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ESTUDOS ALEMAES eer: Série coordenada por EDUARDO PORTELLA, EMMANUEL CARNEIRO LEAO ¢ VAMIREH CHACON SOCIOLOGIA DO DIREITO IT Ficha estalogrifie elaborade pela equpe de pesquisa ‘de ORDECC + tama, Nika rosr” MGocologa do Dueto I Midas Lahmann; trad {io de Gutavo Bayer’ — Ro de aneeo” Blige ‘Tempe Brusett, 185. 212 p, cBibitotecn Tempo Universitario; n° 8) ‘Traduplo de Rechtsaologe TL ‘Tempo Brasileiro 4, Dito — hisirla 2 Socologla 1 Tita ae a sine ‘Rio de Janeiro — RF — 1985 cou — x00: 30 BIBLIOTECA TEMPO UNIVERSITARIO — 80 Coleco dirigida por EDUARDO PORTELLA Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro ‘Traduzido do original slemio Rechtstosioioge I Rowohit Taschenbuch Verlag Gmbit Reinbek bei Hamburg, 1972 Copyright: Westdeutscher Verlag GmbH Faulbrunnenstr, 13, D-6200-Wlesbaden ‘Tradugio de Gustavo BavER Capa de Avrowo Diss ¢ BLzamrrm Lavaverre Programagio textual de Daxras, CAMARA DA SILVA ‘Todos os diretes reservados EDICOES TEMPO BRASILEIRO LTDA. ‘Rua Gago Coutinho, 61— Tel: 205-5049 Caixa Postal 16.099 CEP 22991 Rio de Janeiro — RY — Brasil ‘SUMARIO. 1 — piRerro Posrrivo 1 — concelto © tuneio da postvidade 2 — Diferenlasio © espectieagio funcional do alrtto 3 — Programacio conditonal 4 — Ditereniagto do procenso eeisrio 5 — Variagio estratural 6 Risoos ¢ problemas em conteqinela da potividade 1 Legitimigage 7 1 — amposgto do alreito postive 9 — Controle Noras Y — MUDANGA SOCIAL ATRAVES DO DIREITO POSTTIVO 1 — condigées de uma mudanga socal controle! 2 Bstrturas categorals ‘3 Problemas jurideoe da soctedade mundial 4 = Dirt, tempo e planejamento Nora [EPIL00O: QUESTORS PARA A SOCIOLOGIA DO DIREITO NoTAS [RIBLIOGRAFIA SELECTONADA se2neeNas 129 M6 1 6 nf es IV — DIREITO Postrivo 1 — Conceito e fungio da positividade © conceito da postividade do direito & usual na filosofia do direito © na cignela Juridica. Nesse ambito ele designa, fem termes. genéricos, o carter estatuido do direto.* “Em ‘ermas mals estrites, porém, a questo do eardter esiatuido do direifo possut slgnificadat seeundarios, dos quais devemos ‘nos desfazer para chegarmos a um coriceito propriamente sociol6gico da’ positividade. No entendimento juridico, a po- ‘Stividade do direito € dogmatizada, isto é, estatulda por {orga propria. Isso nio pode satistaxer a’ soclologia, que ‘sempre procura considerar outras allernativas. # bem ver~ ‘dade que o positivismo juridico encontra atualmente uma fampla rejeigdo (malor que contra o positivismo clentstico), ‘as néo se vislumbram tentativas sérias de substitu-lo por lima oulra fundamentacio tedrica do direto, e 0 fato da posllividade do dielto sinds earece de uma Interpretagto, ‘A diferenciagdo entre a cigncia Juridica e a sociologia esta relacionada ao fato de que @ concepedo de uma “fonte Go direito” 6 inaceltavel para a soclologia.® Essa concepeo {de uma fonte do direto 20 tem sentido se expressar ao mesmo tempo a forma de surgimento e as bases da vigencia do dirlo fc eguenfemente também as forma © a8 buss de ‘sua percepedo).2 Para o sociélogo, porém, os processas fa- ‘tunis que levara, em termos causais, 20 surgimento de con. ‘cepedes normativas generallzadas séo tio amplos e intrin- ‘eados, a0 ponto de tornarem imposafvel a. determinagao “das” causes do surgimento de uma lel, Analogamente, a ecisio Togislativa no pode ser tratada como a causa ex- 1 plleativa da vighneia do sentido estatuito de uma norma. {Em termes de eausacao sempre existem outras caus, pre liminares,freqlentemente mals importantes que a decisé. O'aitelto'ndo te origina da pena do Tegilador" A desisto do Tegislador (e'0 mesmo ¢ valid, como hoje se feconheee, para a decisao do jul) se confronia com uma muliplicidade de Drojegées normatvas Ja existentes, entre as quals ele opta fom tm grau mator ou menor de liberdade, Se no fosse fssim, ela nao gerla ume decisdo Juridica. Sua fungdo, por tanto, nao reside na crlagio de diteito, mas na selegdo @ na Aignificaggo simbdtiea de normas enquanto direto.vineula- tivo, Ele envolve um filtro proeessual, pelo qual todas as falas juridieas tem que passar para se fomarem sociaimente Vincultives enguanto direito, Bases. processas nao geram o dieito propriamente dito, mas sim ua estrutura em termas fe inclusbes ow exclusles al se decide sobre a vigencia ou ‘io, mas o diteita ndo é crlado a partir do nada, # lmpor- fanie ter em mente ecsa diferenga, pois de outra forma a cconceppio do ditelto estatuido através de deeisées pode ser ligada A nopdo totalmente errénea da onlpoténela de fato ‘om moral_do.legsiador. i necessério, em outras palavras, diferenciar entre att buiggo causalidede.® A proeminérela especial do. processo Gccisio (por instdncias legislativas ow por Julzes) e sua Televanela na. positivagdo da viginela do direto no podem Tevar a sua Interpretacdo como algo eriativo ou causal, 0 Gireto resulta de estrutures sistémicas que permitem 0 de ‘envotvimento de poss bilidades e sua redueio a uma deciséo, consistindo ne airbuiedo de vigencla Juridica a tals decisoes. fico nao eselarece plenamente sua causalldade, nem suas preliminares ow a escotha das possibilidades em torno das Quais se deciird, rem multo menos as relagies reals de poder em jogo; mar permite identificar quals serdo os des Einatarios de repreens6ea, de sancoes politieas e de tentativas de alleragio da legislagio, A relevaneia estrutural disso re- side em que a tigencia do direlfo, por mais rigorass que sea a cadela causal, estard reforida a um fator varideel: uma decid. ‘Mas isso nfo se refere a uma reconstitulgko da eausa- hidade historia em termos genétices, 20 simples fato de que fem ui momento qualquer Rouve decisio de um Tepislador ‘ou julz Taso sempre eistlu, Por essa ra2do, o fato histérico 8 a decisio Legisativa no constitu um indicio suficiente para a positividade do direito dai resultante. O sistema jurt- ico romano e 0 germAnien no se traduziram plenamente fem direito positive. 0 eritério ndo est na “fonte do direito”, nnp ato individual da ‘decisio, mas sim ma experimentacio constante e atual do dizeite, © direio vige enquanto direito ppsitivo nao apenas pela lembranga de um ato legislativo historico — nistoricidade essa que para o pensamento juri- ‘ico tradicional constitu @ simbolo da. irrevogabliidade ‘mas s6 quando sua propria vigincla é referida a essa decisio fenquanto escotha entre outras passibilidades sendo, portant, evogavel e modificdvel. O fator historieamente novo da. Do- sitividade do direito € 8 legaltzzedo de mudancas Tegislatioas, fcom todos as riscos que laso acarreta, Essa presentifieagio da possbilidade de moditicagio de qualquer direito implica em uma concepeso abstrata do tempo. Ela pressupée um nlvelamento do tempo no sentido de que em lermos temporals so toma irrelevante a partir fde que momento o direlto € estatuido, ® Nao existem mais, ‘momentos favoravels ou desfavoriveis, mas apenas circuns- Yénclas favoravels ou destavoraveis. Para que seja possivel estatuir-se prineipioe de direito, @ necessario abandonarse a ‘antiga nogdo de que teria existido um momento Irretorndvel quando 0 direito teria sido gerado — um inicio historico, Um momento da revelagao, am tempo de relacio imediata ‘do homem com as fontes religiasas da yerdade ¢ do direito = ow entio, inversemente, que existiiam momentos que finda ndo estariam "madures” para a legislacio, Pela mesma ario, a positivagdo exelut a dlferenciacao quaiitativa entre tum direlto dito antigo e o novo dizeito. A duracio da vigencia perde toda Importaneia para a qualidade e o vigor da forea, Vineulstiva do direito. A concepedo medieval de que o di- Teito antigo seria melhor que o novo no é transformada em Seu oposto — de que 0 novo scria melhor que o antigo — ‘mas deixa de faze? sentido enquanto problema referido ao ‘tempo. A-questdo redurse a vigenela ou ndo de determina ‘das normas juridicas, ¢ 6 s6 no contexto dessa questdo que Yigora a regra deciséria da suposiedo de que o legislador pole revogar as disposigdes em contrarlo do direlto anterior. "A comstaneia das possiblidades de modifieeeso mantém a conselénela de que o direlto a cada momento v.gente ¢ Fesultante de uma selegio, de que ele vige por forge dessa selesfo a qualquer momento modificivel. © cardter esta ‘tuldo significa contingénoia, significa que 8 vigineia se ela no proprio alo de estatulrs®, o qual bem poderia ter ‘do um outro resultado. A consciéncia de um tal carter ‘statuldo 6 € mantida na medida em que 0 processo dec!- ‘Sério seletivo nao se Perea em uma pré-historia imperscru ‘vel, mas permanega vsivel enquanto possiblidade constan- temente presente, Dessa forma, 0 direito positivo pode ser caracterlzado através da consciéncla da sua contingéncla: fle exclu outra possibtdades, mas nao a elimina do bo- ‘aonte da experimentacdo juridica para o caso de que pareca portuna ume modifleagia correspondente do direito vigente;, Ordireito pasitivo € irectritamente Geterminado, mas nfo Irvestritamente determingvel.¢ ‘essa forma podemos reduzir o conceito da postividade ‘a formulagio de que 0 direito nao s6 6 eslatuido (ou seja, fescolhido) através de decisOes, mas também vige por forea de decisies (gendo entdo contingente e modifiedvel). Atraves da Teestruturagio do direito no sentido da positividade, sua ‘contingéncia e sua complexidade s4o imensamente aumen- fadas e com isso equiparadas as necessidades de uma socie- dade funclonalmente ‘diferenciada, Assim a contingéncia e fa complexidade do direito sto levadss a um outro plano — ‘com novas condigdes estraturals, novas possibllidades de or- fganlzeefo, novos Tiscas e problemas, Bssa mudanca abrange Yodas as dimensdes da generallzagéo de expoctativas e 56 6 realisdvel na medida em que a congruéncia do direlto seja, ‘assogurada de uma nova forma. ‘No sentido temporal, o direito tem que ser instituelona- ‘zado coma sendo modifiavel, sem que isso limite sua tuncao normativa. Isso é possivel. A'funeso de uma estrutura nao Dresfipde uma constincla absoluta, mas apenas exige que f estrutura nao seja problematizada nas situagdes por ela fstruturadas, Isso permite que em outras situagdes (em ou tras momentos, para outros papéis ou outras pessoas) ela se tome objeto de decisto, ou seja variével, O que é neces. Sirlo € apenas uma delimitagio claramente pereeptivel e firmemente instituclonalizada, que destaque essas situacées.7 ‘A. positivaggo do direito consiste em um tratamento con- ‘raditério das estruturas com base na diferenciagio dos sistemas, 10 ep i ina ote yl spel a a Se gcoccm aranoS Pant Se pe elsPt aad dint sign Saas SU Sie gee we ac hme ere ee sa Scirtetin a ee ea esses De Sum a Sc ac a th sa tao maaan Fa i Stes ean © Pe as ie eee ieee gee Sains pom het Ree Sore nen Oo aa ears Sn Sree deans at my Sait ater dame Sar ibaa Sih eat an te See rea eae Soe 3 fects te a csi ata Enriatericen eer etess ast Sn Gana ee rac do it ig erm te poh enc rt ease men an rt ten ae er ep oar es ap at en ae a Soe et Dac Se seis hatte on Seer arta Te ea a Fis ctor ta ws ents aS it carer ee aes aaa Seidl a gn ccPea ease ae Shears S aia oe aten ma eee are miata een en ice Peas Beale mi re ores ss ces acini Plots patea ams vga Team Uipet eel ee Fre cae aaa sei Sa i Saale ie alos grea sete Teens See See can Ge hs Hekate Un hae ees n ‘modema tinha essa pretensio, € multo menos essa possibi- dade. O simples nimero das determinagées assume propor g@es giganteseas, o que ja acarreta problemas especitions que ‘mesmo 03 juristas do conseguem solucionar com base 8 esptciallzagio material ‘Tal ampliagso do Ambito das possiilidades juridicas encontra sua correspondéncia na dimenséo social. Um di- reito to amplamente potencializado tem que vigir, conco- mitantemente, enquanto direito para um mimero malor de Dessous multo mais diferentes entre si isto é, ser mals forte- mente generalizado também no sentido social. Ele tem que tornar-se praticamente independente do conheeimento e do sentimento individual, e mesmo assim ser acelto, $6 através da minimizacéo da perticipacdo Individual € que podem ser Institucionalizadas mudangas tio répidas e visivels, © uma ‘Wo ampla disseminagio do direito, ‘Essa ampllagdo do horizonte das passlbidades juridicas permanece incomipreensivel (e por isso geralmente nao é per= eebida), ao restringirse a fungdo do direlto apenas A ma- hnutengio de padroes comportamentals vigentes e & regula- mentagdo de conilitos, ou seja, & manutengao do existente, Esse entendimento parte simpiesmente do diteito dado, vie te-a cada momento, e nao recoahece que a qualidade do ito surge e modificase a partir da eonfrontarso com foutras postiblidades. Ja nos primeiros pasos arcalcos no ‘sentido da diferenciacio de expectativas puramente norma tivas pademos consaiar que deasa forma fol alcangada um estabilizagdo do expectativas probleméticas, nada evidentes —mesino que Iniclaimente issp tenha ooorrde apenas frente 4 “outra possibllidade” do comportamento frustrante, Essa onsolidagio do improvavel prossegue a0 longo do desenval- vimento do direlto e aleanga, com a positivagho do direit, Gimensées globals, dlficimente delimitavels. 0 diteito nio ‘mais restringe o desenvolvimento soclal, pols qualquer es. trutura eventualmente necessaria pode ser juridleamente co- dificada (desde que ela possa ser Identifieada com um gra suficiente de certeza). Muito pelo contritio, agora 0 direto serve como instramenio do desenvolvimento social coma me- ‘canismo de definicdo e distribuicao de chaness e'de resolu ‘edo de conseqiencias. funcionais problemétieas, as. quais Surgem inevitavelmente do rapide erescimento da. diferen. ‘lado entre sistemas fun Na perspectiva da fungaa, n portanto, a positivacio do direito apenas conclui © que jf ‘nha sido inieiado com a aistingao entre expectativas cogni- ‘vas e normativas: a construgao de estruturas de expecta tvas crescentemente arriseadas, evolutivamente improvavels, A feigao do desenvolvimento social, No plano da estrutura, ao contrarlo, a postivagio do direito significa uma reformulagao interna radical, ADS al- teragoes estruturais tao amplas, © congruenela do dive tem que ser buscada de outra forma, estabelecendo um outro tipo de equilfbrio, Ela nao pode mals basearse na erenca em ‘outra ordem verdadeira como base Ge fundamentos morals naturals e invariantes do direito, Agora ela tem que referir= Se ao sistema social que gera a reducio da complexidade do Gireito, Esse fendmeno & novo, e por isso dtletImente podese Drever se haveré uma forma final de solucio estabilizada e, mals ainda, qual serd, Mesmo assim, aigumas condigoes funcionais éssencials Jé se delinelam com sufleiente clareza, ‘a0 ponto de nos permitir sua constatacdo e, a partir dal a Sequéncla da nosta anélise, Podese spor, prinelpalmente, que a generalizagio do ‘ireito teré que ser Jevada a um hivel mals alto de indife- renga. Bm termos temporais isso significa indiferenca em Telagio ao direito dlvergente anterior © posterior. Em termas ‘materials iso signifiea indiferenca em relacso & ineompat billdade de sentido em outras areas juridieas, ou seja reducio da pretensao de consisténela, 1 Em termes’ socials isso sip- nifica indiferenga em relagdo &s implleagées simbélicas da ‘opinido ou do comportamento divergentes ou, em outros termos, tolerincia, fell pereeber que essas indiferengas se fortalecem ¢ aiiviam rectprocamente e desemboram, 0 seu entrelagamento, em uma trivializagao moral do direito. 2 Complementarmente, surgem formas de fortalecimento dda seletividade no. processo deeisdrio juridico, permitindo ‘Gae seja suficiente um nivel mais baixd de mdlferencaa. A nals importante elas pode ser compreendida através’ do Conctito ta rejlecivtdade da normattzaedo, 18 Por reflexivida- Ge devemos entender que iniclalmente um processo € apli- feado asi mesmo ou @ processos do mesmo Upo, e 86 depois Utillaado em termes definitivas. Os mecanistmos reflexivos si0 Juma forma genralizada, muito antiga, do processamento de sentides. J6 discutimos seu significado no caso das expecta- tivas de expoctativas (vol. 1, p. 40 e seg). AD longo do de 13 senvolvimento social ease io sumenta de forma siprocamente entrelagad. for exempo: falar sobre as favras; «toca ae de toca a forma. do ‘helvo ea parr dal, o fiancinmento das necrataades oe dinneiro! a Producie ae melee de produgao; a apicagso 60 oder sobre fe detenores poder 0 aprendieado do Sere o ensito do ensinar na forma da sn flange na confange dee outros; « pesquise sre a pesqusa Bove reportacae de fomna de clan ent obras de arte oe ora de crlgan em obras de Inodemnst):'detiso sobre o decir ou no na buroerecia: O sentir (ietrntante on sfridamente) ca sentimentos Pro Pel ot os outros © ralorimgao de valores na forma da Feoiogin« na do caso que aqal nes Interesca rats de Pero "i'fonnatingio do etabecchmento Ge norma "a vantagem dese arranjo refexvo reaide na. leragSo da capncidade seleiva produnia pelo procs. Dessa Torna tte ormae capas do conalderar fun mero malor 40 po ‘Sidads,e'de dar com materia de maior complesidade. No caso da vormatizagto, a efiewividade do efit aeetivo, Contida em toga norma, ‘evigensa-n, torte. lapel ¢ 2a mena normatada, exstent norma que normale zamna normatizagao — por exemplofizando cera Conti paramctais Sa ago lgiativa © Basa normat Seeuo pode ma nao peels, assure forman dean Riera Shia, (0 aeeito proceanual, por exemplo, no é necesaria- ene concebide como uta ‘irelto superior. Eun todos 0 ‘aus ela amplia © amblto das normattagies posivels el ossbiite a competiblizacio da segurange e Ga expert Ednge om uma tar iberdade da normatisag e dn lle ‘quo de normas, moblsxado amplamtente umn eomplexo nor- qnativo e ao mesmo tempo mantendo-o sob controle Umax Neonatitigio” no se fe, em algumas de suns determing- (fea, anteipadamente tna forma determinada do dre, Sa’ apenas repuiamenta a forma Ge slegio do areto var bre ara a teora do diritoessasindieaées ainda sio ex- tremamente pouco amadurecides e clare." Mexmo. ani, tins femelent ao problema central pert qual trnar” Sein posivel consruir ua teoria geal do aio © exta- briceer sun relagdo com a socioloia do dirt: em que con: ne exatamente a ldenticade da normatizagao juriiea (que u“ erect ver mannan pss retest) on em tes para ins tony yee Banat fic ei tt a Etats Peres Capen commana et nee Sete oe Fer Pe ee a Soe 2 icant a eas ‘esse contexto pode ser localizada na discussio da indagacio eee ee alae ee ae gamit rmale it tle ote Spree mono meee a eae aa eee atc chee, ee mae poet grog or php Se ee ee a aly lr «enn nero ines oe gna oe eae Be Tagen Str a Geta aa ae SEED gh org ene te ee, ae Beas de elas coals cn ane ose contre comer som stem mas Kencgae Jhon Se ss, dicereuate tottennens oes oor Sas paste Speen tes pred, que tenes de acinar Some sey nee Score bean ae mean Soca cr Sees seecdntects eates's one tas a ee ee Sona ea otra ia cee spare cone, res mycomen 2 mares che orp opr ee 2 Slopes nme nine So opm Bae ce pe ec gre ay oa a et en te ectiee Se ek acer eee il ee een cee Cortana see aa paces moore oo rn Se nade «cnet mis ai See se oe ees eae emma one ce a eC catas Roane oes ee ene ae ee a eee re as ee nee go cee ie 9 eS oe 8 isco da economia monetiria ¢ consderivel desde a intro- Cigho do papel moods, em al obviamente sem qualquer valor His coneiteis egucade dos problemas acompasou, prt ipaents ast, do psi, dw motive eclgees ima pecslade de ralragio ate meamo dos mals ‘itis vlan ea poitivngao do drei. Ainda hoje ¢ aie Jar o junta aovllar © pura oslildade do. cre, asim Tomo efit para o idedlogo nestor a possligade de Te- Geringuo vloatva. de seus proprice valores Sempre” so {tee o9 maiores forgo para eseapar-e day supartas com Segldacly do pro indtermiciamo, através da mnvocagio cfu reléos Se bases invarivels, ou pelo mente de alguna ‘alors valuta ou de’ um eonfinto’ minimo. de norms Eiyumeatado em terme fleas ou de dello natal ‘Na median em que tenor que partir da nogio de que as necansmog fefesives slo ipreindlvels para Tani ‘Sng do nivel siangado da compleidade soc, tora-se luedtoninel ee recto coneepgoe do ordenamenton Br ‘Bilextv A certem por eas promctida tore crescent Tmenfe iusra,‘Como"é poasivel que significado de menos Complexidade requiem oltre signifieadar de maior comple Se, como poderso conepgies de complexidage multe tn: terminada conteoae outran de complxidadedelerminada? fod ser que também a nasse socledade see posivel sbe- thai insiituctonallae ettos prinespios da moral como in- ‘artavels¢ lnvildves: Mas es rinelpian Soutrinaray asim {StabeletGoy nao tals contin parantias suficientes door ‘ienamento.2 Bias no ago sufentemente instrotdoras 00 Tonle serem captass de oreniar 0 precewo da constants Yaningdo estafura, as exeivem maifo poaeo. no contem Sunlcentes indeagSe de olugles wave’ 4 pres, Invar nea elt atautda as dita, demasadaments,tornan- Go. ireevantes em termos priticos essa forme tomas dlustiondvl, se ¢ atzayes da"imobilande que se deve con: {inune buseindo a sequrance do" movimento. fe, om ves Also, Considerarmos ax condies-gerals da establaagto de meinixmor relieves em sistema soils Seremes capezes ce oboervar multo mais que spenas valores Sieoluios Ga nommag'de'vigencla matara A publi da potivagso do dirlto pans user trata seicogicaent, oko mnismorsimente; pasando a ser via nao nls sob 3 Supeto do posse abuse de importantes Uerdadts, mas 16 fngulo da compatinicade entre eisas uberdades. Os mecs- rlstos Telecvas no podem ser inseridas em qualquer si tema indeterminadamente, mas etauclecer pestdas ei as a esttulura sities, "prinelpaimente & eomplendade 54, absorvida pelo sistema, as reservas de posibligades de ‘daptagao © substtulezo existentes em todas as partes do Sistema, & exstencia Ge outros meeanfamos Teexos, Essa a expicacio do fato de que'o direto postive sd fol passive) ‘sna io ent drat “A indagacio quanto as condigbes © aos problemas em consealencia da pastivacho Go aiveto através de mechs ‘nos refleives nas fomece a espinna dorsal das. peaqulsas 2 eguir.Inelaimente (2), iremoe veriflear se ¢ camo 0 dF Telto positivo se dlferencla especies funclonalmente em Felagao As outtas estrutaras socials de. expectativas. Com isso, ele (@) assume a forma de um progema condlclonal ‘Aiba dist, a poslvagto pressuple (4) ina dlerenciagto 26 Drocesos. parm decides’ programadoras e.programada, Os problemas da variagio estrutural dat cecorrentes (8) sao Tnelaimente eaptads’ como proulemas da preparacho pol tion das deiebs emis tarde (0), como rseos sos eras fe como problemas em consequéncia da. positiidade. Com fico, (1) lepimidace, (8) 2 imposigao e (0) 0 controle do dieito tornamnse probiemes a serem resolvides através da Sedo e da organizagao no slstema poco, soo condigoes mais ites ta 2 — Diferenciagio e especiticagio funcional do direito ‘As vantagens da reflexividade 86 podem ser aleancévels se os processos. si0 apllcadas a si mesmos ou a provessas ‘semelhantes. Eles consistem em que se ame 0 amor (e nfo fm que ele seja objetivado mentalmente, " pesquisado, com= pradp ou aprendida); em que se pesquise as. possiblidades Be pesquisas (e nao em que se julgue, pague ou force a pes fquisa), ou em que se normatize a normatizagao (e nao em Shsinala, utiied Ja ou aerediti-la). Por isso, a instauragao {Ge mecaiismos reflexivas torna necessério um certo isola mento contra a interferenela de processas diferentas, Um tal Insulamento de proetssas reflexivos 6. pode ser garantido uv nna realldade social através da diferenciagéo © da especiti- eacio de sistemas socials. pareiais correspondentes. Nessa medida, reflexividade correlaciona-se com a diferenclagto funcional: por eausa da diferenclacao ela torna-se necesséria, ‘mas 6a alferenciaggo que a possibilta Essa regra geral valida para a economia monetéria, para ‘sistema da cfineia, para a familia bascada no amor, para ‘© sistema politico oom alternincia instituelonalizada no Poder, para’o sistema educacional, para as decisdes. buro. raticas, ee, também se aplica ap caso do direito pasitivo. 2 ‘Arnormatizaedo do estabelecimento de normas exige um de- fathamento do processo de fixagdo de expectativas norma- tivas ao ponto de estabelecer-se normas que (ou até mesmo apenas) hormatizem 0 estabelecimento de normas, s6 assim alingindo seu objetivo final. Uma estrutura encadeada dessa forma é sensivel a interferéncias, necessitando por isso um certo wotamenio do mecanie. 8, pr exempo argo 1 onstitulgdo alema prevs que “a dignidade do homem E lnviolavel”, tem que ser assegurado que esse preceito seja tralado como norma em todos as processos de decisdo Juri dica — e nfo se Testrinja, por exemplo, @ uma mera pro- fissdo de £6 on a uma constatacio hipoteticamente verda- deira, a ser comprovads. Iss assegura concomitantemente a mamitengio da fixagio anteelpada do modo de processa- mento de frustragdes — por exemplo através da exclusio da assimllagio de transgressoes de forma imediata e adaptativa, ‘Em oultras palavras' 0 processo deve permaneeer na pers: pectiva normativa e no pode resvalar para a perspectiva da. verdade ou da erenca, o que significa também que a {nterpretacdo daquele preselto deve ser ajustada & Interpre- ‘tagdo de outros preceltos juridicos, nfo devendo ser tomado demasiadamente a0 pé da letra (Como & que essa Siferenciagéo e autonomizaeo funcional do direito positive € alcangada e mantida através de longas cadeias decisérias? ‘Em principio, esta € a respasta: pela instauragdo de pprocatios em um sistema juridico diferenciado. Como ja fol Exposto anteriormente (p. 177 ss. © P- 207 ss), 08 provessos ‘fo sistemas soclals de tipo especial, institucionalizadas de forma tipologiea, sendo reallzados de modo tinico para a ‘selegio de deelsses coletivamente vinculativas, Tals processos servem de sustentapio da dlferenciagio do direito — inilal- 18 mente no plano apegio o arto, so Sein Siam epee feds, tin ms. ei a ee te popaactn das te Bape pr eae ma Sy are ee Sr Rae a Tse et dean Er a EE a aE ata Sn (aca ste otra nets eee ee ae eas patra ope toeemeg een ees cits sees rie Pao Se ee cSrepntre fy unis Qu aie careyndeney, 4 aandn oe em gue eet Pitas evldameate(ptitaeionaeados que torn DS See fee a ee cate eee Se ee en ee ae ee eget aitrars fat Sea ee meng nes te se Co tea senso sas tian es forme ee ale ee sues poem oe megmend: Nene mee, i eee i eo at mgaanenae tread er co ag our cee, nme aan ee a arane Se Geant ae ent adequate are ct cea Fee ae Oe SPs tence eens orga ee a au ue ees ae ar ae une chmod peru Jocscnnecte cel ttn ress ee SUN ee las os re pass ar ne fury (ogo tain fe dnee oh ae See ne CO nce temp ans Se ea ert arte Se ee a eas 6 eh # imei, ne tame pare eee, fe een clas renee cesramactis Ot oe i a aa ee a ane tine Sern sea gece, etal acento penn cperteomrs cee eet ere ceed ae ee co pene ee ae, forense e a imposi¢zo do veredito; os segundos davam forma. 40 direito, Rasa seperagio se apresentou de forma especial mente mareante nas soeiedades européias da antigdidade, as ‘quais desvenciinaram mais declsivamente a dominacao pott- fea e também seu direto dos vinculos religiosas, dotando ‘esas eaferng de autonomia (éenica. Em termos de’conteado ‘© diveito padia, entgo, ser determinado por encarregados Juridicos, jurstas elaboradores de peticées, 04 por julgadores Inspirados na tradiglo — no dirello romano asim como no kgermfnico isso ceortia_ sem consideragées politicas ¢ sem f introduggo das barreiras que decorreriam da responsable dade direta da impasicdo fisica, ‘sso se modifica com a continua diferenciacio ¢ a auto- nomizagdo funcional do direito. Agora menos. que nunca, podese fundamentar 2 congruéncla das expectativas com” Portamentais normativas apoiando-as em outras estruturas Universals de cunho religioso, moral ou de verdade cognitiva;, ‘enguanto estrutura social ela depende excluslvamente de sua liacdo no sistema socletiri, ou seja, da possibilidade de ‘sua imposiedo. Quanto mais o processo de normatizagio for ‘organizacionalmente discriminado, quanto mais cle se tornar indireto, reflexivo, tanto malor tem que ser a seguranca da supasigdo de que’o direito, uma vez ex vigor, poderd. cer ‘mposto — sem que para tanto seja necessirio apolar-ee em fatores circunstanclals, Telagées socials de forga, consenso politico ou prestigio da parte vencedora, estruturas motiva- Glonals individuals, ou seja, sem depender de qualquer tator feuja distribuiggo ‘nao pasta ser prevista. Mais do que em qualquer momento anterior, o difelto depende agora essen ciaimente da dlsponibilidade abstrata da forga fisiea. km ‘Outras palavras: a questao da coereibilidage, da possibiidade ‘de imposieao, no pode tomar-se um problema a. ser consi dderado nos provessas deelsdrias de aplleagéo do aireito, nao pode gerar necessidades de obtencio de informacdes eonere- fas, e tem que ser simplesmente tratada como uma questao supostamente soldvel em qualquer caso. Néo obstante, vere- ‘mos ainda que lsso ndo exclul a ocorrénela de uma séletivi- ade especifica do aparato de tmposiedo. As normas, para fas quais nao se pode imaginar ma possibllidade de’ impo: sled e que tambem nao constituam premissas para deter- ‘minagbes comportamentals que possam ser Impostas, perdem sua qualidade juridica. 15:0 hao quer dizer que‘ impo 2 sie, a coef, sao seo motivo da obediéncia uo dre ‘Mito 0 contrarios aso significa que # generaiizacto sociai material de expecatacompartamestas € foremente Scene, a porto ae sun congruenia mo mel pode Ser SEtepureds por determinadas Sruyeces normals Mas plergrance iniferenga com rept & qualquer ipo de Extufe motivactont individual spa atavée 0 Do olsaae de desncndent i tapi esse, os ‘bllaade tomar earacatstien tent so arto past. Enquanto posiiinge, sino ¢ prejdicadn, plo simples fnto da exitencn de elevate nae Go ivegesees coos desconhediogmasgens de telerinci custes precast Sor auto lado ea no flere neni dre gue na 8 ferevel em Brncio®e slrgca conte 9 us smote emmonstraiva da Trg Tien conto dee pal ‘a medida em gut 0 dieto ¢ gerado em proves de clsgrios de canto jurileo (pols s0aaim ¢ powirel acm! Sth secelvemente'a ane ctoplesitode), ae mit de Cocretitde tte ipsewe ao propio ceo sso nt {hseoumente eonldersdo ay ert tn novo dei oe. blade e insposigsenttants Ca Tors Rte, esomente aa, Drmite.o deamemtamesto do proto G8 Secsto riick Er lferentes fase cu etpasy 2) asim & deco do leg: Inter pode ger am gra scented ctrtera Ge Que e feiss te minstafan ou do ule odessa ser insta, Gorigeqaeefuridias eho cmrelvag oe bac tndeoeal omms © obrigasto do convo atinotal sao mates, Sons asumen ute eaeterpreeuo, sempre que no Post, fer incorporadas ‘ao dive covretel por tei da gerao Ge Shrigncoe indenting on utes Eonseqiencasndeas (potelenao a uttouiedo de culpa a umm dns purer no case Penni)” As novas erases jriaieat leva em conise taste ene inte du eeribignd,extuingo sas dete {ns possilades de nonnatiagjoraen mma so. de Sorming pasivelmente eslaveis como por exemple pra: ius de gue tan popetiro nio ace Inglngs coo Pia inedida cm que se doje motives funtenmerte {Saporarsentas ao cotretvels ogee €treqiee no ean 0 Sires ccd se nlo'¢ sloeto Gnetaneate Gere sua jotdens tas staves de pretense ow peepee Gets gue alcram in oem reference 66 eens a use’ comporamenta, ‘A coercibilidade depende essencialmente do direito as- - condicional, como seré Girelto que fia objetivas determinados, muito frequente ‘mente nto eontém a preciso de uma norma coereivel, pols ‘partir desses objetives podem surgir e legitimar-se alter halivas. sobre as agdes necessarias. & nesse sentido que ‘plicagao da legilagio americans. contra a discriminagso ical € precérla, pois nos casos de constatagao de trans- fresties pasta — @ para lss0 6 necesséria a cooperacio do Eparato coerelvol — chegarse um acordo sobre o compor- tamento futuro, ou apenas a promessa de melhoré-to, tendo com vista o objetivo daquela lepislaglo. ® A funcao do obje tivo € @ mobilzagio de alternativas, e & exatamente isso ue torna questiondvel © fixagio legislativa de um deter- ‘inado compartamento — uma das males ditculdades cor ‘ag quals se confronta © processo da. decisio juridica a0 pro- eurar orientarse no sentido das cléncias sociais. (Os limites da coerelbilidade nfo residem apenas no sen- ‘ido nem na forma da propria norma, mas peincipalmente nna dispasigao do atingido @ colaborar. Retornaremos a. isso zo item 8 a seguir, Dessa forma, a coereibilidade no signi- flea que todo o diveito seja de fato realizado tal qual esta ‘serito, Ela significa apenas que a vigéncia do direlto est& ‘acoplada @ uma previsao, no minimo indireta, da su im osi¢do eventual, liberando-a assim de outros pré-requisitos motivaclonals. Por isso, 0 planejamento do direito tem que Inelulr também 0 planejamento de sua Imposicdo — especial- ‘mente quando as decisSes devam ser allviadas de providéncias ‘specials para garantir sua coerelbilidade. Isso também cons- {it uma lmitagdo de uma lepislacio sensata. Mio obstante, apesar de um vaslo dmbito das normas ‘possivels ter que abdiear da qualidade juridica, o Ambito fo direlto possivel cresce consideravelmente em consequén- fla da diferenciagio, da especifieacdo funcional e da, posit Yyagdo, Km outros termes, exsa redisposicgo através de uma limitagdo "do direto possivel_provoea, eoncomitantemente. uma fmensa ampliagdo do direito possivel. 7 Nunca, antes dda ocorréncla dessas condigoes, tantas normas, posstiam © ‘cardter juridico. A explicacao dessa constataeso paradoxal reside na ja cllada elrounstaneia de que a diferenelagdo © ‘8 especificagéo furcionais aumentam @ eomplexidade da 50- 2 cledade, de tat modo que, no edmputo gers, se apresentam ‘multo mais possblldades de experimentagdo e Ge agao, © portanto também multo mais possblidades imagindveis de Rommatieagso (© passo em direedo & especificagio funcional do aizeto (e em airegdo tamibem de uma "perda de funeio™ corres pondente) ovorreu em grande parte quase que’ despercebi- amente; em outras aspectos provocou grandes eeleumas, mas fem nenhum caso fol Feallzado sob a égide de uma compre: fensdo tedrica satisfatéria, pols « propria funglo do dlrlto permanecia. obscura. Vejamos isso & luz de alguns exempios, ‘Uma das delimitagdes mais notivels do pensamento ju Fidico 6a "separagao entre 0 direto © a moral impasta através de um processo historico de seeularizagao do dlreito desde a antiga Roma até o séoulo XVIII, ® estabelecendo a fiferencingéo entre determinantes internas externas da ‘cio, Isso aliia 0 dirlto do encargo de ter que formular fambém as condicdes da respeltabilidade e da auto-etima pesicals. © direito nfo pode mals ter como tarets, princ palmente, a constitulgio da moralidade da conduta, geran- {indo assim as condicdes para a respeitabilidade reeiproca, 28 ‘Avcongruéneia necesrarie passa a dstinguir se, até um certo grav, de um outro ambette, mais pessal, das Telagoes Imanas: 0 respeito mituo.® A respeitailidade ‘espec'al de fuma determinada pessoa {e sso inclu! também a aute-stima) Indo pode mais ser aingida apenas com base em expectativas comportamentais congruentemente gencralasdas, As objet: ‘vagoes eas aspiracdes humanas.orientam-se a, partir de cconstrugoes ampliadas do Ambito das possiblidadcs, prinel- Pelmente no sentido econdmico, « neles a regularidade da Eistribulgdo de direitos e deveres estabelece apenas uma bar- Fela externa, © nao mais uma referencia para a respelta Billdade do sucesso. Por outro lado, a solUcto Juridiea de problemas assume formas que nio mais se baseiam nas con- Eigoes do respeito mutuo, Um bom exemplo disso 6 a. cres- fente tendaneia dese ver a liquidacto de prejutzoe como {im problema de distribuiedo de risoas. ® necessirio abdicar- St de fusto entre a leguldade € pretensbes humanas, que ‘= apresentava de forma especialmente manifesta no pensa- mento juridico de cunho ético na flasofia grega. 3 © eri- fério do direito ja ndo Pode mais assumir a forme de ins trumento étioo da justiga como algo desejavel (apenas!) in. dividualmente, a soparngio entre odiveitoc'8 moral fraa-se ‘uma condigdo da berande : Etre amen lint porque ae me ean ‘specitieagzo do proprio porque, na medida em ah o dirt permastga em harmonia com & moral, moral Ersed'o cumpemento ea lmpasigéo do dirt,” fazendo ‘om gue no proceso do eatabeleelmento. do direlto soja es- fatuida, concomitantemente, uma nova moral A observant fo inobeervanla, ser flagrado, ser processado, set condenado <* fdo isvo pasta entao a constitu procewas, através dos {uals 's espehabllidade de identidades pessoais 6 erigida ou dfecteita, Sempre que iso acontece, as Tegulamentagoes Ju- ‘dloas yoltadas pata determinadas formas de comportamento fram consequencits allamente.difusas e frequentemente Hrepardvela Nao aro, a5 constquénoias sao_espropor. ciotais aos, objetives lepalatives, e podem conteibuir para fiue aquele que se comporte de forma aivergente busgue sua {Mentidade a propria dvergenci, acabendo por Teorgé-la. Neaas sondigba ¢allamente questiondvel se, até que ponto, 0 dizeto deveria apclar-se na moral, enguanto molWvo pars 4 obvervancla e aulio para a imposigeo Com a separacdo mals acentueda entre 0 direito © moray 0 dieilo se afasta da fungao de um regulador de ‘Serupulos no sentido de uma eertficagio da identidade a Yonormatiada ce uma personalidade lndividual A perso- halldade Inividvalmente normatizada, em uma ordem socal fnclonaimente aiferenciada, no pode conlinuar a ser ga Tuntida pelas mesmas regras nas mesmas limites qué 0 respelto humano reciproco induzida ¢ nio auloeridenta, © ambos no podem ser compatiblizadas com o mecanismo de Sstabeleeimento da congruenela através do direlto: Agora, 0 SSerupulo no deve mais ser proicgldo como Instdnela a Dromilgesio do direto superior, mas tem que ser protepido Eontra 0 dlrelto, ‘Muto mais significantes foram as mudangas que rom. pera o antigo conceit eognitivo-normativa da verdade (i {erenciado Gorn reapeta 40 procesamento Je frustragSe), Fedefinindo-o no sentido da elneia contemporinea.® Nessas ondigoes o diel, e mesmo suas buses, "0 podiam satis: fazer as rovas neveecades metadieas de certems absolute za tansferibiidade intersubjetiva das coneepgoes Alm 6s, 4 © direito nfo era mais capez de absorver em sua tstrutura 0 elevado riseo implicito no novo eonceito Aa ver- dade, seu carater apenas hipotético ¢ @ constante possi Gade’ de seu falseamento arravés da pesquisa dedcentrall zada(!). Isso forgou uma distincio radical entre verdade Glentifica eo direito, e ainda a adequacio de ambos aos Fespectivas riscos. Os’ motivas que levaram a essa mudanca parliram mals da esfera da clénela e de sia especiioagao fem fungdes cognitivas, ¢ através dos seus efeitos rompeu-se fa referénela. tradicional do direlto A verdade — trata-se menos da exclusio de funcdes do direito, como no caso da ‘moral, mas da subtragio de fungdes devido & diferenciacio fem um outro sistema. Nesse caso 0 desenvolvimento ndo facompanhava necessidades genuinamente juridicas, sendo por isso menos rapidamente e menos alarmantemente per feblde que no caso da Felaeao com a moral (o que flea trans- parente, por exemplo, na sobrevida do recurso & nogSo do Gireito natural e da verdade no’ proceso judiclério) Um tercelro tipo de diferenciagdo funcional quase nao mereceu qualquer atencio especial, © muito menos provorou pesqulsas mais culdadosas: a separacdo do direito das fun- ‘Gee sociallendoras, educadoras e edificadoras, A funeao edu- adora do diveito era objeto, particularmente, da filosofia do ‘dreito grea; # roas ela sempre fol exereida latentemente na ‘imbolizagao do direito.® Apesar do toda especializacso tee. nilea do pensamento juridico e de toda a difieuldade de acesso fo ndo jurista, as cstruturas juridicas mais antigas eonce- Glam uma gratde importéncia aos efeitos de exoriacko, con- vvencimento e pedagogicos das palavras na formulagdo do iret, Isso pote ser extraido des provérblos Juridioos gera- os pela. pavticipacao de Teigos na aplieacdo da el,2 dos fantigos textos da literatura juridica tomada como fonte de ‘ireito, os quais entremelamn preserigGes © exortagSes, argu- ‘mento, adverléneia e fundamentacso; ® € também dos ad fies do ensinamento juridleo, de expressoes cuja formulagao Substitul a fundamentacio, da. Linguagem eplgraficamente ‘flada dos juristas romanoe ¢ até mesmo do "Code Ci!” 38 ‘A linguagem juridica atval busca outros objetives, Ela no ‘edela instrumentos de memorizaczo ou de canveneimento e mio. se presia, de nenhuma forma, simples teltura fou audlénein —~somente & consulta na. procuta de for ‘mas especificas para solugio de problemas. Aparente- 25 mente, 0 direlto positivo nfo necessita. mais daqueles re ‘cursos de conyencimaento coneretizados através de palavras. 3 ‘As necessidades de rento automatico de dados na ‘efera juridica também apontam nessa diregéo. Além disso f totat ausénela do direito no ensino escolar evidencia que ‘ossos podagoges no esperam do drelto nenhuma eficiéncia educedora, geetando que ele represente, quando muito, um Humanismo seleivo. A prética legisiativa estd distante até rtsmo do ensino especisizado do direito nas universidades, na medida em que nunca se precupa com a viabiidade do fensino do direto em processo de constante criagdo © modl- Soe indicagées so suficientes para tornar claro como cstaa enrcagadas & dferenlago, a eapelingio funcional o's poulvagio do diet, reprecentando no fundo apenas specs dicrentss do mesino evenl, Ao despise de neds {nscca,anfenormente lamb extras pelo drcto sem Serem chigtoriamente a ele vincuadas, 0 irela adgure ins nmoblddade restive, dentro dos Imes slabeeeldes pals postblgade da coesio tinea A verde, a bases da Fepetaiidade humana, a autoseatieagao da personal Sede, seus habit adguirdos © suns fortan de ‘rocesar txperiencin, tudo to aifilmenta pode set modiieado por Getcoes, aqui a6 msdangas apreestam slimes © condibes diferentes que os necessities pare 0 sivlto moderne. © em ‘Baragamento com ‘ais fungoe, portant, Imoblza © dito. IR difeesciagdo meis scentanda, ao contri, permite que © dhsttossunia una malor vasialdade,acabando por trans: form io em uma estraturavaravel po exelenla aso nfo {elu terdependencaseroeproidades a rlag entre at shrews funloa m t gu se eaeiy amente proremadas ~~ deedldns — pols iieatnente € Seusturd parirse de. vanablidade independents, Eas Sle Soclogho de fungi separadamente realeavel € portant, tin requ imprescindivel para a pena postvacdo do felt: ala a6 se Torna pasivel na medlda cm que a fonees ‘estnondag possum st realiadas sem refeinge a0 diel © fo conterto de um direlio mutante, ou ej ha medida em Ge pare tanto catejam a lepoigao outros ssteman socials frarclais capeitadoe ¢ adaptavels Em convenea dee desenvolvimento o dite positive 6 aiferencado'so ponte de nao set als staplements iden. le totalidade das expectatis las ee fe ee, eb eats or ppc norma engin mete grat © Sy mu fy ct Me ae Sears cr ce ines fea ores a Bakes a uploeis,a am a hm sii decent grea po ele pete > re sine tease et ont ode Eien eft nena erate ca eee ata eel di ae Sas cpa 5 ptanente matteo diate ee Pe regent in geo er Jor, ep i ¢ aie ea A an 8 — Programagio condicional Juntamente com a erescente complexidade, com as cir- ccunstdineias socials e com o plano onde a congruéncla. das fexpectativas deve ser buscada e astegurada, modifica-se tam- bem a forma do direto, Através da constituigao de processos para elaboragdo de decisdes coletivamente vinculativas, 0 ‘lreito toma-se — como haviamas visto — uma programagio Aecisérla. 0 eoncelto de programa significa que os problemas podem ser definidas expeciticando-se as condigéee restritivas Ge suas solucdes (“constraints”) © que eles #80 soluciondvels ftravés de deciedes baseadas nessa definigdo, aldm diss, 0 caréter programétieo significa que mesmo ‘essa definigao {do problema € reallzada por processos decisérios e 6 testada também por deelses, © A reestruturacio do direito na forma de programas decisérias deve, entdo, ser vista como um mo- mento de sua posltivacéo. Fla j& comeca cedo, com as pri ‘neiras formulagoes das condicées para que decisdes fossem furidicamente corretas. Isso ndo quer dizer que o dlreto firva de orlentaedo apenas e exclusivamente no bojo de pro- fessos, mas sim que essa orientagdo agora tem que consi- erar as condigées que leva um ule @ oonsiderar uma de- tisio como solugso correla para problemas juridices, e que ‘86 assim, indiretamente, 6 possivel obter-se as vantagens da congruénela de expectativas (em contraposigio as expecta fives elementarmente normativas), a _.A nectsidade de tagio das condigées para que as de- cls0es Sejam consigeradas cofrelas cedo vincula ea” uma {endéneia ao ‘condicionamento das normas Jurideas. Taso 2o se expreasa necessariamente na formulagao dos Pinel pie Juridicos, mas fos claro na sue utlizagag através de Eecisdes, Sus forma bisiea€ a sogulnt: 2 forem presnenidas determinadas eondigdes (ee f0F sonigurado um conjunto d fates previatmente defines), devese.adotar uma. deter! nada ects, Com esse formato especial, airelto significa ‘io apensg uma expecialiva comportamenta! Justfieada, © {ambem no mais @ naicagao étiea de um bom Sbjetivo, cua ablalizgio realiza a esséncia da acho e a virlude do’ ato. Mais que iso, agora. direto estabelece uma expoctativa condielonsl, no sentido de uma relagdo se/ento, entre con: funtas de faves e conseqincias furideas, cujaexecagao pressupse o txame ¢ a selegdo, ou Seja um ato declbro, ‘A tendéncia de pensarse o dieito desa forma € multo mais antiga que 0 diteita positive. As mais antigas. leis Gocumentadas’é Utlzavam Tormuagbes do tipo condlei- hilt formulas proceauals romans seguiam claramente fesse exquema: 0 Juls era instruldo subre as condigbes s0b a8 juig uma agéo poderia ser bem sueedida. A fundamentaceo Drogramapses condiclonals, porém, sempre ‘nclulam Objetivas concomitantemente éicas¢ wiitarlos, egpeciat mente no caso do drei dos objetivas ilies © bons da ago —e nio como uma programagio condlcionante ds disses. Mesmo ‘a atualidade enoontramos apenas esporédica ¢ in: cidentemente referéncias so fato de que a8 normas jurdlcas slo, na sua, forma geral, programagdes condicionats @ — @ iesmo assim sem pereeber todo 0 aleance © todas as im- baleages csruturais dese principio. # © jor snda got pensar e argumentar teeologleamente, sem apercebcr se fa roblemética em termos de racionaldade © mesmo de Jogiea na qual assim se enredam ** & lpleo que se Disque Jocalizar a8 vantagens da programagio condicional n0 sen. tid do processamento e do controle 1dgicos do direlto; eon sisténcia Wogea, porém, ¢ algo totalmente diferente da pro- gramacio condiclonal, no ditelto ela nio 6 necessira hem Exeqtiel ta aR Tera, 56 uma andlse orgunizaclonal das téenicas o permite compreender as rantagens desorrentes da ogramacio condlcionai,« 96 partir dessa comprcensio se 2 tora claro que (e porque) o dirtito positive configura se através de programagoes condiclonals de forma mais nitida exclusiva que nos ordenamentas juridicos anteriores, © Em ‘ultima anailse o motivo disso reside em que s0 assim a alta complexidade pode ser convertida em decisdes congrucnte- mente expectaveis, ‘Eisa referéncla do condicionamento & complexidade 36 6 compreensivel observando-se correlamente a relacdo enire a programagdo condicional ¢ a incertea. Do ponto de vista de Alguém que vivencie e atue diretamente em um sistema, & Se permancee sendo — incerto se ocorrera um determinado comportamento conereto, da mesma forma que é e perma: neoe incerto se suceder-se- uma determinada sancio. Bssas Icertoeas no sao eliminadas através da normatizacdo e da fo condicional, mas tomam-se sustentavels na medida em que assumem'a forma de "incertezas contingen clais”, ou seja, na medida em que a contingéneia do com- portamento e-a contingeneia da sancao slo combinadas em luma relagio seletiva. do tipo se/entao.4© Em termes mals, rigorosos, essa relacdo se estabelece nao entre o comporta- mento ea sangio enguanto eventas faticos (de tal forma ue @ relagao nao existiria sem a sua ocorréncla), mas entre # contingencia do cormportamento e « contingéncia da san- a0. Bla estabelece uma interdependéncia entre a selecio do comportamento € a seletividade do sanclonamento, preen- ehendo assim @ funedo de uma estrutura, Bssa fungao no fonsiste na eliminagio de incertezas quanto a desdobramen- tos eoneretas (por exemplo através da determinacio motiva- clonal do comportamento), mas na elevacio do grau sus tentavel de incerteza, 4" Corn Isso sistemas programados con- diclonalmente podem coexistir com a maior contingéncla e ‘2 malor complexidade das fatas. Sobre essa vantagem iniclal bislea erigemse todas as demnals. : ‘Uma segunda vantagem comum da programacio condi- clonal e da orlentagio finalistica 6 principalmente essencial ‘para a sedimentagdo com respeito & forma arcaica de expe- Fimentarse o direito (e também em respelto as formas ie- diatas, cotidlanas). Ela consiste na abertura de possibiidades 4de variaedo, las So baseiam na substituigdo da simples ex- ‘pectativa comportamental, das concepedes eoneretas de mun- p por uma estrutura bindria, bipolar. Isso permite @ alter- ncia de um lado para o ouliro, da condigao ("se") ‘para a 29

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