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EFEITO DA VELOCIDADE DE ESFRIAMENTO SOBRE A TRANSFORMACAO DA AUSTENITA. DIAGRAMA “TRANSFORMACAO-TEMPO-TEMPERATURA” 1. Efeito da velocidade de estriamento sobre a transformacéo da austenita — 0 diagramna de equilbrio estudado e, portanto, a localizaco da zona critica como aparece nas figuras 2 € 3, s30 para condi¢Ses de esfriamento muito lento. Os constituintes re- ssultantes da transformacdo da austenita — ferrita, cementita e perlita —- de acordo com sua quantidade relativa, petmitem uma variago nas propriedades mecénicas dos acos, conforme se pode observar nas curvas da figura 11. Esse efeito dos constituintes obti- dos pela decomposicao lenta da austenita sobre as propriedades mecénicas dos acos, ‘emibora apreciavel, estd longe de se comparar, entretanto, ao efeito que pode ser con- seguido pelo répido estriamento da austenita. De fato, a formacdo da ferrita e da cementita — conseqdentemente da perlita — exige a mudanca do reticulado cristalino do ferro, assim como 0 movimento de ato: ‘mos, por difusdo, através da austenita sblida; tais modificagdes leva tempo. Em con- seqiencia, se for aumentada a velocidade de esfriamento da austenita, ou seja se 0 {G0 for esfriado mais rapidamente, no haverd tempo suficiente para uma completa mo- vimentacdo atmica e as reacdes de transformagao da austenita se modificam, poden- ‘do mesmo deixar de formar-se os constituintes normais — como a perlita — © surgirem novos constituintes de grande importancia para a aplicaao dos acos. Pode-se exprimir tais fatos, quando se aumenta a velocidade de esfriamento da austenita no diagrama Fe-C, como resultado numa alteraco de posicao da zona critica, ‘traduzida pelo gradual abaixamento das linhas de transformagao A; e A,, 0 qual pode atingir a centenas de graus. A igor, o qye se verifica ndo é um rebaixamento da zona critica, mas sim um atraso no inicio das transformag6es, devido a uma inércia propria de certos fendmenos fisicos. Seja um ago eutetdide. Esse ago apresenta uma Unica temperatura critica 8 727°C (Are A: se confundem). Abaixo dessa temperatura tem-se sé perlita, em condicdes, de esfriamento extremamente lento. Com velocidades de esfriamento cada vez maio- res, a temperatura critica de transformaco — que seria nesse caso indicada por Ar, — 6 cada vez mais baixa. O produto que resulta da transformagao nessas condic6es, até uma certa velocidade de esfriamento, ainda ¢ perlta, com caractetisticos estrutu- ‘ais e propriedades que dependem, contudo, da velocidade de esfriamento. Ao se atin- git uma certa velocidade, a uma temperatura mais baixa, aparece junto com a prece- dente, uma nova transformaco, dando origem a um constituinte completamente dife- rente — 2 “martensita’. Dentro de uma certa faixa de velocidade de esfriamento hd, ortanto, formacdo simulténea de dois constituintes — perlita e martensita. Finalmente, para uma certa velocidade de estriamento, desaparece inteiramente a primeira transfor- ‘maco e cessa, portanto, a formagao da perlita; permanece s6 a segunda transforma- {980, tendo como produto resultante a martensita, A velocidade de esfriamento em que isso acontece dé-se o nome de velocidade critica de esfriamento, de grande importan- cia no estudo dos tratamentos térmicos dos acos, como se veré mais adiante. Em resu- 2 ‘AGOS E FEROS FUNDIDOS. mo, com velocidades maiores que a velocidade critica de esfriamento, s6 se verifica a formago do constituinte martensita, cujas propriedades sero estudadas posteriormente ‘@ que desempenha papel de relevo nos tratamentos térmicos dos acos. 2. Transformagdo isotérmica. Curva TTT ou em C (também chamada em S) - Os fendmenos que ocorrem quando 0 aco é esfriado a diferentes velocidades de estria- ‘mento so melhor compreendidos pelo estudo da transformacao isotérmica da austeni- ta em perlta, em diversas temperaturas abaixo de 727°C, ou seja pelo esfriamento ra pido de um ago eutetdide até uma temperatura abaixo de 727°C, mantendo-se a segui essa temperatura constante até que toda a transformacao da austenita se processe. A transformaco em perlita obedeceré a uma curva de rea¢ao isotérmice, como a indica- dana figura 16, na qual se considerou um resfriamento brusco da austenita a 600°C, por exemplo. Prodeee oe tronsformapte % 8 2k So g g a 7 70 7 Tampa, om og. Fig. 16 — Curva da roagso isotérmice representative dda wonstormacio da austeniia om pert, A primeira pesquisa experimental no sentido de determinar as relagées existentes centre a velocidade de esfriamento e as transformages que ocorrem a temperaturas cons- tantes foi realizada por Davenport e Bain", originando-se desses estudos o desenvolvi- "mento dos conhecidos diagramas de transformacdo isotérmica, de grande valor prético para a compreensao e a realizacdo dos tratamentos térmicos nos acos. O estudo expe- Fimental consiste no seguinte: corpos de prova de ago de pequenas dimensdes (para que, quando esfriados rapidamente, 0 esfriamento se dé ao mesmo tempo através de toda a sua secgéo) s80 aquecidos a uma temperatura acima de zona critica de modo 2 adquirirem estrutura inteiramente austenitica; em seguida so mergulhados em um bbanho liquide (de chumbo fundido ou sal fundido), a uma temperatura abaixo da linha inferior da zona critica (linha A,) e af mantidos para que possam ser observados os tem- pos necessérios para que a austenita se transforme em seus produtos normais, O/pro- cesso da transformacdo pode ser acompanhado ou pela medida de certos caracterist: C05 fisicos, como volume ou dureza, ou pelo exame da microestrutura, como esta indi ‘cado esquematicamente na figura 17. A medida dessas propriedades ou o exame da microestrutura so feitos nos corpos de prova esfriados em agua ou salmoura depois ‘de mantidos 0 tempo previsto 4 temperatura abaixo da critica considerad Para facilitar 0 estudo, pode-se considerar inicialmente um aco eutetdide, visto que para ele s6 existe uma temperatura de transformacdo — 727°C — e resulta somente ‘um produto de transformago — a perlita.

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