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VAPORIZACAO A LASER DO CERVIX PARA TRATAMENTO DA NEOPLASIA INTRAEPITELIAL CERVICAL LASER VAPORIZATION OF THE CERVIX FOR THE. MANAGEMENT OF CERVICAL INTRAEPITHELIAL NEOPLASIA uridice Maria de Almeida Fi RESUMO: O cincer cérvico-uterino é muito comum em vétios paises da América Latina. As estaistiens de morale eas taxas de incidéncia demonsiram a sua real mportincia, O cinver eérvico-uterino freqientemente& uma doenca progtessiva iniciada com mudangas itra-epiteliais, que podem se transformar em um processo invasivo, sendo o nosso objetivo tratar Drecocemente estas lesdes quando ainda é possivel a cura de 1008. Em nosso estudo prospective foram sclecionadas 21 pacientes com neoplasia cervical inta-epielial reatreadas pela citplogiae diagnosticadas pela histopatologia apés bigpsia dirigida pela colposcopia. O método terapéutico empregado foi a vaporizagio a laser com @ CO,. Tiveram como pré ‘requisito 0s seguintes critéos: informagio segura pela colposcopia da zona de transformagio eafastar a presenga de eineer invasivo; a neoplasia epitelial cervical deve ocupar a ectocervix sem nenhuma extensdo para o canal cervical e correlago Positiva entre a ctologia, colpescopia c histologia. O uso de laser CO2 vas miropedi peuniia precisay ma aptieagao & ‘om vantagens de ser um procedimento ambulatrialdiminuindoestesse cirdrgico das pacientes. Foi realizado sem anestesia © com duragio média de 15 minutos. A cicatizagdo completou-se em tomo de trés semanas e com cuidados operatsrios mifnimos. Somente dois casos tiveram sangramento vaginal disereto no quinto e décimo dia de pés-operatério, esolvido com tamponamento vaginal por 24 horas. A. colposcopia, ccurgia e o seguimento foram feitos pelo autor, tendo uma Daciente sido submetida a uma sepunda vaporizacia no quinto msde coniole Samonte uma pacianteteve recidva no 26 ms de seguimento e complementario tratamento. As vinte olras restantes esto em controle sem recidiva de doengs, Em vista dos resultados obtivemos um pereentual de cura de 95%, que coincide com a literatura, O uso de laser CO2 no {ratamento das neoplasias cervicas intra-epiteinis (NIC) ou viais tem sido estimulado como uma altemativa digna de ser seguida pelas seguintesrizdes: ciurgia de no conto, tratamento cipide e indolor, diminuigao das eustas da intemagio; complicagdes minimas e sem efeito subseguente sobre a fertilidade e competéncia cervical, menor necrose térmica, ¢ Possiblidade de novo trtamento ambulatorial. Por estas razes e pelo alto percentual de eura poxemos concluir que a cirurgia proposta foi vantajosa ara otatamenta da neoplasia cervical intra-epitelia, quando comparada com outros métodos de ratamento, Unitermos: Neoplasia inta-epitelial cervical: Cirungia a laser; Vaporizagio cervical INTRODUCAO Ocincer cérvico-uterino é6 tipo de cAncer mais comum encontrado entre as mulheres de varios paises da América Latina e do Caribe. As estatisticas de mortalidade c as taxas de incidéncia demonstram a real importincia do cancer cér- uma entre cada mil mulheres que vivem na América Latina c no Caribe, pertencentes fuixa ctéria de 30.a $4 anos, deser volver o cancer cérvico-uterino." Freqiientemente, ocdncer cérvico-uterino é uma doenga progtessiva iniciala com mudangas inu-epiveliais e que pode jstima-se que em cada ano, aproximadamento, se transformar em proceso invasivo no perfado médio de deza vinte anos. O objetivo dos oncologixtas gineeoligicns € conseguir tratar precocemente a doenga em suas elapas iniviais, quando ainda é possfvel a cura de 100%. Histopatologicamente, as lesGes cervicais pré-invasivas desenvolvem-se através de algumas etapas de displasias (leve, moderada ¢ acentuada). Estas leabes so classificadas como neoplasia intra-epitelial cervical (NIC) com diferentes graus: I-III. O cancer cérvico-uterino invasivo quase sempre se desenyolve em progressivos graus das NICs, mas nem todas as NICs caminham necessariamente para um processo inva- slvo. Todas as NICS devem ser consideradas lesoes signili- 1. Cirurgi Oncologista do Instituto Nacional de Cancer Recebide em 10/7097 Aceito para publicagio em 6/11/97 ‘Trabalho realizado no Serviga de Ginecologia do Hospital de Oncologia do INCA-RI Revista do Coléaio Brasileiro de Ciruraides — Vol. XXV ~n°2—97 EURIDICE MARIA DE ALMEIDA FIGUEIREDO catvas e como tal devem ser tratadas. O método de escotha para otratamento varia de acordo com a NIC com a experi- éncia em executé-lo A vaporizagio a laser ectocervieal na neoplasia intra epitelial da cérvix foi uma das primeiras aplicagGes do laser com diéxido de carbono (CO,) em ginecologia. Isto tem sido amplamente usado como método de tratamento em grande riimero de pacientes com NIC, como alternativa terapéntica digna de ser seguida pelas seguintes razes: 0 inser (luz am. plificada por emissdo estimulada de radiago) € um sistema de transiissao de energia que permite ao cisurgido cortar ou ‘vaporizar os tecidos com grande preciso, tanto em extensiio como em profundidade.’* © lasct CO, parte ser utlizaly pats vapynizat € 1essetat Iguais volumes de tecido poderto ser removidos com qualquer destes procedimentos. Todavia, o método excisional consiste na obtengio da pega operatéria para exame histopatol6gico, enquanto que, quando 0 exame da bidpsia pré-operat6ria for conetusivo, a Tesao podera ser removida com 0 metodo des- trutivo.” A utilizagdo do laser CO, requer um diagnéstico colposcspico, citolizico e histolégico muito preciso, assim Como um treinamento rigoroso do cirurgiao ginecolégico. MATERIAL E METODOS Foram estudadas separadamente 21 pacientes com neo- plasia intra-epitelial cervical e realizadas 21 vaporizagdes a laser no perfodo compreendido entre 20 de outubro de 1993 830 de abril de 1996 , no servigo de ginecologia do Hospital cde Oncologia do Instituto Nacional de Cancer. Estas pacientes com colpocitologia anormal foram avaliadas por colposco- pista experiente para determinar a localizagio, extensio ¢ gravidade das alteragies do epitélio e realizar biépsias diri- ‘gids das direas suspeitas, Tiveram como pré-requisitos para se submeterem cirurgia conservadora a laser os seguintes critérios: - Informagdo segura na colposcopia da zona de trans- © afastar a prosenga de 2 Definigdo pela colposcopia da zona de transformagiio 3—Necessidade da cortelagio positiva entre acitologia, colposcopiie histologia, indicando apenas a neoplasia intra epitelial cervical, 4~ A neoplasia epitelial cervical (NIC) deve ocupar a ectocervix sem nenhuma extenso para o canal endocervical, ‘A vaporizagao foi contra-indicada durante a selecao das pacientes quando a doenga se estendia para o canal endo- Cervical ou quando o diaghostico nao foi consistente. Nestes casos, procedeu-se a conizagio e estudo histopatol6gico, O uso do laser CO, com microseépio permitiu preciso ‘a aplicagio, Toda drea doente, a zona de transformago ¢ ‘pare cla dea de suscetibilidade para transformacio neoplisica puderam ser destruidas, A sirea susceptivel ¢ definida como ‘ tecido que fica entre a jungao escamo-colunar original 0 criticio interno histoligica? A téenica eperasria wtilizada foi igual em todos os casos, constou de: 2) colocagi de especulobivalvo na vagina com expo +) aplicagio de fede scéticon 2% para remogio do muco: «) colposcopia: €)utitizou-se sistema para aspirago de fumaga. Durante 0 uso cinirgico do laser CO,, sea para extirpar, vaporizar ou coagulr tocidos, invariaveliments provosa ac. aparceimento de estumagamento derivado dos componentesbiolégicos eci- dais Figura 1). A fumaga originada contém detritos cela res que devem ser evacuados do campo de tratamento por aspiragio, Figura I~ Laser CO, acoplado ao colposeépico com evacuador de funaca + Delimitou-se com 0 raio laser associado a0 colposes- pico a drea doente e a zona de transformagao com margem de pelo menos 3.4.4 mm Figura 2— Cervix com indicacio de vaporizact laser CO.. Lesiio definida colposcopicamente sem extensdo para 0 canal endo cenical." 98 — Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgides — Vol. XXV— n° 2 \VAPORIZAGAG A LASER DO CERVIX PARA TRATAMENTO DA NEOPLASIA INTRAEPITELIAL CERVICAL Figura 3~ A érea vaporizada foi estendida a wna profundidade de 6 mmm, abrangendo a base das cripias slandulares. (Isto assegura a desire de quatquer lesao que se estenda nas criptas cervtcats)” 7 Figur — Juno escamo-colunar apds vaporisago"® + Dividindo em quadrantes, 0 laser foi movido rapida- mente sobre o tecido a ser destrido em multiplas diregoes, +A poténcia de distribuicdo ajustada para oinstrumento foi de 20 a 30w, em emissio continua. + Foram realizados estes procedimentos sem anestesia em regime ambulatorial * A cicatrizagio completou-se em trés semanas. ‘A nova jungio escamo-colunar & quase sempre locali- zada ao nivel do orificio externo, Isto permitiu um segui- mento colpose6pico e citoldgico satisfatsro. (Os cuidados pos-operat6rios foram minimos. Recomen- ddadas para no terem relago sexual, no usar tamp30 ow ducha vaginal por um period minimo de trés semanas, No ocorreram queixas de dores ¢ © sangramento foi aro, Somente dois casos tiveram sangramento, no quinto &

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