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— —_—_—_—_—_—_——_—_—_—_—_—_— —_—L———— Colegio RETRATOS DO BRASIL Octavio Ianni Volume 155 a A Ditadura do ‘Grande Capital 81-0407 brasileira Planejamento ¢ Dominagio jitadura, os governantes ¢ funcionétios tiram, que o planejamento era ‘a 0 sentido do planejamento na economia capitalista © primeiro governo afirma que tar numa definigfo, sistemética & 1 Ministério do Planejamento, Programa de Acdo Econdmica do Governo (1964-1966), com uma apresentagso do Miaistro Roberto Campos, Doct. ‘mentos HPEA, n® 1, novembro de 1964, p. 13. 5 ses dos assalariados em ger politico estava pr. , coeréncia, opera- tividade, pragmatismo, racionalidade, modemnizacio, etc. da’ politica econdmica, A aglo governamental obedeceré 0 planejamento que visa a promo- ‘desenvolvimento econdmico-tocial do L E para evitar que a aco governamental planejada fosse obstada, ou influenciada, por qualqu imentaci econémica das classes. assal anulam a capacidade deciséria do Congresso Nacional. Depois da revolugso de 1964, duas medidas de reform institucional iar € reforcar o préprio € programas, em geral desdobrados em projetos. Sob varios aspectos, no entanto, a retérica do planejamento expressava aspectos importantes da economia poli tica da ditadura, 2 Reforma Administrative, Decreto-Lei n° 200, de 25 de fevereiro de 1967, An. 7S, 8 Roberto de , "A experitacia, brasileira de planejamento”, in Mério Henrigue Si '¢ Roberto de Oliveira Campos, A Nova eo” Ti ve COlympio Editora, Rio de Jancito, 1974, pp. 47-78, citagéo' das pp. 1-52. i io dos assalariados da inddstria e agricultura, Pouco a pouco, © “planejamento econémico estatal” ganhou a conotagio de uma forca produtiva complementar, a0 lado da forca de trabalho, capital, tecnologia e divisio do trabalho. ‘Vejamos, pois, quais foram os ‘ou postos em prética pelos governos sempre as diretrizes da politica econémica governamental efetiva- em prética apoiaram-se nesses instrumentos. Com fre- qiiéncia, apoiaram-se apenas em parte; ou implicaram a modificacao dos objetivos e meios enunciados. Outras vezes, eram apenas um artificio de diélogo com os setores das classes dominantes que tinham 108 € programas propastos s. E verdade que nem acesso direto as esferas de decisio sobre questées de economia Politica. Em todos os casos, no entanto, so uma expressfio, ts vezes muito clara, da fisionomia e movimentos do Estado brasileiro nessa época. : 1964-1966. Desti- iar a5 decisdes desse Cor nada as exigéncias do “combat - “forcas do mercado” e a “predomindncia da livre legiada pela ditadura. E claro que essa politica salarial € secundada por. uma macica repressio poli meios operdrios ¢ camponeses de todo o Pais. O segundo item fun- damental da politica econdmica do primeiro governo da ditadura mi- 7 SSeS neS eee re eeeETeeE STC EEEESTEE SO SSSEREE SIE SSCS CeCe SECS COSE TOES CSOS OSS ECS litar foi 0 favorecimento do imperialismo, O governo do Marechal Castello Branco adotou uma politica de extimulo ao ingresso de capitais estrangriros, ¢ de ativa coope- i, com outros B0- Foi assim que se definiu, desde o primeiro governo mili a ¢ desenvolvimento”. Seguranca, zo sentido de “segurang ve 0 controle e a repressio de toda organizagio ¢ al que © capital. monopol Sto tema "segur nisto, que floresceu sob esse Iema, th ‘ploragdo do proletariado. Na lin- © que havia era a austera politica salarial e a despolitizagi do esforgo anlinflaciondrio e de restauragio da objetivos bisicos da politica econdmica que deveria pritica durante os primeiros meses do Governo do Marechal Arthur da Costa ¢ Silva (1967-69). Serviu de compasso de espera para a elaboragio do plano que deveria fundamé Silva durante todo o seu “mandato”. Po consubstanciar algumas recomendacde segundo governo militar. Dentre os princfpios mais importantes que definiam essa politica econémica, o programa especificava também 08 seguintes: i: qu Ministério do’ Planejamento e Coordenagio’ Econdmica, op. cit, p. 13. Roberto de Oliveira Campos, “A experiéncia brasileira de planejamento”, citado, p. 66. © desenvolvimento econdmico, impde o fortalecimento da empresa privada nacional, sem qualquer discriminagio em relagio & empresa transi, J. Ao setor Prvado rk ateguradn 1 powbibidade de ‘obter ou de gerar os recursos de que precisa para operar e expandir- se [...]. © governo esté consciente da responsabilidade que the cabe militar estava ganhando, Os governantes ¢ seus de permanecer por longos anos de programar e pér.em no ambito da admii estaduais ¢ municipais dos investimentos em se programa acabou por inserir-se na mesma corrente dos outros instru- + mentos de politica econdmica da ditadura. Sob certos aspectos, torna ainda mais aberto o comprometimento do Estado com a empresa pri- + Misti, do, Pansinmento ‘c Coordenagio Geral, Direrizes de Govern, to € Coordenago Econdmice, Plano Decenal de Desenvolvimento Econémico ¢ Social, tomo 1, volume I, “Estrutura Geral e Estratégia de Desenvolvimento", margo de’ 1967, p. it. vada. Mostra como 0 poder estatal, enquanto instituigéo econdmica subalternas, em Ambito nacional, em nome do projeto de Brasil po- ¢ politica, passava a desempenhar uma fun¢io primordial na acumu- téncia. lagéo monopolista. | Ain, o thet du lactase eprint ee] veut Qiemaerene Samet tx emanate cee | : ae + funciondrios, a0 se maravilharem com a idéia do “Brasil panic {| re brasiro” ou “Brasll pottnci”, marevilhavamse com 6| tratava. de propalar. Todo “scr , em geral, € a0 proletariado © cam fo pelos governantes ¢ 05 seus fun 8 como “preco” do “milagre”, da “grandeza”. O que estava em causa, diziam, era) a “eriagio de uma so ion [o programa, o Governo do General Emilio Garrastazu Medici (1969-14) “ estabeleceu as primeiras linhas da sua pc econémica. todos os planos e program: governos da ditadura cava-se criar, em cada um 20 mesmo tempo, a image . Também a ret6rica ditatorial da ai ipeto especial nessa ocasido, de tal do que a ditadura baixou trés programas nessa orientagdo: 0 Pro- grama de Integragio Social (Ps), conforme a Lei Complementar 1.9) 7, de 7 de setembro de 1970; 0 Programa de Integragio Nacional 16 de junho de de partir para a tarefa maior dimensoes, um modelo. brasileiro de 6 de julho que a ditadura se impés com violéncia redobrada sobre as classes fo Planejamento e Coordenasio Geral, Programa Estratégico 1970), Estudo Especial: A Industrializaggo Bra. pet io de Janeiro, 1969, p. 43. ago Geral, “Programa Estratéglco i de Desenvolvimento (1968-1970), cago, p56 retos em setores como Educagio, Habitagio, Energia, Transportes e aise c, notadamente, entre os grandes se ae alge net 2 Comunicapses.® Sesebera'de algo novo em tore do ‘emotamente ‘expansionista, Segundo jase decorre, apenas, de um desenvolvimento au- © plano oficializa ambiciosamente 0 conceito de “modelo brasilei- +0", definindo-o como 0 modo brasileiro de organizar o Estado ¢ moldar ituigdes para, no espaco de uma geraglo, transformar 0 Brasil fem napto’desenvolvida.1© I Plano Nacional de Desenvolvimento: 1972-1974. Esse foi pre~ parado em plena euforia da propaganda do milagre brasileiro, da em poténcia mundial e dos , devido & superexplorago agravamento da crise do fnflacao nos pases dominantes e surgia a chamada | Nem por isso, no entanto, os governantes ¢ 0s seus mpendava-se xam de preconizar a continuidade da politica econd | a originalidade do ditador de plantio. Na pratica, o aparelho esta~ | ‘ | = europeu_e japonés, ao mesmo A Roberto de Oliveira Campos, “A experiéncia brasileira de planejamento”, citado, pp. 69-70. 89 Roberio'de Oliveira Campos, “A experiénein brasileira de planejamento”, citado, p. 69. © Mircea Buescu, 10 Anos de Renovardo Econdmica, Apec, 1974, p. 44. 12 2B | eo] $0, @ acumulago continuava imulada pelo préprio poder estatal prisioneiro HI Plano Nacional de Desenvolvimento: 1980-1985. 0 docu- mento no qual 0 Governo do General Joao Baptista Figueiredo a ) apresenta as bases para a formulagdo do Ill PND volta a preocupar-se com © acentuado crescimento Mtante da ampla abectura da economia brasi- Ao lado da priotidade dada a luta contra a al média de 6 por cento imento econdmiso ral" A pole cconomica, precise asters, realists ¢ mo no Brasil, citado, pp. 1 ‘stimulante 20 desenvolvimento, Papel de exemplo cumpre so gover no [...]. A curto prazo € evidente que a prioridade méxima & para do proletariado © campesinato, melhor arranjo entre 0 6 entre a ditadura e 0 “Poder Executivo” e 0 “setor privado”, capital monopolista. planejamento penetrou as diferentes esferas da sociedade. e bastante ativa, de tal forma que o seu ico se exerceu de modo global, macico e re~ presente em todos os quadrantes do territ6rio a cade © no campo; ca relagben cao a indistra © « agi cando também as articulagées entre a nagio e as regides, 2 “Bases para a formulagio do 1m PND", publicado sob o titulo “Planalto divulga ‘esbogo do novo PND", Folha’ de Sdo Paulo, 22 de junho de 1979, p. 21. 15 réncia a algumas diretrizes mais notéveis. Desde qui ditadura passou a adotar medidas econdmicas e polit a dinamizar a expansio do como extensivamente. Assim, por um lado, centragio e centralizagdo do capital na Estados de Pernambuco ¢ So Paulo, de exemplo, sobre a forma pela qual ela fe iculagdes entre a agricultura e a cagio, entre a nagio e as di 6 lum 6rgio especializado, fe Coordenagio de Crédito Rural e Industrial (OEcR) O que estava em questio, basicamente, era o desenvolvimento intens sivo do capitalismo no campo. A medida que o capi tal mono} indo 0 aparelho estatal cada vez mais amp! ‘movimentos, também provoca- lagio entre a nag e as diversas regides. ¢ empresas na Amazénia, relagGes de produgio nessa wrdinagao formal e real do va uma complexa rearti Formavam-se exp: dinamizavam-se as © outras regides; 2 Ruy Miller Asricola ‘Salomlo Schattan ¢ Claus F. French de Freites, Sefor i, Secretaria da Agricuitura, Séo Paulo, 1973, p. 125. 16 trabalho ao capital; deslocavam-se contingentes do exército de traba- Ihadores de reserva do Nordeste, do Sul e outras regiSes do Pats para a Amazbnia, Esse foi 0 contexto econdmico € politico no qual o poder estatal foi levado a ci (Sudene), criada em 1959, foram absorvidos gia ¢ pritica dos governantes. Ao mesmo tem- Po, Grgios federais, como, por exemplo, 0 Grupo Especial para a Racionalizacdo da ‘Agro-IndGstria Agucareira do Nordeste (GERAN), pelo Decreto n.° 59.033-A, de 8 de agosto de 196%. Na Amazinia, também, alarga-se e intensifica-se a atuacio de 6rglos federais, de modo a recer a expansio do capi da Superintendéncia do Desenvolvi- mento da Amaz6nia (Sudam) e Banco da Amazénia SA (1 © Governo criow érgfos relativos as questées da terra e indig Estatuto da Terra, 1964; Fundagao Nacional do Indio, Inst to Nacional de Colonizagio ¢ Reforma Agréria (INCRA), 1970; Programa de Intepracio Nacional (mv), 1970; Extatuto do. indo, 3 33, ‘Nao é demais lembrar que os govemnos militares foram levados a adotar planos e programas destinados a controlar as manifestagSes € as resolugdes de problemas sociais. Era uma exigncia do bloco de poder a adocdo de diret tinadas a articular o aparelho estatal de maior importincia. A supressio i intermediacao politica entre a socie- dade, os grupos, as classes, o “‘cidadio” e o Estado levou a ditadura a freqiientes e miltiplas medidas de @ controlar as manifes- tages © as resolucdes de problemas 80. Em pouco tempo, invadiu todas que causavam preocupa- feras da sociedade, ralizava-se 0 poder do Estado, sobreposto & 50 Jar problemas que poderiam gerar inquietagdo 5 Paz e Terra, Rio de Janelro,.1978, ‘% Estudos da cxss-cer, Pastoral da : ‘Poste © Conflites, 2. Bdigio, EBdigdes Paulinas, Si0 Paulo, 1977, esp. cap. 2. 7 tagdo e Urbanismo (Serfhau), pela Lei n.° 4.380, de 21 de agosto 14. Do mesmo modo que se conferiam aos Estados e Munici- tarefas de “elaboragdo ¢ execucdo de planos diretores, pro- ‘orcamentos para a solucSo dos seus problemas habitaci estabelecia-se que cabia “A iniciativa privada a promogo ¢ execucio de projetos de habitagdes”. Tudo isso sob 0 comando do Estado. No inicio da sos para descnvolver nantes eriaram uma or Tempo de Servigo (FGTS), pela Lei n.° 5.107 de 13 ro de 1966, encaminharam a resolugéo de dois problemas importantes da economia politica da ditadura. Ao mesmo tempo em vam vultosos recursos financeiros para o BNH, acabavam ido no emprego, segundo as normas ‘A verdade € que 0 FGTS permitiu inda mais a seu favor os movimentos 10 entanto, resolveu- se 0 problema da habitacdo popular. Os recursos financeiros recolhi- dos por intermédio do FGTS ajudaram a financiar habitagoes para lades, 0 BNH dispunha de poucos recur- 3s atividades. Em 1966, no entanto, 0s gover- ite notavel de recursos. Ao criar 0 Fundo de 18 como avancaram (5 grupos sociais de renda média ¢ famflias de menor renda, Ao mesmo receu 0 florescimento de negécios imobi em lugar de habitacdes para atuagéo do BNH favo a realizagio de ambi- de tecnocratas dedi- , com 0s interesses da empresa privada, no de aumentar a expropriagdo direta indieta das clases ssalaradas. Foi assim que se desenvolveu ainda mais a economia politica da icos © concorrenciais. Inclusive, e principal- | 49 & mente, esté apoiada numa elevadissima taxa de exploragio da classe mesmo tempo, no entanto, essa tota- la pelo capital monopolista, coman- sentido, o conjunto da economia bra- ia e generalizada tendéncia no sentido da ago do capital. Sob as mais diversas formas, submetem, combinam-se ou simplesmente ‘© proprio Estado € levado a desenvolver uma politica econd- \ ica que favorece tanto a concentragéo, ou capitalizagdo das empre- { 0, ou absorgdo de empresas’ débeis, poles Dal as fn, a0 que © mercado brasileiro ‘“{mportante ¢ simpético”, sem qualquer trago ou risco de mo"; no h4 limitagio A acumulacéo privada. Foi nesse que 0s imperialismos europe ditadura ‘ransformou a economi ¢ politicamente, pelos govemantes. E é isso que confere uma parte da singularidade ao fascismo que se desenvolveu no Pafs nesses anos. Trata-se de um fascismo altamente determinado pelo capital finan- ceiro do imperiatismo. (0s empresirios estrangeiros que fazem negécios no Brasil também a8 empresas estatais. Um executivo ja- iro se pode ter numa astociagio (Joint Foi assim que cresceu ¢ se diversificou a penetracio do imperia- lismo na sociedade brasileira, A propria indistria cultural do impe- rialismo ganhou ainda mais forca econémica verno e ém amplos setores da sociedade br ccresceu de forma ininterrupta. Ao mesmo tempo, mais acentuada, continuaram a crescer os servigos da di 1agem dessas relagdes do Pais com o imperialismo la observacdo dos dados do Quadro 4. Note-se alcangado a taxa de 68,8% do valor das exportagdes. Ou seja, tem sido elevadissimo 0 esforgo de exportar para pagar juros ¢ prestagdes. Esse processo continua em 80. aba sohisso {esos no pecodo fa a epanto dda enti, como fom 'A Economia da Dependéncia Imperfelta, citado, 103. Quanto 2 divisio. da economia em ras nr i 51 Haja Exportaco para Pagar Tanta Dividal (em bilhoes de délares) ‘operam na América Latina 10 le econdmica ¢ politica formada pelos setores estatal, ito 9 Brad paso se um 0 fe . Tanto assim que ele parece ser a fis € a expresstio ‘Er idide econbnicas polite formada pelo sor coach na nal eimperialita. Consttutse como figuacio e metifora do capital em ger tum estudo da Fundagio Getilio Vargas. w siraust e P. Aratjo, op. iro esgota essa hist6ria, ou apanha a >, & indispensével observar que esse , toda ela, é uma am- ‘da burguesia imperis- ima ct que © acompanha o desen- Mjns elagbes, processos e estruturas da acumulacéo mono 59” Maria da Conceicio Tavares, Da Substituicdo de Importerdes ao Capitalismo Fi (nin de Ezonomia Brora), Zabar Eaters, Rio de Te Nisso esté um dos ‘em todas as suas mente para que 0 governo exer capital” #, Todas as atividades econdmicas, fagricultura, agroindistria, finangas, etc. passaram a beneficiar-se da sf, atuagio ¢ influéncia do poder esta- ico e privado, foi orientado nessa Giregio, além de induzido a favorecer 0 “desenvolvimento regional” fas empresas de comercializacao de produtos agropecuérios, mine~ ‘ais, extrativos e manufaturados no exterior. Sob todas as formas, 0 yupangas volunté- Fstado foi levado a induzir a transformacio rias internas e externas” em recursos de_capit nacional e estrangeira. Mais que isso, foi ind poupancas forgadas governamentais em disponibilidades financeiras para o investidor privado” *. z4 4 Beongmia de, Zen Rig de Tne 1975p ae ere rind «0 Det Bator Pas e Tire, Rio de Faosro, 1977 54 1 politica de endividamento externo) que contriburam para estimular 0 © do conjunto do capi dlura'a Tuta. entre as Durguesias impe de apropriagao econt ganhar elevada 15 Wilton Suzigan ¢ outros, Crescimento Industrial no Br i Desempenho Rece » p. 205. Brasil: Incentivos €

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