Se 05 pro, | = ee tabricacao de nossas “histérias” cComuns oy us fee ae fossem nao tanto climinados desses labora mas sobretudo submetidos 2 prova, criticados ¢ Vetificadog historiadores em seus terrenos de experimentacio, Antes de am a tecnicidade peculiar as pesquisas cientificas, convém "Ecotec, portanto, 0 que elas tem em comum com a Producio getal de a sas historias pela midia. E é a propria instituicio Profisong : historiadores que, ao apolar tais pesquisas, vai associa-la comuns das quais elas pretendem distinguir-se, S a8 Priticas A erudicao deixou de ser — salvo marginalmente — um obra individual; trata-se de um empreendimento coletivo, Para Popper, a comunidade cientifica cornigia os efeitos da subjetividade dos pesquisadores. No entanto, essa comunidade é também uma usina, distribuida em cadeias de montagem, submetida a exigéncias orcamentarias, associada, portanto, a Politicas e as condicionantes crescentes de um aparato sofisticado (infraestruturas arquivistica, computadores, modalidades da edi¢do, etc.); ela é determinada por uum Tecrutamento social bastante restrito ¢ homogéneo; orientada por esquemas ou postulados socioculturais que impoem tal recrutamento, a pnonidade/recursos afetad dor, as correntes da €poca, etc. Além disso, sua organizagio 'sio do trabalho: ela tem seus diretores, 8 daspesquiee decade’ 7 de tabalhos” (frequentemente Po seus redatore = alte a 4 iretores de departamento), suas es E deixo de lado os a los € seus encarregados da ee © ~ por exemplo, a ae ees desse empree! sr anilis foi elaboradg «(2 Tespeitabilidade universitiria’ aristocracia, seus “chefe: * Produtos des, “CO quanto na lerarquizad, : br- Sa usina, nada dizem de sua ee : cio ¢ da, dissimulando sua relagio "| loe Secioeconémico, Sera que a test: P ' Ua relac3, inren’ Academica elacio com o diretor que supe" t com o¢ ; : saqueé SObre os penn 88 Com ag pn OS IMPerativos financeiros _ jon! } 5 te tees cxerciday pelo meio profs 35 escolh t hid 7 ay insist! °° © OS métodos adotados? Initil i" | 5H Ariston, citticw € Hecho 0, conven sub! : No entant 1 sublinhar o fato de que tats determinagdes amente cientificos, nem a Tom © peso de uma re atual sobre discursos que, nao dizem respeito a imperativos propri ideologias individuais, mas tém a vey lid: " alida- sem Ihe fazerem a minima referéncia, pretendem representar 0 real de historic Certamente essa representagao do fazer histéria desempenha seu papel, indispensavel, em uma sociedade ou em um grupo: ela antemente, 4 reparacao das dilaceracdes entre o pas- sado e 0 presente; assegura um “sentido” que supera as violéncias ¢ as divisdes do tempo; cria um teatro de referéncias ¢ valores comuns que garantem ao grupo uma unidade e uma comunicacio simbélicas, Em suma, como afirmava Michelet, ela é 0 trabalho de vivos para “acalmar os mortos” e reunir toda a espécie de apartados em uma aparéncia de presenga que é a propria representagio. Trata-se de um discurso da conjungao, que luta contra as disjun¢des produzidas pela competicio, pelo labor, pelo tempo e pela morte. Mas essa tarefa social exige, precisamente, a ocultacio do que particulariza a representa¢ao, levando a evitar o retorno da divisio presente na cena simbolizante. Portanto, em vez da representagio de um passado, © texto vai proceder a elucidagao da operacio institucional que o fabrica. Ele confere uma aparéncia de real (pasado), ao invés da praxis (presente) que o produz: uma é colocada no lugar da outra. procede, inc 2. Do produto erudito a midia: a historiografia geral. Sob essa pers- Pectiva, o discurso cientifico ja nao se distingue da narratividade pro- lixa e fundamental que é nossa historiografia cotidiana. Ele participa do sistema que organiza, por “histérias”, a comunicagao social © a habitabilidade do presente. O livro ou o artigo profissional, por um lado, e, por outro, o didrio impresso ou televisionado diferenciam- “© apenas no interior do mesmo campo historiogritico, constituido Pelo grande ndmero de narrativas que relatam ¢ interpretam os claro, “ontecimentos, O historiador “especializado” obstina-se, denegagio. A “M rey Cs J ' Fejeitar essa solidariedade comprometedora. Vi MICE a especie Parcel crudita dessa historiogratia forma ai apenas uma especie artic te nas ~, dis- Parucular — no mais “técnica” do que as especies contiguas + ds -ondo somes eg Pondo somente de outras téenicas. Ela tem a ver tambem com um Nero ¢ P-Se-passd We prolifera: as narrativas que exprimem o-que-se-Passt Sem tréguas, desde 0 inicio até o fim do di a, 9 fato, relata-se. Ela privilegia 0 que nio funciona (¢ Conte to é, antes de mais nada, um acidente, um infortin Neca 1, um, 4 Chiy Cima de ty porque impde-se, com urgéncia, voltar a costurar, 4 essas dilacerages com uma linguagem de sentido; no ent ‘4 i ant, procamente, 0s inforttinios sao indutores de narrativas at ec auton, and, » Outrora, assumia a figury 4. Segredo Divino que autorizava a interminavel narratividade sua incansavel producao. O “real” un dea revelacao; atualmente, ele continua a permitir indefinidame narragao, mas assume a forma de acontecimento, longinguo oy alheio, que serve de postulado necessério a produgio de nosos cursos de revelagGes. Esse deus fragmentado nao cessa de ser obje de comentirios; ele tagarela. Por toda parte, noticias, informacie estatisticas, sondagens e documentos que, pela conjungio narratwva compensam a disjun¢ao crescente criada pela divisio do trabalho, pela atomizacao social ¢ pela especializa¢io profissional. A todo 0s apartados, esses discursos fornecem um referencial comum; els instituem, em nome do “real”, a linguagem simbolizadora que lee a crer na comunicacio e entretece a rede de “nossa” historia Dessa historiografia geral, limitar-me-ei a sublinhar trés 11260 peculiares ao género em sua integralidade, embora eles sejam™ visiveis na espécie “midia” e mais bem controlados (ou modalizado> diferentemente) na espécie “cientifica”. a) A representagio das realidades histéricas & 0 meio 4 muflar as condi¢des reais de sua produgio. O “documentine mostra que cle é antes de mais nada, o resultado de ums inst" socioecondmica seletiva e de um aparato técnico coun diario ou a televisio. Tudo se passa como se, através de Dan m i © Afeganistio se mostrasse. Na verdade, ele nos & contale narrativa que € 0 produto de um meio, de um poder, de cor entre a empresa e seus clientes, assim como da logica de 4" recite? A clareza da informacio dissimula as leis do trabalho CoO?! a Constréi; trata exo de renter vt anto a fabrics jimi se de uma falsa aparéncia que, dife' Perspectiva iluséria de dade de seu estatuto de clucidacao” outrora, deixou de fornecet © teatro quanto 0 cédigo de sua profi ced Profissional do pasado possui o mesmo PF 52 b) A narrativa que fala em nome conhecer’, & maneir: imPerativa; ela “fy 4 ordem. Nesse exerce um papel semelh 4 outrora: os padres, fazem com que e, “fazer falar” um Autor; daqui em tazemt as vezes desses segredos “ permanece a mesma: el: em nome do “real” a como se atualidade (0 real cotidiano) a divindade desempenhay os ministros da atualid, z aspecto, a ante ao que + aS testemunhas ou cla fale para dar ordens © real ja nio é diante, algarismos dados “revelados”. No entanto, a e a Consiste em ditar, » © que deve ser dito, 0 q que deve ser feito. E © que opor a “fatos”? A dados © algarismos (ou seja, em termos fabri mas apresentados como a manifestacdo da derradeira autoridade, © Real) constitui nossa ortodoxia, um imenso discurso da ordem. Sabe-se que o mesmo Ocorre com a literatura historiogrifica. Eis © que € mostrado, atualmente, por um grande ntimero de anilises: ela foi sempre um discurso pedagdgico e normativo, nacionalista ou militante. No entanto, ao enunciar o que se deve pensar e fazer, ewe discurso dogmatico nio tem necessidade de se justficar porque fala em nome do real. lade em seu nome, Certament revelar as, vontades secretas de ‘strutura interminavelmente, ue se deve crer e 6 lei que se relata em icados por técnicos, c) Ainda mais: essa narrativa € eficaz. Ao pretender relatar o real, ela o fabrica. Ela é performitica. Ela torna crivel o que diz e faz agir por essa razio, Ao produzir crentes, ela produz aati A intormagio declara: “O anarquismo esta nas nossas rus, : esta 4 nossa porta!” O publico, imediatamente, ae . ergue barcadas. A informagio acrescenta: “Existem indic = wee Criminosos sejam estrangeiros.” O public eae ae denuncia pessoas e vai votar em favor de sua condena rr. : riza ou privilegta u de seu exilio. A narragio do historiador desvaloriza ou p ou de seu es aca exager. et SMOs OU a nactonalisme Praticas, exagera a dimensio dos conflitos, inflam. oe racism ' - reNtos az Facismos, organiza ou desencadeia comportame » (1973) enrscu ean-DPierre Faye (1 cla diz. Bis 0 que foi analisado por Jean tae 1 propostto do : muagens tocahtaris}, : Livro, Langages toralitaires [Linguagens irrativay si fabricaske ! Conhecenos troy cases enue naragin so azismo, Conhecemos 1s narragie moss ¢ As vozes char nimenso Mséne € fazem a historia ea , 1 y espago social clas ex! tar como mam, deslocam e regula « trole por se apresel o controle Poder que, por sua vez, escapa 53 mracio do que © Passa OU do que se pasoy, 4 nas selecionados, pelas problemi, Cas av _ pelos tem oria prom pe | od: ee documentos ¢ pelos m lelos utilizados privilegi3- . ene ~ que ela jperacividade aniloga. Sob o nome de ciéncta, ela am, 3 0 = rem UT Jas, Assim, frequentemente mats licidos sbiliza chente! , historiadores. OS poderes politico € ou econémi. wese sempre em coopti-la, lisonjed-la, compri-la, sob controle ou subjugando-a. nagio com um poder, 0 discurso para combinar uma ence! gue Ihe garan yincula-se 2 institui¢30 te, ao mesmo tempo, a legit- midade diante do publico ¢ a dependence s sociais. O empreendimento assegura 0 como discurso do real para os leitores ou espectadores, a0 mesmo or seu funcionamento interno, ele articula a produgio intera¢io entre esses ia em relacdo 4 dinamica das forga papel ou a imagem tempo que. P sobre o conjunto das priticas sociais. Mas existe dois aspectos. As representagdes sio autorizadas a falar em nome do real apenas na medida em que elas fazem esquecer as condigdes de sua fabricagio. Ora, é a instituigio também que opera © hiame a esses, contririos, Dessas lutas, regras e procedimentos soci a condicionantes J atividade produtora, autor” ree Eats jo discurso produzido. Garantidas pelo mel? representaci as podem, desde entio, ser dissimuladas pela 40. Mas a situacao seri, assim, ti cal? >mento . assim, to paradoxal? O element excluido do d curso é jus tal = —o grupo (erudito). Justamente a garantia da coesio prancd do Cay ida é cientifica”, : pore ahi fi , “ fica”, ela as genero da historiografia geral. Cc plo, do funcionamence te se Pee COS: VOU servir-Me Mento da j , ne la informati, : a Tmatica no campo do trabalho Lembran 2 ny "05 30 let GIO don Be MOF Ae a ee © Sequer se alt Hv € de 1986 (University of MINE teflerde ma * do 20 ¢ st0r ampo due wnbrava a : 4 Ciencias Henn 2 Poti de uso dos FN de maneira algu™- A vasTOmA, CRNA E RECO historiografico especializado ou Profissional. Com a informatica, abriu-se a possibilidade do quantitativo, estudo sequencial das rela- ges varidveis entre unidades estiveis, durante um periodo de longa duracdo. Para o historiador, é a Ilha Afortunada. Finalmente ele tera a possibilidade de livrar a historiografia de suas relacSes com- prometedoras com a retérica, com todos Os usos metonimicos ou metaforicos do detalhe supostamente significativo de um conjunto, € com todos os ardis oratorios da Persuasdo; ele tera a possibilidade de desvencilha-la de sua dependéncia em relagao a culura circun- dante, cujos preconceitos Tecortam ani unidades e interpretacdes. Gra de controlar as quantidades, determinar periodicidades a P tecipadamente postulados, Cas a informatica, ele torna-se capaz de construir regularidades, além de artir das curvas de correlacdes — trés pontos nevralgicos na estratégia de seu trabalho. Portanto, a histo- nografia foi fisgada por uma embriaguez estatistica: os livros ficam repletos de algarismos, garantias de objetividade. Infelizmente, foi necessario desenfeiticar tais expectativas, mes- mo sem ter chegado a falar — como ocorreu, ultimamente, com as observacdes elaboradas por Jack Douglas (1969) (1980) — de “retérica dos algarismos”, historiografia tem a contrapartida de ou Herbert Simons - A ambicio de matematizar a uma historicizagio dessa mate- matica particular que é a estatistica, Nessa andlise da sociedade baseada na matematica, é preciso, com efeito, sublinhar: 1° sua relagdo com suas condigdes de possibilidade histéricas; 2° as redugdes técnicas que ela impde e, portanto, a relacio entre o que ela aborda e 0 que deixa de fora; por tiltimo, 3° seu funcionamento efetivo no campo historiogrifico, ou seja, o modo de sua recuperagio, ou de sua assi- mulacio, pela disciplina que, supostamente, é transformada por ela. Eis outra forma de assistir ao retorno da ficcdo a uma pritica cientifica. 1. Aparentemente, nada de mais alheio aos avatares da historia que essa cientificidade matematica. Em sua pratica teorizadora, a matemitica se define pela capacidade que seu discurso possui de determinar as regras de sua producio, de ser “consistente” (ou seja, sem contradicao entre seus enunciados), “limpo” (isto é, sem equivo- cidade) ¢ restritivo (impedindo, por sua forma, qualquer rejeigio de seu contetido). Sua escrita dispée, assim, de uma autonomia que far da “elegincia” 0 principio pene de seu desenvolvimeny 7 verdade, sua aplicacio a anilise da sociedade tem aver eg cna a tincias de tempo e de espaco. Mesmo que, no sécul L ne “raig ja vislumbrasse calcular as probabilidades do festemunho n seu Theologiae christianae principia mathematica, © NO final do Sculy XVIII que Condorcet funda uma “matemitica social” e Mpreeng. um calculo das “probabilidades” que regem, no sey entender, “motivagdes para crer” e, portanto, as escolhas Praticas dos indivi. duos reunidos em sociedade (Conporcet, 1974)5 Somente entio toma forma a ideia de uma sociedade matemati izay postulado de todas as anilises que, na sequéncia, abor: social sob 0 prisma da matemiatica. Essa “ideia el, Principio ¢ dam a Tealidade nao era evidente, dade orientada Pela razio ja tivesse Platdo, Para que a “lingua dos cileu de Condillac, viesse a definir o di hecessario, em primeiro lugar, considerar a sociedade como uma totalidade composta por unidades individ: vontades: esse “individualismo” (MacrHERson, 1 embora 0 projeto de uma socie- sido proposto em A Repiiblica de los”, de acordo coma expressio curso de uma ciéncia social, fo uals que combinam sus » Surgido com a modernidade is, caracteristicas da cienttci I; 1972, p. 190-286); a organizacio eet Ta¢do que uniformiza o territério, centraliza! cid” informagio € fomecendo o modelo de uma gestiio geral 40> vt dios; por Ultimo, a sOnstituicio de uma elite burguest Loa ©onvencida de Seu préprio poder ¢ a riquez 4" uma "ctonalizacio da sociedade: © uma administ zal Ho abordada por BORDA (! autor um Prémio Nobel Essa tripla de! teemica; a outra, 5 © continua se a hoje : wet stss is ) “lentifico, aoe Mle 0 circulo te » © aparelho fc Tata s : endimento Informiatico Ou. a €rvem de suporte da s ~ 5 es- internacion Statal ou : @ Condorcet Procedia a s Matica social”, ele Pressupunha: > a: a) que alguém age em conformid: © com sua crenca; b) que esta Pode inspirar-se em “ ara crer”; e ¢) que tais “mo- tivagdes’ teduzem-se idades, Impée-se absolutamente recortar no real um obj seu objeto em ficcio. foi demonstrado por Peter Hanns Reill ( ¢ dos primérdios do historicismo alemao —, 0 modelo matemiatico é rejeitado em beneficio de um evolucionismo (que ea historicizacio da linguistica) (De Cerreau; Juuia; Revel, 7 6 éc X venha antes que o estruturalismo macroeconémico do século XX ve restaurar, também, esse modelo na histéria. III ~ alias, como 1975, p. 2313s), a propésito ati — forma, no en- Atualmente, na histéria, o uso da estatistica — fo tanto, elementar da matemiatica eee 6 me¢go da aga Ge: s no proprio cor restrig¢des. Assim, r é eC e drasticas - 56 & permitido mediante i éries (0 que constituido em séries ( -etivel de ser constitu a E rial suscetivel ¢ apenas 0 materia f tar: b: sleitoral, em historia istica Ou uma 4 ria urbanist ara uma histo} 75. rune nouvelle dictate “IBM ou Pemergence d © Ver, por exemplo, “Il Court de Gebel fiction (1760-1780): De Broses © Ver cap. 4, °Théone © ae je outras historias deixadas de lado ou abandon, amadores)- 4 que 0 signo (objeto calculado em Alain a seja identificado com as coisas OU palavras, cujas Vaigs| “a Se] ‘ou semanticas viessem a comprometer a estabilidade g nto, a validade do cAlculo. As restric¢des €Xigidas = “hyvagem” dos dados, acrescentam-se aquelas impostas pelos ie tes dos instrumentos te6ricos: por exemplo, Seria necessitia yp, “Jégica imprecisa” capaz de tratar as categorias do tipo ~“um poy co”, “suficiente”, “talvez”, etc. — que sao caracteristicas do campo histérico. Apesar das pesquisas recentes que, a partir das nocdes de “proximidade” ou “distanciamento” entre objetos, introduzen conjuntos “imprecisos” na anilise (ver, por exemplo, Corce, 1975), 0s algoritmos informatics reduzem-se a trés ou quatro formulis Todos nés temos a experiéncia das eliminag6es que tiveram que ser efetuadas no material porque ele nao era abordavel de acordo com as regras impostas. Eu poderia relatar os avatares de pesquiss histéricas - por exemplo, sobre os Estados Gerais de 1614 ou sobre 0s Cahiers de doléances [Cadernos de reclamagées] de 1789 objeto que acabaram sendo rejeitados do campo fechado da informatics Desde o nivel elementar das unidades a serem recortadas, ¢ por excelentes razGes, a operagdo matemiatica exclui regides inteiras da historicidade; ela cria uma enorme quantidade de detritos, recusados pelo computador e amontoados a sua volta. Deve-se, também, definir as uid 3 Ni detriment di es um artesanato de tratadas de mane nunc. historicas signo e, port 3. Na medida em que elas so respeitadas na pritica efeti”? do historiador, essas condicionantes produzem um apuramento eécnr Co € metodolégico. Elas produzem efeitos de cientificidade. "" caracterizar tais efeitos, seria possivel dizer, de maneira get ali onde 0 céleulo se introduz, ele mulkiplica as hipdteses ¢ P™ ‘omar algumas delas fabsficdveis, Por um lado, as combin'”” entre os elemento: rem relacdes 3 © e lementos que foram isolados sugerem relagoes: ap E {ade ins impale nee Outro, © cileulo a partir de grandes a pecs a ae baseadas em casos particulares 04 o dete! minagio de impec Portanto, aumento das possibilidades ° Goa e ilidades. © calculo nada compton yo mero das relagdes formais legitimas entre abstratamente definidos, além de designar as hipoteses a serem re- jeitadas por serem malformuladas, ou nao abordaveis, ou contrarias aos resultados da andlise (Try, 1973). Mas, deste modo, em vez de se ocupar, fundamentalmente, do “real”, 0 calculo procede a gestio de unidades formais. A historia efetiva é, de fato, rejeitada de seus laboratorios. Assim, a reacio dos historiadores acaba sendo bastante ambigua: eles aceitam e, simul- taneamente, rejeitam tal situacio. Seduzidos e, a0 mesmo tempo, rebeldes. Nao estou falando, aqui, de uma compatibilidade teérica, mas de uma situacao de fato que deve ter um sentido. Ao analisa- la tal como ela se apresenta, é possivel identificar trés aspectos, no minimo, do funcionamento efetivo da informatica na historiografia a) Ao estabelecer a distingao, como se impée, entre a informa- fica (em que a estatistica desempenha um papel menos importante), © calculo das probabilidades, a propria estatistica (e a estatistica aphicada), a anilise de dados, etc., pode-se dizer que, em geral, os histonadores instalaram-se neste ultimo setor: o tratamento quan- ttativo de dados. O computador é uulizado, essencialmente, para constituir novos arquivos os quais, publicos ou privados, duplicam progressivamente, substituem os anugos. Existem notaveis ban- cos de dados, tais como o Inter University Consortium for Political and Social Research (ICPSR) da Universidade de Michigan (Ann Arbor), gracas ao sistema Fox, ou os bancos arquivisticos criados, na Franga, tanto na insutuigdo Archives nationales, por Remi Mathieu e Ivan Cloulas, no que diz respeito a administragao municipal do século XIX, quanto no Minutier central [Arquivo Central de Minutas} dos notarios parisienses. Esse desenvolvimento considerivel nao deixa de estar circuns- crito na arquivistica, disciplina tradicionalmente considerada como, “auxiliar” e distinta do trabalho interpretativo que © historiador se atribuia como seu campo proprio. Além da documentacio, ele trans- forma as possibilidades da interpretacao (Furet, 1974); portanto, 0 i imento computador é situado em um setor particular do empreendin ré-estabelecido que protegia historiografico, no intenor do quadro p) hi nas uma posi¢ao 8 autonomia da hermenéutica, Atribu-sethe apenas ums POTN a anti : como “auxiliar”, ainda determinada pelo modelo antigo 4 HsToRA izat as recmicas. disangura a reuniio de dados a a do. Essa combina¢ao permite que, em Princip,» culo, sem ter de submeter-se a suas aa . m duvida, que haja, no plano das tentativas inter, a sido constatado por Charles Tilly (1973, p 333.33 tio reduzido de confrontos epistemoldgicos yatica e a operagao interpretativa, por um lado, : a mantida, apesar das tensdes, porosidades e gg, os. uma espécie de bilinguismo epistemologic, historiadores como um fornecedor de d. ngentes, em vez de ser praticado n: de hierar dagio do sent! histoniador utilize 0 <4 explica, 8° como havi: um numero operagio mate por outro, que se} Jocamentos reciproc' b) Usilizado pelos dos mais seguros € mais abra qualidade de operagSes formats acionadas por ele, 0 computador alhos dos historiadores sob sua figura atual de aparece nos trab. le introduz-se na historiografia, sobretudo poder tecnocritico. El a titulo de uma realidade socioecondmica, € N40 como um con- junto de regras e de hipoteses peculiares a um campo cientitico Essa é, alias, uma reagio de historiador, e nio de matemitico: 0 computador inscreve-se no discurso do primeiro como um dado contemporaneo, macigo ¢ determinante. A institui¢do na area &: historia refere-se ao poder que, transversalmente, modifica todss as regides da vida socioeconomica. / Assim, cada livro de historia devera comportar ums base & tatistica minima para garantir a seriedade do estudo ¢, 20 7" tempo. prestar homenagem ao poder reorganizador de nose ma patina Os dois gestos — 0 primeiro, que se con" todo - a dedi fecmico Contemporaneo, enquanto 0 outro tem ledicatoria a a ia 4 autoridade reinante — sio insepariveis. T™4 mesmo ge gesto. Desse ponto de vista, o tnbuto que a erudisi? ©” “Dedica? temporanea wo PrncgaPa8e 40 computador seria equivalente 4 Pe" nos livros do século XVII: um reconhe: divida em relaga ; uma épo ‘4¢a0 ao poder que sobredetermina a racionalid® three one men semelhan, ca of out : ae sei? figura de uma forga que tem 1240 © ntacao, iment?“ d 40 da 4rea da informatica, atu _ da instituig PAarece No texto soba ae ? discurso da repres, a Jo nobilirquica e genealogica 4 oo Em relacio a esses doig Poderes sucessivos contra-se, alia a ; ©, alias, Na posicao de ente do computador, Ele analisa e imita operagSes que las, sem ser parte »™Mas nao a historia; é c) Pelo contrario, a de crédito a seu texto, dese: » Wualmente © historiador en- estrangeiro; ele Préximo, embora esta Sjunte ele estava “junto” do rei, apenas a dist assim como, outrora, ANCA; vai utili: suma, ele faz historia efetua Integrante delas. Em confere ae ™Mpenhando 0 Papel de citagao autorizante tre todas as autoridades referidas pelo discurso h é que lhe atribui maior lesitinns sempre, e1 Hagem prestada ao computador consolida a antiga ai Passar © discurso histérico por um discurso do real. Essa problematica do mbi¢’o de fazer “levar a crer” pela citagio do poder é acompanhada, como seu corolirio, por uma problemitica do “crer" que esta associada a citago do outro. As duas est ‘io ligadas: o poder € 0 outro do discurso. Servir-me-ei, como exemplo, da relagio estabelecida por uma disciplina particular com outra. Na minha experiéncia das colaboragées entre historiadores e informaticos, uma ilusio reciproca faz supor, de cada lado, que a outra disciplina garantir-lhe-d 0 que the faz falta — uma referéncia a algo de real A informatica, os historiadores solicitam ser credenciados por um poder cientifico suscetivel de fornecer “seriedade” a - discurso; 4 historiografia, os informiaticos, inquietos em relagio A sua propria habilidade para manipular unidades formais, solicitam um lastro para seus calculos pelo “conereto’ + pelas particularidades da erudigio. Na esempenhar 0 divisa de cada terntorio, leva-se © campo vizinho a desempent 5 : or pesquisa cientitica papel de compensar as duas condigSes de qualquer pesqu él ado, sua Jimitacao (que € renuncia totalizagsy 2 artifi “ ); reza de linguagem artificial (que é Tenitncig sua na Ere a e, por outro jl), ou de representagao. : ciéncia deve fazer seu luto em Telac} Para wade quanto ; realidade. Mas 0 que ela deve excluiry, ae wn se formar retorna soba figura do outa Tespeito do qual ua havendo a expectativa eee garantia Contra a falta que se encontra na origem de nossos saberes. a oe 9 modo em que se apresennta o fantasma de uma ciéncia totalizante ¢ ontolégica. A reintrodugao, mais ou menos marginal, dese modelo de ciéncia traduz a rejeicao do luto que havia marcado a ruptura entre © discurso (a escrita) € © “real” (a presenca). Nao é surpreendente que, de todas as disciplinas, a historiografia seja, sem divida, a mais antiga e a mais obcecada pelo pasado, melhor dizendo, um campo privilegiado para o retorno do fantasma. Nesse caso, 0 uso do com- putador, em particular, ¢ indissociavel do fato nao sé de permitir que os historiadores levem a crer, mas também de pressupor sua propria crenga. Este superacréscimo (essa supersti¢do) de pasado manifesta-se na maneira como eles utilizam as técnicas modernas. Assim, na propt relacio com a cientificidade, com a matematica e com a informatica, € que a historiografia é “historica”: ndo mais no sentido em qué la produz uma interpretagio de periodos antigos, mas no sentido em que 0 passado (0 que as ciéncias modernas rejeitaram ou perderam . constituiram ei se i como pasado — uma coisa finita, separada) produzs intermédio ¢ transforma-se em narrativa. pstituir, Uma pel conum Ci€ncia-ficsdio ou 0 lugar do tempo jo pa ancid Presente. M. «era (cient ~ Mais . tura amplamente, essa ms der q i 2 mo que instaurou a historiografit ™ 3 distint© que UM € “sujcite” Presente” e um “passado do discurso © 6 out £0 outro “objeto” de um saber, um P suposta TO representa ob-je Postamente, exterio : ae De fato, esse objet ° J SUaS Operaca Tao la fy d >PEraGdes, aboratério — determina a part Essa combinagio é considerada, frequentemente, AOS poucos, conviri. como o efeito de uma arqueologia que, a eliminar da “mal necessirio” a ser tole uma doenga incuravel. Mas ¢ boa ciéncia; ou como um * rado como pode, também, creio eu, tuir o indice de um estatuto epistemold consti- ICO proprio e, portanto, ‘a cientificidade a serem teconhecidas por aso, € necessario elucidar os aspectos nhosos” que a historiografia Julga ter a obrigacio de dis A formacao discursiva que aparece, entao, é um entreme: deux]: ela possui suas normas que nao correspondem ao sempre transgredido, ao qual se pretende crer ou levar a ela obedece. Ciéncia e ficgio, essa ficcdo-cientifica fu de uma fungao e de um si mesmas. Neste c; “vergo- simular. io [entre- modelo, crer que mciona, a semelhanca de outras heterologias, no ponto de jungio entre dis- curso cientifico e linguagem ordinaria, exatamente no ponto em que o passado se conjuga com 0 Presente e em que as indagacdes sem tratamento técnico retornam como metiforas narrati' vas. Para concluir, eu gostaria apenas de sublinhar algumas questdes cujo objetivo consistiria em elucidar essa mistura. 1. Uma nova politizacéo. Nossas ciéncias surgiram com o gesto histrico “modemo” que despolitizou a pesquisa ao instaurar campos “desinteressados” e “neutro: s”, apoiados por instituigdes cientificas. Esse gesto continua organizando, frequentemente, a ideologia exibi- da por alguns circulos cientificos. Mas o desenvolvimento do que se tornou possivel por esse gesto acabou por inverter seu alcance. HA muito tempo, as instituicdes cientificas, transformadas em poténcias logisticas, encaixam-se no sistema que elas racionalizam, mas que aS conecta entre si, fixa-lhes orientacdes e garante sua integracdo socloeconémica. Esse efeito de assimilacio é, naturalmente, mais pesado nas disciplinas cuja elaboragao técnica é mais fragil. Esse é © caso da historiografia Atualmente, convém, portanto, “politizar de novo” as cién- Clas. Eis o que entendo por essa expressao: rearticular seu aparato tecnico a partir dos campos de forgas no interior ¢ em fungio dos quais ele produz ope é exceléncia, -Oes e discursos. Essa tarefa é, por excelénci ace > na fronteira do a do historiador. A historiografia instalou-se sempre na fronte ' a guerra entre o sentido € discurso e da forcga, como se tratasse de uma guerra entre c Mas, apos trés ou quatro séculos durante os QUA surgi éncia. Mas. 8 aviolencia. } ivel d s orenca de ser possivel , transforma-la em saber para » sario atualmente rec forma de um “pasado”, torna-se necess. econhecer que o conflito entre discurso e forca eee Ra a hier gratia ¢, a0 mesmo tempo, encontra-se em seu bojo. A elucidacig desenvolve-se sob a dominacao do objeto de sua abordagem, Ela deve explicitar uma relacao interna e atual como Poder (como era © caso, outrora, para a relacdo com 0 principe); ela sera a tinica q evitar que 2 historiografia venha a criar simulacros que, a0 suport ominar essa rela¢ao, situa-la no exterior do n seu “objeto”, além de analisi-f sob 3 uma autonomia cientifica, tem precisamente o efeito de eliminar qualquer tratamento sério da relagio que a linguagem (de sentido ou de comunicagio) estabelece com os jogos de fore S Do ponto de vista técnico, essa “nova politizagio” consiste em “historicizar” a propria historiografia. Por reflexo profissional, 0 historiador refere qualquer discurso as condigdes socioecondmi- cas ou mentais de sua producio. Ele tem de anilise sobre 0 proprio discurso, de maneira as forcas presentes que organizam represent: Proprio trabalho serd o laboratério em que modo como uma simbélica articula-se efetuar, também, essa a conferir pertinéncia ages do passado. Seu se faz a experiéncia do a partir de uma politica. 2 : 2. Pensar 0 tempo. Assim, encontra-se modificada a episte- mologia que diferencia que, nico, Na “Pistemologia surgida com 0 seculo REE 0 sujeito do saber e seu objeto serve e de uma atualidade of “Para 0 passado do presente. No intenot Pasado” (Como um egg tificada, a historiografia definia ee “oMpreender oy NuMo de alteridades e de “resistenciss 5, a difere ce nea e fundamento 7 aquela qu 2 Tejeitan tic» Social, cien sae end J cil, Ciemtifica) qe © ue ndo pertencia ao poder (polite alavras. ¢ « uw i i Palavras, é Passadg” zr um Presente, Ou, dito por © objet =a st oo Colqual ane produc’ Jistingue para transtorma-lo. Desde 0 gesto que constituiu arquivos ye aquele que transformou as zon aS Turais no museu de tradigdes memonivels €/OU SUPersticiosas, O corte que, no interior de uma “passado” depende da relagio que uma ambigio produtora estabelece com o que nio é ela, com o circulo do qual ela se separa, com o meio circundante que ela deve com as resistencias com que ela se dep: sociedade, circunscreve um “ conquistar, ara, etc. Como modelo, ela adota a relagio de um empreendimento com sua exterioridade, no mesmo campo econdmico. Os documentos “do passado” so, por- tanto, relativos a um sistema fabricador e tratados segundo suas regras. N essa concep¢ao tipica da economia “burguesa” e conquis- tadora, causa Impressd0 0 fato de que o tempo é a exterioridade, © outro. Assim, 4 maneira de um sistema monetirio, ele viria a aparecer apenas como um principio de classificagio para os dados situados nesse espaco objetivo externo. Transformada em medida taxindmica das coisas, a cronologia torna-se 0 Alibi do tempo, um meio de se servir do tempo sem pensar nele e de exilar para fora do saber esse principio de morte e de Passagem (ou de metafora). Ainda Testa 0 tempo interno da producao, mas, transformada no interior em uma serialidade racional de operacdes, e objetivada por fora em um sistema métrico de unidades cronoldgicas, essa experiéncia dispde apenas de uma linguagem ética: o imperativo de produzir, Principio da ascese capitalista. Talvez, ao restaurar a ambiguidade que fisga a relagio objeto- Sujeito ou passado-presente, a historiografia viesse a retornar 3 sua antiga fungio, tanto filos6fica quanto técnica, de dizer o tempo ‘omo a propria ambivaléncia que afeta o lugar em que ela esta; e, Portanto, de pensar a equivocidade do lugar como o trabalho do ‘spo no proprio interior do lugar do saber. Por exemplo, a ar- queologia que metaforiza o emprego — apesar de tudo, técnico ~ da informauca faz aparecer, na efetividade da produgio historiogratica, * expencncia, essencial para o tempo, que é a impossibilidade de idenuficar-se com o lugar. Que “o outro” ja esteja ai, no lugar, € « Moncnc pede corn modo pelo qual o tempo se insinua ai.’ O tempo pode retor tetomo do pasado no presente, ver adiante o cap. UL ensamento historiografico por uma modifica, também, no aes que diz respeito a pratica € 4 cong corrente a : ‘ sim do objeto. Assim, “a histéria imediata” ee a distanciar-se de seu vee * que, de fato, 4 doming a envolve ¢ volta a situa-la na aa < todas as outras historias”, 0 mesmo ocorre com “a historia oral quando esta nao se contenty em transcrever e exorcizar as vozes Cujo desaparecimento, Outrora, ery 4 condicio da historiogratia: se o profissional se empenha em entender sem deter-se no que pode ver ou ler, ele descobre A sua frente inter- locutores que, apesar de nao serem especialistas, sio também Sujeitos produtores de historias, além de parceiros do discurso. Da telacio objeto-sujeito passa-se para uma pluralidade de autores e de contra. tantes; ela substitui a hierarquia dos saberes por uma diferenciacio mitua dos sujeitos. Desde entio, a telag4o — que 0 espaco particular, em que se encontra 0 técnico, mantém com outros — introduz uma dialética desses espacos, ou seja, uma experiéncia do tempo. $40 de Pao — 3. O sujeito do saber. Que o lugar em que se produz o discuss ScJa pertinente, eis o que aparece com maior naturalidade, precisa- mente, nas circunstancias em que o discurso historiografico trata de questdes que envolvem 0 Sujeito historiador: historia das mulheres. dos negros, dos Judeus, das minorias culturais, etc. Certamente. nesses Setores pode-se defender, alternadamente, que o status pessoal do autor é indiferente (em relagio 4 objetividade de seu trabalho) ” e). » “parte integrante’ dele Exige, precisamente, a explicagio do que!" desu Pistemologia, a saber, o impacto das relay® JeHLOS Com sujeitos ( os, ete) mulheres e homens, negros ¢ brancos: © > Parentemente gualmente ye “neutras” © na organiz scortel! 6s. Por exemplo, cnr deco” : sniclusi? A que se deve tirar a cone™™ sponte Por uma mulher & dilere pon os ‘videntemente, mio vou! a indapac 5 stl ndagacdo envolve o lugar do st! anamente Wy *Panir da nao p Stato que & Obtiga a abordg to oS a a abordg “Verdade” cite \ se + con “epistemologia que ~ corre! ertineéncia do locator. 1 osujeito do saber é, igualmente, ter de pensar o tempo, se lado, 0 suye © verdade que, por um lado, o sujeito organiza-se como um . a estratificagio de tempos heterogeneos ¢, por outro, seja mulher NeKTO OU basco, ele éestruturado por sua relagio com o outro.” O te: Mpo € precisamente aaimpossibilidade da identidade ao lugar; deste modo comega um: ca uma reflexio sobre o tempo. O problema da histéria Inscreve-se no lugar desse sugeito que ¢, em si mesmo, dinamica da dife renga, historicidade da nao identidade a si, Pelo duplo movimento que tumultua, pela introdugio do tempo, a seguranga do lugar e do objeto da historiografia, retorna também o discurso do afeto ou das paixdes. Depois de ter sido central na analise de uma sociedade até o final do século XVIII (até Spinoza, Hume, Locke ou Rousseau), a teoria das paixdes ¢ dos interesses foi eliminada, lentamente, pela economia objetivista que, no século XIX, acabou por substitui-la por uma interprets cao racional das relagdes de produgio; assim, da antiga elaboracio limitou-se a conservar um resquicio, permitindo que, ao novo sistema, fosse conferida uma ancoragem em “necessidades”. Apos um século de rejei¢do, a economia dos afetos retornou sob o modo freudiano de uma economia do inconsciente: com Totem e tabu, Mal-estar na civilizagdo ou Moisés e 0 monoteismo, apresenta-se a anilise — necessariamente relativa a um recalcado — que articula, de novo, os investimentos do sujeito a partir de estruturagdes coletivas. Tais afetos sio espectros na ordem de uma razio socioecondmica; eles permitem formular, na teoria ou na pratica historiografica, questdes para as quais j4 existem numerosas expresses, desde os ensaios de Paul Veyne (1971) sobre o desejo do historiador,"” o de Albert Hirschman (1977 e 1982) sobre o disappointment na economia, © de Martin Duberman (1973) sobre a inscrigio do sujeito sexuado em seu objeto hist6rico ou 0 de Regine Robin (1979) sobre a - truturagao do estudo pelas cenas miticas da infancia, Desse modo: Jemonstra, por exemplo, a relaydo diffet No plano coletivo verifica-se 0 mesmo problema, com Sse cae po uacionalists, ¢ estabelecida entre a nova historiografia negra africana, do ap Je seu objeto-sujeito, Ver JEWSIEWICKI, 1979 nsition: Paul Veyne”, 1972 Ver DE CER TRAU, “Une épistemologic de tra -se uma . oe a um lugar “proprio e avaliava a autoridade do “sujeito do saber” pela eliminacao de qualquer Questo relativa ao Jocutor. Ao explicitar esse climinado, a historiografia encontra-se, de novo, reenviada a particularidade de um lugar Ordinatio, ao, afetos reciprocos que estruturam acme © as passados que, do interior, determinam 0 uso das técnicas. epistemologia diferente daquela que definig : 4. Ciéncia ¢ fico. Que as identidades de tempo, lugar, sujeito ¢ objeto, supostas pela historiografia classica, nao tenham “consistén cia” e sejam atingidas por uma “mexida” que as tumultua, eis o que havia sido assinalado, ha muito tempo, pela proliferacio da ficcio, Mas trata-se de uma parcela considerada vergonhosa e ilegitima - uma obscura metade negada pela disciplina. Aliés, € curioso que a historiografia tenha sido colocada, no século XVII, no extremo Oposto: na época, o historiador generalista fazia questo de praticar © género retérico por exceléncia (FUMAROLI, 1971; FUssNER, 1962, p. 299-321). Em trés séculos, a disciplina havia passado de um polo Para 0 outro; essa oscilacao é j4 o sintoma de um status. Seria ne- cessario indicar com Precisdo sua curva e analisar, em particular, a Progressiva diferenciagdo que, no século XVIII, separou as “ciéncias” das “letras”: a historiografia encontrou-se esticada entre os dois continentes aos quais ela estava vinculada enquanto ciéncia “ tal posicio, apesar por seu papel tradicional, global” e conjuncio simbélica social; ela mantev® de ter adotado modalidades variaveis. No entan'®. Ss técnicas e a evolucao geral do saber acabam Po" t, cada vez mais, seus vinculos — do ponto de vs fessaveis ~com 0 que, durante esse tempo, assum ratura”, Tal camuflagem introduz nesse proces" leva-la a camufla a forma de “lite, « : r, ne discurso legitimad rconhecer”, em primeiro IB “iumado como cient assum! Clentifico, 0 recalcado que a i i a fimo ee Ms asics do discurso com o poder 18 STVIGO, as aparigdes do objeto COM?" “sujeito do saber”, as repeiso sob Postamente passado, os disfarces da Pa" eae a miscara de uma razio, etc., tudo isso depende da ficg 40, no sentido “Jiterario” do termo. A fic 40 nem por isso é estranha ao re; rio, de acordo com a observagio de Jeremy Bentham ji no século XVII, o discurso fictitious esta mais proximo do re. al; pelo cont al que o discurso “objetivo” (OGDEN, 1932). Mas, neste caso, a logica adotada é diferente daquela utilizada pelas ciéncias positivas. Ela comegou a fazer 0 retorno com Freud. Sua elucidagao seria uma das tarefas da historiografia. Sob este primeiro aspecto, a ficgio é recognoscivel no aspecto em que nao ha um lugar proprio e univoco, ou Seja, no ponto em que o outro se insinua no lugar. O papel tio importante da retorica no campo historiografico é, precisamente, um sintoma maci¢o dessa légica diferente. Considerada, em seguida, como “disciplina”, a historiografia é uma ciéncia desprovida dos recursos para realizar tal pretensio. Seu discurso assume © que manifesta maior resisténcia 4 cientificidade (a tela¢io social com 0 acontecimento, com a violéncia, com 0 passado e com a morte), ou seja, o que cada disciplina cientifica teve de eliminar Para se constituir. Entretanto, nessa dificil posi¢io, ele procura apoiar, pela globalizacao textual de uma sintese narrativa, a possibilidade de uma explicagio cientifica; 0 “verossimil” que caracteriza esse discurso defende o principio de uma explicagio e o direito a um sentido. O “como se” do raciocinio (o estilo entimemiatico das demonstragdes historiograficas) tem o valor de um projeto cientifico; ele mantém uma crenga na inteligibilidade das coisas que Ihe oferecem maior Tesisténcia. Assim, a historiografia estabeleceria a justaposigio de clementos nao coerentes ou, até mesmo, contraditérios, sem deixar de fingir, frequentemente, “explicd-los”: ela é a relagio dos modelos Ctentificos com seus déficits. Essa relagio dos sistemas com o que contribui para seu deslocamento ou sua metaforizagio corresponde também a manifestagao e 4 nossa experiéncia do tempo. Nesta pers- Pectiva, o discurso historiografico é, em si mesmo, como discurso, aluta de uma razio com 0 tempo, mas uma razio que ndo renuncia 20 que ela ainda & incapaz de realizar, uma razio em seu movimento ético; ele estaria, portanto, na vanguarda das ciéneias como a ficgio do que elas conseguem alcangar de forma parcial, Uma afirmagio de cientificidade orienta o discurso que, em si mesmo, conjuga o 69 : Dae ainda permanece inexplicavel; 9 Ue se ee da propria ciéncia. ty ai éuma ficga continuamente, sta fungio tradicional de ma “conjungio”, : historiografia eee a [ Cultura ~ i endirio _ de um tempo com o que Ja € eon Corrigive| praticas de natureza técnica; apesar de ser im, mm essas praticas, ela € produzida pelo que estas esbogam, retiram OU confirmam na linguagem recebida come admissivel por determinado meio. o modelo tradicional de uy, discurso global, simbolizador ¢ legitimante, encontra-se ai, por. tanto, mas trabalhado por instrumentos e€ controles pertencentes ao sistema produtor de nossa sociedade. Assim, a narratividade totalizante de nossas lendas culturais ou as operagdes técnicas ¢ criticas nao podem estar, sem arbitrariedade, supostamente ausen- tes ou serem eliminaveis do que culmina em uma representacio no texto ou no artigo de histéria. Sob esse viés, cada uma dessas representacdes — ou a massa formada, conjuntamente, por elas- poderia ser comparada com o mito, se este for definido como umi narrativa permeada pelas praticas sociais, ou seja, um discurso glob articulando praticas que ele nao relata, mas deve respeitat; & mesmo tempo, lhe fazem falta e 0 mantém sob vigilancia. Nosss Praticas de natureza técnica sao, frequentemente, tao silencios® crcunscritas € essenciais quanto o eram, outrora, a8 praticas ee ‘640; no entanto, daqui em diante, elas so do tipo cientfic? ais an Priticas que se elabora ° discune re “respeité-las”, Ele é a legitimidade simbélica sem as pritic® €, no entanto, eee 4 articulacio social des pos “uma Sociedade cientifiggh ee wei ele seria oT ela social entre ae Ca que rejeita os mitos, 2 ficga0 a Produtoras de lugar Specificadas e lendas gerais, entre Pee lendas que simbolizam o efeito | ns . formula, O lugar inst " €, por sua ve Ao mantel, : leg ow proibido por possivel identifica-la co . historicizado QUE se inse i : We se inscreve ai como retorne for, Poder, com jn f _ ONzando” format, ig a precedentes ou com i “jane ’ssim o discurso de uma ¢ie™ ualmente oe ente, em uma ficgao

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