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CAIO PRADO JUNIOR EVOLUCAO POLITICA DO BRASIL COLONIA E IMPERIO editora brasiliense Copyright © ty Caio Prado Jr enhuma pt de publica pode er gave, “mts om stoma cerancofocptad rea por tios menor ou oor uae Som auoraas prado doe Prien, 1088 reimpeso, 2000 evs los WS de Mopac Coa Bee a a brates sera editora braslionse ‘ua 22-Tomapd-CEP 3310010 So Pad. SP “Poet 218 1488 (e198 1488 livariabrasilense a Emi Maren 14 Top (CEP 03336000" So Palo SP” Fans 66712018 Indice Preficio da 1? Edigdo ... LLACOLONIA Carter ger dacolrizago basa ‘Acconomia colonial ‘Asociedade colonial (Oestatuto politice da coldnia M1. ACOLONIA Novas condigdes econémicas ....... [Novas formas sociais politcas IML, AREVOLUGAO D.Jote VI no Brasil... ee ‘Organizagto do Estado’ Nacional: A’ Assembidia CConstituinte de 1823 (OPrimeiro Reinado ‘AMenoridade A revolta dos eabanos no Pard e a regéncia de Fei Ese se 3 57 n ‘cato PRADO JONIOR [A revolta dos balaos e a agitagto praieira [A trajetéra reaciondvia de 1837 a 1849 IV, OIMPERIO 0 Segundo Reinado .. 0 fim do Império. * 86 Prefacio da 12 edicao Isto que o leitor vai ler no € uma Histéria do Brasil. Como. indica o proprio titulo, & um simples ensaio. Procurei ‘o-somente dara sintese da evelugao politica do Brasil e nto ‘raga a sua historia completa Dat os defeitos que serdo encontrados e que sou o pri imeiro a reconhecer. Como pensei apenas dar a resultante imédia dos inimeros fatos que comptem a nossa hist6ria, a linha mestra em torno de que se agrupam estes fatos, fui ‘brigado a uma selegdo rigorosa que exclulsse tudo quanto nao forse absolutamentenecessario para a compreensto geral do assunto, Isto me levaria por vezes, estou seguro, a des Drezar circunstancias cuj falta talvez se faga sentir para a perfeta clareza da exposigao. Mas, tratando-se de um método felativamente novo — refiro-me 2 interpretagao materalista de analisar a historia brasileira, nlo me era dado conhecer as exigéncias dos leitores. "Todos estes inconvenientes evidentemente nto existriam se se tratasse de uma histbria e nfo de uma sintese. Mas por ois motivos preferi esta uitima, Em primeiro lugar, para fazer a hstéria completa — o que pretendo algum dia tentar — seria necessirio material que esté em grande parte ainda por constituir-se. Os historiadores, preocupados vnicamente com a superficie dot acontecimentos — expedigtes serta- nista, entradas e bandeiras;substitugbes de governos e go- verantes;invasdes ou guerras — esqueceram quase que por completo 0 que se passa no intimo da nossa histia de que tes acontecimentos nlo s40 seno un reflexo exterion* TNestas condigOes, seria preciso um tempo considerivel para apresentar uma hstéria completa. Esto 0 momento no comporta, Repetindo um conceto do prefaciador da obra de Max Beer — Histéria Geral do Socalismo — a respeito da historia universal, podemos também afirmar, com relagdo & nossa, que "hi muito se far sentir a necessidade de uma historia que ndo seja a glorficacdo das classes dirgentes” E tragar uma tal historia é tudo quanto pense faze ‘Em segundo lugar, uma historia completa $6 teria proba- bilidades de interessar um reduzido nimero de litoes. Seria por sua natureea uma obra longa, e afugentaria qualquer um ‘que nfo tivesse pendores partculares pelos estudoshistrico. Foi minha intengdo evtar isto. Quis mostrar, aum lio a0 alcance de todo mundo, que também na nossa historia 05| herbie ¢ 08 grondes feito no sio heres e grandes sendo na medida em que acordam com 0s intereses das classes dir sentes, em cujobeneficio se faz a historia oficial ‘Apesar da premeditada intenclo de evitar mindcias, Jonguei-me um pouco mais sobre o histrico das revolugBes ‘da Menoridade (1831-40) ede principios do Segundo Reinado, Filo porque, de todos os fatos da nossa historia, nenhum hi {io pouco compreendide — 0 que natursimente nada tira & sua primordial importancia. A Cabanada do Paré (1833-36), 8 Balaiada do Maranho (1838-41) ¢ a Revolta Praieira de 1848 em Pernambuco — que sto as principais revolugtes populares da época — ndo passam, para a generalidade dos nossos historiadores, de fatos sem maior significaglo social, © {ue exprimem apenas a explosio de "bestais” sentimentos e paixdes das massas. Isto principalmente com relagdo is duas primeiras. & caracteristico notar que Rocha Pombo, escze- vendo uma alentada historia em dez grossos volumes, tenha Sedicado & primeira apenas uma simples nota, e & segunda, tumas poucas piginas em que s limita a discorrer sobre fatos (0) Exceo oven Olver Viana que fa prima 0 co sb agora tena oma ankle sutemsca «Sia da os cont ‘ondnica Soil bo pasado A su ot, contedo — ala inna tito qe nt se ebsera qu che por wees» grossa auleasbes EVOLUCKO POLITICA Do BRASIL . nilitares — ¢ isto ainda apenas para glorificar 0s feitos do herbi Caxias: 'A revolt praicira mereceu de Joaquim Nabuco uma and lise mais séria? Mas, ainda aqui, 0 que esté em foco € uma ‘Guestdo de ordem pessoal. O que Nabuco quer &justifcar ou, pelo menos, destacar a atuagao de seu pai, que foi juiz dos rebeldes e seu mais encarnigado adversério. A sua andlise se resvente por isso de falhas imperdosveis que olevam a lamen tivels conelusGes. Em todo cas, jf se trata de um estudo que se pode chamar de sro" “Mas o que Nabuco nto fez em relagio a Revolta Praiira — com maior razto ndo se fez com relagto as demas revol- tas que citamos, €situdlar na histéria brasileira, mostré-las ‘do como fatos ocasionais eiolados, mas como fruto que sto 4o desenvolvimento historico da revelugao da independéncia E por isso, dada importincia primordial destas agitagdes para a compreensio da historia politica da époea, julguei atl fnalisélas com mais detalhes. ‘Uma altima palavra sobre a divisto que adote, da his ‘ria brasileira. Dividi a histGria colonial em dois periodos: © primeira se estende da descoberta até o final das guerras hholandesas (meados do século XVII); © segundo, dal até a vinda de D. Joao VI em 1808. Nao inssto sobre esta divsto porque o eit encontrard no texto sua justifiagdo. ‘Quanto a revolugto da Independencia, dei-the uma am itude maior que a geralmente adotada. Assim procedi por- {Que quis abranger com ela todos os fatos que diretamente a cla se fiiam. O periodo que vai da chegada de D. Joio a {nstituigo do Império (1808-1822) € um periodo preparatério. Osseguinte, até a revolta de 7 de abril de 1831, de transigdo: into hd quem no reconhega no 7 de abril um complemento do 4 de stembro. A Menoridade éa fase de ebuligho, em que as diferentes classes e grupos sociais se disputam a diregdo do ‘nov estado nacional brasileiro, No primeiro dectnio do Se- ‘tundo Reinado declinam estas agitagBes ese define o carater politico oficial, a fegdo politica definitiva do Império. Como Se é, a nossa historia politica destes quarenta anos gira em terno da revolucdo da Independencia, e, assim, deve se estu- ‘dada sob esta mesma epigrafe ger (2) Joaquim Nebo, Um Etat do Impéri, . I A colénia Cariter geral da colonizagio brasileira ‘A colonizagto do Brasil constituiu para Portugal um problema de dificil solugdo. Com sua populagio pouco supe- Fior a um milhdo de habitantes e suas demais conquistas ultramarinas da Africa e Asia de que cuidar, pouco Ihe so- brava, em gente e cabedais, para dedicar ao ocasional achado de Cabral. Nao era nao podia o pequeno reino lusitano ser uma poténcia colonizadora a feicao da antiga Grévia. O surto maritimo que enche sua historia do século XV no resltara do extravasamento de nenhum excesso de populacto, mas fora apenas provoeado por uma burguesia comercial sedenta de luctos,€ que no encontrava no reduzido territério patrio tatinfagdo A sua desmedida ambiglo. A ascensto do fundador 4a Casa de Avis ao trono portugués trouxe esta burguesia para ‘um primero plano. Fora ela quem, para se liar da ameaca castelhana e do poder da nobreza, representado pela rainha, Leonor Teles, cingira o Mestre de Avis com a Coroa lusitana Ela era, portanto, quem devia merecer do novo rei o melhor das suas atengbes. Esgotadas as possbilidades do reino com as prodigas dadivas reais — sb 0 Condestivel Nuno Alvares, Fecebeu o que or contemporincos julgaram ser a mais rica doaedo jamais havida em toda a Espana,’ restou apenas 0 ph Lar rine, pA 186 de Ave. pa de Por

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