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1000 1 digestão d

Kuana
Books by B
1000 1
Poets P

33 / 1000

ISBN 978-1-312-03061-9
90000 Rubens Akira R
2014 9 781312 030619 Kuana K
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oooooooooooooooooooooooooooooooooooooo
oooooooooooooooooooooooooooooooooooooo
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digestão

Rubens Akira Kuana


digestão

Rubens Akira Kuana

Poetry will be made by all!


89plus and LUMA Foundation
0033 / 1000

First Printing: 2:57 PM, 19 February 2014

ISBN 978-1-312-03061-9

LUMA/Westbau
Löwenbräukunst
Limmatstrasse 270
CH-8005 Zurich

Published by LUMA Foundation as part of the 89plus


exhibition Poetry will be made by all! co-curated by
Hans Ulrich Obrist, Simon Castets, and Kenneth
Goldsmith at LUMA/Westbau, 30 January – 30 March
2014. Cover design by Content is Relative. All rights to
this work are reserved by the author.

This book edited by Alexandra Siegrist.

Series editor: Danny Snelson


http://poetrywillbemadebyall.ch
About this book

digestão (translation: digestion) is a


book that explores lyric and sound
poetry and its representation on printed
page, questioning the routine of private
life and the limits with the public sphere.
The internet and the pay-per-view. The
relationship between globalization and
the body of the poet inside the society
of spectacle. A modest attempt to
capture our diluted reality: the
actualization and virtualization of
confessionalism and sharing. The it.
The I. The the.

Rubens Akira Kuana


February 2014
www.akirakuana.wordpress.com
a fábrica

você me acomoda
como se a escolha fosse

possível entre caixas


de sabão em pó Brilho

ou Marylin Monroes
qual delas consegue quebrar

modelos estéticos
meu coração

enquanto fonte
de divergência

um público urinol
adaptado eu sondo

um carrinho de mão
vermelho
até o Tennessee
tanta coisa depende

quando precisamos esconder


flores  
coincidências histéricas

eu quis comer a terra


que o seu pé esquerdo não possui
eu quis comer a terra
que o seu pé ainda não possui
eu ainda quis comer terra
apesar da sua cintura
ser ligeiramente menor
que o meu campo de visão
porque o meu campo de visão
é uma gangorra
suas mãos brandas

suas mãos brandas


suas calhas e caixas d'água
entopem com um filhote
de sabiá uma lebre
uma lebre não é capaz
de aguentar mais fibras
e mais pilhas duracell
alcance-me o controle
remoto remoto remoto
insira cenoura em sua
dieta em sua dieta em
qual solo ou solavanco
nós pegamos para plantio
perpetuação e paráfrase
suas mãos brandas
suas mãos frouxas
nossa intimidade
nosso quarto com paredes
pintadas mas descascando
secas secas secas
o estupor do limão
que restou em sua boca
eu lhe deixo eu lhe desvio
o sangue da santa
o sangue da lebre
manca e uniforme
desdentada e sonolenta
eu estou contando
em covas
eu estou contando
em bosques
eu estou contando
covas
eu estou contando
bosques.
Satisfações Suspensas

Eu comeria areia
Porque eu sou tão limpo

Quanto a minha cama


Você me entende

Não? Ao menos
Admita o derradeiro

Ostracismo é receber
Rosas por e-mail

Um power point
Com o pôr-do-sol
Eu te amo
Eu morreria por você

Quem é romântico
Aqui quem é o objeto

Passe adiante passe


Por você
capotagens

a curva que você repete está


indisponível
quando eu me jogo da varanda
direto para o sofá
é o ponto de apoio que eu pondero
é a pronúncia dos efes
f aquilo
f ábaco
f uma vertigem

f aquilo

agora podemos conversar sobre a


estante
o ângulo que ela faz com os litros
de leite na sua mão esquerda
aproveitam para exclamar
um F5 um tanto
autoritário
há uma única estação que nos impede
não foi feita para contornar
não foi feita conosco

a curva que você faz

quando está em pedaços

é mais curva do que o necessário


estes braços estas pernas

estes braços estas pernas


seus meios de locomoção cativa
meus investimentos reservas
passam através de mim
como um mico leão dourado
fugindo fugindo
estes braços estas pernas
estes dentes estes rabos
não valem seu peso em palha
alumínio ou conformação
estas armas estas armas
um pelicano à espera do peixe
um tucano à espera da prole
o troco o foco o excedente
minhas câimbras suas câimbras
sobre um solo criado
sobre uma mesa abandonada
peras bônus promoções
estes lapsos estes lapsos
estes lapsos
você aceita a impermanência como
parte do seu corpo

o universo pouco ou nada


se importa com seu joelho
fernando henrique cardoso
não importa
com a sua partida
para a Tasmânia ou Haiti
você quer fazer trabalho voluntário
eu quero fazer trabalho voluntário
mas nós não faremos
juntos juntinhos onde
está aquele árvore centenária
que eu salvei? você já
a viu? ela está bem?
como foi o seu dia?
eu tomei as minhas vacinas
arrumei as malas
escovei os dentes embora
a ONU só nos aceite após os 25
quando nossas almas encontrarem paz
as ciclovias e florestas
com certeza serão mais comuns
e largas
até breve
você resolve ser virgem
até breve até breve
eu quero que você olhe para a lua
eu quero que você olhe para a lua
eu quero que você olhe para a lua
e perceba como a sua beleza não
depende
da forma com que eu me expresso
esvaziar o freezer jogar tetris cair

porque eu ainda não sei se o reflexo


que eu faço
sobre a pia
é a síntese das minhas costas
ou do hábito noturno talvez
não é o meu
olha
dentro da boca
o cotovelo caberia
se alcançasse
o seu queixo
deitado
é a espera
entre um charco e outro
nunca houve uma superfície inteira
que pudesse esperar
pelas minhas pernas
por favor
estão distantes demais
eu nunca vi neve na minha vida
e sinto que estou perdendo

tudo que não gravei em MP3


quando os calcanhares se tocam
também
em horas ímpares
eu estou perdendo

fôlego acima de tudo

porque acima de tudo eu separei


um curso d'água

até a calçada e de volta


até a sua
acidentes domésticos envolvendo
toalha

o mistério ainda é maior


quando a descamação completa
eu me fecho

a porta da lavanderia
completa
bato três vezes mais

fica mais fácil te explicar


o porquê das cortinas
estarem todas no chão

é que eu esqueci

o salto dos sapatos


os noticiários esportivos
argumentavam
Borges era bulímico e não sabia
minha genealogia
o remédio
são as opções
quando eu jogo um pano de prato em
cima

quando eu jogo um pano de prato


o mistério ainda é maior

em cima

da minha última carta de amor


restou uma passagem não-
autobiográfica
é a primeira que eu levaria
caso alguém consertasse o gelo
e aceitasse o troco
com amor até

logo muito
obrigado sinceramente
por favor
a voz enquanto posse

sua boca tem fome sua boca


tem sede sua boca é bonita
porque sua boca é aberta
em minha boca esta boca
cabe uma sala uma outra
em sua boca esta sala
a sua boca exala a sua boca
inala a sua boca agonia em sua
boca eu me deito em sua boca
eu me estendo esta boca outra
boca outra boca duas bocas
sua boca tem fome minha boca
tem sede porque sua boca é
bonita sua boca é a minha
Senhoras e senhores mais uma vez eu
gostaria de começar pelo ferimento
Informar

Eu consigo me engasgar
Com sementes
Embora um feto

Conservado
Em formol
Seja mais assustador

Eu quero encontrar
Uma pilha de folhas
E sofrer

Um ataque cardíaco
Até você virar para mim
E dizer, querido

São folhas
São sementes
Graças ao Nilo

Eu nunca confundi
Alianças
Mas eis aqui você
Sem GPS
Em um campo
De milho

Livre
De agrotóxicos
E tato

Desmaiado
Mas ainda aberto
Ao abuso

Ao senso comum
Nosso peso
Sobre a grama

É o rumo
De todo atrito
Retido

Consumindo vigor
Consumindo saúde
Consumindo herança

É o fogo
Somente
Amigo.
poema

me deixe ser seu sherlock


arqueólogo scooby-doo
revirar seu lixo
inteiro sem envoltório
estável estável estável
plantar evidências
invadir sua casa
veemente atrás de pistas
passagens secretas & migalhas
do nosso amor.
spring break

se eu conseguir completar esta ligação


eu juro que irei colar um adesivo na
minha carteira
seu mais novo doador de órgãos está
aqui, docinho
você quer um fígado você quer um rim
pequenos pulmões porque eu tenho
dois
meu sangue é O negativo
mas eu sou otimista como um urso
atrás de mel e piqueniques
então deite-se na maca e prepare
umas margueritas nós vamos
comemorar
antes do bisturi arranhar os seus
ossinhos
antes do médico arruinar sua pele
sugiro um passeio pelo bosque
olhe aquele pequeno gambá
agarrado com todas as forças
no galho da aroeira.
Propriedades Prioritárias

O mesmo para o outro


O outro para o próximo
O próximo para o último
O último para o único

O único para o múltiplo


O múltiplo para o fôlego
O fôlego para o corpo
O corpo para o olho

O olho para o pulso


O pulso para o músculo
O músculo para o sangue

O sangue para o solo


O solo para o toque
O toque para o mesmo

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