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Curso de Fisica de Berkeley volume 1 Charles Kittel Professor de Fisica Universidade da California Berkeley Walter D. Knight Professor de Fisica Universidade da California Berkeley Malvin A. Ruderman Professor de Fisica Universidade de Nova Yorque TRADUTORES José Goldemberg Professor Titular do Instituto de Fisica da Universidade de S. Paulo. Wiktor Wajntal Assistenie Doutor do Instituto de Fisica da Universidade de S. Paulo. gS DAE: Ph bg v 4, a ff 3ele % WNSTITUTO DE FISICA ‘BIBLIOTECA editora EDGARD BLUCHER lida. EM CONVENIO COM © INSTITUTO NACIONAL DO LIVRO~ = MINISTERIO DA EDUCAGAO E CULTURA Valor ¢ unidades Gerais 5733. graus (57° 20') 3,44 x 10° minutos 2,06 x 10° segundos 0.0174 radianos 291 x 10°* radianos 485 x 10°° radianos 1,61 x 10% om 10° cm 10-* cm 2,998 x 10? volts, 2,998 x 10? cm/seg = 980 cm/seg? 6,670 x 10-8 dina-cm?/e* 1 dina Astronémicas 3,084 x 10% cm 9,46 x 10°? om. 1,49 x 10"? om ~ 10% = 107 cm ~ 10! 3 x 10" (cm/seg)/em © 1,6 x 10"! ~ 107? em ~8 x 10 g 6.96 x 10! cm 2,14 x 10° seg, 1,99 x 1039 g 1,49 x 10! cm 6,37 x 10° cm 5.98 x 1027 g 5,52 g/cm? 3.16 x 107 seg 8,64 x 10° sex 3.84 x 10° om 1,74 x 108 cm 764 x 1035 g 2,36 x 10° seg Tabela Item radiano radiano radiano rau minuto segundo milha angstrom micron = 1 statvolt velocidade da luz no vicuo ‘Acclerasio da gravidade na superficie terrestre Constante gravitacional G.- = 1 g.cm/seg = 1 parsee = 1 ano-luz = 1 unidade astronémica __(= taio da terra) Niimero de miicleons Raio Nimero de galaxias Velocidade de recessio das nebulosas Nimero de estrélas Diimetro Massa Universo \ Galéxia Massa Raio da érbita Raio Medio Massa Densidade média % 1 ano (periodo de revolucto) 24 horas (periodo de rotago) Raio da érbita Raio Lua Massa Periodo de revolugio Raio Periodo de rotagao > Sol ‘Terra de Constantes Simbolo ou Dedugdo abreviagdo do valor 180° /x “ {180° A n we ¢ g GM, Ry” al ex segiano UA. conhecido a ad OS EIS Tabela de Constantes Valor ¢ unidades Gases 22,4 x 10° cm’/mol 2,69 x 101° cm™> 6,025 x 107? mol! 8,31 x 10? ergimol* grau~! 1,381 x 10 ** erg/K 1,01 x 10° dinasem? ~ 10-5 om 3,32 = 10* om/seg Atémicas 6,626 x 10-2? ergs.seg 1,054 x 10°27 ergs.seg 13,6 eletronvolts 1,98 x 10-16 ergs 1,6 x 10-"? ergs 1,24 x 10"* em 8066 cm™! 2,42 x 10'* seg" 0,529 x 10-® om ~ 10-8 0,927 % 10°29 erg/gauss 0,505 x 10°? erg/gauss 13704 Particulas 1,625 x 10° g 1,6747 x 10-4 g 1,66042 x 10-* g O91 x 10-2? g 0,9382 x 10° ev 0,9395 x 10° ev 0,511 x 108 ev 1836 2,82 x 10°"? cn 4,803 x 10°" ues 3,86 x 10"? cm Item. Volume molar em C. Niimero de Loschmidt Numero de Avogadro Constante dos gases Constante de Boltzmann Pressio atmostérica Caminho livre médio do nitrogénio em C.N.T.P. Velocidade do som no ar em CNT. Constante de Plank Constante de Planck/2x Energia associada com 1 Rydberg Energia associada com um compri- mento de onda unitario Energia associada com um elétroavolt Comprimento de onda associado com { elétronvolt ‘Niimero de onda associado com I elétronyolt Freqiiéncia associada com 1 elétronvolt Raio de Bohr do hidrogénio no estado fundamental Raio do étomo ‘Magnéton de Bohr Magnéton nuclear Inverso da constante de estrutura fina Massa de repouso do proton Massa de repouso de neutron 1 unidade unificada de massa atOmica (= 1/12 da massa de C'? ‘Massa de repouso do elétron Energia equivalente a massa de repouso do préton Energia equivalente & massa de tepouso do neutron . Energia equivalente a massa de tepouso do elétron Massa do proton/massa do elétron Raiv classico do elétron Carga do proton Comprimento de onda de Compton do elétron Simbolo ow abreviagao Se Pr Kee Deducao do valor Nol RolNo hin hc*fe Vag fo Hime? chime eh2M,c ficje? Myc Mc Me ie Ame i Capitulo 1 fig tf ti i Hil Ae ll Representagao esquematica das quatro bases das quais a molécula do DNA deriva. ‘As bases silo ligadas a grupos de agicar S os quais, por sua vez, sfo ligados a grupos de fos- fatos P para formar uma cadeia. A molécula com- pleta do DNA & composta.. de uma cadeia dupla na forma de uma hétice, Os dois ramos sio conectados por ligagies de bidro- genio, entre os grupos adenina e timina ou entre 05 grupos guanina ¢ citosina. cadeia velha (ou pai) pode acomodar-se confortivelmente somente diante de um T da cadeia nova (ou fila); da mesma forma, um G pode formar um par apenas com um C. Se escrevermos com- binagdes ao acaso das quatro letras A, T, G, C, numa linha, decorre do emparelhamento A-T e G-C uma instrugio especi fica, inequivoca acérca da forma pela qual se deve escrever uma segunda linha: TACGAACTTATCGCAA ATGCTTGAATAGCGTT AAs linhas devem set continuadas até formar aproximadamente 10° letras, ¢ talvez 10°, para a célula de um organismo complexo. como o do homem. As leis fisicas e compreensiio teérica, descritas nestes exemplos, so diferentes em cardter dos resultados diretos das observacdes experimentais. As leis, que resumem as partes essenciais de um ‘grande nimero de experiéncias, nos permitem fazer com sucesso certos tipos de predigdes, limitadas na pratica pela complexidade do sistema, Muitas vézes, as leis sugerem tipos noves e pouco uusuais de experiéncias. Apesar de que as leis podem, em geral, ser enunciadas em forma compacta*, sua aplicagio pode, as vvézes, exigir uma andlise matematica longa € complexa. Existe um outro aspecto nas leis fundamentais da_fisica: aquelas que compreendemos melhor tem uma simplicidade atraente ¢ beleza**. Isto ndo significa que todos devam parar de fazer experiéncias, pois as leis da fisica tem sido descobertas, geralmente, sémente apds experiéncias cuidadosas ¢ engenhosas. Esta declaragio no significa que devamos nos surpreender muito se teorias fisicas do futuro contiverem elementos feios ¢ desajeitados. A qualidade estética das leis ja descobertas da fisica colore nossas esperangas acérca das leis ainda desconhecidas. ‘Temos a tendéncia de chamar uma hipdtese de atraente quando sua simplicidade ¢ elegincia a distinguem entre um numero infinito de teorias concebiveis mas incorretas. A primeira sentengs de um livro conhecifo ¢: “Estas aulas irio cobrir toda 4 fica”, R, Feyzman, Theory of fundamental proceses (W.A. Benjamin, New York, 1961). * *Parece quese trabalharmos tendo em vista obter beleza em nossas equagies ‘600 tivermos realmente uma bea intuigdo, toemos ent uma links segura para ‘0 progresso™: PAM. Dirac, Scientific American 208 (5), 45-53 (1963). A maioria ‘dosfisicos,porém, acredita que a realidade ésuil dems para ais ataques fronts, ‘exceto peles melhores ments, fais como as de Einstein, Dirac ou uma duzia de outros, Nas mos de milhares de outros, éste métoda tem sido limitado pela dis tribuigio inadequada entre os homens do que se chama de uma “oa intaigao™. Néste curso, faremos um esforgo para enunciar algumas das Ieis da fisica de um ponto de vista que coloca énfase nas carac- teristicas de simplicidade e elegincia. A medida que progredirmos, tentaremos também dar um pouco do sabor da boa fisiea experi- mental, apesar de que € dificil fazer isto num livro de texto. O Iaboratério de pesquisa é o local natural para treinamento em fisica experimental FISICA E GEOMETRIA A matemitica, que permite a simplicidade atraente © a con- cisio de expresstio. necessiria para uma discussio razoavel das Ieis da fisica e suas conseqiiéncias, é a linguagem da fisica. Ela é porém, uma linguagem com regras especiais. Se as regras sto obedecidas, smente declaragdes corretas podem ser feitas: a raiz quadrada de 2 € 1.414... ou son 2a = 2 sen a cos a Devemos tomar cuidado para ndo confundir tais verdades com enunciados exatos acérca do mundo natural. E uma questio experimental, e nio de contemplagéo, a de verificar se a relagio medida entre a circunferéncia e o didmetro de um circulo real & 3.14159... Medidas geométricas so basicas em fisica e devemos decidir tais questdes antes de comecar a usar a geometria de Euclides, ou qualquer outra geometria, na descrigio da natureza. Fsta é certamente uma questio a respeito do universo: podemos aceitar para medidas fisicas a verdade dos axiomas ¢ teoremas de Euclides? Podemos dizer apenas algumas coisas simples acérea das propriedades experimentais do espago sem se envolver em mate- matica muito dificil. © teorema mais famoso em téda a matemética ¢ aquéle atri- buido 2 Pitégoras: para um tridngulo retangulo, 0 quadrado da hipotenusa € igual 4 soma dos quadrados dos lados adjacentes. Esta verdade matematica vale também no mundo fisico? Poderia set diferente? Contemplar esta questio nao € suficiente ¢ devemos apelar experiéncia para uma resposta. Damos argumentos que so um pouco incompletos porque nao podemos aqui usar a matematica do espago curvo tridimensional Considere primeiro a situagdo de séres bidimensionais que vivem num universo que é a superficie de uma esfera. Seus mate- miticos descreveram para éles as propriedades dos espagos de trs ou mesmo mais dimensOes; mas, les tém tanta dificuldade em desenvolver um sentido intuitivo sobre tais assuntos, como nds temos em visualizar um espaco quadridimensional. Como & possivel para éles determinar que vivem numa superficie curva? Uma maneira é testar os axiomas da geometria plana, tentando confirmar experimentalmente alguns dos teoremas de Euclides. 7 Téda informagao genética da célula esta contida ‘na ordem pela qual as bases nucleotidicas ocor- rem, Quando a célula st reproduz, cada molécula de DNA se divide em duas cadeias separadas. Cada cadeia livre forma entdo seu complemento, a partir de células etistentes para produzir duas novas moléculas idénticas de DNA. ‘Seré que os axiomas da geometria Euctidiana, das ‘quai 0 teorema de Pitigoras & ldgicamente dedu- Zido, descrevem, acuradamente, 0 mundo fisico? ‘Simente a experiéncia pode decidir. A distancia mais curta, “em linha reta’, entre os pontos B e C sdbre uma esfera, jaz ao longo de ‘um circulo miximo que passa por éstes pontos € ‘mio ao longo de qualquer outro camiaho P. Dados trés pontos ABC, ses bidimensionais po- deriam construir trifngulos com “inhas retas” como lados es encontrariam que, para pequenos ‘ridngulos retingulos, a? + b* = c* eque a soma os ingulos do triingulo ¢ ligeiramente maior do que 180°. Eles construiriam linhas retas como 0 eaminho mais curto entre dois pontos Be C da superficie da esfera Nos descreveriamos um tal caminho como um circulo miximo. Bles podem continuar e construir tridngulos part testar 0 teorema de Pitégoras. Para um trimgulo pequeno, cujos lados sto pequenos em comparagdo com 0 raio da esfera, 9 teorema valera com grande precisio, se bem que ndo perfeita; para um tridagulo grande, desvios notdveis se tornariam aparentes, Se B ¢ C sao pontos no equador da esfera, a “linha reta” que 0s liga ¢ a secgto do equador de B a C. O camino minimo de C, no equador, ao pélo norte 4 é a linha de longitude fixa que en- contra 0 equador BC fazendo um Angulo rete. 0 caminho mais curio de A a Bé 0 caminho de longitude fixa que também encon- tra 0 equador BC em Angulo reto. Temos aqui um tridngulo reténgulo com b = c, O teorema de Pitagoras ¢ evidentemente invilido s6bre a esfera, porque c? niio pode ser igual a6? + a? alm disso, a soma dos angulos interiores ao tridngulo ABC & sempre maior do que 180°. Medidas feitas na superficie curva pelos seus habitantes bidimensionais permitem-Ihes demonstrar, a si mesmos, que a superficie é de fato curva. E sempre possivel aos habitantes dizer que as leis da geometria plana descrevem adequadamente o seu mundo, mas, que 0 pro- blema reside nas réguas usadas para medir os caminhos mais curios, e portanto definir a linha reta. Os habitantes poderiam dizer que as réguas ndo sto de comprimenio constante, mas que esticam ou encolhem ao serem movidas para diferentes pontos da superficie, Unicamente quando fér determinado, por medidas feitas de diferentes maneiras, que os mesmos resultados valem sempre, é que se tomar evidente que a explicagdo mais simples para o fracasso da geometria de Euclides é curvatura da super- ficie Os axiomas da geometria plana no sio_verdades evidentes por si mesmas neste mundo curvo bidimensional; éles nem sio validos. Vemos, pois, que a gcometria verdadeira do universo € um capitulo da fisica que deve ser investigado pela experiéncia, Ordinariamente no questionamos a validade da geometria Eudlidiana, na descrigdo de medidas feitas no nosso mundo tridimensional, por que esta geometria é uma aproximacdo tio boa da geometria do universo, que quaisquer desvios que ela apresente no aparecem em medidas priticas. Isto nfo significa que a aplicabilidade da gcometria de Euclides & evidente ou mesmo exata. Foi sugerido pelo grande matemitico do século dezenove, Carl Friedrich Gauss, que a validade da geometria de Euclides para o espago tridimensional deveria ser testada medindo a soma dos Angulos interiores de um tridngulo grande; le percebeu que, se 0 espaco tridimensional f6r curvo, a soma dos Angulos internos de um triangulo sujicientemente grande po- deria ser significantemente diferente de 180°. Gauss* usou um teodolito (1821-1823) para medir com pre- cisdio o triangulo formado por Brocken, Hohehagen e Inselberg na Alemanha. O maior lado do triamgulo era de aproximada- mente 100 km. Os 4ngulos medidos foram 86°13'58,366" 53° 6'45,642" 40°39'30,165" Soma 180°0014.173” (Nao encontramos informagio sObre a preciso estimativa déstes valores; & provavel que as duas tltimas decimais no sejam sig. nificantes). Devido ao fato de que os teodolitos foram instalados horizontalmente nos trés locsis, os trés planos horizontais no eram paralelos. Uma corregio calculada que chamamos de excesso esférico, deve ser subtraida da soma dos Angulos; esta se tor- na entio, 179°39'59,320" que difere de 0,680 segundos de arco de 180°. Gauss acreditava que éste valor estava dentro do érro observacional e concluiu que 0 espago era Euclidiano, dentro da precisio de suas obser- vagdes, ‘Vimos, num exemplo anterior, que a geometria Euclidiane descreve adequadamente um pequeno tridngulo numa esfera bidimensional, mas que os desvios se tornam mais evidentes 4 ‘medida que 2 escala é aumentada. Para verificar se nosso espago € de fato Euclidiano, € preciso medir triingulos muito grandes, cujos vértices sdio formados pela terra © estrélas distantes ov ‘mesmo galdxias, Temos aqui, porém, um problema: nossa po- sigdio & determinada pela da terrae no podemos viajar pelo espaco com teodolitos na mio para medir triangulos astrond- micos. Como entio testar a validade da geometria de Euclides para descrever medidas feitas no espaco? ESTIMATIVAS DA CURVATURA DO ESPACO Previsdes planetérias. Um primeiro limite inferior, de apro- ximadamente 5 x 10'7 em, para o raio de curvatura do nosso * CF. Gauss, Werke, vol. 9, especialmente pigs. 299, 300, 314 319, As obras completas de Gauss so um exemplo notivel do quanto um homem de talento pode realizar em sua vida. Equador Se les usassem tridngulce maiores, a soma dos “ngulos se tornaria cada vez maior do que 180°. Aqui, com Be C no equador, e no palo, 2¢ B slo ambos Angulos retos. Obviamente, a? + b? # 4, porque 6 é igual a c. Gauss mediu os angulos de um trifngulo com vertices nos picos de trés montanhas € nao en- controu nenhum desvio de 180°, dentro da pre- iso de suas medidas. Demonstragio de Schwarzschild de que numa su- perficie plana a +f < 180°. A paralaxe de uma catréla € definida como {(180" ~~ fi. Linhas ongitudinais Para ést triingulo, com BC absixo do equador, a+ f > 180°, 0 que pode acontecer tinicamente porque 0 “espaco” bidimensional da superficie es- ferica € curve. Um argumento similar pode ser aplicado a0 espago tridimensional. 0 raio de curvatura do espago bidimensional mosirado aqui € justamente 0 raio da esfera universo é decorrente da consisténcia das observagdes astrond- micas dentro do sistema solar. Por exemplo, as posigdes dos planétas Netuno e Pluto foram previstas por cilculos, antes de sua confirmagéo visual por observagies astronémicas. Pequenas perturbagdes das érbitas de planétas conhecidos levaram descoberia de Netuno ¢ Pluto, muito perto das posigdes cal- culadas para éles. Pode-se ver, facilmente, que um pequeno érro nas leis da geometria destruiria esta coincidéncia. © mais ex- terior dos planétas do sistema solar é Plutéo. O raio médio da sua drbita € 6 x 10! cm; a coincidéncia entre as posigdes pre- ditas e observadas implica num raio de curvatura do espaco de ao menos 5 x 10'7 cm. Um raio de curvatura infinito (espago plano) nao incompativel com os dados. Seriamos levados muito longe do nosso objetivo atual se discutissimos os detalhes numéri- cosda maneira pela qual foi obtida a estimativa deS x 107 om, ou se discutissemos precisamente o significado do raio de curvatura ‘num espago tridimensional. O anélogo bidimensional da superficie esférica pode ser usado, nesta emergéncia, como uma muleta util. Paralaxe trigonométrica. Outro método foi sugerido por Schwarzschild*, Em duas observagées, feitas com um intervalo de 6 meses, a posigao da terra relativa ao sol muda de 3 x 10? com, isto ¢ 0 didmetro da érbita terrestre. Suponhamos que nestas duas ocasides observemos uma estréla © mecamos os ngulos we B. Aqui, a ¢ i sao os caracteres gregos alfa e beta. Se 0 espago fOr plano (Euclidiano), a soma dos Angulos x + € sempre menor do que 180°, € se aproxima déste valor & medida que a estréla se torna infinitamente distante. Metade do desvio dea + f de 180° € chamada de paralaxe. Mas, num espago curvo, nao & necessiriamente verdadeiro que x + f seja sempre menor do que 180°. Voltamos, agora, a nossos astrénomos bidimensionais, que vivem na superficie de uma esfera, para ver como éles podem descobrir que seu espago é curvo, a partir de medidas da soma a + B. Da nossa discussiio prévia do triangulo ABC, vemos que, quando a estréla esti a um quarto de circunferéncia de disténci 2+ ft = 180°. Quando a estréla est mais préxima, « +f < 180° quando esté mais longe, « + f > 180°. O astrinomo necessita tnicamente olhar estrélas mais e mais distantes e medit « + f, para ver quando a soma comega a exckder 180°, Nao existe evidéncia observacional de que x + B, medida pelos astrénomos, seja, em qualquer caso, maior do que 180°, depois *K, Schwarzschild, Viertelahrssehrift der astronomiscien Gesellschaft 35, 337 (1900) 10 opera que uma corregdo apropriada & feita para o movimento do sol, relativo ao centro de nossa galaxia. Valéres de 2 + f menores do que 180° sio usados para determinar, por triangulagéo, a distdncia das estrélas proximas. Valdres menores que 180° podem ser observados até, aproximadamente, 3 x 107° cm*, que € 0 limite de medidas angulares com os telescépios atuais. Nao se pode concluir diretamente, déste argumento, que o raio de cur- vatura do espago deva ser maior do que 3 x 10° cm; para alguns tipos de espagos curves outros argumentos so necessirios. A resposta, que finalmente se obtém, ¢ que 0 raio de curvatura (determinado por triangulagio) deve ser maior do que 6 x 10'° om. No comeco do Cap. I, dissemos que um comprimento carac- teristico associado com o universo, que tem um valor da ordem de 10** cm, ou 101° anos-luz, é observado. A interpretacio mais simplista déste comprimento € chamé-lo de raio do universo. Outra interpretacdo possivel é a de que éste é 0 raio de curvatura do espago. Qual & a yerdade? Esta € uma questiio cosmoldgica; ‘uma introdug&o excelente a ciéncia especulativa da cosmologia § dada no livro de Bondi, citado no fim déste capitulo. Vamos resumir nosso conhecimento do raio de curvatura do espaco pela declaragiio de que éle nao ¢ menor do que 107° cm e que no sabemos se 0 espaco, numa grande escala, ndo & chato. GEOMETRIA NUMA ESCALA MENOR [As observagdes acima dizem respeito ao raio médio da cur- vatura do espago e nao so sensiveis a perturbagdes, que se acre- a, existem nas proximidades imediatas das estrélas e que con- tribuem com um enrugamento local ao espaco, de outro modo achatado, ou levemente encurvado. Dados experimentais que esclaregam esta questio so extremamente dificeis de se obter, mesmo nas proximidades do nosso sol. Pela observacdo cuida- dosa ¢ dificil das estrélas visiveis perto da borda do sol, durante tum eclipse solar, estabeleceu-se que 08 raios de luz siio levemente encurvados quando passam perto das bordas e, por inferéncia, © mesmo acontece nas proximidades de qualquer estréla de grande massa. Pera um raio razante, o angulo de desvio & muito pequeno, sendo da ordem de aproximadaiente 1,75". Entio, 4 medida que o sol se move no céu, as estrélas que sio quase eclipsadas por éle pareceriam, se pudessem ser vistas de dia, * Pode-e objetar que medidas de distincias pressupsem, eas mesmas, que a ‘seometria de Euclides & aplicivel. Outros métodcs de estimar distincias existem, ‘contuda, que sko diseutidos nos teatos, medernos de astionomia. " por G H. Cleminshaw, Griffith Obsercatory,) encurvamento da luz pelo sol {oi predito por Einstein em 1917 verificado pela observagio pou- co depois. Eclipse solar de 20 de julho de 1963. (Fotografado Precessio da érbita de Mercirio, explicada pela teoria geral da relatividade. O plano da érbita est na pagina: a excentricidade da drbita & muito exagerada para maior clareza. Sem prevessio, a figura seria uma dlipse estacionaria, desviadas muito pouco das suas posigdes normais. Isto significa apenas que a luz se move numa trajetéria curva perto do sol; ndo prova, por si s6, que a tinica interpretagdo possivel é a de que 0 espaco em témo do sol curvo. Unicamente com medidas precisas com réguss de varios materiais, perto da superficie do. sol, poderiamos estabelecer, diretamente, que um espaco curvo € a descrigdio mais eficiente € natural. Outro tipo de observacao é relevante na questiio da curvatura do espago. A érbita de Mer- cirio, o planéta mais préximo do sol, difere levemente da predita pela aplicagdo das leis da gravitagdo universal de Newton, mesmo depois que certas pequenas corregdes da teoria da relatividade especial so incorporadas na drbita calculada. Poderia isto ser devido a um efeito da curvatura do espaco perto do sot? Para responder tal questio precisariames saber como uma possivel curvatura afetaria as equagdes de movimento de Mercirrio ¢ isto envolve mais do que apenas geometria. Numa série de belissimos e notaveis trabalhos, Einstein (1917) descreveu uma teoria da gravitacdo ¢ geometria, a teoria geral da relatividade, que previu, em acérdo quantitative com as observages, 08 dois efeitos descritos acima. Estas sio ainda as ‘inicas confirmagdes cruciais das predigdes geométricas da teoria. ‘Apesar da magra evidéncia experimental, a simplicidade esséncial da teoria geral fz com que ela fOsse amplamente aceita. Das medidas astronémicas, concluimos que a geometria de Euclides dé uma descricio extraordinariamente boa das medidas de comprimentos, freas e ngulos, pelo menos até que atinjamos distancias enormes, da ordem de 1078 cm. Mas, até agora, nada dissemos acérea do uso da geometria de Euclides na descricdo de configuragdes pequenas, compariveis em tamanho aos 107" cm de um atomo, ou aos 10}? cm de um niicleo. A questo da vali- dade da geometria de Euclides pode, em ultima andlise, ser posta dda seguinte maneira: & possivel entender 0 mundo subatdmico, ‘ou seja, é possivel formular uma teoria fisica que o descreva com sucesso, admitindo-se que a geometria de Euclides seja valida? Se isto for posstvel, entio ndo existe razio no presente para ques- tionar a geometria de Euclides como uma aproximagio adequade. ‘Veremos, no Vol VI, que a teoria dos fenémenos atdmicos ¢ suba- wmicos niio parece levar a nenhum paradoxo que blogueie « nossa compreensiio déstes fenémenos. Muitos fatos nio so enten- didos, mas nenhum déles parece levar a contradigéies. Neste sen- tido, a geometria Euclidiana resiste ao teste da experiéncia, pelo menos até o nivel de 10°! cm. 12 Invaridncia por translago. Mover um objeto a \Nio invariincia por translago num mundo hipo qualquer outro lugar nao altera seu tamsnho ou . Mover um objeto a outro lugar pod forma. alterar seu tamanho on forma. INVARIANCIA Podemos resumir algumas das conseqiiéncias da validade experimental da geometria Euclidian: Incaridncia por translacdo. Com isto queremos dizer que nosso espaco é homogéneo, isto é que nao é diferente de ponto a ponto. Se figuras sio movidas sem rotago, ndo ocorrem mudangas em suas propriedades. Invaridncia por rota¢do. Experimentalmente, & sabido que 0 espago é isotrépico, dentro de alta precisio, de modo que tédas as diregdes so equivalentes; as figuras ndo sao alteradas por rotagzo. E possivel imaginar um espago chato que nao seja isotrépico. Por exemplo, a velocidade da luz. numa diregao dada poderia ser 0 débro da velocidade em outra direcdo, que forma um angulo reto com a primeira. Nao existe, porém, evidéncia que © espago vazio apresente éstes efeitos. Dentro de um cristal, entretanto, muitos efeitos anisotrépicos silo encontrados. A propriedade da invariancia por translacao leva & conservagio do momento linear; a invariincia por rotacio leva 4 conservacio do momento angular. Estes assuntos so desenvolvidos nos Caps. 3 € 6.0 conceito de invaridncia ¢ desenvolvido no Cap. 2 € n0 fim do Cap. 3. Invaridnda por rotagio. Rotagio de um objeto ‘Nao invariéncia por rotagio num mundo hipa ‘ndo altera seu tamanho ou forma tético. Rotagio de um objeto pode mudar se tamanho ou forma. LEITURAS COMPLEMENTARES Physical Science Study Committee (PSSC), Physics, caps. 1-4 (DC. Heath ané Company, Boston, 1960) RAH. Baker, Astronomy, 7th e€: (Van Nostrand, Princeton, NJ 1959) HL. Bondi, Cosmology, 2th ed. (Cambridge University Press, New York, 1960) Desericdo breve clara e de grande autoridade, com énfase na evidéncia obser- vacioral A Einstein, “Notas autobiogrificas", em Alhert Einstein: clentsta-flésofo,editado por P.A. Schlipp (Biblioteca dos Fidsofos Vivos, Evansion, 1949). Uma exce- lente autobiografia. £ uma pena que existam to poucas biografias realmente boas de cientstas notéves, ais como a de Freud por Ernest Jones. Hi também ‘pouca coisa comparivel em profundidade ¢ honestidade as grandes biografias literérias tais como James Joyce, por Richard Ellman A autobiograia de ‘Charles Darwin & uma excecdo notivel. Escritores que eserevem s6bre cien tistas parecem ser éemasiadamente intimidados pela sentenea de Einstein’ “O essencial ée um homem como eu jaz precisamente nc que éle pensa e como le pensa, nfo no que éle faz ou softe”. Larousse encyclopedia of astronomy (Prometheus Pras, New York, 1962) ote & uum livro borito ¢ informative, D4. de Solla Price, Lie science, big science (Columbia University Pres, New York, 1963) Um estudo estatistico ¢ socil6gico da cigrcia da c ‘Ann Roe, The making ofa scientist (Dodd Mead and Co., New York, 1953: Apollo reprint, 1961) Este ¢ um excelente estudo socioldgico de um grupo de emi- ‘nentes cientisias americanos do fim da década de 1940, Provavelmente ocor- reram algumes modiicasSes importantes aa populagao cientifes desde que o livro foi pubicado em 1953, ©. Struve B. Lynds and H. Pillans, Elementary astronomy (Oxford University Press, New York, 1959). Di énfase ds prineipas idias da fsica em relagio a0 tuniverso; excelente live. LISTA DE FILMES “Medindo grandes distincias” (29 min) F. Watson (PSSC-MLA 0103) Mostra ‘como, por triangulacio e medidas de paralax, as distancas i lua e is estrélas istantes de até 500 anos-lue podem ser medidas, “Mudangas de escala” (23 min) R.W. Williams (PSSC-MLA 0106) Para orienta ‘eo nas idéias de estimativas ¢ escalas. Di virias exemplos bonitos de como fazer uma escala com tensées ¢ de casos onde alguma coisa depende da velo- cidade (projeto de navios). PROBLEMAS 1. © unterso conhecido. Usando informagdes contidas no texto, estime 0 se- uiate: 4) A massa total do univerio contecido. Resp. ~ 10°, b) A densidade média da matéria no universo. Resp. ~ 10- gicn3,equivalente a {00 étoaios de hidcogénio por metro cibico 14 ©) Arazio do raio do universo conhesido para o raio do proton, (Teme o rsio do proton como sendo 10"? em; massa do proton = 1,7 x 10° gh 2.Sinaistransmitidos num préton. Estime 0 tempo necessrio para que um si- nal que viaja com a velocidade da luz atrayesse uma distincia igual ao dimetco do proton. Tome 0 didmstro do préton como sendo 2 x 10'* em. 3. Distinciaa Sirius. A paralaxe Ge uma estetla & metade do Angulo subtendido, ta estréa, pelcs pontos exiremos da Orbita da terra em forno do sol. A paralaxe de Sirus € 0,371", Caleule esta distancia em centimetros, anos-luz e parsecs. (Veja 4 tabela de valéres na capa) Resp: 83 x 10'* em; 88 anos luz; 27 parscs. 4, Tumanho dos domos, Usando 0 valor do niimero de Avogadro, dado na ‘abela, ¢ sua estimativa da densidace médin dos silidos comuns caleuie aproxi- snadamente o didmetro de um étomo médio, 5. Angulo subtendilo pela Lua. Tome uma eseala graduada em milimettos quando as condigdes de visibildade forem favoraves, tente a seguinte experiéncia’ segure « cecala nas milos, loxge dos seus elon © mova © didmieto da iz meme depois a distinc dos seus olhos a escala (O raio da rbita da Lua é 38 » 102° cm €0 raio daLus 1.7 » 10% em. 4) Dos dados acima calcale © angulo subtenddo pel lua na terra Resp. 9 x 10" radianos. +) Qual éo Angulo subtendido nalua pela terra?’ Reap. 34 x 10°? radianos, 6. Comprimento de onda de Compion. Coastrua uma expressio para uma quan- tidade que tem a dimensio de um comprimento, partindo da velocidade da luz ¢, 4 massa do eléron me a constante de Planck h. As dimensdes da constante de Planck sio energia x tempo, ou M L? T-* Calcule 0 comprimento a partir dos lwlores de em e h dados na tabels de valdres. Este comprimento desempenha ‘um papel importante na fisica at8mica; le costums ser representido-por J, onde 464 letra grega lambda TOPICO AVANGADO. ASTRONOMIA SIMPLES DENTRO DO SISTEMA SOLAR Dois astrdnomos amadores escothem para si mesmos a tarefa de determina © dime ¢ a massa do sol Depois de pensar muizo no problema perosbem que, inicialmente, diversas quantidades subsididrias devem ser estabelecidas, ‘Seu primeiro passo € determinar o raio da terra, o que conseguem usando ‘mapas precisos para localizar-se a si mesmos, estando a 500 milhas de distinc bre um meridiano geografic (linha de longitude) es se comunicam por ondas ‘urtas de ridio. © observader colocado mais a0 sul S eicolhe uma estrla que asa sre Ge (znite) num certo instalne de tempo. [No instante em que a estsla selecionada passa pelo zinite do observador 50 sul, ela cruza também 9 meridiano do observador 20 norte N, mas devido a eur- vatura da terra, ela 0 cruza abaixo do seu aénite (ponto mais alto da trajet6ri) 15 N = observador a0 norte 8 = observador a0 sul 0 = centro da terra Luz de uma estréla distante no zénite € recebida por 5 ao longo da linha ZSO (linha do zénite para 5). Luz da mesma estréla & recebi da linha YN|| 250. A linha X'NO é dirigida do zénite para N. YN e XNO so inclinadas de um Angulo zenital 0 or N, ao longo Orientacdo relativa da terra, lua ¢ sol como sio nna realidade = S/ Orienrago relative da terra, us © sol como sdmi- Limos (para propésitos de discussfo) Op ‘Diregao do movimento devido Dean rotacio da terra Posigiio da lua € observadores Ow © Oy no ins- tante ty(I). Admitese que a luz da estréla venha de uma distincia infinita e poctanto tem raios paralelos. No instante fy(2), a lua se moveu a esta posigio, a luz da estréla agora reaparece ao observador (Oy © qual, por causa da rotagio da terra, moveu-se, ‘no meio tempo, para sua nova posicao mostrada aqui. 1) Se 0 observador N observa um ingulo zenital de @ = 7,2", mostre que o raio caleulido da terra 6 64x 10 om.” "Os dois amadores petesbem que o segundo passo necessério & medir « velo- cidade da lua, na sua érbita em tro do centro da terra. Conseguem isso, indire- tamente, dcterminando os instante: nos quais uma estréla dada, vista de duas jposgdes diferentes da superficie terrestre, € edlipsads pela lua. A fim de reduzir fot problemas dos cileulos geométricos © matematico, Gls fazem um certo ni- imeto de hipéteses simplficadomas: a lua e a estréla estio localizadas na ecitica {o plano do sol da Grbita da terra); a esréla passa diretamente atris da Tua, i. a0 longo de um didmetro: as observagoes sto feits & meia noite com uma fos cheia [A carvatura da tera, efeitos da refraglo atmosérica e outras correybes sto negli- pencladas. A situisio goométrica 6 indicada ma pig. 15 ‘Raios paralelos de luz de ua estréa distante sio recebidos por dois obser dort, Oy ¢ Op O observador to est, Oy, observa o tempo fy(l) no qual a es- tel desaparose atrés da lua e, mais tarde, um tempo fy(2) no qual ela reaparecs. ‘Observagdes simiares 11) ¢ (2) sfo feitas pelo observador do les. by Mostre que a velocidads da lua relativa ao centro da terra & dada pela expressio. (oe 2 ee) — tt) onde $ & 4 separngio dos observadores, tg a velocidade lincar dos obsesvadores yg 8 velocidade linear da lua, ¢ (1) é9(1) sio definidos scima. Conhevendo a velocidade da Iva, cada cbservador poders determinar 0 seu imetro pelo tempo total que a lua eclipsa a estré ©) Mostre que o éidmetro da tua é 2Ry = (Oy volts — 4) onde 1, € 12 s80 08 tempos medidos por cada observador. 1d) A partir do raio da tera, determinado acims, e do periodo conhecido de otagio, determine a sua velocidade superficial, a 30°N de latitude, em relgto a0 sen centro, (Rerp. 404 x 10* emysegs ‘ObservagSes tipicas, que podem ter sido obtidas pelos dois amaderes, sio ‘dadas na tabela seguiste. Obsersario tw) fw) “Tempo, minwos 00 «956-220 HITT ) Use éstes dados ¢ os resultador prévios para mostrar que # velocidade di tun € 10,1 = 10* em/seg seu didmet:o 348 x 10° em, Tendo determinado a ve- locidade orbital da Tua, os dois amadores asam seu petiodo orbital conhecido (236 x 10° seg) para determipar o raio de sua 6rbita { 1) Mostre que suas observagses levam a um resultado em acBrdo com medi- das precisas (3,8 x 10'° cm). ‘Seu Grbita de um satéite€ circular, € muito fal determinar a massa do corpo que o stra. Usando 2 lei de Newton da gravitaglo, P = GM,My/r® para a focca contre a torta ea lua, mostearemos no eap. 3 que GM, = tyr = Re conde Gé a coastante gravitecional, Mj, a massa da terra, ty a velocidede da Iva, +o raio da érbita da lua, R o raio da terrae g a aceleracio da gravidade na su- perfcie da terra (980 cm/seg"). A primeira igualdade acina ¢ obtida igualando-se 1 frga gravitacional d fOrga centrifuga MyosZjr, onde My € a massa da lua, 19) Caloule o valor da constante GMy. [Depois de um esforg0 consideravel, os amaderes coucluem que, por N80 pos suirem sufciente informago para ealcular a massa da terra, devem realizar uma utra experiéacia. Em principio, deveriam medic a conttante graviticional G. Devide ao fato de que éste & um experimento tastante difel decidem, em vez «ste, estimar a densidade da terra De um estudo dos materisis superficiais da terra des obtém o valor de 5 giem?, 1) Nesta base, qual ¢ 0 valor aproximado da massa da terra? A que érro per- centual isto corresponde? i) Use esta estimativa e resultados precedentes para obter uma ordem de gran- dena de G. Em seguids, os dois amadores determinam a distancia ao sol, usando os datos conhecidos sabre a érbita da lua, mostrados na ilustragdo, Nom instante par- ticular, o sol, ua tera este em posigdestais que o contSeno da sombra coincide com um didmetro miximo da lua (a qual a0 observador parece exatariente uma meia lun, Neste instnte, 0 observador determina o angulo a eatre lintas 20 sol ca lus, 5) Para um angulo a = $9°S1', caleule a distiacia r da terra a0 sol Couheoendo a distincia da tera ao sl, os dois amadores percetem que a teroera lei de Kepler (além das leis de Newton do movimento) permiecaleuar 8 masst do scl (vja PSSC, pigs. 354-357) 1) Caleule a massa do sol ‘Os dois amadores, tendo tido a sorte de obsersar 0 eaipse total do sol de 1963, lembram agora que @ lua cobriu quase completamente o sol, ne ocasifo. Caleule 0 tio Ry do sol. 1) Determine © ditmetro do sol com tase nas informagées obtidas acima, Para fazer determinagdes tais como estas, com precsao clevada, exige uma grande quantidade de trabalho en instrumentos, observagies, interpretacio, iene teoria — asuntos que ocuparams as mentet de muitos homens durante seulos © que continaam a ser de grande interése. Considerasbes de precisio, contudo, ilo impediram homem de fazer medidas em areas novas. Se 08 fisicos esperassem para que instrumentos de preciso extrema f@ssem aperfeigoados, a fsica tlver ndo progredisse absolutamente Muitesinstalagdes experimentais da- boradas, tem-s dito, sto monumentos 4 procrastinagao, 7 Da mesma forms, Oy ve a esttéla desaparecer em tl) ¢ apés um intervalo, reaparecer para ée no instante t,(2) Método de determinar a distincia da terra ao 40] usando dados conhecidos sdbre a érbita da lua © vetor F representa a posicio de um ponto F ‘em relagdoa outro, ponto 0 tomado como orizem. vetor -r@ igual em médulo mas sentido oposto ar (O vetor 0,6r tem a diregdo de r ¢ seu modulo & de O,6r. © vetor f & 0 vetor unitirio na diregio de . ns Bo cial. A anilise vetorial que conhecemos hoje é em grande parte 0 resultado do trabalho feito no fim do século XIX por Josiah Willard Gibbs ¢ Oliver Heaviside ‘A notacdo vetorial que adotamos é a seguinte: no quadro- negro, uma quantidade vetorial denominada A é representada colocando-se uma seta sdbre ela, A, ou ento, uma linha sinuosa debaixo dela A (esta notago ¢ menos usada). Num texto impresso, lum velor aparece sempre em negrito A. A intensidade do vetor é sempre impressa em itilico: A éa intensidade de A; intensidade, ‘ou médulo, do vetor é também eserita como | |, Um vetor uni- tirio ¢ um vetor de comprimento unitario; um vetor unitério na diregdo de A é escrito com um chapeuzinho A. Resumimos esta notagio escrevendo a identidade Asha a A utilidade e aplicabilidade de vetores em problemas fisicos & baseada, em grande parte, na geometria Euclidiana. O enunciado de uma lei em térmos de Vetores usualmente acarreta a hipdtese de que a geometria de Euclides é valida, Se 2 geometria nao for Euclidiana, a adigio de dois vetores de uma forma simples ¢ ine~ quivoca pode nfo ser possivel. Para 0 espaco curvo existe uma linguagem mais geral, a geometria diferencial métrica, que é a linguagem da relatividade geral, dominio da fisica no qual a geome- tria Euclidiana nfo € mais valida. Consideramos um vetor como sendo uma grandeza tendo diregio, sentido e intensidade. Esta propriedade no tem nenhuma, relagao com um sistema particular de referéncia®. Veremos, porém, que nem tdas as quantidades que tém intensidade e directo Slo necessiriamente vetores. Um escalar € definido como sendo ‘uma quantidade cujo valor nao depende do sistema de coorde- nadas. © médulo de um vetor é um escalar. A coordenada x de lum ponto fixo ndo é um escalar porque o seu valor depends da diregio na qual o eixo x é escolhido. A temperatura T& um es- a velocidade vy é um yetor. “ Admitimos qu: a ditegdo de um vetor pode ser definida. Para algumas fina tidades podemos referr a sua dirogio ao lnboratérioe para outras is extrélasfixas. 26 IGUALDADE DE VETORES. Dois vetores A e B so defi- nidos como sendo iguais se tiveren 0 mesmo médulo, diregio e sentido. Um vetor no tem, necessdriamente, uma localizacio, apesar de que um vetor possa se referir a uma quantidade defi- rida num ponto dado. Dois vetores podem ser comparados, mesmo que mecam quantidades fisicas definidas, em diferentes pontos do espago e de tempo. Se nao tivéssemos confianga, ba- seada na experiéncia, de que o espago é plano — exceto talvez para distincias enormes — eato ndo poderiamos comparar de maneira inequivoca dois vetores em pontos diferentes (veja Nota Matematica 1, no fim déste capitulo). ADIGAO DE VETORES. A soma de dois yetores Ae B& definida pela construcdo geométrica indicada nas figuras. Esta ‘construgdo é, freqilentemente, chamada de lei do paralelogramo da adigao de vetores. A soma A + B é definida deslocando-se B paralelamente a si mesmo, até que a origem de B coincida com acxtremidade de A. O vetor, tragado entrea origem de A ea extre- midade de B, é a soma A + B.Da figura, segue-se que A + B = = B + A, de modo que a adigio de vetores se diz comutativa A subtracio de vetores é definida pelas figuras na pig. 28 A adig&o de vetores satisfaz a relagio A + (B + C) = (A + + B) + C, de modo que a adigtio de vetores se diz associativa. ‘A soma de um niimero finito de vetores é independente da ordem na qual éles sio adicionados. Se A- B = C, entiio, somando B ambos 0s lados, obtém-se A = B + C. Somas e diferengas de vetores podem ser manipuladas como se fOssem nimeros. Se K€ um escalar MA + B) = kA + kB @ dz modo que multiplicagio de um vetor por um escalar se diz distributiva, QUANDO UMA QUANTIDADE FISICA E REPRESEN- TAVEL POR UM VETOR? Introduzimos a linguagem vetorial para descrever deslocamentos no espaco Euclidiano, Alem dos deslocamentos, existem outras quantidades fisicas que tm as mesmas leis de combinagio ¢ as mesmas propriedades de inva- rifincia dos deslocamentos. Tais quantidades podem também ser representadas por vetores. Para ser um vetor, uma quanti- dade deve satistazer duas condicées: 1. Deve satisfazer a lei da adi¢do do paralelogramo. 2. Deve ter uma grandeza e diregio independente da escolha do sistema de coordenada. 27 Vetor A. Votor B. A soma vetorial A + B. A soma vetorial B+ A é igual a A +B. Soma de trés vetores A + B + C. Verifique voct ‘mesmo que esta soma é igual a B+ A+C. DERIVADAS VETORIAIS. A velocidade v de uma particula & um vetor: a aceleragdo a tambérn é um vetor. ‘A velocidade & a vatiagio com o tempo da posigio de uma particula. A posigaio de uma particula, num instante ¢, pode ser especificda pelo Vetor #(0), que vai de um ponto fixo O a particula. A medida que 1 tempo passa, a particula se move e 0 vetor de posigio varia em modulo ¢ ciregao. A diferenga entre r(t3) ¢r(¢,) &a diferenga entre dois vetores: Ar = r(t.)-n(t) 8 sendo portanto um vetor. Se o vetor r puder ser considerado Gomo uma fungo (uma fungdo vetorial) de uma quantidade ccalar simples 1. 0 valor de Ar sera completamente determinado quando os dois valdres t, e fz forem conhecidos. Ento, na figura ao lado, Ar é a corda P,P;. A razio a a 6 um vetor colinear com a corda P;P;. mas, aumentado na raziio 1/At. Quando Ar se aproxima de zero, P, se aproxima de Py . ¢ a corda P,P, se aproxima da tangente em P, . Entfio, 0 vetor Ar oe aproxima de # ie ee que é um vetor tangente ‘4 curva em P;, dirigido no sentido no qual a variavel F aumenta ao longo da curva. O vetor de ae ae ~ BB Ae 4 é chamado de derivada de r em relagio ao tempo. Por definicao, a velocidade & dr a v(t) = Ge (5) © médulo » = |v| da velocidade ¢ chamada de velocidate da particula, A velocidade é um escalar. ‘Aceleragio também ¢ um vetor; ela € relacionada a velocidade vy da mesma forma pela qual v € relacionada com fF. Definimos a aceleragdo por wv _@r, rae g az A posi¢io P, de uma particula, no instante ¢, € especificade pelo vetor 1), em relagao a origem fixa no ponto 0. Considere uma particula que se move de tal forma que sua posigio, num insiante qualquer ¢, € dada pelo vetor de posigio 1{0). Podemos escrever HO) = 0) FO) o onde o escalar 7(t) & 0 comprimento do vetor, ¢ f(t) é um vetor de comprimento unititio na ditegdo de r. A derivada de r(¢) é defi- aida por a ime + ADH + AN—MDH) — g fig + ADH AN FO), a = ror = fi = Podemos reescrever o numerador para obter [ro + | [Fe + | =r(0) #0) = 7 3+ S| + ow i sl No limite, para At + 0,0 iltimo térmo do lado direito pode ser Uesprezado © temos +o (ap) Este € um exemplo da regra geral para a diferenciagio de um produto de um escalar a(t) e de um vetor (1) eet ab ab = Gib ap ay Uma contribuigdo a velocidade em (10) vem da variagio da diregdo 7; 2 outra contribuigao vem da variagio do compri- mento r. 2 A particula avangou a P, no instante t,. © vetor Ar é a diferenga entre r(t2)€ Hy) ‘Ar €acorda entre os pontos Pe Pa a trata da particule. A medida que Ar = 1-t, +0, 0 vetor ArjAt, colinear com a corda, se aproxima do vetor velo- cidade dja, eolinear com a tangente i traetoria no ponte Py. Particula movendo-se num circulo de raio uni- tério com velocidade angular @. A volocidede dada pela Eq, (19) ¢ a aceleraglo EXEMPLO. MOVIMENTO CIRCULAR. Fste exemplo & extremamente importante. Queremos obter expressdes expli- citas para a velocidade e aceleragéo de uma particula, movendo- se con velocidade corstante, numa orbita circular de raio cons- tante r. Uma orbita circular pode ser descrita por ny = #0 2) desde que r seja consiante © que 0 vetor unitario i(t) gire com Velocidade constante. Podemos representar tal vetor unitirio por Ho = cos oti + sen ot 0 ‘onde x ¢ ¥ stio vetores unitarios constantes, perpendiculares entre si. Aqui, a é uma constante chamada de freqiléncia angular ou velocidade angular do movimento; é medida em radianos por Unidade de tempo, O vetor 7 gira no sentido contririo ao dos ponteiros do relégio, se for pesitivo, ¢ decorrido um tempo & © vetor f forma um Angulo wf radianos com a direvdo x. (Lembre (que existem 2x radianos em 360"). Estas propriedades de decortem Giretamente das definigdes trigonométricas das fungbes seno ¢ Govseno, Observe que, para t = 0, 0 vetor unitério ¥ se encontra sObre 0 exo x. ‘Como ilustraglo, considere um valor do tempo tal que xt = 47 radianos, isto 6 45°, Sabemos que cos 4x = sen bx = 1/2 de modo que fk + (a) que & um vetor unitirio, formando um aagulo de 45°, com 0 aio x na diego contriria a dos ponteiros do relégio. Num tempo posterior, tal que ot = 4x radianos, que & 90°, temos cos }x = 0; sen 4x = 1, de modo que P-5 (1s) O vetor unitario esta agora ao longo da diregao y. Para obter a velocidade da particula no movimento circular, empregamos o resultado (10), mas com drjdt = 0, porque o aio r € constante para um circulo. Entao de (12) ¢ (13), a dt fs ad Ge = {RG cos ot + ie 9 ot). (16) Necessitamos as derivadas do co-seno e do seno. Lembramos

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