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AO JUÍZO PLANTONISTA DAS VARAS FEDERAIS CÍVEIS DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO

PARÁ

AÇÃO POPULAR. TUTELA DE URGÊNCIA ANTECEDENTE. SUSPENSÃO


DOS EFEITOS DO DESPACHO DO MINISTRO DA EDUCAÇÃO,
PUBLICADO EM 20/12/2021 NA EDIÇÃO 246, SEÇÃO 1, PÁGINA 74 DO
DOU, QUE VEDA QUE INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO
ESTABELEÇAM EXIGEM DE VACINAÇÃO CONTRA COVID-19 COMO
CONDICINANTE AO RETORNO DAS ATIVIDADES EDUCACIONAIS
PRESENCIAIS.

HUGO LEONARDO PÁDUA MERCÊS, brasileiro, solteiro, Advogado inscrito na


Ordem dos Advogados do Brasil, Seção Pará, sob o número 017.835, CPF 908.736.532-
20, correio eletrônico hpmerces@gmail.com, com endereço profissional na Av.
Senador Lemos, 435, Ed. Village Boulevard, sala 1707, Umarizal, CEP 66.050-000,
Belém, PA, CEP 66055-045, vem a este Juízo impetrar o presente PEDIDO
ANTECEDENTE DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA, nos termos do p.ú. do art. 294
do CPC/2015, sob o rito da Lei Nº 4.717, de junho de 1965 (Lei da AÇÃO POPULAR),
contra a UNIÃO, pessoa jurídica de direito público interno, representado para este fim
pela Advocacia Geral da União no Estado do Pará, cujo endereço é Av. Boulevard
Castilhos França, 708, Comércio, CEP 66.010-020, Belém, PA, pelas razões de fato e
direito a seguir delineadas.
1. DA URGÊNCIA CONTEMPORÂNEA À PROPOSITURA DA AÇÃO

No dia 30 (trinta) de dezembro de 2021, a União Federal publicou Despacho do


Ministro da Educação, na edição 246, seção 1, página 74 do DOU, que veda que
instituições federais de ensino estabeleçam exigem de vacinação contra covid-19
como condicionante ao retorno das atividades educacionais presenciais. Assim dispõe
o ato administrativo:

“(I) Não é possível às Instituições Federais de Ensino o


estabelecimento de exigência de vacinação contra a Covid-19
como condicionante ao retorno das atividades educacionais
presenciais, competindo-lhes a implementação dos protocolos
sanitários e a observância das diretrizes estabelecidas pela
Resolução CNE/CP nº 2, de 5 de agosto de 2021.
(II) A exigência de comprovação de vacinação como meio
indireto à indução da vacinação compulsória somente pode ser
estabelecida por meio de lei, consoante o entendimento
firmado pelo Supremo Tribunal Federal - STF nas ADI nº 6.586 e
ADI nº 6.587.
(III) No caso das Universidades e dos Institutos Federais, por se
tratar de entidades integrantes da Administração Pública
Federal, a exigência somente pode ser estabelecida mediante lei
federal, tendo em vista se tratar de questão atinente ao
funcionamento e à organização administrativa de tais
instituições, de competência legislativa da União.”

Ocorre que tal ato administrativo viola expressamente o disposto na Lei Nº


13.979, de 06 de fevereiro de 2020, especialmente seu art. 3º, segundo o qual:

Art. 3º Para enfrentamento da emergência de saúde pública de


importância internacional de que trata esta Lei, as autoridades
poderão adotar, no âmbito de suas competências, entre outras,
as seguintes medidas:
(...)
III - determinação de realização compulsória de:
(...)
d) vacinação e outras medidas profiláticas; ou

Outrossim, o §1º do mesmo dispositivo legal acima referenciado exige, como


elemento constitutivo de ato administrativo que disponha sobre as medidas para
enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional
decorrente do SARS-CoV-2, responsável pela pandemia de COVID-19 (e que atinge até
os dias atuais) que:

§ 1º As medidas previstas neste artigo somente poderão ser


determinadas com base em evidências científicas e em análises sobre
as informações estratégicas em saúde e deverão ser limitadas no tempo
e no espaço ao mínimo indispensável à promoção e à preservação da
saúde pública.

A ilegalidade do despacho acima referenciado é incontestável, na medida em


que há legislação que autoriza as autoridades a adotar medidas de controle com base
em evidências científicas (há evidências científicas da segurança e eficácia da
vacinação).
Outrossim, as Instituições Federais de Ensino são dotadas de poder de
administração e autonomia, não podendo ato administrativo da União violar tal
prerrogativa institucional, tudo conforme dispõe a Lei Nº 11.892, de 29 de dezembro
de 2008.
Assim, resta evidente a urgência contemporânea à propositura deste Pedido
Antecedente de Tutela Provisória de Urgência em Ação Popular.

2. DOS PEDIDOS DE URGÊNCIA


Ante o exposto, requer-se a este Órgão Julgador que, em sede de tutela
provisória de urgência antecedente, determine:
1. a suspensão dos efeitos do Despacho do Ministro da Educação, publicado no
dia 30/12/21 na edição 246, seção 1, página 74 do DOU, que veda que
instituições federais de ensino estabeleçam exigem de vacinação contra covid-
19 como condicionante ao retorno das atividades educacionais presenciais;
2. a proibição a União Federal de promulgar atos administrativos que, direta
ou indiretamente, vedam que instituições federais de ensino estabeleçam
exigem de vacinação contra covid-19 como condicionante ao retorno das
atividades educacionais presenciais;
3. intimação do Ministério Público Federal para atuar no feito;
4. deferimento do prazo legal para complementar a Petição Inicial deste pedido
antecipado antecedente.

2.1. DOS PROVÁVEIS PEDIDOS DEFINITIVOS


i. Anulação do Despacho do Ministro da Educação, publicado no dia 30/12/21 na
edição 246, seção 1, página 74 do DOU, que veda que instituições federais de
ensino estabeleçam exigem de vacinação contra covid-19 como condicionante ao
retorno das atividades educacionais presenciais;
ii. Proibição da União Federal de promulgar atos administrativos que, direta ou
indiretamente, vedam que instituições federais de ensino estabeleçam exigem de
vacinação contra covid-19 como condicionante ao retorno das atividades
educacionais presenciais;
iii. condenação da União ao pagamento de honorários de sucumbência.

Pugna-se pela produção de todas as provas admitidas em direito.

Documentos necessários à instrução da Ação Popular em anexo.

Considerando a abrangência nacional do pedido, dar-se à causa o valor de


R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).
Belém, 30 de dezembro de 2021.

HUGO LEONARDO PÁDUA MERCÊS


ADVOGADO. OAB/PA. 017.835

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