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DEFINIGOES. DIAGRAMA DE EQUILIBRIO FERRO-CARBONO. EFEITOS DOS ELEMENTOS DE LIGA SOBRE AS LINHAS DE TRANSFORMAGAO 1. Definigées — O aco é uma liga de natureza relativamente complexa e sua defi- nigdo nao é simples, visto que, @lFGOnOs!acos | cOmerciais|nao)saollidas|binarias de fato, apesar dos seus principais elementos de liga serem o ferro e o carbono. eles con- (témilSempre outros elementos! Secundérios) presentes devido aos processos de fabrica- gao. Nessas condicées, a defini¢aéo adotada nesta obra é a seguinte: (@GBBs tiga ferro-carbono contendo geralmente 0,008% até aproximadamente 2.11% de car- bono, além de certos elementos residuais, resultantes dos processos de fabriGaGsO) O limite inferior a 0,008% corresponde & maxima solubilidade do carbono no fer- ro & temperatura ambiente e o limite superior 2,11% correspondente a maxima quanti- dade de carbono que se dissolve no ferro e que ocorre a 1148°C(*). Essa quantidade maxima de@2I0% (6UI2/N% conforme se verifica no diagrama de equifbrio) depende, por outro lado, da presenga ou nao nos acos de elementos de. Ciara Sapper a Sos Serres ema or teores superiores aos normais. Nessas. condigdes serd necessario, para se ter uma definicdo mais precisa, considerar dois ti- pos fundamentais de aco: EET “s¢0-coano que con's CRETEMRMERTIRIE: presenta os elementos residuais em teores acima dos que s4o considerados normars”’. 2. Alotropia délferrolpure -- O ferro é um metal que se caracteriza por apresentar varias fases alotrépicas. (fig. 1). A temperatura ou ponto de fusdo do ferro é 1538°C; abaixo dessa temperatura, o ferro cristaliza de acordo com um reticulado cuibico centra- do e a forma alotrépica correspondente 6 chamada ‘delta’. Essa forma persiste estdvel até que se alcance a temperaturaldelcercaldel394°C;inesselinstante) ocorre uimalre> _ disposicao espontdnea dos atomos e forma-se um novo reticulado ~ cubico de face ‘(entradaique corresponde a forma alotrépica do ferro chamada de “gama”. Declinando mais a temperatura a cerca de 912°C, ocorre nova transformacao alotrépica, com novo rearranjo atémico, voltando o reticulado a readquirir a forma cubica centrada; essa for- ma alotrépica ¢ chamada “alfa’’.Abaixolde1912 °C inaojocorrelmais iqualquerirearranjo) @tOMIED)NZo surge, pois, nenhuma nova forma alotropica. Entretanto, a cerca de 770°C (*).0 valor de 2,11% adotado para limite de solubilidade do carbono no ferro é de conformidade com ‘0 diagrama de equilibrio Fe-C da obra “Metallography, Structure and Phase Diagrams”, volume 8, do Metals Handbook. 2 AGOS E FERROS FUNDIDOS verifica-se uma outra transformacao, ou seja o ferro comeca a comportar-se ferromag- neticomente, AtTSRSSEISRISET Gt TER CORSO RoRTCR ea ORE TGS Quando a esse fendmeno se considerava corresponder uma nova forma alotrépica, o ferro era chamado de “beta”. C= alids ocorre quando 0 ferro liquido solidifica. cm veriicam-smudanigasideienergia que causam descontinuidade nas curvas de resfriamento e aquecimento, que sao tra- duzidas graficamente quer como uma ({paraday a uma temperatura constante, quer co- mo uma modifica¢o na inclinagao da curva (fig. 1). Como essas paradas foram deter- minadas pelo francés Le Chatelier em primeiro lugar a terminologia original continua sendo usada para indicé-las. A ocorréncia de uma parada ¢ indicada pela letra “A” (do francés “arrét’). Se a transformagao ocorrer no resfriamento utiliza-se como indice a letra “r” (refroidissement”); se ocorrer durante o aquecimento, o indice é a letra “c” (’chauffage’’). A rigor os pontos Ac e Ar nao coincidem exatamente, a ndo ser que as see Liquid sx ‘oligo Fes tae FEY Few. Fig. 1 — Representagio esquemitica des transformagées alotrépicas do ferro, mostrando-se, a direita, curvas de resfriamento aquecimento com a nomenclatura usualmente empregada para indicar os vérios pontos em que ocorrem as transformacdes @ 3s Varias fases presentes. (7) Os elétrons possuem um movimento magnético e podem ser visualizados com pides girando em torno de um eixo que passa pelo seu centra. Visto que uma carga elétrica girante ctia um campo el ‘tromagnético, os elétrons podem ser imaginados como pequenos mas e concebidos, como pides que ram; eles podem girar para a esquerda ou para a direita: diz-se entdo que possuem “spin” positivo ou negative bee DEFINIGOES. DIAGRAMA-DE EQUILIBRIO FERRO-CARBONO 2B velocidades de resfriamento’e aquecimento sejam extremamente ou infinitamente len- tas, entdo, ter-se-ia uma Unica temperatura de equilfbrio e Ac e Ar coincidiriam com Ae (fig. 0. ‘A figura 1 indica também as transformagdes correspondentes ao “ponto Curie” £ importante assinalar, desde j6, ai ue s6 pode manter em solu¢o quantidades mini- ‘mas ou despreziveis de carbono, como alids se vera mais adiante. ‘3.Diagrama|delequilbriO|FE2C) — £ imprescindivel para o conhecimento perfeito dos acos, o estudo do seu diagrama de equilfbrio. A figura 2” mostra o diagrama da liga binaria Fe-C. para teores de carbono até 6,7%. Esse diagrama 6 geralmente repre- sentado até 6,7% de carbono, porque este elemento forma com o ferro 0 composto Fe3C que contém, aproximadamente, 6,7% de carbono. Por outro, lado, pouco ou nada se conhece acima desse teor; na realidade, acini de!4/0%Ta)41596)deleatbonollessas 1600 — Liquide + Feb | 009% 7 = Liquide F Liguido ~My 7 ordtite Liquide / +, dateni 7 : ena 426% Lap 1200] = —Cquide F : y 7 7 an Oo Oo 2 Freie 1 —7, SG Austenite + FegC . gon 800 ‘ s s an he € FE c a. e 600 Ferrods Fac 1 400 . Equilibria Ferro -Grofita 200 ————— Ewuitibrio Ferro ~ Fest . iQ ° 10 20 3.0 a0 as 50 60 67 % Carbono Fig. 2 — Diagrama de equilibrio Fe-C 4 AQOS E FERROS FUNDIDOS As consideracées iniciais a serem feitas sobre o diagrama Fe-C so as seguintes: — O referido diagrama corresponde a liga bindria Fe-C apenas: os agos comer- ciais, entretanto, no sdo de fato ligas binarias, pois neles esto presentes sempre ele- mentos residuais devido aos processos de fabricacao, tais como,fésforo, enxofre; silicio @ manganés. A presenca desses elementos nos teores normais pouco afeta, contudo, © diagrama Fe-C. : — A parte superior do diagrama, em torno do ponto A, mostra uma reacdo de natureza especial, chamada peritética, a qual entretanto, ndo apresenta qualquer impor- tancia comercial. — Olaiagraitia eq UilibHo IFe!C Bide fate) Unni GiSgEaMIAIFELFESC, visto que a extremida- de direita do mesmo corresponde a 6,7% de carbono que é a composicao do Garbone> to de ferro Fe:C. Por outro lado, nao se trata a rigor de diagrama de equilibrio estavel. De fato, se assim fosse, ndo deveria ocorrer qualquer mudanga de fase com o tempo; verificou-se, entretanto, que, fiesmiojemligas'Fe=C relativamiente|jpUras|(istolé//comibai> xo teor de elementos residuais) mantidas durante anos a temperaturas elevadas (da or- demide}700°C)/o)FesCipode-se|decomporjem|ferrojelcarbono., este ultimo na forma de grafita®. Rigorosamente, pois, o diagrama da figura 2 deve ser considerado de equi- librio metaestavel; 0 equilibrio estdvel Fe-grafita no diagrama da figura 2 é representado pelas linha pontilhadas, logo acima das linhas PSK, SE e ECF. — 0 ponto A corresponde ao ponto de fusdo do ferro puro, isto é, 1538°C e 0 Ponto D, ainda impreciso, ao ponto de fusdo do Fe3C. — A parte superior do diagrama, constituida pelas linhas AC, CD, AE e ECF cor- responde as reagdes que ocorrem na passagem do estado liquido ao éélido; examinan- do-se agora a parte inferior do diagrama, constituida pelas linhas GS, SE e PSK, verifica-se sua semelhanc¢a com a porcdo superior. Essa parte do diagrama corresponde as rea- ges que ocorrem no estado sélido. — ONPOREIC, na por¢do superior do diagrama, a 1148°C, indica a presenga de um (igaleUtéticay/com4)3%6 de|EarbOnd que é, portanto, a de mais baixo ponto de fusdo ‘ou solidificacao. - — Existe correspondéncia visivel entre os pontos Gye ) este ultimo da porgdo inferior do diagrama. Por esse motivof@lponte|Siélchamad6|pontoleutetoide) Como se vé, S corresponde a 0)77%61d8 earbono;(as ligas com essa composi¢do Sao chamadas eutetdides. — 0 ferro puro, como se sabe, apresenta-se@teygi2eC sob a forma alotrépica Blfal@je a partir dey912°Craten394°Cmovestadovalotropicowgamayy), Essas formas alotrépicas se caracterizam por possuirem reticulados cristalinos diferentes: 0 ferro a reticulado ctibico de corpo centrado e 0 ferro ¥, reticulado ctibico de face centrada.A principal conseqiiéncia desse fato, de grande importancia prética nos tratamentos tér- micos das ligas ferro-carbono, é a seguinte: 0 ferro gama pode manter em solugdo 0 ‘carbone, 20 passo que 0 ferrolalfalnao(*). A solucao sélida do carbono do ferro 7 é ‘chamada austenita. Esse constituinte, portanto, no diagrama de equilibrio Fe-C, somente aparece a temperaturas elevadas. — Entretanto, a solubilidade do carbono no ferro gama néo é limitada. Ela é maxi- ma a 1148°C e corresponde a 2,11% de carbono. A medida que cai a temperatura a partir de 1148°C, a quantidade de carbono soltivel no ferro gama torna-se cada vez me- for, até que a 727°C ela é de apenas 0,77%. No diagrama da figura 2 esse fato é indi- cado pela linha SECF. Assim, na faixa compreendida entre a linha SECF e a linha SK esto presentes duas fases: ferro gama e carbone, o primeiro sob a forma de austenita © 0 segundo sob a forma de carboneto de ferro (chamado de cementita). — Por outro lado, o carbono afeta a temperatura de transformagao alotrépica ga- (*)Na realidade, 0 ferro alfa pode manter em solu¢o uma pequena quantidade de carbono (0,008% & temperatura ambiente}, to pequena, entretanto, que pode ser desprezada em primeira aproximacao. DEFINIGOES. DIAGRAMA DE EQUILIBRIO FERRO-CARBONO 25 ma-alfa no resfriamento (e, portanto, a temperatura de existéncia da austenita): 0 au- mento de carbono, a partir de 0%, abaixa paulatinamente a temperatura dessa trans- formacdo até que, para 0,77 de carbono, ela é de 727°C. Abaixoldel7 27°C )inasicond> em nenhuma hipstese, Jo diagrama da figura 2, tal fato é indicado pela linha PSK. Entre teores de carbono muito baixos e 0,77% de carbono (ponto S) ndo s6 ocorre abaixamento da temperatura de transformacao alotrépica gama-alfa, como também se verifica a existéncia simulténea das duas fases — gama ou austenita e alfa. Isso signifi- ca que, para os teores de carbono muito baixos até 0,77% de carbono, a transformagao gama-alfa, com a queda de temperatura, é paulatina e néo instanténea e somente a 727°C ela se processa instantaneamente. A linha GS marca, portanto, o inicio da trans- formagao do ferro gama em ferro-alfa e a linha PS 0 seu fim: entre GS ¢ PS existem simultaneamente as duas fases gama e alfa. <(GIRRAPAEDIISMRIESIBIOND, correspondente 20 (GGFEBE, 6 adotado com sepa- ragdo tedrica entre os dois principais produtos siderirgicos: teores carbono GBT: ~ teores de carbono(GSiiayearmI% — A solubilidade do carbono em ferro alfa nao é de fato nula, A temperatura am- biente, cerca de 0,008% de carbono se dissolve no ferro alfa e essa quantidade au- menta com a temperatura até que(@727°C)10/02% de carbono podem se dissolver no ferro alfa. Dessa temperatura até 912°C, hd decréscimo novamente da solubilidade s6- lida do carbono no ferro alfa. Esses fatos so representados no grafico da figura 2 pela linha OP e PG. Devido a essa solubilidade sélida do carbono no ferro alfa, costuma-se muitas vezes considerar como acos as ligas de ferro-carbono com carbono de 0,008% até aproximadamente 2,11%. Até 0,008% de carbono, o produto sidenirgico seria cha- mado ferro comercialmente puro. — A linha GS que, no resfriamento, indica o ififeioldalpassagem|delferrolgama 6 representada pela a linha PSK, . Essas linhas so chamadas também linhas de transformagao, porque ao serem atingidas, quer no esfriamento, quersno aquecimen- to, tém inicio ou terminam importantes transformacées estruturais no estado sdlido. A zona limitada por essas linhas é, por esta mesma razdo, chamada de zona critica (*). — Em resumo: entre as linhas AG, GS, SE e EA, a fase sélida que est presente 6 austenita; entre as linhas GQ, GP e PQ, a fase sdlida presente ¢ ferro alfa (também chamado ferrita); entre as linhas GS, GP e PS de um lado e SE, ECF e SK de outro, existe mais de uma fase sdlida em processo de transformagdo; e abaixo da linha PSK até a temperatura ambiente, estdo presentes as fases sdlidas resultantes das transfor- fagées verificadas na zona critica e formadas em cardter definitivo. Como se processam essas transformacées ¢ quais as fases, resultantes no caso das ligas até 2,11% de carbono? Esse estudo ¢ facilitado, ampliando-se, no diagrama da figura 2, a escala da zona correspondente aos acos (fig. 3). 0 e 2.11% de carbono (") A maioria das obras de Ietalurgia faz distingao ente as linhas de transformagao para esfriamento lento e para aquecimento lento porque de fato, sobretudo em torno da "transformacao eutetdide”, verifica-se um deslocamento das linhas As, Ai € Acm para cima da posi¢ao média de equilfbrio no ca- so de aquecimento, e para baixo no caso de esfriamento, como esta indicado na figura 12. 26 AGOS E FERROS FUNDIDOS x Y [a Ulquidos Fes] | 1930 Liquido Liquide +husrealis—b—_| rm Temperatura, °C I ' soot Fertok b faye. t t | = 10 FERRO - OnQyTA t00 | EOUILianIo I |__| of ¢ ca poe oe oe wo pie we ie #0 he be Be X (0,3%) Ys %) % ce Fig. 3 — Diagrama'de equilfbrio Fe-C para teores de carbono entre 0% © 2,11% Considere-se 0 esfriamento de umn @g6ihipoetitetbide omi0/3IdeGatBOnO por exem- plo, Ao atravessar a linha “solidus”, ele esté inteiramente solidificado, na forma de uma solucdo sdlida perfeita @Ustenitale- e assim permaneceré até atingir o limite superior da zona critica, je fosse possivel seu exame ao microscépio, este consituinte se mostraria paracido com o ferro puro. Ao atingir o ponto x; 0 ferro gama comeca a se transformar em ferro alfa, 0 qual, como ndo pode manter em sofucdo sendo um teor minimo de carbono, se separa ocasionando, em conseqiiéncia, %m enriquecimento de carbono na ‘austenita remanescente. Para que ocorra nova mudanca desta austenita née transfor- bili DEFINICOES. DIAGRAMA DE EQUILIBRIO FERRO-CARBONO- un mada ser, portanto, necessario um rebaixamento ulterior de temperatura. Suponha-se que se tenha atingido 0 ponto x2. Nesse ponto, mais ferro gama tera se transformado em alfa, que se separa ocasionando ainda maior enriquecimento de carbono da auste- fitajremanescente, A exata composicao das duas fases em equilibrio, a temperatura correspondente ao ponto x2 é dada pela interseccao da horizontal, passando por x: com as linhas GP de um lado GS de outro. Vé-se claramente que o ferro alfa (ou ferrita) separado apresenta uma pequena porcentagem de carbono, ao passo que a austenita testante se enriquece paulatinamente de carbono. A medida que 0 esfriamento prossegue, separa-se cada vez mais ferrita, cuja com- posicdo percorre a linha GP e a austenita restante se enriquece de carbono, percorrendo a linha GS. A 727°C, no ponto x; da linha inferior Ai da zona critica, 0 ago consistird de uma certa\quantidade de ferro alfa ou ferrita e de uma certa quantidade de austenita residual com teor de carbono igual a 0,77%. Em outras palavras <@li7 27° CNOlsGOICOM 0,3% de carbono, apresentaré a maxima quantidade de ferrita que poderia se separar e © restante sera constituido de austenita com 0,77% de carbono, Nesse instante, en- tretanto, o ferro gama da austenita passa a ferro alfa, pois abaixo de 727°C nao pode mais existir ferro na forma alotrépica gama. A transformacao da austenita remanescente em ferro alfa ao ser atingida a tem- peratura de 727°C é brusca e repentina, de modo que Os constituintes que resultam da transformagao — ferro alfa ou ferrita de um lado e carbono na forma ‘de FesC do ‘outro — no tém tempo de assumirem posigées perfeitamente distintas:(@ ferrita @ 0 fFesC (Cementita) que nessas condigdes se foram, dispGem-se de um modo caracte- ristico, aparentemente em laminas extremamente delgadas, distribuidas alternadamen- te, muito préximas umas das outras e perceptiveis ao microscépio somente mediante grandes ampliacées. Origina-se assim um novo constituinte de forma lamelar tipica, chamado perlita (tig. 4). Abaixo de 727°C, até a temperatura, prosseguindo-se no esfriamento lento, ndo se Nota mais qualquer alteragdo estrutural. Em resumo, os agos hipoeutetdides ou com teor de carbono até 0,77% sdo constituidos 4 temperatura ambiente de ferrita e perlita (fig. 5). Haverd tanto maior quantidade de ferrita quanto menos carbono © aco contiver e tanto maior quantidade de perlita quanto mais se aproximar 0 aco do ponto eutetdide. Alias, para se @stimar @ Constituicdo estruturalidessa liga com 0,3% de carbono, basta- 14 aplicar a conhecida (egra|dalalavanca™: % deffettitayichamada proeutetdide) = 100 x 9.77 — 0.30 -<@yG% 077-0 % de Bafta) 100 x -2.30 —0 = 90% 0.77 —0 A liga com teor de carbono entre O e Q ou 0 ferro comercialmente puro, apés a solidificagdo apresentaré a solugdo sélida austenita até atingir a linha de transforma- do As. Até a linha GP 0 ferro comercialmente puro sera constituido de austenita ¢ da linha GP até a temperatura ambiente de ferrita. ‘Suponha-se, agora, o esfriamento de um @G6/hipereUtetside IpOREXEMplolCOniINIS% de carbono, Esse ago também serd exclusivamente constituido de austenita, depois de atravessar'a linha “solidus”, até atingir o limite superior da zona critica, linha Agm, NO ponto ys. Essa linha, como se viu, marca o limite da solubilidade sdlida do carbono no ferro gama. Portanto, ao ser atravessada, comeca a haver separacdo de carbono, na forma de FesC (cementita) com 6,7% de carbono; essa cementita vai se localizar nos contor- nos dos gréos de austenita. Esta, em conseqiiéncia, se empobrece de carbono, e para que haja ulterior separacdo de FesC é necessério um abaixamento de temperatura. ‘A uma temperatura correspondente ao ponto y: (fig. 3), as fases em equilibrio sd cementita (ponto y”2) e austenita com a composigdo correspondente ao ponto y’2. 28 AGOS E FERROS FUNDIDOS, A medida, pois, que 0 esfriamento prossegue, verifica-se continua separacdo da cementita e a austenita restante percorre a linha ES empobrecendo-se constantemente em carbono. Fig. 4 — Aspecto microgrético délB@Hli] Ataque com reativo de nital em aco eutetdide estriado lentamente. Ampliacdo: 1.000 vezes. Nota-se(@ estfutura lamelar, as linhas escuras representando a cementita e as linhas brancas a ferrita, a qual, na realidade, é uma fase continua no fundo. Com peauenas ampliacdes, da ordem de 100 ou 200 vezes, a presenca do constituinte perlita é evidenciada por uma érea escura, visto que @ constituicdo lamelar ndo 6 visivel com esses aumentos. Fig. 5 — Aspecto microgréfico de ur(agBIhingeutetside [estriado|leniterniente) Ataque: reativo de nital. Ampliagéo: 200 vezes. As éreas brancas so de ferrita eas 4reas escuras so de perlita, cuja estrutura lamelar ndo é evidenciada por se tratar de ampliagdo relativamente pequena. DEFINIGOES. DIAGRAMA DE EQUILIBRIO FERRO-CARBONO 2» Ao atingir-se, no esfriamento, a temperatura de 727°C, tem-se de um lado FesC € de outro austenita com composigao equivalente ao ponto eutetdide, isto é, 0,77% de carbono. Neste momento, todo o ferro gama passa brusca e repentinamente a alfa 4 a austenita restante adquire a forma lamelar da perlita. Assim, abaixo de 727°C, ‘gté a temperatura ambiente, os acos hipereutetdides sero constituidos de perlita e cementita (fig. 6). ean Fa, 6 — Aspect microgriico de un @@STSUGORSSS SUS ISMN Ataque: reativo de picral. Ampliagdo: 200 vezes. A cementita e: posta em torno dos gros de perlita, formando uma rede. Também aqui, aplicando-se a “regra da alavanca’, ter-se-4 a composi¢do estrutu- ral sequinte: 9 de CTE (chemode GRBUISEE) ~ 100 x % de(BeHit@ = 100 x 6.67 — 130 = 910% 6.67 — 0.77 (Finaimentelum|ago eutetoide, depois de inteiramente solidificado, ndo sofreré qual- quer transformacdo até atingir a temperatura de 727°C, momento em que toda a aus- tenita passard bruscamente a perlita. Nessas condigées, um ago com composigao cor- respondente exatamente a do ponto eutetdide serd constituido 4 temperatura ambiente exclusivamente de perlita (fig. 4). A composi¢ao estrutural da perlita, determinada pela “regra da alavanca’’, é a seguinte: % de feHfitap 100 x 667 — 0.77 = 985% 667 —0 % de céfrightita) = 100 x 077 — 0 - 115% 6.67 —0 Em resumo, a constituicéo estrutural a temperatura ambiente das(ligasifeHo-ear ‘bono de 0% até 211% de carbono esfadaslentamente @ partir de temperaturas acima da zona critica, 6 a seguinte: — ferro comerciaimente puro — ferrita — agos hipoeutetdides {até 0,77% de C) — ferrita e perlita — agos eutetdides (0,77% de C) — perlita — acos hipereutet sides (0,77 a 2,11% C) — perlita e cementita 0 ACGOS E FERROS FUNDIDOS Os acos hipoeutetdides apresentardo tanto maior quantidade de ferrita quanto me- nos carbono contiverem e os acos hipereutetdides tanto maior quantidade de cementi- ta quanto mais se aproximarem do teor 2,11% de carbono. As figuras 7 e 8 mostram alguns outros aspectos microgréficos de ligas Fe-C. A primeira (fig. 7) refere-se a ferro comercialmente puro e a segunda (fig. 8) a ago hipoeu- tetdide com aproximadamente 0,3% de carbono, Fig. 7 ~ Aspecto micrografico i Ataque: reativo de gua régia. Ampliag: ots Fig. 8 ~ Aspecto microgrético de @GEIRIBGEURETERIER om sproximadamente 0.3% de carbono: Ataque: reativo de nital. Ampliacdo: 200 vezes. DEFINICOES. DIAGRAMA DE EQUILIBRIO FERRO-CARBONO 3 3.2. Alguns aspectos do fenémeno de solidificacéo dos agos — Considere-se, por exemplo, um aco com 0,5% C em processo de solidificacao™ (fig. 9). Ao restriar esse ‘8¢0 a partir do estado liquido, ele encontraré a linha liquidus no ponto L, quando come- am a se formar cristais mistos sdlidos, cuja composigao corresponde ao ponto S, na linha solidus. Nesse ponto, tem-se, pois, em equilibrio com os cristais mistos sdlidos formados, um residuo liquido de composicao L. Se a temperatura baixar mais — até Mj por exemplo — separar-se-40 novas quantidades de cristais mistos sélidos, com com- posicdo variando entre S e Si ao paso que no liquido remanescente a composi¢ao pas- sar de L a L1, valendo, em particular, a relacdo: quantidade de cristais mistos _ Mil: ‘quantidade de massa liquida = MiSs Nesse ponto intervém um fendmeno complexo de difuso estudado, entre outros, por Roozeboom, Giolitti, Fick, MehI, Kirkwood, Kirkaldy. os seus do de tempo curto, efeitos so, na realidade, limitados a pequanes distancias. Por outro lado <@mrabilidade Assim, no caso da liga Fe-C em exame (fig. 2 Gite REE ARETE cientemente lenta, os residuos Iiquidos, devido & maior mobilidade atémica, terdo tem- e em equilibrio entre si e com as zonas periféricas dos cristais mistos de composigao $1, e de assumirem uma concentragao uniforme um pouco superior a0, ponto L:. A massa solidificada, entretanto, seré constituida de uma série continua de cristais-mistos cuja concentragéo. varia de aproximadamente Si nas camadas periféri- cas até S em diregao ao centro dos cristais. Nestes, a difusdo mais lenta faré com que © deslocamento ou migragao do carbono da parte externa para a interna se dé com a velocidade menor do que a prépria solidificagdo, de modo que, enquanto as camadas externas readquitirdo rapidamente o carbono migrado em diregdo a parte interna, as ca- madas internas ndo conseguirdo atingir a concentragao Si, a ndo ser que se parasse a solidificagao. mn Fig. 9 — Esquoria de solidificag3o de uma liga {exempio indicado: liga Fe-C com 0,5% C). 2 ACOS E FERROS FUNDIDOS Continuando 0 resfriamento, repetem-se os mesmos fendmenos; assim o ultimo residuo que solidifica deveria ter a concentracao L, e a massa solidificada a composi- ao S,. Na realidade, porém, a concentracao média do carbono na massa cristalina serd menor; portanto a reta MM, — correspondente a liga em exame ~ encontraré a linha solidus a uma temperatura inferior a real (ponto S’,) e a concentracéo em carbono do Ultimo residuo liquido sera maior {ponto L’,). Assim, pois, os cristais mistos, além de apresentarem concentracdo de carbono crescente & medida que a temperatura cai, apresentarao concentragdes decrescentes da periferia para o centro; as concentragées periféricas sdo as correspondentes a linha SS,e as concentracées dos nticleos centrais serao representadas pela linha SS”, resul- tando, entdo, para a composicéo média dos cristais a linha SS',. Em resumo, os ultimos cristais terdo justamente a composigao média S’, € 0 ultimo residuo solidificado a com- posicéo A. Resulta, de tudo isso, que os cristais separados a temperaturas decrescentes se- ro constituidos de estrias de composicéo, de espessura decrescente com 0 abaixa- mento da temperatura. am Os constituintes basicos dos acos sao, pois, austenita, ferrita, cementita e perlita. (do nome do metalurgista inglés Roberts-Austen), nos acos-carbono comuns, consta de uma solucdo sélida de carbono no ferro gama e apresenta uma estrutura de gréos poligonais irregulares; possui boa resis- téncia mecdnica e aprecidvel tenacidade; é n3o magnética. jo latim “ferrum”) é ferro no estado alotrépico alfa, contendo em solu- 980 tragos de carbono; apresenta também uma estrutura de grdos poligonais irregula- (270 MPa), : jo latim “caementum”) € o carboneto de ferro Fe3C contendo 6,67% de carbone (na escala Moh's ocuparia aproximadamente o lugar do feldspa- to), quebradica, € responsdvel pela elevada dureza e resisténcia dos acos de alto carbo- No, assim como pela sua @ienoniductiidade Seana SSE ABBHBInome devido a “nuance” de cores de madrepérola que esse constituinte freqiientemrente apresenta ao microscépio) é a mistura mecanica de 88,5% de ferrita e 115% de cementita, na forma de laminas finas (de espessura raramente superior a um milésimo de’ milimetro) dispostas alternadamente. . Sua resisténcia a es é em média, 5 kgfimm? (740 MPa). A proporcdo de perlita num aco cresce de 0% para ferro até 100% para aco eutetside (0,77% de carbono), de modo que um aco com 0,5% de car- bono, por exemplo, apresentaré cerca de 65,0% de perlita. A transformagao da austenita em perlita contendo ferrita e cementita ¢ tipica de muitas reagdes no interior de sélidos, ou seja comeca nos contornos dos grdos e pros- segue em diregdo ao seu centro, o que é de se esperar pois os dtomos nos contornos dos grdos apresentam maiores energias que os dtomos dentro dos graos. Diga-se de passagem, que os contornos dos grdos nao séo as Unicas localizagdes de dtomos de energia mais elevada, pois os dtomos em tomo dos defeitos "em ponto” ou “em linha” apresentam também energia extra e podem servir de localizacdo para a nucleagéo de reagées (*). Por outro lado, as propriedades da perlita dependem muito da espessura de suas | (*} Por nucleacao designa-se 0 fenmeno correspondent ao inicio de formagao de nuicleos, ou seja das Primeiras particulas estaveis capazes de iniciar a recristalizagdo de uma fase ou o crescimento de uma nova fase. DEFINIGOES. DIAGRAMA DE EQUIL{BRIO FERRO-CARBONO 3 lamelas e esta, por sua vez, da velocidade de sua formagdo. A sua espessura ¢, entre- tanto, limitada pela distancia através da qual 0 carbono, no tempo disponivel, se difunde. Outro fato importante a ressaltar é 0 seguinte: num aco hipoeutetéide, com teor de carbono, portanto, inferior a'0,77%, 0 resultado do resfriamento lento é, como se viv, a formacao de uma certa quantidade de ferrita (chamada primaria ou proeutetdide) até qua a austenita remanescente se transforme em perlita. Assim a estrutura resultan- te contém quantidades de ferrita e perlita que podem ser previstas. A distribuicao des- ses microconstituintes depende do tamanho de gro de austenita, porque a nucleagao da ferrita primaria ocorre nos contornos dos graos. O mesmo pode ser dito em relagao & cementita priméria, se 0 aco for hipereutetdide. A ferrita forma um “rendilhado” nos contornos de graos de austenita, em cujo interior se forma a perlita. Se o resfriamento, entretanto, se acelerar, de modo a se atingir uma temperatura mais baixa antes que ocorra nucleagao da ferrita primaria, a perlita pode se formar até com teores de carbono da ordem de 0,4%, 0 que pode ser compreendido pelo exame da tig. 10. De fato, considere-se um aco com teor de carbono dado pela reta S, sendo na figura, E 0 ponto eutetdide. Acima de T,, a fase estavel a austenita; de Ta Te existe equilibrio entre a austenita e ferrita; entre Ts e Tc a cementita 6 menos estavel do que a austenita e, portanto, ndo pode nuclear a partir dela; assim, forma-se ferrita até que a composicao da austenita cruze a linha EC’, linha essa que define as condi¢ées para a cementita estar em equilibrio com a austenita. Se a temperatura estiver abaixo de Tc, a cementita pode nuclear imediatamente e entéo se forma a perlita, a qual, desse modo, ter’ mais ferrita e menos cementita do que rigorosamente deveria ter (ou seja do que a perlita eutetéide que teoricamente deveria ter-se formado) e sera mais mole. Jemperotera Fig. 10 — Limite para formacdo da perlita. Devido aos caracteristicos mecénicos dos constituintes dos acos, as proprieda- des mecénicas destes quando esfriados lentamente, variam de acordo com a propor¢ao daqueles constituintes. Assim, ferro comercialmente puro, constituido s6 de ferrita, apresenta-se mole, dlictil, pouco resistente a tragdo e com alta resisténcia ao choque; & medida que o teor de carbono cresce, aumentam os valores representativos da resis- téncia mecénico, iato 6, 0 limite de cocoamento, © limite de resieténcia 4 tragdo oo du teza, ao passo que caem os valores relativos a ductilidade, como alongamento, estric- do e resisténcia ao choque. A Tabela 1 da valores obtidos para algumas propriedades mecénicas, em fungdo do teor de carbono de acos ne estado recozido, isto é, esfriados lentamente de temperaturas acima da zona critica. 34 AGOS E FERROS FUNDIDOS TABELA 1 Limite de Limite do | A amento ;coamenti sisténcia 1 i Carbono | 7 "a eglo om 2" eee ikgfimm? | MPa_| kgf/mm? | MPa 0,01 12,6 | 125 | 285 | 275 47 71 90 0,20 25,0 | 250 | 41:5 | 405 37 64 115 0,40 31,0 | 300 | 52.5 | 515 30 48 145, 0,60 35,0 | 340 | 67,0 | 660 23 33 190 0,80 365 | 355 | 80.5 | 785 15 22 220 1,00 36,5 | 355 | 755 | 745 22 26 195 1,20 36,0 | 350 | 71.5 | 705 24 39 200 1:40 35.0 | 340 | 69.5 | 685 19 25 215 Postos em gréficos os valores do limite de resisténcia & tragdo, do alongamento e da dureza Brinell que sdo os dados mais representativos das propriedades mecénicas dos metais, pode-se obter trés curvas médias, como esté indicado na figura 11, que nos mostra, de um modo mais nitido, a infiuéncia do teor de carbono sobre as propriedades mecénicas dos aos esfriados lentamente. Verifica-se que as curvas de dureza Brinell € de resisténcia a tracdo so aproximadamente paralelas. Evidentemente, as trés curvas podem sofrer deslocamentos sensiveis para valores superiores e inferiores, pois outros fatores, além do teor de carbono, entram em jogo também. Esse fato é indicado na figu- ta 11 pelas 4reas achuradas. m=} g ]<” * d | oa a a %——— TEOR DE CARBONO, % DEFINIGOES. DIAGRAMA DE EQUILIBRIO FERRO-CARBONO 35. A curva relativa aos limites de resisténcia a tracdo mostra que os méximos valo- tes para essa propriedade obtém-se logo acima da composicao eutetdide, permanecen- do os mesmos a seguir praticamente constantes e podendo mesmo sofrer uma certa queda. Tal fato compreende-se facilmente, pois basta lembrar que, devido aos seus ca- racteristicos préprios, a estrutura petlitica é a mais resistente das que os agos esfriados lentamente apresentam; havendo cementita envolvendo gros de perlita e soncoae Se aaa ee ED tet Devido @ influéncia do carbono sobre a dureza do aco, costuma-se considerar os seguintes — agos doces — com carbono entre 0,15% @ 0,25% — a¢os meio-duros — com carbono entre 0,25% e 0,50% — a¢os duros — com carbono entre 0,50% @ 1,40% Alguns autores @Ubgividerh ainda GSSa[ClaBSincaEs: — go extradoce — com carbono inferior 2 0.15% — ago doce — com carbono entre 0,15% e 0,30% — a¢o meio-doce — com carbono entre 0,30% e 0,40% = ape mein-dura — cam carhana entre 0.40% 2 0.60% — ago extraduro — com carbono entre 0,70% e 1,20% 5. Efeito do esfriamento e do aquecimento sobre a posicéo das linhas de transfor- magéo — Os diagramas vistos (figs. 2 e 3) e _sd0 para esfriamento lento; para aquecimento lento, as mesmas transformagdes ocor- r EEE figura 12 mostra os deslocamentos — as —EEE provaveis de equi- Vibrio, nas condigdes préticas de aquecimento e esfriamento. As designacées A. e A, so, como se viu, originadas de: © = “chauffage’, para ciclos normais de aquecimento. 1 = “refroidissement’, para ciclos normais de esfriamento. WO woo s , $60 . “T Pep Ne — WINS qe oq? 04,0606 40 12 X Corbore Fig. 12 — Influéncia do aquecimento @ esfriamento sobre as temperaturas de transformaggo na liga Fe-C.

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