You are on page 1of 222
REFORMA PROVINCIAL MUNICIPAL Seus intuitos No programma que em 1869 adopteo o partido Liberal para alya de seus exforcos na opposicio, como no poder, esti consagrado 0 seguinte preceitos “4 descentraticaydo no verdadeiro seatide do self worer= nment, vealizando-se o pensamento do acto addicional, quanto as franquezas provineiaes, dando ao elemento muni- cipal a vida © a acgéo de que carece, garantindo o direito ¢ promovendo o exercicio da iniciativa individual, animando. fortalocenda 0 principio de associagao ¢ restringindo 0 mais possivel a interferencia da auctoridade.” © actual st. presidente do conselho de ministros ¢ um dos signatarios désse importante documento politica, Basta recorda-lo para comprehender-se, em toda a sua plenitude, ‘© pensamento do govern, commettendo & commission no- meada por aviso da sceretaris do Imperi de 4 de Novembro tillimo a elaboracio de um projecto de reforma provineial e municipal, tempo de ser estudado e submettido ao par- Tamento, lego em coméco da proxima sessin. Demais, quaesquer ddvidas desappareceriam anle 0 proprio texto do aviso, quando recommenda que esse tra~ halho tenho por base (textual) razoavel ¢ conveniente des- ceontralizurto administrativa ea autonemia do municipio. Entende, pois, o govern ser chegada a opportunidade de realizar aquelle compromisso do partido em que se apols, inspinando-se nds bons prineipios do systema represen fative e nn opinifio do paiz, que hoje, sem distineefio de erencas, considera indeclinayel ¢ urgente a refornia adim\- nistratiya no sentido indicado, Os acontecimentos im= poem-na ¢ nfo ha iludita, 304 © pensamento expresso no abto do sr. ministro do Imperio, como na alladida these do programma de 1869, resume a bda doutrins sObre despentralizacio adminis trativa, a qual sé existe quando a aceGo do poder central se cirounscreye aos interesses gvraes do Hstado, respet- tando ¢ estimulando a livre expansio das forcas indivi~ duaes © locaes. ‘Trausferir do poder central para o pravinefal ow local maior ou menor nimero do attrihuiedes, nia descen- tralisar, mas remover para oulrem a (utela administrativa, tmantendo-a em toda a sua extensiio Favilita-se dess'arte o expedionte dos negocios, mas o que importa é—commette-los a quem naturalmente in oumbe sua direepdo, deixando aos eldadios, 4 parochia, ao municipio © @ provincia @ direite de regerem-so a si proprios, eonforme entenderem mais conveniente As suas necessidades, ¢ I’ permiltinesn sous recursos. Naquella deslocacdo de attribuiedes, que mais da uma ‘vex s# tenton entite nis, especialmente acérea do. provimento de certos casos (fallando apenas o yoto do senado a um projecto asin coneebiro), Na vantagons que nfo sio para desprezar-se, antes conver ussegurar;—mns nfip esi thi a verdadeira descentralizagéo administrativa, qual a conee- eu a reforma constitucional de {2 de Agosto de 4836. ‘Nao ¢ de certo, indifferente a0 habitante do. interior ou dos confins do Tmperio depender da Corte, da capital da provineia, ou da séde da eomares, para obter decisio do insignificante negécio ¢ provimento de modesto omprégo, que mesmo indirectamente nfo pédo Influir em qualquer interesse nacional. ‘Mas, nem por ficarthe mais proxita ¢ accescivel a au- cloridaile competents deixard de tayor centralizacdo aumi- nistrativo, absorp¢io da inieialiva individaal ou local pala auotoridade, io prejudicial a quem a exerve, como 4 nacio, si essa auctoridade ¢, ainda que em gran inferior de hierar= chia, representante do poder central. que nio deve immis~ cuir-se, 2 6 ineapaz do bem gerir o que si interessa a Himitada porgio do territorio, a um grupo, ou ao eidadao. Discriminar o que portence ao Fstado, 4 provincia, ao municipio e @ paroshia ou ao individuo; entregar a cada wna dessas entidades 9 gerenela do que the seja peculiar; Feapeitar a independoncia de cada uma dellus na aus log tima esphera de acgio, de modo que, vivendo e agindo livre- mente, preencha eada qual sua missio, sem que se contra~ 395 riom, antes eoncorrendo todas para a harmonia gerel le integridade da nagho, fortdlecendo sua unidade politica, ois a deseentralizayio que 0 paix reolama, © nio péde dis pensar sem eompromettimente do futuro. ¥ s6 pdr meio della qua o govérno [e por govérno entendo aqui os que fazem ¢ os que executam as leis), verd diminuir sua immonga resporsabilidade, e nfo o seu poder, tanto mais forte ¢ efficar qnanto se limitar a cuidar dos grandes interesses da oommunhiio, desenvolvendo-se a0 mesmo tempe no sidadio o sentimento do valor pessoal, 0 éspitito do inlbiativa, a consiensia da propria responsabi- lidade, a aprendizagem administrativa e politica, ¢ 0 2¢lo pela causa pablics, sem os quacs penhume nagio péde ser grande feliz. “Qnanto. mais entrado em annos, dizia Gladstone em 1872, maior mportancia Tigo a3 instituigdes loonas. Grakas ‘a ellis, sdquitimos a intélligancia, o-criterio o 8 experioncia politicas, ¢ tornamo-nos aplos para a liberdade; sem elles nado poderiamos ter conservade ax nossas instituigdes eentraes.” “02 resulndos extraardinaries, acorescentava d mesmo estadista, que a raga anglo-saxonia tem aleangado, so em grande parle devides ao systema das instituicdes loowes © 20 ‘elf government, que incessantemento impde a cada um respon sabilidades @ deyeres publicos.” Quando, naquelle mesmo anno, se reformou na Prussia ‘a ailministragio local, Friendentha!, relator da lei respective, assim the explicou og intuitos: — “Nao se péde proteger mals efficazmente reino, levantar diques mats fortes contra os perigos do dia © ‘especialmente contra a demagogia, do que organizando como membros activos do Estado os srupos so- cinos, que hoje ad annullam no isolamento e na inercia. Nio fe pederé melhor Inoutir nesses grupor a consoienein da s0- Tidariedade, que existe entre seus interesses privades ¢ 05 interosses geraes, do que constituindo-ox orgaos da vida pi bitea, Tracla-se de obrigar @ nacho intoira’a servic effectioa- ‘mente ao Estado.” © fim que visava 9 deptitado prussino exprime nossa principal nesessidade. A causa primordial das difficuldades ‘com que aréamios 6 que a grande massa dy, napo deixa do sorvir ao Estado, 9, mais ainda — de interessar-s¢ por tlie, Observacse entre ng um faclo singular! Espera-se tudo do Estado, ov melhor — do govérao que o repre- senta; a instruccio, a moralidade, a hygiene, a asistencia, 396 a seguranca pyiblicas, as exigencias do oulto religiosn, & proteceao 4 industria, 0 desenvolvimento do comméreio, o auxilio @ layours, 0 progresso intellectual ¢ material em suas multiplas manifestaedes, tudo, em uma palaveas, — tudo aguarda-se do Estado, exiginda-se que o promova e realize Fntretanty, pareco exquecerem-se todos de que, em (i lima analyse, nfio é 6 Estado uma entidade @ parte, ue extranjeivo poderosn a quem tuto pertence ¢ que se chama govern (20), singo 9 complexo das individuatidlades que compdem a Naviio, sia consabstincingio e representagio po- lilieas, niio dispondo de outros recursos, de outras aptidies € poder, que nao sejam os resultantes dos exforgos eommuns do contingente com que cada qual coneorre para a causa do todos { © proloquio inglez diz — 9s negocios publiens. sfio. os negocios privados de qualquer cidadio — public business ix privale business of every man —o que acareota para todos uv dover de reflectir neiles, idear, discutir sua melhor solucio, eontribuindo eada tm por sa parte para que soja acertada © profioun. Todos a querem pox sentit-tie a negessidade, mas ninguem se canga em descobri-la; 0 Estado Providencia dove te-ta preconeebida e prompta t Mas donde vern quo, assim, aos circulos officiaes exelu~ sivamente se reserye concebor © appliear remédio adequado aos males, que todos compartem ! Do stoicismo com que os supporte a massa geral, certo nfo ¢, pois tanto insta e olama ‘ela sua reparagio; menos ainda de natural incapacidade, que, ai nfio prima pola inatruceia, a enum outr pve cede o brasileiro ¢m intelligencia © atilamento, Resulta esse facto, que enormemente oggrava e diffi- culta a J de si molindvesa tarofa do Goxérne, da acgiio atrom Phiadora © enervante do systema contralizador sob que vive ‘mos, Si nada valem as lois sem os costumes, no menos vor darie & que para a formagho dos eostumes muito concorrem 3s leis, por sen influxo dinturno © pormanente, Habituou-s0 9 povo a yer o govérno allivia-to do encar= go de pensar’ © deliberar sdbre os negocios, que mais de perto © Immediatamente the dizem respeito, par isso concentra 38 as exigencias do seu bem estar, na satisfagiio de seus interesses domesticas. (21) (20) ‘Tocquovitle — Demoeracia ne America. (21) Vivion — eteaton gutmintotrativon, 397 Outro fora 9 systema, bem diversas seriam as conse quencing. As instituiedes locaes, no dizer de publicistas, sio a eschola primaria do cidadio; abi formam-se os costumes ‘auministratives ¢ politicos do povo. Abstenha-se a auctoridade de intervir no que, por assim dizer, estit sob os oles do eid ‘dio © particulgrmente o interessa, como a rua pela qual transita, a fonte publica e 0 mercady, onde vac abastocer-¥6, ‘a cachola que og filhos frequentam, a egeeja que Lhe ministra os soceorros espitiluaes, o eemiterio em que id descangar ‘ao lado dos seus, ¢ elle nao se poupard a exfirgos nem sacrificios para quo sejam regularmente dministrados, porque dahi The advem vantagens ou incommodos direotos e pessoaes. Ha de reflectir e combinar nos metas de traze-los tiem ordenindes @ disposes; faré de bom grado o que de si depender, teri especial euidado ent esoolber bons manda tarios, a onja direcc&o entregar-se—a chelo de consianga, Io resateaudo 0 que esigirem em nome de interesses que nio sio seus exelusivamente, mas do yizinho, do comparo- chiano, de todos aquelles em cuja intimidade vive, de quem ‘se approxima, coin quem tracta todos os dias, adquirindo, assim, inseiisivelmente, os habilos de cordialidade e tolevan~ ‘via, ¢ os {ecundissimos estinuitos do civismo. (22) Os interesses da localidade, accrescentam os escriptores, sin o diminutivo, « miniatura dos ilo Estado, dé modo que, nieiando-se em dirigilos, propara-se 0 ckdado para admi- histrar us daquelle, habilita-se a julgar ¢ dovidir as mais allas questies. Por essa férma, poco a pouco as diversas classes. ir-xe-fio. elevando, educar-se-fo 03 costumes con sliluionaes, aprendenda @ nagdo a governar-se a si mesma, ‘Ao eontritio, &i os negocios locaes so residos por delegados Wo poder centenl, tudo se resume nesses delezndos: — & seienicia © a experiencia do governo, a faculdade de prestarem sorvicos, de serem ouvidos, de exereerem influéncia. Obri- gsados, porém, a tudo prevenir regula por’ si, assumindo ‘uma responsabilidade iinmensa, alo de todas as esperancas fb despoitos, constantemunite assedtiados de solieitarses © em- ponhos, aggredidas por todes, e a proposilo de tudo, impo~ tentes para o bem, sfo incapazes de encaminhar a nagio para a felicidade, tondo-a, alids, impossibilitado de promo- ‘ye-la por si propria, (23) (24) J, Wermund — ustitnlodon administrations, (G3) J, Vorrand — 00. cll, Eo que entre nds succede, péde-se affirma-to, erean- do-se destarte uma siltiagia inodmmods © perigosa, da qual urge sain, © que subsistird, aggravando-se e accumulando diffiouldades sobre difticuldades, s1 nos ativermos 4 descen- tratizocdo de mero expediente, » que alludi, a qual, st tom Vantageris, como recontieco, todavia nfo deixa de offerecer alguns inconvententes. A altura e distancia um que se ueha # auctoridade para quem xe recorre, s8o, por voros, garantias do dedrto das decisoes — nfio eiyadat das paixtes, que se de- biter nos peruends nuclens (le populaciio: ‘Nio se desviriue, entrotanto. um hom prineipto, tevando-o os extramos dn exaggeraciio. Si us mais yaliosns intoressee do paiz pedem a maxima deseentralizagio administrative, si instim para qué & provincia ¢ ao municipio sejam restituidas: a autonomid ¢ independencia, que o Estado absorveu; nio menos imperiosaments reclamam, que a este se nao prive do uma s6 das faculdades procisas para conservar 6 fortalecer a unidade politica do Imperio, Sojam livres o municipio © a Provinele, mas mio s+ desconjunta o Imperio; tenhamos a descentralizagio da Belgica, da Uollanda, da Alemanha, da Italia, a descentratizagio que o Aeto Addivional ascentuou, desenvolyendo-9 Seus justos limites, como as ciroun- stancias do paie pormittem, — mas nfo 0 federatismo, que si-em 1836 tove alguns adeptos, no provalecen ante 0 pa- triotismo © alto criterio daquella brilhunte geragho. “Roformar nfo nio péde ser copiar a organizanto de um outro paiz, © que ¢ necessario 6 obter os mesmos resultados profictios, ¢ asseeurar a préetion dos mesmos prin- cipios salutares, aproveitande para esse fim os clementos de qque se dispe; alidis, compromette-so a idéa nova, em vex de a implantar ¢ tornar fecunda. Ora, nds néo temos os elementos demoeraticos dos Estatos Unidos em que se es- triba a sua organizicio foderativa.” (24) ‘Tocqueville, onthusiasta da extrema descentralizagia ‘administrativa @ governamental norte-americana, que ma- gistrstmente desoreveu, observa que, si 6 invejavel a sorte daquiella nacd0, adiiravel 9 modo como alli funceionam os poderes publicas, poucas poderfio imita-ta, porque se origina tudo isso de cireunstancias especinlissimas — uma das quaes, nao 9 exquegainas — ¢ a grande fraqueza dos seus wizinhos, © fax a seguinte reflexfio: “os Americanos isola~ (24) Lobo djAvila — merudos admintatrativos. Tam quasi inteiramente a administragéio do govérno, ¢ nisto pareee-me qua féram além dos limites da boa rasdo. A anotoridads que representa 0 Estado, ainda que nio admi- uisive, deve iapeccionar a administrards local. (25) A meu ver, nfo corresponderd a projectsda réforina nem ds ‘ists do govérno, nem ds conveniencias piblicas, sino propondo-se a: 4". Fortaleer @ autonomia das provineias, restaurando © ampliande 0 Aeto Addicional, no tocante aos interesses provinciaes; @, eonseguintomente, dando todo o elasterio 20 elemento municipal; = 2% Descontralizar w aegto do govérno em todos os ramos do servico que‘ permittim, sem quebra da unidade polf- tiea do Estado, Para doterminar 0 quo deva © posta fazer-se sob esse duplo poncto de vista, 6 mistée considerar detidamente varins auest6es ‘principacs, que dominam o assumpto, © so: I. Conve modifiear a actual diyisio administrativa do Imperio, ¢, na sffirmativa, em que sentido? TI. Cumpre altear a actual organizacio das provinoias ? _ Como ? TI. E’ necessario dividir o poder legislative provineial em duas camaras ? V. Que attribuiedes faltam so govérno provincial, para que haja rezoavel descentralizagho administrative ? V1. Qual 0 maio prietico de effectuar-so s votorma ? Exporsi a minha opinifio sdbre cada um ddstes ponetos, tractando-o8 em separado, e to suecintamente quanto me ‘soja possivel, CAPITULO 1 Conyem alterar a actual divisio administrativa do Imperio; ¢, na affirmaliva, em que sentido? Quist a mesma das antigas eapitanins do governo co Tonia! & ainda hoje a divisio, das provinclas do Imperio. ‘Teve aquella por hase a peimitiva distribniego do, ter ritorlo completamente desconhecida por donatarios felizes, arhilrivin, sem gyatema. delerminande apenas o maior ou menor valimento dos heneficindos a area dos respectivos quinnoes. Esta 6 consideragiio basta para convencer de que si- milbante divisio # defeitnosissina ¢ nio péde eonvir a um Palz que se tem desenvolvide sob todos os ponetos de vista, A necessidade do methora-ia & manifesta, e por vers tom preoecupado & altencio dos noderes pliblitns, ,ié ereando, ‘duas névas circumsceipgdes, © projectanda outras, Jé alle ranila os limites de algumas das actuans. Vina bia divistio territorial essencial para a adminis tracdo, ¢, porlanta, nde péde ficar em olvido quando se trata do reforma-ti. Mas, si ein teda a parte foi esse sempre um problema difficilimo de resolvet-se, pela grande somma de Interesses, que por em Jogo, desloca e contraria, muito mais 0 6 no Brasil, onde aos einbaragos naturaes vem jun- tar-se 4 filla absoluta de seguros dados estatisticos. Pemiuals, wba Peyisto geral, como seria mistér para que todas as provincias reimissem os provisos requiaitos (pois 4 parcial, remoyendo apenas alguns dos inoonvenientes por todos scntides, outros searretaria da nip pequena monta), —sxigivia agorescimo de despesa, que ss cirounstanoias niio comportam. ‘oo a ‘Mal divididas como f6ram © achamn-se as nossas provin- elus, 6 todavia certo que oO lenpo nellas produsiu seus naturacs xesullados. Nid se constiluiram pela identidade de interesses agrupados, de habits ou trudicdes, nem Lio pouoo tendo-ss em vista as condigdes topagrapbicus ¢ economicas; ereou-as a vontade discvicionaria do go vérny. Eases eletiontas naturacs do aggrezacio, que nao preexistiam, formaram-se i: corter dos annes e foram estabslecendo. entre vllus differengas ji sensiveis, ¢ no seio do cada uma multiples dos de cohesion, que serd aver Lado respeitar, e nig seria fwsil destruir. ‘A reforma engontearia abi talvez sou principal obsta~ culo; geram smpre grandes descontontamentos, despertare pretengdes o achim ordinatiamente grandes pesistencias me- didas desta ordem. Nin deseontingo que alguma creagiio de provinels, ow alteragio de divisas, poder-se-ia realizas, sem gue choensse Jjustas susceptibilidades; on prejurlicasse os inleresses ra~ ieadins, qué devert ser allondidos em. tal assumpto, Adeantaret mesmo que, nestas condigéts, parcoe-me esiar u projectada provinvia de SGo Peanoisey, JA epprovada pela Camara dos ‘Depulades, assim como uma on otra, pelo menos, das in~ dicadas pelo senator Cruz Machado na Memearta que publico emi 4873, (26) (Ns considevacdes expostis, poriim, actrescem dnas, que, no mew conceilo, aconselliam nada inivin=se por enquanto a tal respeito, © fornain inopportuna qualquer tentative nese sentido. ‘A coustruccio. de ¢stradas de ferxo Vem ulbimamente recebide vigoruse impulse em todo o tmperio, sendo pou- cas ja as provineias que pio as fenham em trifeso ow em andamento. O movimento continda; novas empresas orgaulam-se, ¢ 4 Meito esperar que om proximos anos Vejamos cobrinde o paiz extensa réde de viagan accelerada, Estas novas linhas ferreas ¢ 0 desenvolvimento das exis~ tenles, hiio de necessariaments trazor niio 36 a i de interesses, de rolagies commerciaes © de populacdo, mas: crear noyas nucleos, wovas conventencias industeiaes © mer cantis, sdministrativas © politieas, que forceso seré altender ‘ao dividit-se o territorio. Gircunseripgao que hoje parecerd (ot Prominin acted do quatre yrovincins: do Kanto-Cras, ‘Butre-Rios, Sapwouki © Arageaia. 403, fobrtada em face dds cineustunelns dt aelodlidade, deixara Ge st-lo mals tarde, coucluidas as esttadas do fentO, oh ou via dey wonstrueyio oy “proloagatiénio, 2; pols, de Dutt comely. esprar que dtlguniag las Pritieipaes linhias uo menos cheguem a sou terino, pats Brovinciad ¢ Wi melhor sido dos respeeltyus govertiis. J segunda consideraydy pitesde-s0 40 propria prinelpul vida ¢ elikely sacle; mits qual a administrucio Cujo Inflto nto inulin os sleinentod de jpHosperididd nos. extremos das nossus grandes: provinchis, tem satistiger sae primoiras Reoessidades? Juptametily © onmlsmo quis se reconloee dofeiluoso 8 prociira, subplituir por viten, dotado de maior elasticidade ¢ etergiay atim do que w 8th abgily poss exer Sot-se mals effissaamonte em todas 0s poitlos do, terrilario. , odie conven nia 6 monlair om algum canto cemoto maior niimero de mvelunisiios wgtiaes dos que mal func cienam, sinde por em seu logue outro mais aperfeivoado, Si 4 elem, enna todos « dueojum, tem por tnt oimaniclpar as locititides da tutola central, dar-thes vida Propris, constituindo-as de modo m titstavemase a si mas. fils, Para satisfacdo ti site nedessidides poottldtes, des apparece 8 razio invocada par a eiougio de aoves provincias. ‘Nas mais distantes paroelsias de Minas, Bihin ov Malle Grosso, para tuo ‘que diga respeito aos intoresses, gers ou da provindis, & careen recetrer a Heelio ilu governo, nia fallan a este, mesmo na acutatidade, rivios ¢ instrtinentos de exerce-ta. No que ella 6 improficua © esterit ¢ quanto Hos inlévesses @ necessidades tweaes, que nao podem ser satiafeitas, nem eompreheodidos de lunge. Pode-se governar A distinoia, mas alministrar «6 de porto, ditia Napoledo Lt. Si essns lbedlidades didpdemi de elyientos naturaes de vida © progeyssd, © unico mivio de ayroveita-los 6 liberta-tas da snjeioio ein que viveln do centro; si, ao contrivie, nio os {6ti, nflo poder reais, salvo a custa de sacrificios immensos ara o Estado, a proximidade em que tearm de um pre- sidente (de provincia e-alguns chefes de Popartivses, Rin tal Caso, 4 organiziyao de novus provincias apetidis far-se-in nolar 408 polo cresoimento de algiimas vertas nos orvamentos geral e inciaes. “Aguurdenies, porlante, que ax citgunstaneias do Lhésouro inelhorem, que se complete & viardo forrea inioiada © se ma hifestem os e{twilos da reform. Bntio ser opperbano e util culdar de uma nova divisto Levvitorial. Esla para ser bem ajustada e duradoura depends te um complexe de couitigdes, alheias @ youlade dos heiens e @ algada dos poderes punhiens. Nem a phaotazia, nem o. arbitrio dover determinala. Destonlere-lo seria ceineidir no érro do governa colo- ial, eujos inconvenientes, embora attenuados pelo deourso dos anos, alada hyje estamos sentindy, 0 proprio tempo remove-los-a completamente, desenvolvendo os inleresses ja hoje existentes, e que pela ordem natural das cousas se indo consolidande. ‘Antes de coneluir nesta parte, releva ponderar que nbo me incling nem para os que entendem eonstituir grandes pro~ ‘Vincias, unindo as actuaes ¢onforme a identidade ou analogia de suas zonas, Hroducedes, ee,, como Amazonas @ Pav, Babin ‘9 Sergipo, Sancta Catharina ¢ Rio Grande do Sul, nem para OS que se propiem subdividi-las lodas em pequenas vir ennseripcies. No primeira pensamente, que outro mio ¢ sindo 9, das regider, que para a Italia conoebeu um de seus estadiatos, ‘antolha-se-me tim perigo part a integridade di patria, © no segundo, que no departamento frances enconira seu typo, = uma ameaca a liberdade. © espirito rexecionario ¢ niyelador da revolugio de 1789 Gestruindo as antigas provineias, para rear aquellas sub— divisdes, anniguilon os centros naturaes de resistencia, ¢ redusinde-o3 fi poeira communal: (27) facilitou grandemente fo attentado dé 18 Brumaire, que cathronizoa o peor de todos ‘os despotismos, — 0 despotisme da esyada, CAPITULO IE Cumpre alterar a actual organizacio das pro- vineias ? na affirmatiya, como ? Na soluciio déstes quesitos & preciso considerar a pro~ vinoia sob dons panctes de visla: — subiivisio do Estado, sujeita aos poderes gears, em tudo 9 que dix respeito aos interessos lambem gernes; — enUidade distinct, com vide propria, inleresses peculiares, subordinada a um poder di- verso daquolles, & independente na sua esphera de acedo. Sob a primeire aspecto, e quanto ds medides que por- ventura sejam necessarins para que o influxo do poder central possa exercer-se efficazmente nas provincias, di- yinjo da opiniie dos que entendem baver shi grandee lapuinas a preencher. Ponso nfo ser necessirio, nem eonveniente: 1%, orga hicar s oarneira administrative, formando ox president de provincia tuma olasse distineta de funeoionaries, com irosinio, cundigfies de exercitio, accessos, iieltos @ nega Tias aque hoje ny tim; 2% tornar dependents de vleigto + sua nomeaco: &% dar-Ihes agentes mas cireunscripebes territories da provincia ¢ crear consethos nas eapitaes que ‘Thos strvam de auxitiares, Cada uma desias idéas tom sido advogada por estadistas de incontestayel auctoridade, que muito respeito, mas dos ‘qunes discordy pelys motivos que passo a expbr. Carreira administrating, — Sua necessidade & procia~ ‘mada por duns razdes principacs: preparar © vivelro dos homens habiliiade’ pela priietica dos negocios administra tivos para 6 gavémp das provincias; convinionela vis. maior ‘estabilidade no exorcicio das funcedes presidencies, Assitn Prosuron-so justifiar os dows projectos apresentides na Camara dos Deputados pelos conselbeiros Almeida Pereira © Silveira de Souza, aos quaes j4 mo referi nw primeira ‘parte ddsto trabntho. ‘Ninguem contestari a vantagem de sorom escothidos para 0 govdeno das provineias homens priieticas nia geren- cia dos negooioe, versadus na administeacio ® que mio tenbam de faa sta apreridizagem oxnveerda attribuigdes {Ho importantes © olevadas. © quo se nie comprehende, porém, & como esse Iraquejo ow experiencia possa set adquiridy em qualquer espesin de tuncedes priblicas ainda nila oxistentes, on em estudos e Lrabalhos especines, (es~ sonhocidos entre nés. Em outros termna: cuido eu io ser possivel organizar oscholns, ou niveisam, si a quizerem, do dons presidentes diversns © mnis proveilasos do que ji sontamos oi grande iiimero, isto 6 — 0 magistorin, as re- partigdes piblicas, 0 foro, 6 purlamenta, a imprensn, o'es- eriptoria do inustriplista ou commercignta, a gabineto do pensador, onde quer, enfin. que o espitita se exolareca p aprend 2 conhocer os Jiomens, as institiiedes do poly, suas nocessidasles «0s melns dp remedia-tys. Nin por falta de excetienies eschotar, mas de boas es cola ni® tenemos tila, ou nBo podoremis tor optimos adminisiradares. Admira mesino, que se cogile na neressi- dade de cron-Ins no seoula atial, que tem visto homens de, todas as classes olevados, sum Uiroainio, moxistrature suptema de nagies poderosns, correspondesem dignamente 4 confianew de seus ouoidading | Em toda caso conyiria ser Togicn: si parn os preat- dentes do provineia {Orn precika uma ezehola. por maioria do ronio seria mister montacta tale para ministros do Estado, Ori, nfo 4 preciso assignalar,.. as ineoneryeneias prdebinas, a inutitidade © alia violweao de principins earrteaes do systema representative, que semelhoute instituigna en Nolveria. Custoso, sinfio impossivel soria connitiay a earreira aresideucial copy a lieriade, que tem o Govarno na nomencio © destituigfio: daquelles, que va0 realizar nas proyinoins seni pensamenta palitira. D proprio anetor do project do 4860 condemmou=9 nesta parte, quanda, em sou relatorio, reoonhecenda a difficuldade flossa conettingti, esereveu: "6 necossario que o* prineipios quo fiogm estabeleoides, quanto no necesso dos presidentes, gegnndo sour moroekmento & servicns, nfio ténham sempre uma erecnedo rigorusa Altendendo a tudo quanto fica ponderada, organized im projecto de ei com o fim nfig 56 de garantir ‘6 fuliiro dos presidentes de provinoia, come do eonciliar as: providencias tomades em sen beneficio com a faculdede ‘ample, da qual néo pole ser inhibida a adminisiranto a— premn der pais na escola ee aeiin delegados.” — ~ A proposite, pondera mut judieiosumente tin eommen- tador da loi do 4 de Ontubew dy 1834: — “ou essa facntdade deisa de ser ampla-e ba de ser restringida, sii se quizer oanstituiir uma carreira especial con o rarge de presidente, ‘or entio para ser mantida a faoulidade em sta amplitude, os peincifine do projecto, segundo declarou mesmo ose, Al~ Indida Pereira, nia péden la exectighe rigorosa, reduzindo= go final em um augmento de despesas @ de pensionis- tas.” (28). Quanto 4 eonvenioncia de maior estabitidate nas admi~ nigteagéex provinoises, nfo ha nega-la lamer. A causa prineipal de su esleriidade est4 nas frequentes mudancas do presidentes, que tal piem conhecar 0 pessoal das prow vincias, sie loge substituidos por ontros, votudos 4 mesma sorte. Mas, além dle que ox inconyeniontes da instabilidade io cm paste allensados pela permanencia das reparticoes uxilinres, dutagho dos presidentes resultars do prosresso do espirito pribliog ¢ do melhoramento dos costumes politicns. Biles hao de, forgosainente, srguit o destino dos mipisterios de que sio oreios. Quando no Uivermos gabinetes ophemeros, ‘sens delegados trio tempo de estudar of homens ¢ as neces- sidados dns provineins entregties 4 sua gestio, ¢ de inieiar © ‘execilar servigos que os recormendem, Antes disso rosizne— mo-nos a um tial, que & resullantn — nfo direl do nosso systema mas do modo coma exeeatamos 0 nosso systema. Dohalde tenlar-ce=t romove-lo por leis espeoiaes, que em parte aleuma do mundo péden ter na phrase do ex-ministro Almeida Pereira — rigerara applicagio. Elegibitidaie don presidentes — Foi ayentada esta idéa na Spocha em que mator predominiy exerceram as theorias liheraes — 1832 a 1834 —, mas nfo vingou nem na legis~ (28) Andrade Pinto — Attribniodes doo preeidontee de provinetan.

You might also like