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SA Eixo I TT 78, 1877-79, 1888-89, 1898, 1900, 1903, 1907, 19 1942, 1951, 1953, 1958. Mesmo assim, a caatinga — mata rala, vegetal Caracteris. tico do sertio — ofereceu aos colonizadores esperanca de riquezas com relacdo & criacgio extensiva de gado, Na drea que hoje corresponde a diocese de Cratetis Nascem os trés grandes rios do estado do Cear4; 0 tio Jaguaribe, » tio Poti € 0 rio Acarai. Daf poder-se concluir que Para aqui tam. bém conflu‘ram toda sorte de conflitos préprios da dinamica da colonizagao. Esses rios se tornaram importantes, quer. como via de interiorizagao da regiao, quer como pontos de teferéncia para a ocupagao fundiéria do projeto colonial, quer ainda como ca- minhos das tropas de repressao e exterminio dos Povos nativos, 19, 1935 Os primitivos habitantes Conforme mapas organizados por Mario Barata de acordo com dados histéricos, etnograficos e geograficos de Pompeu Sobrinho, Antonio Bezerra, Bardo de Studart e Carlos Studart Filho citados por Djacir de Meneses, que os coletou da revista do instituto do Cearé, havia na drea hoje correspondente ao estado do Cearé mais de trinta nagoes indigenas. No que se refere ao territério onde se localiza hoje a Diocese de Crateds viviam no sul os Jucds, nagao guerreira que ocupava uma area de 33 mil quilémetros quadrados, uma superficie quase igual 4 da Reptiblica de El Salvador. No lado norte-oriental da bacia do rio Poti até 0 rio Cavalo Boa Viagem —, nas vertentes de Quixeramobim, viviam os Cratetis. E do Pe, Serafim Leite, cronista jesuita, @ Seguinte informagio: "Os Quiratiiz, por causa de uma guerm que Ihe fizeram outros tapuias seus inimigos, em que Ihe mata- ram € cativaram muita gente, andam ainda perturbados". 26 Digitalizado com CamScanner Mais tarde, pesquisando livros de batismos, casamentos e ébitos da missao de Jucé, de 1755 até 1908, da freguesia de Nossa Senhora da Expectagao de Ico, de 1727 a 1775; da freguesia de Nossa Senhora do Carmo da Ribeira dos Inhamuns, de 1756 a 1770; da freguesia de Arneroz, de 1777 a 1801, o historiador Gomes de Freitas encontrou registros das seguintes nagées: Cariris, Caririagu, Jenipapos, Xocés Uanés, Paiacus, Tabajaras, Calabagas, Carits, Icozinhos, Cratetis, Quixelos. O povoamento colonial As correntes colonizadoras chegaram a nossa regiao, con- forme Capistrano de Abreu, através dos caminhos do sertao de dentro, palmilhado sobretudo pelos baianos, e dos cami- nhos do sert3o de fora, vagueado, sobretudo, pelos pernam- bucanos. Caio Prado ainda identifica um caminho mais tar- dio, fruto da jung3o dos dois anteriores, j4 descendo do Piaui € atingindo a bacia do rio Poti. Os pontos de referéncia para este povoamento € 0 rio Jaguaribe que tem sua nascente nos Inhamuns. E neste vale que se digladiam centenas de nativos das nagées Jucds ¢ Quixelos em defesa dos interesses coloniais dos Feitosas, fa- milia de grande importancia nessa quadra da histéria e dos Montes que subiam com igual voracidade pelas terras do Jaguaribe acima. O rio Poti, que tem suas nascentes na serra da Joaninha, serviu nao apenas como referéncia de ocupacéo, mas como estrada militar para a “pacificacao" da regio. As tribos interioranas j4 tangidas pelos tupis do litoral ofe- Teceram a resistencia que puderam aos invasores coloniais, fa- zendo alianga desde o Rio Grande do Norte até o Maranhao. Digitalizado com CamScanner Eis um dos motivos porque 0 projeto colonial sé se estabelec. no Cearé no século XVII. O historiador Francisco Ferreira Lima registra os Prime} ros movimentos organizados contra os primitivos habitante, do Ceara: a) Pero Coelho de Sousa praticou alguns atos dessa naty reza na serra da Ibiapaba em 1604; b) Osholandeses, durante 0 perfodo de dominio no Nor. deste; c) Em 3/12/1666, a expedicao organizada pelo capitio. mor Joao de Melo Gusmao; d) Em 26/5/1691, a expedigio organizada pelo capitio- mor Tomas Cabral de Olival; e) Em 1670, a expedicgo organizada pelo capitao-mor Jorge Correia da Silva contra os indios Paiacus; f) Em 1708, a grande expedicao organizada pelo capi- téo-mor Bernardo Coelho contra os indios Icés, Cariris Cratetis; g) Em 1721,a expedicao organizada pelo governador Sal- vador Alves da Silva contra os indios Jenipapos; h) Em 1713, a expedicio organizada contra os indios Paiacus, Jaguaribaras e Anacés, i) Em 1727, sobre 0 comando do coronel de cavalaria Jodo de Barros Braga no vale do Jaguaribe, expulsando v4rias aldeias até o Piaut. Os cronistas da época relatam a agao nao sé militar, mas ocupacional, de trés afamados varées: Domingos Jorge Ve- tho, Domingos Afonso Mafrense ¢ 0 capitao-mor FranciscO Dias de Avila. Acstratégia da ocupagio colonial seguia mais ou menos 4 seguinte légica: Digitalizado com CamScanner a) Aconquista pela amizade estabelecida com os Povos nativos tornando-os seus subalternos. b) A eliminagao ou expulsao quando estes ofereciam Te- sisténcia. c) Orecurso a coroa para que providenciasse expedigdes de pacificago, o que sempre resultava em cruel e bru- tal exterm{inio d) A hostilizagao de uma nagio contra outra. Segue o traslado de um relato de um ouvidor da capitania do Piaui como ilustragio de um momento da histéria colo- nial da regido segundo a dtica de um dos responsdveis pelo sistema vigente: Vila de Marvao Para diante de Valenga e em direitura a Vila de Sao Joao da Parnafba, ficam as duas vilas de campo Maior e Marvao, no meio da distancia que vai desta cidade aquela Vila da Parnaiba. Uma em par da outra da distancia de 18 léguas, com pouca diferenca, porque dizem que desta cidade a qualquer daquelas vilas sdo 60 léguas, e outras 60 de qualquer delas a de S. Joao. Eu ainda que convenha na igual distancia porque j tenho an- dado por estas vilas, nao a sinto no ndmero das léguas e unica- mente conta 100 desta cidade a dita vila, mas concedo ficarem as duas de que vou tratar no meio do caminho. Esta de Marvao € a pior de toda a capitania, porque se acha no sitio mais seco e finebre da mesma. Tem tnicas trés casas ou moradores, para melhor dizer, pois ainda que aquelas sao mais, nao tem inquilino algum. O vigério, 0 juiz, 0 escrivao € o pior € que nem esperanca deixa destes aumentos por lhe faltarem todos os princfpios condizentes para os mesmos. Digitalizado com CamScanner Tem pouca gente porque apenas tem uma ribeira mais consi. derdvel no seu distrito, que é a do Caratetis, que vem desaguar na do Poti. Confina com a Serra da Beapaba, onde os limites desta capitania com a do Cearé no tem certeza, donde — ser o principal cavil de quantos criminosos ha, tanto de uma como de outra capitania, mudando eles as extremas ou con- fundindo-as e variando-as como lhe faz conta, para nao serem inquietados de nenhuma das partes. As longitudes entremeadas de bosques, 4spero dos caminhos 5 inacessivel das serras, concorrem todos para o seu intento. Esta entrada de Caratetis € a mais segura para todos os crimi- nosos do Carai ¢ de todo o Ceard ea safda mais certa dos que nesta capitania delinqtiem e € certo que sé sendo as jurisdigoes dos ministros cumulativas para os casos capitais ou fazendo-se praticar a determinacao dos passaportes de comarca para comarca, se poderia fechar de alguma forma a mesma. Tem uma s6 freguesia de Nossa Senhora de Nazareth, porém nada de camara, cadeia, como o mais, Antes de vila se chama- va sitio e rancho do mato, nome de uma fazenda em que se acha fundada. Dizem com muita certeza que tem outro nos seus riachos, mas que nao é de conta, suposto se achasse ji folheta de meia libra, Confina esta vila comade Valenga, com a de Campo Maior ¢ com a de S. Joao. da Parnafba, na capitania; pelo nascente com a do Cearé. Nada mais se Ocorre que notar a seu respeito. Por equivocagao digo acima sera invocagaio de Nossa Senhora de Nazareth, porque é de Nossa Senhora do Desterro. Oeiras do Piaut, 15 de junho de 1772. Ouvidor da capitania: Antonio Jos€ de Morais Durdo. In: Revista de Histéria 112 —V°! LVI, ano XXVIII, 1977, Sao Paulo. Digitalizado com CamScanner As antigas missGes jesuitas Outra forma de inserir os povos indigenas no projeto co- lonial foi a missio — ou reducio — dos Jesuitas, das quais citamos as de: a) Arronches (Parangaba), fundada em 1668, que aldeou Tabajaras, Parangabas, Pacajtis; b) Paupina (Messejana), fundada em 1680, que aldeou Jenipapos, Baiacus, Pacajus; c) Soure (Caucaia), que aldeou Anacés, Calcaits, Pitaguaras; d) Araré (Aracati), que aldeou Tremebés, Tabajaras, Araritis; e) Ibiapaba (Vicgosa), que aldeou Tucurijis, Ararits, Camucins, Caratitis; f) Monte-Mor (Baturité), que aldeou Canidés, Baturités; g) Telha (Iguati), fundada em 1717, que aldeou Quixelos, Jaguaribanas, Icozinhos. O catolicismo popular portugués As famflias coloniais que aqui chegaram implantaram uma religiosidade completamente leiga. Traziam com seus perten- ces 0 santudrio, com imagens de santos, o devocionério, escu- do admirdvel com oragGes € novenas para todos os tempos € situagées, e a Cartilha ou Compéndio da Doutrina Crista, edi- tado no Porto, que além da doutrina essencial trazia outras informacoes titeis para as mais diversas necessidades. Em geral, o santo patrono da familia hegem6nica se tor- nava depois 0 padroeiro da futura freguesia. O fato de serem rarissimas as visitas dos poucos padres e dos missionérios fez com que se estruturasse com bastante liberdade ¢ autonomia © catolicismo popular, assim como as formas de celebragio. Digitalizado com CamScanner

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