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a2 ompéno D0 pRsreo até mesmo ds autoridades eujo poder €relativamente irrsdrig € substancialmente menor que o de muitos cidados privador; ‘no pensimos que o dever de trtarigualmente todos de uma autoridade decline & medida que seu poder diminu ‘Alguém pode dizer que uma autoridade tem uma respane sabilidade especial de imparcalidade porque se sujeitoua esta dlisposigio ao aceta seu cargo, deta modo que esses respen- ‘sublidaes drivam, afinal, da moral corrente, da moral de ma- ter as promessa. Isso, portm, inverte a ordem de argumenta- ‘elo etdossada pela maioria de nds: compartlhamos 0 ponta de vista de que nossas antoridades dever tatar como iguais todos os membros da eomunidade que governam porque sere- sditamos que é assim, e nio de outra manera, que eles devern ‘comportar-s, Portanta, ado podemos explica a responsaili- ddadesexpeciais da Fungo politica se tentarmos extra-las dire- tamente de princpios corentes da moralidace priveda. Preci- sames de wma idéia que nao se encontra ai: a de que a comu- nidade como um todo tem obrigagdes de imparcilidade para ‘com seus membros, ¢ que as autoridades se comportam como lagentes da comunidade ao exeroerem ess responsabildade, ‘Aqui, como no caso da empress, precisamos trata a responss- bilidade coletiva como fogicamente anterior 8s esponsabilida- ses de cada urs das autoridades cscs diferentes exemplos de personificago funcional da ‘comunidade se combinam corn elementos de um sisteme geal de pensamento. Ao acetarmos que nossas autoridades agem em nome de uma comunidad da qual somes todos membros, tendo uma responsabilidad que portantn compartilhamos, iss seforga esustena 0 cariter de culpa coletva, 0 sentimento de ‘que devemos sentir vergonha e ulaje quando eles agem de ‘iodo injusto. Os priscipiospraticos de integridade que men- cionei~ imegridade na leislaco na deci judicial — tim ‘seu gar nesse sistema de dias, O principio da juridigdo & de particular interesse para nds porque oferece uma concepeao do leito opost ao pragmatismo, Se ese principio puder ser man- tido, opragmatismo deve ser rjetedo, Progeama ‘Temos dois principios de integridade politica: um principio legislativo, que pede aos legisladares que tener tomar 0 con- junto de leis moralmentecoerente, e um principio jurisdicional, ‘que demanda que ale, tanto quanto possivel, seja vista como coerente nesse sentido. Nosso maior interesse & 0 principio jr risicional, mas nfo ainda, Neste capitulo, sustento que o princ- pio lepslatvo faz parte de nossa pti politica a tal ponto que ‘neahuma interpreag2o competente dessa pritica pode ignore To, Avaliamos essa aflrmagdo segundo as das dimensées que agora nos so faiires.Pergunamios seo pressupost de inegridade ¢ um ideal politico distin se adapta a nossa ‘a, em segundo lugar, se honma nosse politica, Se o principio legislativo de integrdade 6 podoroso nessas duas dimensdes, nfo o rgumento em favor do principio jurisdiconale da con- ‘cepsiio do dreto que defend ted comesado bem, ‘Aintegridade se ajusta? Integridade e conettiagio A integridade ado seria necesséia como uma virtude po lisa distinta em um Estado utopico, A coeréncia estaria ga- 2a ‘ometeio no niRerr0 rantida porque as sutoridades fariam sempre o que pecfit- ‘mente justo e imparcal. Ne politia comum, porém, deveros tata a itegridade como un ideal independente se 2 admite ‘mos po infeiro, poi pode entrat em confit com esses outros ides, Pode exige que apoiemos um levislaglo que conside. fariamos inacequada uma sociedade perfeitamente justa @ parcial, ¢ que reconhecamos direitos que, segundo acredita- ‘mop, seus menabros no teriam. Vimos um exemplo dessecon- flto no ditimo capitul, Um juiz que estejadecidindo 0 caso McLaughlin poderia considecarinjusta a exigénci de inden- ‘zag por quaisquer danos moras. Mas se ele acita integri- ‘ade, e sabe que aalgumas vtimas de denos mors foi con feridoo dit indenizago, ted ado obstante uma azo para se pronuncarfavoravelmente sea. McLoughlin, ‘Os confitos entre ideas sto comuns em politica. Mesmo que rejitissemos a intgridadee fundamentissemos nos ti ‘idade politica apenas na eqdidede, na justia eno devidopro- ‘cesso legal veriamos que essa duas primeias vitudes is ve- ‘es seguem caminhos opostos. Alguns filésofos negam a pos. sibilidade de qualquer confito fundamental entre jostiga © eal dade por acroditarem que, no fr das conta, um desss vides deriva da outa, Aiguns afirmars que, separads da eqlidade, 2 justign nfo tem sentido, que em politica, como na roleta dos jogos de azar, tudo aquile que provenha de procedimentos ba- ‘seados na eqhidade& justo. Esse € 0 extremo da id denon ‘ada justiga como eqlidsde!. Outros pensam que, em politica, 4 Gniga manera de pr prova a equidade &0 teste do result do, que nenbm procedimento & justo @ menos que tenda a roduzir decisis poltieas que sejam aprovadas num teste de Ssigaindependente. Esso € 0 extrem oposto,o da eqidade ‘como justia. A maioria dos fi6sofos politicos ~ e, reio, 1A Joti como epee (da qu ao esa form nn eet rma) tm do nico de RIM, 4 Theny of tie (Cabs Mes TO? Vergp (97-8621, Veranbn, ces aot "Kastan Conse ‘ain Moral Tet 7 Jownal of Poop Ss (1980, 2 as teonar tana de nactcnsoa esa ps exten, ‘er ims Mil Essay on Goverment et Lvl Res Uhitoan agen Pais aa, 197). ‘nEGRIDADE 215 naiora das pessoas ~ dota o ponto de vist intermedirio de {gue a ogiidadee a justia sto, at cera pont, independentes {in de outra, de tl modo que as instituiges imparcias as ve~ ‘23s fomam devises injustas, eas que no so impsrcais ds vezes fomam decisbes justia, ‘Se assim for, entfona politica corrente devemos as vezes ‘escoerente as duas vietudes para decidir quas programas po- ltcos apoiar.Poderiamos pensar que aascendéncia da maiora {60 melhor procedimento vidvel para tomar deisbes em pol tiea, mas sabemos que as vezzs, quando no freqdentemente, ‘maior tomara decistes injustas sobre os dicitos indie datis.Deveriamos perverter a ascendéncia da maiora,confe- rindo uma forga especial de voto a um grupo econdmico, para além daquilo que seus nimeros justfieariam, por temermos ‘que a ascendéncia continua da maiora viesse a atribuir-he ‘menos do que a parte que por dreto the corresponde"? Deve- ‘dimos aceitar resrigSes constinucionis ao poder democrétioo ‘ara impedir que a maiora resrinja a iberdade de expressto, ‘0u outs Iberdades importantes? Essas difleis qustbes se colocam porgue a eqidade ea justia is vezes entrar em cone Mito, Se creitarmos que aintegridade & um terevto e inde pendent ideal, pelo menos quando as pessoas divergem sobre tum dos dois primeiros, entho podemos pensar que, 4s vezes, 2 cidade ou ajustiga dever ser sarificadas nteridade. 5 Miata etc, ¢ explo X, sofia oxic a elo ete vortde a masse ede, Se 3 ena dee poles guldde de nfm pli, alguna oma vt rope tol ofrece um stu cltond mas ea Go Geb spee voto ‘ijn, sada qu, coma supa no ttn wo esionl se lentes impatsie.Nas gis sases do fet, outed ‘ntodo espacial pr negro tipo dena perio go eg use rcomendh dent do roses lara rrr noma, do ‘pe chano de can coninrin Ao Go, tent et ata gue 2 ‘Rade asta soles conte, evens eta agin 9010 ‘pmo pra eels oo cnsdermes erode ‘Ver Aletader M, Bickel, The Supreme Cour and tho Iisa of Progr, bl 15-73 (Ne Haven Lanes, 197, bag TRAE ig Serio psi, em pio caps 216 omereni0 Do Diesrro Conciliagdes internas ‘Tenarei mostrar que nossas prticas politias aceite a itegridade como uma virtude distnt, © comecarei por algo aque, acredito, parecer ao leitor um enigma, Aqui estfo meus pressupostos de base. Todos acreditamos na eqidade politica: feeitamos que cada pessoa ou grupo da comunidade deve ter lam dizeito de controle mais ou menos igual sobre as decisbes, tamadas pelo Parlamento ou Congresso ou pelo leisativo es ‘dual Sabemos que pessoas diferentes tm opinidesditeretes sobre problemas de moral que cousideram da maior importa cia, Pareceria decorer de nosses conviegSes sobre a eqiidads que a legislaglo sobre essas questdes moras no deveria res ttngit-e a aplicagdo da vontade da maior numérica, como se seus pontos de vista fossem undies, mas que devera se tam= bbém uma questio de negociagtes e acondos que periniissem, ‘uma representagdo proporcional de cada conjunto de opiniges ‘no resultado final, Poderiamos chegar a esse acordo de muanei- ra saloménica. Os babitantes de Dakota do Norte demonstram sdesacondo quando a justia exige indenizaso por defeitos em ‘produtos que os fabricantes no poderiam ter evitado? Eno, ‘antes de miquinas de lavarroupas? Os hubitantes do Alsba- ma divergem sobre a moralidade da diseriminagio racial? Por ‘que sua Tegsteura no deveriaprobir a discriminagdo racial ‘em Gnius, mas permit-a em restaurantes? Os ingleses esto slvididos quanto & moralidade do aborto? Porque o Pariamen- to nfo devera eximinslizar o aborto para as grividas que nas- ‘eran em anos pares, mas no para as que nasceram em anos {mpares? Esse modelo salomnico trata a ondem pica de wna coletividade como um tipo de mercadora a set distribuida de ‘corde com ajustigadstibutiva, um bolo que deve ser eqita- tivamente divide dando-sea cada grupo apart qu The cabe. ‘Acredito gue quase todos nos ficariamos consternados iante de um direto “conclitério” que tatasse acidentessi- {NTEGRIDADE. 217 ilar ou oeasides de diseriminagao racial ou aborto diferen- femente, em bases arbitrrias. E elaro que aceitamos distin _qes artists sobre certas questbes 0 zoneament, por exem- ‘Accitamos que estabelecimentos comerciais on Faricas Sejam proibidos em certs zone e ndo em outas, © que se proba 0 estacionamento de um dos dois lados da mesma rua fem diasaternados, Mas rejeitamos uma divisio entre as cor rentes de opnigo quando o que esté er jogo slo questées de principio. Seguimos um modelo diferente: cada ponto de vista deve tex voz no provesso de deliberagto, masa decisio colet- ‘a deve, no obstante,tentar fundamentaee em algum princ- plo coerentecujainfluéncia se estenda ento sos limites natu- sais de sua autoridade’. Se € preciso chegar a um meio-ermo “Cann to ero pr deer eq fe ‘em dang ur ao abr ese nd, goede [fetes da ics mas bom son pos drugs om eso owe sa pa, po pnt etree smo ‘Sheng cups os usienes we gs open sone ‘Sa tse nana dieu etn do ot plc seers ferro. 7. De aro modo, ex mds ito segs mide oe seine, Sasnos aie os pcos qe setae ieee 9 ‘Sis en suit, oo eed gi no en stn aos ‘eur ens epics Posmay pe Siu deve a es a ero deg cm sn fopctn & tlre ten eer come sn ner ea gs ‘Stes deseo ico Sven ara s earsotae {tone pears ser ome poten pe {sean seme ein, Nouo mea com eta ea {de oto nina om pes, Um eer ios Sos hon posta once andor or rips ct cet cl, Stabionedo tgonar Se iponos ate mo Seg te enn Nas isisios om go cl rapt renee pnp aor pel shen oven er cane ma ao ong de odo pene gpa oa Gen om oa guste queso on a ES pci, abt peter prance Soc se pe ‘conto’ dive dco contain Goins Aes nels i rio eo ado enon tds Pes emu connie Oe ‘Stn ego ¢ pean ie aac p gp ee ‘to, mpm ode popes usc 218 ‘o1upear0 Do binsrro porque a pesto esto divs sobre a juste, oacordo deve Serexterno, no interno; é preciso chegara um acordo sobre 0 Sistema de josga a ser adotado em vez deur sistema dejus- tiga fandado em concesbes. El por, que se encontra enigma. Porque devera- mos dar 2 costs 8s solugdes conclatriss, como fazemos? Porque no adotilas como esvatlgia gra par a leyislaso sempre que a comundade estiver iid sobre algua ques {Eo de principio? Porque esa esatéga no €justaerazovel, reflex de maturidads politica e de um sentido mais apurado de arte poltcn que outas comes consequiran lean- ‘ar? Que defeitoeapecil enconrames nas soles cons Tris? Nio pode ser uma fala de eqidade (em nosso sentido de uma distribuigiocaitativa do poder politico), pos o dieto oncllitrio &, por hipétese, mais eqtativo do que qualquer dae duns alterativas. Permit que cada grupo escolhe ina parte dodzeito sabre oaboro, em propersioa seus nimeos, {mais eta (no sentido por ds adotado) do que o esque 1 de “0 veodor lev id” gue nossosintiats prefer, que nega a nites pessoas qualquer influésia sobre un problema a consideram da mais extrema importinea demos defer esses isis com base na justia? A justga € una queso de resultados: us desi politic pro- ‘oc injustig, por mais eqtavos que sjam os procedien- tos que a prodaziram, quando nega as pessoas algum recurs, liberdade ou oportunidade gue as melhores teorias sobre a juga les doo direita deter Pademes nos opor& estat conslatra cam base no presuposto de que ela produzta ral exemplos de injustiga do qu o qe inpdiia’ E preciso {quite oculdeo de nfo confundirduas ques distin. claro que qualgue spo conclitia pata um problema im= portant prcurré mais exempls de injstiga do que uma das ltemativas, menos qué a outa. A comnidade pode estar de cord com esa roposta a0 mesmo tempo que divege sobre ual das alternatives seria mais e menos Justa, Quem asredia due oaboto & um assassnato pensar que ale conciitria Sobre o abort pro mais injusga que ums prob cabs, ‘INtORIDADE: 29 ‘emonos que uma sutorizago ilimitada; quem acredita que as ‘mulheres fém diteito ao aborto val inverter essas opines, As- sn, 08 dois lads tém uma razio de jutica para preferir uma ‘solugdo que no seja aconeliatira, A questo que aqui se co- Toa € saber se, coletivamente, emos uma rzio de justiga para ‘fo concordat, anter mesmo de chegar a essas divergéncias particulates, com a estatégia conciliatria como maneira de resolvé-as. Temos uma rao de eqidade, como observannos ‘nf poueo, em favor da estratgia da conciliagio,e, sno te- ‘mos nenituma razo de justiga contra ela, nossa prticacorren- to precisa de uma justificativa que ainda no foros capazes de segura "Bstzmos procurando uma razo de justiga comum a todos para rejeitarantecipadamente a esratégia concilatria, ainda ‘que, em certas situagbes, eada um de nds preferise a solugio concilitéria Aquela que Serdimposta se a estrtégia fr rejelta- a. Diremos, apenas, que uma solusdo conciliatria 6 injusta ‘por definigao porque tata pessoas diferentes de modo diferen- te sem boas raze para fizi-lo, quando a justicaexige que 0s «eas0ssemelantes seam tratados da mesma maneira? Essa su- gest parece estar no caminho certo, pois, seas Solugdes con- cllatrastém um defito, este deve estar ne careteistica que 1 distingue das outras, no fato de tatarem as pessoas diteren- temente quando nenhum principio pode jusifcar a distingio. ‘Mas no podemos explicar por que iso & sempre eritcive, enguanto permanecermos no plano da justga do modo como &

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