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esperanza
Paula Godinho
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1 O activismo é o termo mais recente para falar de militância, que parece ter ganho
uma carga passadista. A militância por várias causas está também inscrita nas escolhas
da minha vida.
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5 Ver: <https://sicnoticias.sapo.pt/especiais/crise-migratoria/2018-07-26-700-mi-
grantes-fugiram-de-Marrocos-e-invadiram-Espanha>.
6 Ver: <https://www.independent.co.uk/news/world/americas/donald-trump-zero-
tolerance-policy-court-migrant-children-parents-border-crisis-a8466651.html>.
7 Ver: <https://www.tsf.pt/internacional/interior/temos-criancas-de-10-anos-que-
se-tentam-suicidar-9770239.html>.
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N’A ronda da noite, como em muitos dos seus quadros, Rembrandt usa
a luz de modo a chamar a atenção para um ponto que pode ser des-
centrado, retomando o chiaroscuro de Caravaggio. Embora a pintura
se centre numa milícia de dezoito homens, e na ordem dada pelo seu
comandante para que avance, também estão representadas crianças.
Uma menina transporta uma insólita galinha morta, para a qual os
nossos olhos se desviam devido ao foco de luz que o pintor criou. A
ave seria o emblema da companhia, mas o pintor conseguiu um sin-
gular estratagema para nos cativar: não é um brasão, é uma galinha
morta, que provoca estranheza, e vem nas mãos de uma criança.
Descentrar um olhar é abrir um ponto luminoso, que pode ficar
diluído quando a luz aparentemente está distribuída por igual. Fre-
quentemente, seguimos um ponto de luz, a caminho de uma imagem
que está desfocada, tremida ou é aparentemente desinteressante. Por
vezes, como nas obras de Lourdes Castro, as sombras fazem contor-
nos perfeitos, com orlas de personagens que reconhecemos. Começa-
mos algumas investigações por novos focos de luz, quando queremos
uma mudança relativamente ao que é aceite de modo hegemónico,
ou quando repegamos em trabalhos anteriores e procuramos o ca-
minho que antes não víramos, por falta de fontes ou de instrumentos
teórico-metodológicos que nos reorganizem o pensamento. Pode ser
uma pintura, um filme, uma pessoa, um papel, uma conversa, uma
conjuntura que nos reencaminham, ou uma muito sartreana forma
de entender que somos o que fazemos com o que fizeram conosco, ou
que somos mais filhas do nosso tempo que dos nossos pais.
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Imaginem:
claridade.
Pensem:
árvores, água
agricultura.
Vejam:
delírio.
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vão fazer, agora, com essa cerca? Cercados, vocês não podem andar.” Aí: “Eu
queria dar uma palavrinha aqui. Nós vamos derrubar a cerca”. Aí, o povo
fica comigo, mas havia gente que tinha medo, “Ai meu Deus”. “Gente, nós
vamos derrubar a cerca. Se tiver mais quem… Se todos combinarmos, nós
vamos derrubar a cerca.” “Pois, se vocês vão derrubar a cerca, façam ao jeito
de vocês aqui, que nós lá defende vocês”. Aí quando essa gente saiu, “Mulher,
tu não tiveste medo de dizer aquelas palavras, não?” “Não, não tive não. Por-
que se nós estamos dentro de um rio fundo, nós tem que nadar. E a pessoa
tem que tirar o medo, o medo de morrer. Se nós sairmos daqui, vamos para
onde?” (Francisca Louvado, 73 anos, entrevista no Assentamento de Lagoa
do Mineiro, Ceará, 16 de outubro de 2017)
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tudo lindo, lindo! A gente ia na cabeça ali à frente, a gente via o milho na úl-
tima ponta, mas aquilo era lindo, lindo! Ver aquela paisagem tudo de arrozal,
era lindo! Foi em julho de setenta e cinco. Foi o Engal e Água-Boa. Primeiro
foi o Peso, no dia 16 de junho, e estivemos fechados lá dentro do prédio com
as forças armadas e os delegados sindicais, que a gente viu-se... (Maria Rosa
Viseu, nascida em 1935, trabalhadora rural e militante comunista, entre-
vista realizada em 1995)
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