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246—4) Resolugéo n.° 65/2002 do 27 de Agosto 0 Programa Quinquenal do Governo estabeleceu como acgGes a realizar no Sector Prisional, a introducio de medidas com vista a resolver 0s problemas prevalecentes nos estabelegimentos prisionais sob a tutela dos Ministérios da Justiga€ do Imerior, o que impde a adopgio de um instrumento através do qual se fixe 0 conjunto de acgées a introduzir de forma dinimica ¢ equilibrada para o desenvolvimento de um Sistema Prisional Unificado e a sua consequente modernizagio. Nestes termos, usando da competéncia que Ihe é conferida pela alinea e) don? I do artigo 153 da Constituigdo da Repd- blica, o Conselho de Ministros determina Unico: B aprovada a Politica Prisional e a Estratégia da sua ImplementagSo, em anexo, que constitui parte integrante da presente Resoluci Aprovada pelo Conselho de Ministros. Publique-se 0 Primeiro-Ministro, Pascoal Manuel Mocunti. POLITICA PRISIONAL E ESTRATEGIA DA SUA IMPLEMENTACAO |. Introdugao O Sistema Prisional tem a sua base legal no Decreto- Lei 26 643, de 28 de Maio de 1936, tornado extensivo a Mogambique com algumas alteragdes a 29 de Dezembro de 1954, pelo Decreto-Lei 39 997. Com a Independéncia Nacional verificaram-se algumas modificagdes através da aprovagio do Decreto n 1/75, de 27 de Julho, que definiu as fungdes ¢ atribuigdes dos vérios Ministérios, tendo ficado as prisbes subordinadas a0 Ministério da Justiga, Posterior- mente, com a extingio da Policia Judicifria e a criagdo da Policia de Investigagio Criminal, colocada sob a autoridade do Ministério do Interior, os estabelecimentos de detengio preventiva passaram também a subordinar-se ao Ministério do Interior, permanecendo os restantes na dependéncia do Ministério da Justiga pela via da Inspecgio Prisional. O Si tema Prisional, até entdo unificado, viu a sua administragio partithada, originando o dualismo que existe actualmente. ‘Ao mesmo tempo, surgiram sob tutela do Ministério do Interior os Centros de Reeducagio, uma experiéncia que viria ‘ser abandonada na década 80. © sector prisional foi particularmente afectado pela falta, ‘de quadros com formagio técnica e académica adequada e pela ‘escassez. de recursos materiais e financeiros que o pafs conhe- ceu. Desta situagio resultou a falta de investimentos pablicos ra construgo de novos estabelecimentos prisionais. O nico estabelecimento construfdo depois da independéncia foi © Centro de Reclusio Feminina de Ndlavela, na provincia do Maputo. Esté ainda em curso, no Ambito do Programa do Governo, a construgdo da nova Cadeia Central da Beira, no Distrito de Dondo, ¢ Penitenciéria Agricola de Cabo Del- gado, em Mieze. Foram realizadas obras de manutengio © reabilitagaio em alguns estabelecimentos das zonas Norte, Centro ¢ Sul do pats, incluindo a Penitenciéria Agricola de Mabalane, mas isso no foi suficiente para impedir que a maioria dos estabelecimentos prisionais existentes se tenham 1 SERIE — NUMERO 34 degradado a0 longo dos anos, tanto do ponto de vista material como no que respeita as suas condigdes de habitabilidade funcionamento. Os principais problemas enfrentados pelo sistema prisional sio: a superlotagio dos estabelecimentos, © estado de degradagao fisica avangada das, infra-estruturas € dos equipamentos, as péssimas condigdes sanitérias da populagdo reclusa e a dificuldade de assegurar cuidados, médicos bisicos, a auséncia quase total de acgées de rein- sergdo social dos delinquentes, a falta de motivagio e de pro- fissionalismo no seio do pessoal e as dificuldades financeiras e de planificagio. Perante a situagio critica em que se encontra o sector pri- sional, importa empreender esforgos de reforma do sistema com o objectivo de racionalizar a utitizagto dos recursos que Ihe sio atribuidos, de o tomar eficiente © de o ajustar as exi- sgéncias de um Estado de Direito. A reforma procura ainda criar condigSes para tornar uma realidade, no funcionamento dos estabelecimentos prisionais, o respeito das Regras Minimas das Nacdes Unidas sobre o Tratamento de Reclusos & con- retizagio das recomendagbes expressas na Declaracdo de Kampala, nomeadamente no que respeita & promogao de me- canismos de tratamento de reclusos ¢ dos meios alternatives 3 privagao de liberdade. © programa quinquenal do Governo estabeleceu como acgbes a realizar neste dominio a introdugdo de medidas com vista a modificar a situagdo prevalecente nos estabeleci- rmentos prisionais. O sentido da reforma ¢ alterar a situagdo actual, melhorar ¢ aperfeigoar o sistema ¢ introduzir as bases da sua transformagio progressiva visando a ctiagio de um sistema correccional, onde a fungio de privaglo da liberdade dos cidadios se encontre devidamente articulada com a fungio da sua ressocializagio e reintegracio eficaz na sociedade, incluindo o acompanhamento de menores inimputiveis envol- idos em infracgoes criminais € de reclusos em liberdade condicional. I, Politica Prisional A Politica Prisional ¢ o instrumento através do qual se fixa © conjunto de medidas a introduzir a curto, médio ¢ longo prazos, de forma dindmica e equilibrada para o desenvolvimento, de um Sistema Prisional unificado e sua consequente moder- nizagio. Nela se fixam os principios fundamentais da missio dos servigos prisionais, os objectivos a alcangar ¢ as corres- pondentes estratégias a serem realizadas pelo Governo na sua acgio de direcgio ¢ de orientagio das instituigdes de tutela do Sistema Prisional, o Ministério do Interior e 0 do Ministério dda Justiga, bem como os pasos conducentes a unificagio do sistema € a estabelecer a visdo mais ampla para a sua trans- formagdo em sistema correccional Sito objectivos gerais da Politica Prisional e Estratégia da sua Implementagdo desenvolver 0 processo de recrutamento, reciclagem ¢ qualificagio do pessoal penitenciério, redimen- sionar os estabelecimentos prisionais, promover ¢ reorganizar centros prisionais abertos, garantir a assisténcia sanitéria aos reclusos e melhorar a gestio das insttuigdes penitenciérias. 1. Misséo dos Servigos Prisionais [A missio dos Servigos Prisionais, insere-se no ambito mais vasto € complementar do Sistema de Justiga Penal ¢ assenta no respeito das normas de Direito Interno ¢ do Di- reito Internacionalmente reconhecido e organiza-se em duas ‘ertentes fundamentais. A primeira, que encerra o que é nuclear da missio, tem como objectivo contribuir para a protecgto da sociedade, através da reclusio ¢ do acompanhamento 27 DE AGOSTO DE 2002 de todos aqueles que por sentenga judicial so condenados 4 penas privativas de liberdade por motivo de cometimento de uma infracgio criminal. A segunda vertente, que completa 4 missio, consiste no desenvolvimento e promogio de acces ‘com o objectivo de transformar os reclusos, tornando-os cidadios respeitadores das regras mais elementares da con- vivéncia social, através de mecanismos de ressocializagio reinsergio nas comunidades de que so ortundos ou residentes. 2. Principios orientadores Na prossecuedo da missio e no desenvolvimento da Politica Prisional, a filosofia que enquadra e orienta as instituigdes dos Servigos Prisionais, assenta nos seguintes. principios fundamentais: Respetto da dignidade humana e dos direitos dos reclusos. Os reclusos a responsabilidade dos Servigos Prisionais conservam todas 0s seus direitos, salvo os que Ihes tenham sido expressamente limitados ou retirados por sentenga condenatéria que devam cumprir. Sem preyufzo da ler, sio respeitadas as diferengas cultura € religiosas dos reclusos, Separagdo dos diferentes npos de reclusos. Os reclusos em detengiio preventiva estario separados dos condenados. O sexo, a idade e 0 tipo de crime e de pena sio eritérios de separagao dos reclusos. Gradualmente, serdo crados estabelecimentos pnsionais especialrzados em fungio dos diferentes typos de reclusos. Regime progresswvo do cumprimento das penas. Nenhum recluso deve ser colocado num nivel de seguranca que seja mats que 0 necgssénio € indicado pela avaliagio de penigosidade feita no momento da sua afectacio a um determinado estabelecimento. O cumprimento das penas, em particular das penas de prisio maior, faz-se de acordo com um regime que, tem fungio do bom comportamento dos reclusos, evolui no sentido da redugdo gradual da sua severidade. Promogio do acompanhamento individual dos reclusos. Serio desenvolvidas condigdes para que os reclusos acom- panhados individualmente por forma a facilitar a sua futura reinseredo social. Esse acompanhamento sera a base de deci- so sobre a alteragao do regime de cumprimento da pena, sobre a passagem a outros tipos de pena e sobre a atribuigio da liberdade condicional Cooperacdo com os parceiros do Sistema de Administracdo da Justia, Qs Servigos Prisionais articulam-se com os outros parcei- ros'do Sistema de Administragio da Justiga através da pro- mogio de contactos, troca de informagdes regulares ¢ de ‘mecanismos de controlo e fiscalizagio da execugao das penas. Colaboragao com orgamzagdes da sociedade cw Para a reinsergao social dos reclusos é incentivado o envol- vimento de organizagdes da sociedade civil no proceso correccional, particularmente no campo da assisténcia social, da educagio e formagio profissional, das actividades culturais e desportivas. As orgamzagoes da sociedade c1vil contribuem para a methorta das condigSes de functonamento dos estabe- lecimentos prisionais através de acgdes de recuperagio das nfra-estruturas € outras condigdes materiats e do seu envolvi- ‘mento no desenvolvimento e aphicagio de algumas das penas no privativas de liberdade. 246—(5) Promogao do profissionalismo e da ética do pessoal Os funciondrios so 0 elemento fundamental na realizagao da missio dos Servigos Prisionais. Seré feito um esforgo de divulgacio do sentido da missio. dos prineipios, da ética profissional ¢ dos valores que regem os Servigos Prisio- nais junto de todos 05 funcionarios e serd prosseguida a pratica «em vigor de consulta e discussto sobre objectivos, organtzacio, planos e prioridades do sector. Transparéncia e prestacdo de contas ao Estado e a soctedade. Os Servigos Pristonais fario dptimo uso dos recursos financeiros, materiais e humanos que Ihes so atribuidos, prestando contas das suas actividades ¢ fornecendo toda a informagio relativa a0 sector, com excepgio da que se refira a questdes de seguranga. Sio incentivados os contactos regu- lares com os media para proporcionar 20s cidadios e & socie- dade civil um melhor conhectmento € compreensio do functonamento do Sistema Prisional. Unificagdo gradual do sistema. Dentro do princfpio da unificagdo, sero estabelecidos mecanismos de reestruturagio e de coordenagao do Sistema Prisional. Il, Estratégia de sua implementacao ‘A cestratégia a desenvolver para a concretizagio da presente politica organiza-se em diversas componentes fundamentais, destacando-se as que se dinigem a uma intervengi0 no reforgo da capacidade institucional para a gestio prisional, a coordena-

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