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INSTRUMENTOS DA ORQUESTRA ROY BENNETT Jorge Zahar Editor INSTRUMENTOS DA ORQUESTRA A série didética da Universidade de Cambridge comeca com este utilissi mo caderno destinado aos instrumen- tos da orquestra: Nao é preciso subli- nhar o quanto material deste tipo fazia falta 4 nossa bibliografia — aos estudantes, aos professores e mesmo 208 jovens compasitores. A orquestra moderna, com efeito, ¢ © resultado de uma longa evolugéo de que mal suspeitamos a riqueza. Seria possivel escrever um romance sobre cada instrumento — sobre a sua histéria, sobre os usos a que se prestou. Um pouco de pesquisa sobre © assunto leva muito longe no tempo © no espaco; mostra que cada instru- mento moderno € 0 resultado de uma longa evolucao, onde as vezes, até, perdeu-se um pouco no colorido ori- ginal do som em nome das necessida- des técnicas a que os instrumentos de agora devem atender. Aqui ndo se contard essa longa hist6- ria, mas apenas 0 seu ponto de chega- da — mesmo se, ao falar de cada ins- trumento, sugere-se uma pista para as suas origens. Com toda a clareza que se possa dese- jar, este caderno diditico fala dos per- sonagens que compdem a grande or- questra sinfonica moderna, Mostra como 08 instrumentos sao feitos, reve- lando suas caracter/sticas essenciai sua fungdo na orquestra. A explicacao utiliza 0 texto, as fotos, 0s diagramas. Ressaltam, assim, as grandes familias em que se divide a orquestra ~ cordas, madeiras, metais, percussdo. Mesmo para quem freqiien- ta as salas de concerto, a grande or- questra ainda encerra os seus misté- ios. Nao ¢ facil identificar, 8 distan- cia, instrumento por instrumento, tanto mais quanto muitos deles tem formas aproximadas, ou quase seme- thantes. Instrumentos da Orquestra CADERNOS DE MUSICA DA UNIVERSIDADE DE CAMBRIDGE Volumes da séri Aprendendo a compor Uma breve histéria da musica Como ler uma partitura Elementos basicos da musica Forma e estrutura na musica Instrumentos da orquestra Instrumentos do teclado Roy Bennett Instrumentos da Orquestra Titulo original: Instruments of the Orchestra ‘Tradugio autorizada da primeira edigio inglesa, publicada em 1982 por Cambridge University Press, Inglaterra, na série Cambridge Assignments in Music Copyright © 1982, Cambridge University Press Copyright © 1985 da edigdo em lingua portuguesa: Jorge Zahar Editor Lida. rua México 31 sobreloja 2031-144 Rio de Janeiro, RY tel: (21) 240-0226 | fax: (21) 262-5123 ‘e-mail: j2e@zahar.com.br / site: www2aharcom.br ‘Todas os direitos reservados. A reprodugio nio-autorizada desta publicag0, no todo ‘ou em parte, consttui violagéo do copyright. (Lei 5.988) Impresstio: Cromosete Grafica e Editora CIP-Brasil. Catalogacio-na-fonte Sindicato Nacional dos Euitores de Livros, RJ. Bennett, Roy B4Tli__Instrumentos da orquestra / Roy Bennet; tradugao, Luiz Carlos Cséko. — Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1985. (Cadernos de misica da Universidade de Cambridge) ‘Tradugio de: Instruments ofthe orchestra ISBN: 85-7110-460-3 | Instrumentos musieais.2. Orquestra. L Cstko, Luiz Carlos. I. Titulo, 85.0844 DD - 781.91 Agradecimentos: Pela permissio para reprodugio de material com copyright, o autor e os editores ingleses desejam agradecer as seguintes pessoas e insttuigSes: p.9, Staatliche Kunstsammlungen Dresden; p.13, The Hallé Orchestra; pp.16, 53, San Lorenzo de el Escorial: p20, Ashmolean Museum, Oxford; p.27, Victoria and Albert Museum: p.44, 58, 68, Orquestra FilarmOnica de Londres; pp.53, 55, The Mansell, Collections; p.62, The British Library, Add. MS. 42130, F13. Diagramas: Technical Art Services. Desenhos: Judith Yates. Fotografias: Nigel Luckhurst Agradecemos ao Dr. Reeve, Diretor de Masica do Cambridgeshire College of Arts and Technology, € 20s seus alunos, cujas fotografias aparecemh neste livro, pela sua ajuda e cooperacio. Sumario a “4 30 45 a7 60 62 69 Apresentagdo capitulo 1 © que é uma orquestra? capitulo 2 Cordas Violino, 16; Viola, 225 Violoncelo, 243 Contrabaixo, 25; Harpa, 26 capitulo 3 Madeiras Flauta, 32; Flautim, 33; Oboé, 34; Come inglés, 36; Clarineta, 38 ; Clarineta baixo, 40; Saxofone, 41; Fagote, ‘ontrafagote, 43 Exereicio programado especial A capitulo 4 Metais ‘Trompa, 51; Trompete, 53; Cometa de pistdes, Trombone, 55; Tuba, 57 Exercicio programado especial B capitulo 5 Percussio ‘Timpanos, Bombo, 63; Caixa clara, Pratos, 64; Glockenspiel, Xilofone, Celesta, Vibrafone, 65; Triangulo, Pandeiro, Castanholas, Blocos de madeira, 66; Carrilhfo de orquestra, Tant ou gongo, Outros instrumentos de percussao, 67 Exereicio programado especial C capitulo 6 A orquestra completa Apresentagao ‘A série didatica que Jorge Zahar Editor resolveu em boa ho- 1a langar comega com este utilissimo caderno destinado aos instrumentos da orquestra. Nao é preciso sublinhar o quan- to material deste tipo fazia falta & nossa bibliografia — aos estudantes, aos professores mesmo aos jovens composi- tores. ‘A orquestra modema, com efeito, é 0 resultado de uma longa evolugo de que mal suspeitamos a riqueza. Seria pos- sivel escrever um romance sobre cada instrumento —sobre 2 sua hist6ria, sobre 05 usos a que se prestou. Um pouco de pesquisa sobre 0 assunto leva muito longe no tempo e no espago; mostra que cada instrumento modemno é o resulta- do de uma longa evolucio, onde as vezes, até, perdeu-se um pouco no colorido original do som em nome das necessida- des técnicas a que os instrumentos de agora devem atender.. ‘Aqui no se contaré essa longa historia, mas apenas 0 seu ponto de chegada — mesmo se, ao falar de cada instru- ‘mento, sugere-se uma pista para as suas origens. Com toda a clareza que se possa desejar, este caderno didético fala dos personagens que comptem a grande orquestra sinfonica modema. Mostra como os instrumentos sao feitos, revelando suas caracteristicas essenciais, sua fun- fo na orquestra. ‘A explicaco utiliza 0 texto, as fotos, os diagramas. Res- saltam, assim, as grandes familias em que se divide a orques- tra — cordas, madeiras, metais, percusstio. Mesmo para quem freqlenta as salas de concerto, a grande orquestra ainda encerra os seus mistérios. Nao é fécil identificar, @ distancia, instrumento por instrumento, tanto mais quan- to muitos deles tém formas aproximadas, ou quase seme- Ihantes. ‘Neste pequeno manual, eles se apresentam com 0 neces- sitio relevo. Para os estudantes e professores, terto valor especial 0s abundantes exercicios; aos estudantes e leigos, interessardo as sugestOes de pecas suplementares que exem- plificam 0 colorido sonoro de cada instrumento ¢ a sua ex- ‘tensdo na escala. S6 se pode desejar a melhor acolhida a ‘Ho ttil acréscimo as nossas estantes de misica. MARIO TAVARES Maestro titular da OSTM 1 O que é uma orquestra? Os naipes da orquestra ‘Orquestra € uma antiga palavra gre- ga (orkhéstra) que, por incrfvel que parega, significa exatamente “lugar para dangar”. Na Grécia, durante 0 século V a.C., os espetdculos eram encenados em teatros ao arlivre, cha- mados anfiteatros. Orquestra era 0 nome dado ao espaco que se situava em frente & rea principal de repre- sentagBo e que se destinava as evo- Tugbes do coro, que cantava e tam- bém dancava. Bra ali que ficavam igualmente os instrumentistas. Passou-se muito tempo, até que no inicio do século XVII, na Itélia, as primeiras 6peras comeca- yam a ser executadas. Essas 6peras originalmente pretendiam ser imita- Ges dos dramas gregos e, portanto, a mesma palavra, orquestra (em ita- iano, orchestra), foi usada para des- erever 0 espago entre o palco ea audigncia ocupado pelos instrumen- tistas. Porém, apés_algum tempo, orquestra passou a designar 0 pré- prio grupo de musicos e, finalmen- te, 0 conjunto de instrumentos que eles tocavam. Orquestra de um antigo teatro de épera Assim, hoje em dia usamos a palavra orquestra para indicar um conjunto razoavelmente grande de instrumentos que tocam juntos. Mas quais sto exata- mente esses instrumentos? E quantos formam “um conjunto razoavelmente grande”? O fato é que o mimero e os tipos de instrumentos podem variar consi- deravelmente de uma pega musical para outra de acordo com a combinagio instrumental especifica usada pelo compositor para expressar suas idéias musi- cais. A formacao e o tamanho da orquestra também tém mudado continuamente durante os ultimos quatro séculos. Certos instrumentos, particularmente os metais, tém sido habilmente aperfeicoados para se tornarem mais faceis de tocar. Esses aperfeigoamentos também permitiram aumentar o mimero de notas que eles podem tocar. O limite e a variedade dos timbres instrumentais aumentaram gradualmente & medida que novos instrumentos foram sendo inventados e incor- porados A orquestra. Antes de comegarmos a estudar esses instrumentos em detalhe, vamos observar a disposicdo da orquestra na plataforma de concerto. Imagine vocé que est sentado em uma sala de concerto, com a orquestra distri- burda & sua frente. Esse “‘conjunto razoavelmente grande de instrumentos”” nao 6, em absoluto, um agrapamento ao acaso dos elementos dispontveis. Na verdade, trata-se de uma unidade altamente organizada e equilibrada, composta de quatro naipes ou “familias” de instrumentos: cordas @ madeiras @ metais @ percussa0 Cordas Madeiras 0s instrumentos de cada naipe compartilham certas “caracteristicas comuns a fa- miflia”. No naipe das cordas 0s sons sto obtidos pela vibragao produzida quando se passa um arco transversalmente nas cordas retesadas ou quando se dedilham as cordas também retesadas, No naipe das madeiras e no dos metais 0s sons sao pro- duzidos pelo sopro do executante. Os instrumentos conhecidos como madeiras sfo feitos, na sua maior parte, de madeira, e os metais sio totalmente feitos de metal. Hé, porém, uma diferenga muito maisimportante entre essas duas familias de instrumentos: a maneira como 0s sons sio realmente produzidos. Essa diferen- ga se esclarecerd mais tarde quando estudarmos esses dois naipes detalhadamen- te. Todos os instrumentos de percussao sao percutidos ou agitados. A localizago dos naipes da orquestra na plataforma de concerto obedece a uma razio prética. Por causa das caracterfsticas comuns a cada familia, 0s instru- ‘mentos de cada naipe so dispostos lado a lado ou uns atris dos outros, forman- do grupos. A plataforma é construfda em planos sucessivamente elevados e os naipes so dispostos de forma a proporcionar um equilibrio e uma combinagao dos variados sons e timbres instrumentais. O regente deverd poder ouvir cada ins- trumento com a maior clareza e, naturalmente, preciso que cada instrumentista possa ver o regente. PERCUSSAO METAIS MADEIRAS CORDAS REGENTE As cordas, que desempenham o papel mais importante na maior parte das misi- ‘cas, so colocadas na frente e dispostas ao longo de toda a plataforma no sentido de sua largura. As cordas sto a “espinha dorsal” de uma orquestra: mais da meta- de dos membros de uma orquestra ¢ instrumentista de cordas. O naipe das cordas ¢ formado por: violinos contrabaixos violas hharpa violoncelos Qs executantes dos instrumentos de madeira, aos quais muitas vezes cabem solos importantes, sentam-se no centro da orquestra, diretamente em frente do regen- te, em um plano mais elevado que o das cordas. O naipe das madeiras é composto por: 0 Metais Percussao Miéssica para ouvir Exerefcio Programado 1 flautas e flautim oboés e corne ingles clarinetas e clarineta baixo fagotes e contrafagote s instrumentos de metal sio dispostos atrés das madeiras para nao abafar os sons mais suaves destas e das cordas com o seu som poderoso e de muito volume. Entretanto, por estarem colocados em um plano mais elevado do que o das ma- deiras e das cordas, os metais podem, quando se faz necessério, projetar-se atra- vés da textura da misica, produzindo um efeito eletrizante. O naipe de metais inclui: ‘trompas trombones trompetes tuba Por trds dos demais naipes, na parte mais elevada da plataforma, fica o naipe de ppercussdo, que inclui tambores, pratos e tudo mais que possa ser percutido, agita- do, batido ou que cause algum som audivel. Este naipe as vezes é chamado de “a cozinha da orquestra”, por causa do barulho excessivo que pode produzir quando necessério. Apesar de a percussio poder oferecer maior variedade de ins- trumentos do que qualquer outro naipe da orquestra, os instrumentos de percus- sao sto distribusdos entre relativamente poucos instrumentistas. Os principais instrumentos de percussio sa0: timpanos pandeiro castanholas bombo Glockenspiel locos de madeira ccaixa clara xilofone tanta (ou gongo) pratos celesta chicote ‘ridngulo carrilhto maracas, Para distinguir o som especifico de cada naipe da orquestra, procure ouvir 0 ini- cio de uma gravagao da musica de Benjamin Britten, Guia dos Jovens para a Or- questra (The Young Person's Guide to the Orchestra), que também € conhecida pelo seu outro titulo: VariapBes sobre um Tema de Purcell. Britten comeca esta ‘pega com seis exposigdes da melodia de Purcell: 1 por toda a orquestra 2 somente pelo naipe das madeiras 3 pelo naipe dos metais 4 pelas cordas (incluindo a harpa) 5. pela percussaio, com os timpanos tocando as trés primeiras notas da me- lodia 6 por toda a orquestra, uma vez mais, Ouca o inicio de cada uma das seguintes pecas musicais. Veja se vocé consegue identificar, em cada pega, o naipe de instrumentos que o compositor escolheu para comegar a miisica. (@) Mozart: Segundo movimento da Sinfonia N° 39, em mi bemol maior. (b) Mussoxgsky: Quadros de uma Exposieao (orquestraao de Ravel). (©) Debussy: Nuages, dos Noturnos (@) Berlioz: Segundo movimento da Sinfonia Fantéstica, intitulado “Um baile”. " Exercicio Programado 2 Exercicio Programado 3 Projeto de Fichério Instrumentos de dois n: Rossini: Abertura de La Gaza Ladra (A Pega Ladra). Tehaikovsky: Abertura-Fantasia Romeu e Julieta. ‘Verdi: Grande Marcha, da 6pera Aida. Sibelius: Terceiro movimento da Sinfonia N° 2 em ré maior. Bizet: Variagio 1, do Preludio de L’Arlésienne (A Arlesiana). s da orquestra tocam no inicio de cada uma dessas pecas: @ b) (©) (d) @ B @ () Borodin: “Danga das jovens escravas” uma das Dangas Polovisianas, da pera Principe Igor. Bizet: O balé de Carmen (arranjado por Shchedrin) Grieg: “Danga arabe”, de Peer Gynt. Bruckner: Adagio da Sinfonia N° 7, em mi maior. Tandcek: Sinfonietta Escreva © nome dos naipes da orquestra na ordem em que vocé os ouvir tocar no inicio da seguinte pega: Sibelius: Finléndia, Em cada uma destas pecas 0 compositor usa somente trés dos quatro nai- pes da orquestra. Ouvindo-as, procure descobrir que naipe estd faltando. Bizet: Preliidio do segundo ato (“*Les dragons d’Alcalé”), da épera Carmen, Kodaly: “O relogio musical vienense”, de Hary Jénos, Uma solugio pratica para auxiliéo a rever os assuntos estudados & comecar 0 projeto de um fichério no qual voc® poderd anotar todos os pontos principais a respeito dos instrumentos da orquestra. Para comecar o seu fichério: A B Anote como a palavra orquestra chegou 0 seu significado atual. Desenhe um diagrama para poder visualizar como os quatro naipes da or- questra esto dispostos na plataforma de concerto. Por que vocé acha que 08 naipes estto dispostos nesta formagao specifica? 2 , 0 rea e a 3 TROMPAS TROMPETES TROMBONES em eecee qed iid e AAs an cone || ge eo yy i. t ae LL |gere||-20— oo Aun == we ww el bd a ad |e o- : SEGUNDOSVIOLINOS ‘Violas pe ent te ate al | We eg } cele <0 9 ne ow ee ee | PRIMEIROS VIOLINOS Ea vlotoncaos a ee A Orquestra Hallé Cordas Violino Viola Violoncelo Contrabaixo As cordas sfo a “espinha dorsal” da orquestra. Mais da metade dos membros de uma orquestra ¢ instrumentista de cordas e portanto o som de uma orquestra completa é fundamentalmente composto de uma s6lida base de som das cordas. O naipe de cordas da orquestra consiste em: primeitos viotinos _violoncelos segundos violinos _contrabaixos violas harpa s violinos de uma orquestra estio divididos em dois grupos: primeiros vio- Tinos e segundos violinos. A diferenga no se encontra nos préprios instrumentos (exatamente idénticos) mas na miisica que eles tocam: os primeiros violinos ge- salmente tocam notas mais agudas que os segundos violinos. Os violinos, violas, violoncelos e contrabaixos produzem os seus sons exa- tamente da mesma maneira, Eles podem ser tocados com um arco (uma vareta de madeira com crinas de cavalo retesadas ao longo da mesma), ou as cordas podem ser dedilhadas com as pontas dos dedos — efeito conhecido pelo nome de pizzi- ato. A harpa é sempre dedilhada. Ainda que a harpa possa ser classificada como um instrumento de corda, sua construcdo ¢ a maneira como ¢ tocada situam-na A parte dos outros integrantes do naipe das cordas da orquestra Apesar de violinos, violas e violoncelos terem tamanhos diferentes, tém em comum a mesma forma basica. Os contrabaixos sfo ligeiramente diferentes: tem as espaldas mais caidas, ¢ a sua parte posterior é plana, em vez. de ser ligeiramen- te abaulada como a do violino, da viola e do violoncelo. © naipe das cordas esté disposto a frente da orquestra. A disposigio real dos diversos grupos de instrumentos de cordas pode variar. Esta, porém, é a dis Posigo que se encontra mais comumente: 4 Misica para ouvir Projeto de Fichério PERCUSSAO METAIS vaaras MADEIRAS y y oo oe CONTRABAIIOS eee EEL ee Oo SEGUNDOS VIOLINS yio.as ——=——— Apesar de ser maior do que o violino, a violaé relativamente pequenaem ta- manho se compareda as notas graves que prodiuz. Essa extensdo do reyistro grave, 22 juntamente com o fato de as cordas serem um pouco mais grossas que as do vio- lino, confere a viola um timbre mais escuro, menos brilhante que o do violino, mesmo quando ela toca notas exatamente na mesma altura. As notas agudas tm uma tendéncia a soar rarefeitas e estridentes, mas 0 timbre dos registros médio & grave da viola € intenso, escuro e rico: Canciio, de Hairy Janos, de Kodély accel. — In 2 crese f ors. As diferencas entre os timbres da viola e do violino sto claramente audiveis na Sinfonia Concertante (K. 364) de Mozart: Andante Gioling solo), a ——— (iota solo) — as I apy dace pe ree Até a época de Mozart, a viola era usada principalmente para tocar as notas inter- nas da harmonia ou dobrar as notas dos violoncelos. Durante o século XIX, po- 16m, 08 compositores comegaram a escrever partes mais complexas e mais inte- ressantes para a viola. Miisica para ouvir Para viola e piano Hindemith: Primeiro movimento da Sonata, Op. 11 NO 4. Para viola ¢ orquestra Bach: Concerto de Brandenburgo N? 6 (duas violas solistas). Berlioz: “Marcha e oracdo dos peregrinos”, de Haroldo na Iidlia, Concertos para Viola de Walton e Hindemith (Der Schwanendreher). Solos orquestrais para viola Adam: Pas de deux, do balé Giselle, Britten: Infcio da Passacaglia da pera Peter Grimes. Para o naipe de violas da orquestra Bartok: “Intermezzo interrompido”, do Concerto para Orquestra. Rimsky-Korsakov: Terceiro movimento da suite O Galo de Ouro. Para violino solo, viola solo e orquestra Mozart: Sinfonia Concertante (K. 364). 23 hi O violoncelo € também muito Mioloncelo Qvisiowe pelo nome de cello, {Em italiano: violoncello, que Constitui o diminutivo do em francés:violoncelle, __termo emitaliano, Ele 6 obvia- sm aiemto: Violoncell.| mente grande demais para ser Comprimento:1.23m colocado sob 0 queixo como © Violino ou a viola. Por isso 0 violoneslo ¢ austentado, « Sy ercmente pert peas artes internas dos joelhos do executante, apoiando-se no solo por um espigio regulavel de metal. AS quatro cordas do violoncelo sfo afinadas em quintas, uma oitava abaixo da viola, nas seguintes notas: O Violoncelo tem a maior extenséo dinmica de todos os instrumentos de cordas, tanto no piano quanto no forte; sua extensio em altura é também bastante ample, cobrindo quase quatro oitavas. As notas mais graves so escritas na clave de fa © as mais agudas, na clave de d6 na quarta linha (clave de tenor) ¢ até na clave de sol d6 médio + clave de dé (clave de tenor) clave de fi (clave de baixo) © fato de possuir cordas mais longas e grossas, e de ser maior que o violino e a viola, confere ao violoncelo um som cheio e penetrante; seu timbre & gloriosa, mente intenso e rico: ‘Schumann: Concerto para Cello em ld menor Re Apesar do seu tamanho, o violoncelo pode ser bastante dgil, quando executa me- lodias répidas e ritmicas. Misica para ouvir Para violoncelo sem acompanhamento Bach: Bourrées da Suite N° 3 em d6 maior. Kodaly: Sonata, Op. 8. Para violoncelo e piano Saint-Saéns: “O cisne”, de O Carnaval dos Animais. Britten: “Dialogo” e Scherzo-Pizzicato da Sonata em dé, Op. 65. 24 Contrabaixo (Em italiano: contrabasso ou violone, em francés: contrebasto, ‘em slemBo: Kontrabass.) Comprimento: 1,85m Extensio: Para violoncelo solo e orquestra Concertos de Haydn, Schumann, Dvorak, Elgar, Shostakovich Tchaikovsky: Variacdes sobre um Tema Rococé. Lloyd Webber: Variagdes (sobre um tema de Paganini). Para o naipe de violoncelos da orquestra Schubert: Primeiso movimento, segundo tema da sinfonia Jnacabada. Brahms: Terceiro movimento da Sinfonia N° 3 em fa maior. Para violino, violoncelo e orquestra Brahms: Concerto Duplo em lé menor. © contrabaixo, também co- nhecido pelo diminutivo bai Xo, € muito maior que o vio- loncelo. Portanto, suas cordas sio ainda mais longas e mais grossas. As distancias que a mao tem que cobrir para pro- duzir as diferentes notas tam- bém sto proporcionalmente maiores do que no violoncelo. Para tocar 0 contrabaixo, € necessério que o instrumentis- ta ou fique de pé ou parcial. mente sentado em um banco ou tamborete bem alto. © formato do contra- baixo é ligeiramente diferente do formato do violino, da vio- la e do violoncelo. A parte posterior & plana, e as espal- das sio. mais inclinadas — duas_caracteristicas proven entes da velha familia das vio- las antigas, que, de modo muito adequado, permitem 0 instrumentista praticamen- te abragar o instrumento para tocar. Originalmente os con- trabaixos tinham trés cordas. Hoje em dia, porém, possuem quatro e, as vezes, cinco, e882 quinta corda aleangando 0 dé grave e dese modo situando a extensfo do contrabaixo uma oitava abaixo do violoncelo. ‘As partes para 0 contrabaixo so escritas na clave de f¥,s6 que uma oitava mais acima do que 0 som real das notas. Essa notagao evita um excesso de linhas suplementares abaixo do pentagrama. O contrabaixo tem uma afinacdo comple- tamente diferente da do violino, da viola e do violoncelo, que sio afinados em quintas, enquanto o baixo ¢ afinado em quart = escritos sons reais ES (46) mi 1416 sol 2s Hi poucos solos escritos para o contrabaixo, que é menos dgil do que os ‘outros instrumentos de cordas; como suas cordas s40 muito grossas, produzem 'um som 4spero, seco e rascante quando tocadas com o arco, Alllegretto pomposo Saint Saens: “0 elefante”, de O Carnaval dos Animais 4 a 10 W 12h 4h as 6 1 F (soa uma oitava abaixo) Py 8 BE > 19, 8 4 1 16 y, legato ‘Mas as notas tocadas em pizzicato no contrabaixo sto redondas e cheias, com um som de espléndida riqueza e profundidade Bach: “Esurientes”, do Magnificat em RE Pitsicato (Goa uma oitava abaixo) Os contrabaixos dio profundidade ¢ ressonncia 20 naipe das cordas e pratica- mente a toda a orquestra. Até o fim do século XIX, os contrabaixos geralmente dobravam a parte dos violoncelos, uma oitava abaixo, mantendo a linha do baixo Se 08 violoncelos estivessem com a melodia. Os compositores modernos, entre. tanto, freqiientemente escrevem partes independentes para violoncelos e contra. baixos. ‘Miéisica para ouvir Para contrabaixo solo e orquestra Dittersdorf: Concerto em mi maior; Sinfonia Concertante (com viola). Solos orquestrais para contrabaixo Mahler: Terceiro movimento da Sinfonia NO 1 em ré maior. Prokofiev: “Romance”, do Tenente Kijé. Stravinsky: “Vivo”, de Pulcinella (dueto cOmico com o trombone). Para 0 naipe de contrabaixos da orquestra (com violoncelos) Beethoven: Primeira parte do Finale da Sinfonia N° 9 (Sinfonia Coral). O contrabaixo no jazz Discos em que Charlie Mingus atua como contrabaixista. Harpa 4 harps éum dos instrumentos mais antigos. Provavelmente, origina das vibra. ges de um arco de cara. As harpas mais antigas tinham poucas cordas, mas a (Em taino:arpe, _haspa moderna possui 47 cordas, distribuidas por comprimento, © harpista nfo necessita pressionar as cordas para encontrar as notas, como faz 0 violinista, por exemplo. Entretanto, ¢ imprescindivel que o harpista verif ue rigorosamente se cada corda esté afinada perfeitamente antes de tocar. Esse cuidado especial envolve muito tempo ¢ assim o harpista necessita estar na pla. taforma bem antes da hora prevista para o inicio do concerto a fim de afmar 8 cordas, A partir e acima do d6 médio, as cordas da harpa sf0, hoje em dia, comu- a mente de ndilon. As cordas graves sfo feitas de tripa e as onze mais graves, enro- ladas com fio metélico. Para ajudar o harpist a localizar corretamente as cordas, aS | todas as cordas d6 que no sto enzoladas com fio metdlico tém a cor vermelha © as cordas fd sto azuis. Harpa medieval Vocé deve estar imagi- nando como 47 cordas conse- guem abranger toda essa am. pla extensio de notas que a hharpa pode tocar. Na base da hharpa se encontram sete pe- dais, um para cada nota da oi- tava — um pedal para todas as cordas lé, outro para as cor- das si e assim por diante. 2 ; 06 S018 si OH pé esquerdo pé direito Cada pedal pode encaixar-se em trés posigbes, para poder rapidamente ajustar 0 com- primento de suas cordas ¢ assim produzir qualquer ume de trés notas diferentes. To- ‘me-se 0 pedal dé como exem- plo: na sua posigdio mais ele- yada todas as cordas 46 soam a nota dé bemol em varias of tavas. Se o pedal for colocado ‘no encaixe imediatamente inferior, encurtara as cordas ligeiramente, fazendo entdo soar 0 dé natural. Colocando-se 0 pedal no encaixe mais baixo, as cordas produzem o d6 sustenido, © harpista pode dedilhar simplesmente uma melodia ou tocar a melodia e fazer o acompanhamento ao mesmo tempo. Os sons mais caracteristicos da har- pa na literatura orquestral so 0s acordes (com notas dedithadas simultaneamen- te ou tocadas uma apés a outra, como arpejo) ¢ o glissando (em italiano, escorre- gando, deslizando) no qual o instrumentista desliza os dedos rapidamente no sentido transversal as cordas O instrumentista pode dedilhar as cordas perto da caixa actistica, produzin- do um som rarefeito e seco; ou tocar harménicos — sons misteriosos, sobrenatu- ais, que sfo obtidos colocando o lado da mao delicadamente no meio de uma corda e dedilhando somente a metade superior Harpa sem acompanhamento Ravel: A cadéneia de Jntroduedo e Allegro. Harpa solo e orquestra Debussy: Danse Sacrée et Danse Profane, para harpa e cordas. ‘Uso orquestral Solo — Tchaikovsky: “‘Valsa das flores"’, da Su/te Quebra-Nozes. Acompanhamento — César Franck: movimento lento da Sinfonia em ré ‘menor. Bizet: Preliidio do 39 ato de Carmen. 2 Missica de cordas OQ naipe das cordas de uma orquestra também pode ter existéncia independente, Para ouvir atuzndo por conta propria, sendo enifo chamado de “orquestra de cordas”” Mozart: Eine kleine Nachtmusik. Dvorak: Serenata para Orquestra de Cordas, Op. 22, em mi maior, Vaughan Williams: Fantasia sobre um Tema de Thomas Tallis (a instrv- mentagto dessa peca requer duas orquestras de cordas — uma grande ¢ outra pequena — e um quarteto de cordas: dois violinos, viola e violon. celo).. Penderecki: Treno para as Vitimas de Hiroxima (nessa peca, Penderecki utiliza novos sons para instrumentos de cordas. Para representar muitos esses sons, ele precisou criar também uma notagiio musical propria). Exercfcio __Identifique quais instrumentos do naipe das cordas da orquestra tocam amelodia Programado 7 no inicio de cada uma destas pecas: (a) Prokofiev: “Romeu no timulo de Julieta” (de Romeu e Julieta), (bo) Tehaikovsky: Segundo movimento da Sinfonia N° 6 (Patética). (c) Bartk: Misica para Cordas, Percussao e Celesta, (d) Shostakovich: Segundo movimento da Sinfonia N° S, em ré menor. (©) Kodaly: Intermezzo, de Hary Jénos. Exerefcio Enquanto vocé ouve 0 inicio de cada uma dessas pepas, escolha entre os quadra- Programado 8 dos abaixo o termo correto para descrever a maneira especial como os ynstru. mentos do naipe das cordas esto sendo tocados: tremolo \| harménicos || col tegno |{ pizzicato || con sordino (a) Tchaikovsky: Terceiro movimento da Sinfonia N° 4, em fa menor. (b) Mahler: Sinfonia N° 1, em ré maior. (©) Grieg:““A morte de Ase”, de Peer Gynt. (4) Stravinsky: Final da Berceuse e o Finale do Passaro de Fogo. (©) Rachmaninov: Variagio 9, da RapsOdia sobre um Tema de Paganini. (8) Borodin: Nas Estepes da Asia Central, (g) Mussorgsky: “Cum mortuis in lingua mostua”, segunda parte das “Cata- cumbas” de Quadros de uma Exposicao, (h) César Franck: Movimento lento da Sinfonia em ré menor. (8) Beethoven: Movimento lento do Concerto para Piano N° S (Concerto Im- erador). G) Holst: “Marte, o mensageiro da guerra’, de Os Planetas. (&) Manuel de Falla: Noites nos Jardins da Espanha, Exercfcio da Sinfonia N° 1 de Brahms Prepeeaisy Allegro non troppo So of Reescreva o fragmento de melodia acima em: (a) Clave de d6 (ou contralto), para ser tocada por uma viola; (b) Clave de d6 na quarta linha (ou tenor), para ser tocada por um violoncelo; (©) Uma oitava abaixo, na clave de fé (ou do baixo), para ser tocada por um contrabaixo; depois escreva a melodia novamente, nos sons reais produzi- dos pelo contrabaixo. 28 Exeretcio Programado 10 Exercfcio Programado 11 Projeto de Fichério Ouga a Variagao 6: “Valsa vienense”, das Variacdes sobre um Tema de Frank Bridige de Benjamin Britten. Essa pega esti dividida em trés seqBes. Na primeira segio: (2) Os contrabaixos estado sendo tocados com arco ou em pizzicato? (b) Quais so os instrumentos que tocam a melodia nessa valsa t20 pouco comum? Na segHo intermediéiria, mais lenta: (©) Quais instrumentos estao tocando em pizzicato” (@) Qual o instrumento que toca um solo, um pouco depois? E uma viola, um violoncelo ou um contrabaixo? A terceira seg comega com um trinado nos contrabaixos, seguido por dois acordes em pizzicato ; a valsa, ent3o, comeca novamente: (@) Que palavras em italiano descrevem a maneira como 0 acompanhamento € tocado? (©) Que palavras em italiano descrevem a maneira como a melodia da valsa é tocada? (@ Oacorde final ¢ tocado com arco ou em pizzicato? Continuando com as Variagdes sobre um Tema de Frank Bridge, de Britten, des- creva como as cordas s4o tocadas no infcio da: (@) Introdugio. (b) Variagao 7: “Moto perpetuo”. (©) Variagdo 9: “Canto”. ‘A Quais sto as diferengas em extensio e timbre entre os instrumentos de cada um dos pares seguintes? violino : viola violoncelo : contrabaixo B_ Apesar de as quatro cordas de um violino serem do mesmo comprimento, elas produzem notas diferentes. Quais as razbes que explicam este fenéme- no? C 1. Escreva o significado de cada um destes termos em relagdo a técnica de tocar a harp: arpeggios sglissando harménicos 2.Como € possivel obter mais de 80 notas da harpa, uma vez que ela possui somente 47 cordas? D_ Pesquisa: Descubra que instrumentos de cordas esto associados a cada um destes famosos instrumentistas: Josef Joachim William Primrose Pablo Casals Kyung Wha-Chung Mstislav Rostropovich Itzhak Perlman 3 Os instrumentos de sopro conhecidos como madeiras so, como seu nome suge- - te, feitos basicamente de madeira, apesar de os modernos flautins e flautas Madeiras stem de metal. 0s sons sio produzidos pelo sopro do instrumentista, que faz vibrar uma palheta, ou, no caso da flauta e do flautim, penetra no instrumento através de um orificio oval. Em qualquer dos casos, uma coluna de ar € posta em vibragao dentro de um tubo oco. O comprimento da coluna de ar determina a altura da nota: quanto mais curta a coluna de ar, mais aguda serd a nota quanto mais longa a coluna de ar, mais grave serd a note (Compare estas relagdes com os sons dos instrumentos de corda: as cordas do violino, sendo mais curtas, produzem as notas mais agudas; as cordas do contra- baixo, sendo mais longas, produzem notas mais graves.) Contrafagote Fagote Clarineta Clarineta Baixo Saxofone Tenor Oboé Corne Inglés Flauta Flautim 7 Em cada instrumento de sopro hé uma série de orificios perfurados 20 longo do tubo. Estes orificios sao controlados por um sistema de chaves, molas ¢ alavancas, algumas das quais controlam orificios que, de outra forma, estariam fora do alcance dos dedos do instrumentista. Quando todos os orificios esto fechados, o instrumento produz sua nota mais grave. Porém, quando o instru- mentista abre 0 orificio mais baixo, deixando assim 0 ar escapar, através dele, © comprimento da coluna de ar em vibragao tomase menor e, a0 encurtarse um pouco a coluna de ar, uma nota mais aguda é produzida ‘<0 comprimento da coluna de ar em vibraedo torna-se menor.» portanto nota serd mals aguda As flautas, os oboss e os fagotes produzem notas uma oitava mais agudas quando sto soprados com muito mais forga que na oitava grave. O instrumentisia abre um pequeno orificio, a chave de oitava, para dar entrada ao ar, a uma certa altu- ra do tubo do instrumento. Assim, a coluna de ar é impedida de vibrar como um todo ¢ ent#o uma nota mais aguda é produzida. As clarinetas produzem notas uma décima segunda acima através do mesmo process0, 30 ‘Misica para ouvir No final do século XVIII — quando Haydn estava escrevendo suas ultimas sinfonias ¢ Beethoven estava para escrever a sua primeira ~, o naipe das madeiras consistia em duas flautas, dois obods, duas clarinetas e dois fagotes. Durante o século XIX, versdes maiores ou menores de cada um-desses instrumentos princi- pais foram sendo incorporadas orquestza, aumentando assim a extensio das notas e a variedade de timbres, de tal modo que a formac%o do naipe das madei- ras na orquestra moderna freqiientemente inclu flautas ¢ flautim oboés e come inglés clarinetas e clarineta baixo (€ ocasionalmente saxofone) fagotes e contrafagotes Enquanto os sons produzidos pelo naipe das cordas fundem-se em um todo, os sons do naipe das madeiras so mais distintos, mais individuais, tendendo mais a0 contraste do que a fusto. No naipe das cordas, vérios instrumentos do mesmo tipo tocam a mesma parte, a0 passo que cada executante dos instrumentos de ‘madeira tem sua parte individual para tocar. Muitas vezes cabem solos as madei- as, E por esse motivo que se dispdem no centro da orquestra, em um plano mais elevado que 0 das cordas e diretamente em frente do regente PERCUSSAO METAIS = =a 73 | | ‘CONTRA. ‘neon vierianctll! INGLES CORDAS Regente at ‘As quatro variagdes para as madeiras do Guia dos Jovens para a Orquestra, de Benjamin Britten: 1 Flautas e flautins — gorjeando ¢ tremulando acima dos primeiros e segun- dos violinos (tocados em zremolo), da harpa e do trigngulo. 2 Oboés — tocando frases suaves e melancélicas, acompanhados pelas cordas graves e por nufos abafados no timpano, 3 Clarinetas — em um jogo de pular carniga musical, acompanhadas pelo izzicato das cordas e pela tuba 31 Projeto de Fichério Flauta (Em italiano: flauto, em frances: fle, fem alemBo: Flore.) Comprimento: 68em Extensdo Cen ———| Flauta doce ou bloch ~ uma flauta de bico 4 Contrabaixos — tocando uma marcha solene e zombeteira contra um enér- gico acompanhamento das cordas ¢ da caixa clara, com as esteiras levanta- 4das (Sem tocar a pele da caixa). A Escreva como as madeiras produzem sons. B_ Desenhe um diagrama para melhorar visualizar a disposigao das madeiras na plataforma de concerto. Por que esto localizadas no centro da orques- tra? Pcs E muito fil identificar a flauta entre as madeiras pois o instrumentista a segura para o lado, em vez de aponté-la para a frente, como acontece com os demais ins- trumentos desse naipe. A flauta nfo possui palheta. Os sons sto produzidos pelo rinefpio de soprar-se um orificio aberto na extremidade de um tubo (euja outra extremidade ¢ fechada), colocandose o lébio inferior perto da borda deste orif cio. O flautista sopra por um orificio ovalado, situado a mais ou menos 7om da extremidade fechada do instrumento (a outra extremidade & aberta). Este orifi- cio para a boca (embocadura) é colocado exatamente abaixo do Idbio inferior do instrumentista. A borda do orificio mais distante dos lébios é a que divide o so- Pro, causando assim a vibragdo da coluna de ar que est dentro do instrumento, © que por sua vez produz a nota. (Pode-se conseguir um efeito similar ao soprar- Se, colocando-se os labios perto do orificio, a boca de uma garrafa ou a extremi. dade aberta de uma caneta.) As primeiras flautas a serem usadas-na orquestra eram tocadas no sentido vertical e sopradas no préprio oriffcio do tubo, ou eram do tipo flauta de bieo. Estas flautas incluiam a flauta doce ou bloch. A flauta transversa (basicamente a mesma flauta transversa que conhecemos hoje em dia, porém com menos cha. ves) incorporouse 8 orquestra nos meados do século XVIL. Durante algum tem. Po, tanto as flautas de bico quanto as transversas foram usadas, mas raramente hha mesma pega. Por volta da metade do século XVIII, a flauta transversa jd se havia tornado a favorita dos instrumentistas, por sua maior expressividade, poder © vatiedade de som. As notas mais agudas da flauta sfo claras,frias ¢ penetrantes: Andantino, quasi allegretto z e Dein. fe Eee Bizet: Minueto de L‘Arlésienne, Suite N° 2 3650 4 iam le pee 1 oP coo agement tee Leet BP Misica para ouvir Flautim {Em italiano: flauto piccolo ‘ou simplesmente piccolo, fem francés: petite f10¢e, ‘em alemto: kleine Fidte.) ‘Comprimento: 32cm, Extensio: bs ie Seer eS —=_—a “(com repeticaio ornamentada) As notas mais graves so suaves, intensas e doces, freqiientemente com uma qua- lidade sobrenatural e Iiquida. A diferenca de timbre entre o registro grave © 0 agudo pode ser claramente percebida no inicio da “Pavana da Bela Adormecida”, da suite Ma Mere Oye de Ravel. flautista pode tocar as notas suavemente, uma ap6s a outra, ou ataci-las de modo claro e definido, pronunciando as letras “t-k--k” com a lingua, enquan- to sopra, Outro efeito caracteristico € 0 chamado frulato, ou flutter-sound ou Flattercunge, produzido ao articular a letra r enquanto sopra. Este efeito pode ser ouvido durante a segunda parte da Sequenza para flauta solo de Luciano Berio. Para flauta sem acompanhamento Debussy: Syrinx (contraste entre o registro grave e o agudo). Varése: Density 21.5. Para flauta e teclados Haendel: Sonatas para Flauta, Op. 1, especialmente N° S e NO 9. Para flauta solo e orquestra Bach: Daneas, da Suite Orquestral NO 2 em si menor. Mozart: Concertos para Flauta; Concerto para Flauta e Harpa (K. 299). Nielsen: Allegretto, do Concerto para Flauta. Solos orquestrais para flauta Bizet: Prelidio do segundo ato de Carmen, Sibelius: “Notumo” e “Danga de Khadra”, de O Festim de Baltazar. Bizet: “Danse bohéme” (Danca cigana), de Carmen (duas flautas). ‘Tehaikovsky: “Danga das flautas”, da Sutte Quebra-Nozes (trés flautas). O flautim, também conhecide como piccolo (em italiano: pequeno), tem a me- tade do comprimento da flauta. Como o seu dedilhado ¢ o mesmo da flauta, todos os flautistas sto igualmente capazes de tocilo. A extensto do flautim alcanca uma oitava acima da flauta, e suas notas agudas sfo penetrantemente brithantes. Para evitar um excesso de linhas suplementares acima do pentagrama, a parte do flautim é escrita uma oitava abaixo do seu som real. excerto do Tenente Kijé, de Prokofiev SpE pe eee iE#EAER22 PO ssesasZehazs iron Seria SSE Py reais) (sons escritos) * (oa uma oitava acima) Ouve-se facilmente o flautim acima do som de toda a orquestra. Devidlo & estridéncia do seu timbre, porém, os compositores evitam usé-lo com muita fre- qléncia. O flautim é tocado pelo segundo ou terceiro flautista, 0 qual troca a flauta pelo flautim sempre que houver indicagZo para isso na partitura. Para ouvir Pierné: “A entrada dos pequenos faunos”, de Cydalise. Sousa: The Stars and Stripes Forever (repetigao da terceira melodia). Stravinsky: “Danca do passaro de fogo”, de O Passaro de Fogo. Tchaikovsky: “Danea chinesa”, da Suite Quebra-Nozes (para duas flautas e flautim), Dois outros tipos de flautas so as vezes usados, hoje em dia, na orquestra. O primeiro deles era conhecido como flauta baixo, e sua extensio aleanga quatro notas abaixo da flauta comum. Entretanto, uma flauta ainda maior € por vezes também usada, ¢ sua extensio € uma oitava abaixo da flauta comum. E empre. gada principalmente em musica pop e em miisica para filmes ¢ televisto. Esta flauta maior, por seu tamanho avantajado, agora é conhecida como flauta baixo, A anterior, menor, que se chamava baixo, passou a chamarse flauta contralto ov flauta em sol. coopmaediae™ = Flautim Flauta contralto ]) Flauta baixo Oboé © vb0¢ tem uma patheta dupla. Uma pequena e delgada tira de uma cana espe: ial é dobrada em dois e um pequeno tubo de metal (staple) é colocado entre os mirancerncrgbce, dois lados da tira dobrada, a qual é entdo passada em volta do tubo e firmementes “Talecaraitas, amarrada a ele. A parte dobrada da tira é cortadae as dues extremidades, delica- CON ear oe ine damente!destaneadesiccrntiainids entao a palheta dupla. O tubo de metal encai- Exton: ae em uma base de cortica que ¢ firmemente fixada na extremidade superior do oboé. = © oboista coloca a extremidade da palheta dupla entre seus Iébios, retrain- ¢ do-os levemente para dentro da boca contra os dentes. O instrumentista deve oS ‘manter um sopro continuo entre as duas extremidades da palheta dupla, colo. cando-as assim em vibraedo, uma contra a outra (da mesma maneira que as bor. is de uma folha dobrada vibram quando apertadas entre os dedos e sopradas), A vibragdo das duas palhetas coloca a coluna de ar existente dentro do oboe também em vibrago, produzindo deste modo as notas. As notas graves do obo€ sao densas e ricas; as mais agudas, rarefeitas e pe- netrantes. O som do oboé € nasalado, caracteristicamente mais 4spero (mais pa Iheta) quando comparado com o timbre claro e aberto da flauta: Allegretto pastorate Grieg: “Mana”, de Peer Gynt (repeticao, uma terga acima) © oboé tem uma extensio de notas menor que os outros principais instra- mentos de sopro, mas é capaz de grande variedade de timbres e de estilos de to. car. Em melodias lentas, 0 oboé tende a soar melancélico: 34 N24, em fa menor, de Tchaikovsky 1 8 : Andantino in modo di canzone 3 10 515 1 2 SS SS Mas 0 oboé pode executar melodias alegres e chil- Teantes, com um timbre cortante e mordaz. Devido ao seu timbre penetrante, é 0 oboé que toca a nota ld, antes de 0 concerto comegar, para que todos os outros instrumentistas afinem seus instrumentos. Qs oboés foram incorporados 4 orquestra Por volta de meados do século XVII. Palheta dupla Pequeno tubo de metal Cortiga Para oboé sem acompanhamento Britten: Seis Metamorfoses Segundo Ovidio, Op. 49. Berio: Sequenza VII para oboé solo. Mosica para ouvir Para oboé e piano Poulenc: Scherzo e Lamento (Deploration), da Sonata para Oboé. Para oboé solo e orquestra Concertos de Haendel, Marcello, Richard Strauss, Vaughan Williams e Henze (Concerto Duplo para oboé, harpa e 18 solistas de cordas). Solos orquestrais para oboé Tchaikovsky: “Scne", de O Lago dos Cisnes (Introduglo a0 segundo ato). Delius: La Calinda, da Opera Koanga, Haendel: A chegada da rainha de Sabd, de Salomao (para dois oboés).

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